PROJETO CAFÉ MEMÓRIA: CONSTRUINDO ALTERNATIVAS PARA DEBATER O ENVELHECIMENTO COM A SOCIEDADE

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Transcrição:

PROJETO CAFÉ MEMÓRIA: CONSTRUINDO ALTERNATIVAS PARA DEBATER O ENVELHECIMENTO COM A SOCIEDADE Rozeane Albuquerque Lima- rozeanelima@hotmail.com PPGH- UFPE Manoel Freire de Oliveira Neto- manoelfreire@hotmail.com UAMA-UEPB Ana Luíza Morais de Azevedo analucg@hotmail.com UAMA- UEPB Glauce Suely Jácome da Silva- glaucejacome@hotmail.com MDR- UEPB RESUMO O presente trabalho trata-se de um relato de experiência, cujo objetivo é descrever os resultados obtidos através do projeto Café com Memória, desenvolvido pela Coordenadoria Institucional Especial para Formação Aberta à Maturidade (CIEFAM) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em parceria com a Coordenadoria de Comunicação também da UEPB. Como forma de abordar a questão do idoso, de maneira interdisciplinar, o "Café com Memória" explorou temáticas diversas nos campos da educação, da saúde e da cultura, através de entrevistas com pessoas de destacada atuação profissional e compromisso com ações voltadas ao envelhecimento saudável e ativo. Os resultados, obtidos através das entrevistas e da participação do público em algumas gravações, demonstram a necessidade de investimento maior do Estado para garantir ao idoso o acesso e a qualidade nos serviços públicos, além da importância do envolvimento e articulação dos profissionais, familiares e dos próprios idosos para promoverem mudanças necessárias à melhoria na qualidade de vida das pessoas com mais de 60 anos. PALAVRAS CHAVES: Idoso; Envelhecimento ativo; Café com memória; INTRODUÇÃO Sabe-se que o envelhecimento é um fenômeno que forma parte do ciclo vital do ser humano, como etapa final do processo de desenvolvimento onde se manifestam mudanças biológicas, psicológicas e sociais, que ocorrem principalmente, a partir dos sessenta e cinco anos de idade. Essas mudanças associadas ao envelhecimento são decorrentes de três dimensões: na dimensão social, através da aposentadoria, do status econômico e do trabalho, e maior exclusão social; com relação à dimensão biológica, com o aumento das doenças físicas e consequentemente dependência; e na dimensão psicológica, com frequentes problemas cognitivos, como sintomas de depressão, falta de capacidade de enfrentar as perdas ocasionadas pelo envelhecimento, os quais influenciam diretamente no bem estar e na qualidade de vida do idoso. Até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Daí o alerta ao governo brasileiro para a

necessidade de criar, o mais rápido possível, políticas sociais que preparem a sociedade para essa realidade (IBGE, 2000). Tais desafios, trazidos pelo aumento da população idosa, têm diversas dimensões e dificuldades e, assim, nada mais justo do que garantir ao idoso a sua integração na comunidade. As influências trazidas pelo envelhecimento da população podem ser observadas, através de diferentes aspectos: no consumo, na transferência de capital e propriedades, impostos, pensões, mercado de trabalho, saúde e assistência médica, na composição e organização da família. É um processo normal, inevitável, irreversível e não uma doença. O envelhecimento não deve ser tratado apenas com soluções médicas, mas também por intervenções sociais, educativas, econômicas e ambientais. Nesta perspectiva, de incluir o idoso na sociedade e informar sobre os temas nela emergentes, e atendendo a uma grande demanda da população idosa, carente de informações que possam melhorar sua qualidade de vida, foi proposto pela CIEFAM o projeto Café Memória que tem como finalidade construir um espaço de diálogo para os interessados em refletir sobre questões relacionadas a diferentes áreas do conhecimento, que possam ser entrelaçadas com as questões relacionadas ao envelhecimento. É sobre as edições já realizadas deste projeto que este artigo trata. A educação para terceira idade hoje é uma realidade, com o intuito de oferecer aos idosos a conservação de sua autossuficiência, a adaptação social e forma de manter seu vínculo com o desenvolvimento social atual, fazendo com que os idosos sintam-se parte da sociedade. A universidade da terceira idade tem um papel fundamental no processo de educação dos idosos, busca criar uma cultura do envelhecimento com oportunidades educativas, sociais, culturais, favorecendo o processo de envelhecimento ativo. A educação na terceira idade deve ser uma educação para aprender a viver com qualidade, essa nova etapa da vida. E o projeto Café Memória se insere nesse debate contribuindo com informações relevantes que auxiliam no empoderamento do idoso e no exercício de sua cidadania. Se faz mister apresentar e relatar suas ações para que possamos perceber o quão significante é a aproximação da Universidade com a comunidade de idosos, o quanto ambas podem crescer com estes encontros e trocas de saberes, conhecimentos e experiências. Atualmente, há um grande número de idosos que estão participando de programas educativos e/ou cursos formativos de diversos tipos, em diferentes contextos educativos (Universidade da Terceira Idade, aulas de extensão universitária, clubes de terceira idade, associações etc.) o que faz da educação da terceira idade um movimento no auge na sociedade atual, e com perspectivas de seguir crescendo. Neste sentido o projeto Café Memória traz uma perspectiva

de entretenimento informativo e educativo, entrevistando pessoas de referências nas diferentes temáticas propostas, trazendo informações ímpares que contribuam para a formação de opinião da sociedade a respeito do envelhecimento ativo, saudável e de qualidade, quebrando os estereótipos midiaticamente e socialmente criados sobre o envelhecimento. APORTE TEÓRICO Tendo em vista as grandes mudanças no mundo inteiro, novos desafios educacionais nos são impostos neste séc. XXI, amparados aqui no Brasil, pela lei 10.741 de 01/10/2003 decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República. Esta lei chama a atenção, em seu inciso VII, para o estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento. Nessa perspectiva, uma educação para poucos já não é mais possível, pois ela é um direito inalienável, independente da idade que se tenha. Assim, deve haver, hoje, um acesso massivo aos sistemas educacionais de forma que se promova, consequentemente, uma maior inclusão de pessoas nesse sistema e um deslocamento cada vez maior dessa demanda reprimida. Conforme aponta Braslavsky (2005) 1 algumas surpresas são inevitáveis neste séc. XXI. No dizer dessa autora, essas surpresas são tendências ligadas ao conhecimento e aos avanços tecnológicos e suas aplicações. A primeira surpresa inevitável é a possibilidade de um aumento consistente na expectativa de vida das pessoas que poderão viver até 100 anos. A segunda, sob a ótica do escritor argentino Marcos Aguinis, em artigo publicado no Jornal Clarin, não apenas se agregam anos à vida, mas também, se agrega vida aos anos. A medicina e as tecnologias modernas permitem que as pessoas não apenas vivam mais tempo, mas que vivam melhor, mais lúcidas, com maior capacidade de leitura, compreensão e criação. Pesquisa de doutorado, realizada por Oliveira Neto (2007), aponta que a integração de pessoas da terceira idade na sociedade é um trabalho em que as universidades estão inseridas, a exemplo da Universidad Nacional aulas de la Tercera Edad (UNATE), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidad de Mayores de la España (UER), entre outras. Essas universidades buscam a integração dessa demanda na comunidade acadêmica, considerando a importância do papel dessas pessoas na sociedade e levando a comunidade acadêmica jovem a trocar experiência com esse grupo como forma de enriquecimento e valorização da vida. 1 BRASLAVSKY, Cecília. Dez fatores para uma educação de qualidade para todos no século XXI. São Paulo: Ed. Moderna, 2005.

Dessa forma, a necessidade de aprender na velhice não é uma retórica, é uma realidade, o que justifica esta proposta para desenvolvimento de um programa que leve às pessoas a continuar aprendendo ao longo da vida. A construção de espaços de debate, aliada à importância e influência da mídia na formação de opinião e no acesso à informação fazem do projeto Café Memória uma ferramenta ímpar de difusão de conhecimentos, de mudanças de comportamentos, de inclusão do idoso na sociedade e de libertação das amarras identitárias folclorizadas que ao velho se atribui. METODOLOGIA O texto ora apresentado pretende fazer um relato da experiência do Café Memória, ao longo das suas seis primeiras edições, explicando o que é, como foi proposto, como é colocado em prática, quem são os entrevistados dentre outras questões relevantes para sua execução. A Universidade Estadual da Paraíba vem se consolidando ao longo dos anos, na ampliação de suas ações, firmando-se como uma Instituição qualificada para o desenvolvimento de programas diversificados. Esta Universidade tem se credenciado, de forma satisfatória, na formação acadêmica, cultural, científica e profissional. Nesse sentido, o programa da Universidade Aberta á Maturidade Educação para o Envelhecimento Humano se constitui numa proposta que remete a uma política de inclusão social, como também possibilita ao idoso aprofundar conhecimentos em alguma área de seu interesse e ao mesmo tempo trocar informações e experiências com os jovens. O projeto Café Memória é uma criação da Coordenadoria Institucional Especial para Formação Aberta à Maturidade CIEFAM com o apoio da Coordenadoria de Comunicação- CODECOM. Trata-se de um programa de entrevistas com temáticas diversas, gravadas e acumuladas ao longo de 10 edições para serem divulgadas, como produto final, em uma publicação. Entre atividades, planejamento, preparação do evento e reuniões o projeto soma a carga horária de 250 horas e tem como coordenador o professor Manoel Freire de Oliveira Neto- Coordenador e como colaboradores Rozeane Albuquerque Lima Doutoranda PPGH-UFPE, Regina Coelli Gomes Nascimento- DH- UFCG, Hipólito de Sousa Lucena- CODECOM, Glauce Suely Jácome da Silva- UEPB, Ana Luíza Morais de Azevedo- UEPB e Janaína Leandro Ferreira UEPB. As entrevistas são gravadas ao longo de meia hora, tendo um tema como o eixo norteador das perguntas. Depois deste primeiro momento é aberto um amplo debate com a comunidade idosa e público em geral.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A divulgação do evento está sendo realizada através de vários canais: o sítio eletrônico da universidade, as redes sociais, e-mails, entre outros. Iniciado em outubro de 2016, o Café Memória já conta com seis edições gravadas, em processo de edição dos vídeos, atende a um público de aproximadamente 150 pessoas, de diferentes faixas etárias, com predominância do público idoso. Mais quatro edições serão gravadas. Segue abaixo o registro das edições já armazenadas: 1-Como envelhecer com felicidade- Professor Doutor José Otávio Aguiar - Departamento de História - UFCG - dia 18 de outubro de 2016 2-UAMA: sete anos de educação inclusiva, contextualizada e libertadora- Professor Doutor Manoel Freire de Oliveira Neto- Coordenador da UAMA-UEPB- 16 de dezembro de 2016.

3-Carnaval das Gerações- Profa. Eneida Agra Maracajá- Carnavalesca e Educadora dia 22 de fevereiro de 2017.

4- Viver e envelhecer em diferentes comunidades: um passeio antropológico- Professora Doutora Mércia Rejane Rangel Batista- Antropóloga, professora da Universidade Federal de Campina Grande- UFCG- dia 26 de abril de 2017 05- Docência, vivências e experiências na UAMA. Professora Doutora Vitória Regina Quirino Professora do Departamento de Fisioterapia e da UAMA-UEPB - dia 30 de maio de 2017 06- UAMA: Ensinando e aprendendo com os nossos pais- Professora Doutora Fabíola de Araújo Leite Medeiros Professora do Departamento de Enfermagem e da UAMA- UEPB - dia 30 de maio de 2017

Para auxiliar na divulgação, foi desenvolvida pela Coordenadoria de Comunicação, uma logomarca e uma vinheta. A logomarca segue abaixo

O projeto Café Memória surgiu como uma experiência inovadora, com a parceria entre a CIEFAM e UEPB. Os seis encontros já realizados tiveram a colaboração de palestrantes que são referências nos temas abordados. Tais temas foram escolhidos de acordo com a relevância e interesse do público alvo, provocando acalorados debates, repasse de informações, orientações e conhecimentos, troca de saberes e experiências intergeracionais, gerando, assim, aprendizado e socialização. A experiência do projeto tem agradado ao público, pois ao término de cada edição os mesmos relatam que os encontros lhes dão a oportunidade de discutir sobre diversas temáticas de seu interesse, resgatando memórias vividas e novos aprendizados. CONCLUSÃO Diante do exposto conclui-se que o projeto café memória, através de suas edições, proporciona a produção de conhecimentos, aprendizado, troca de saberes intergeracionais e socialização para o público em geral e, mais especificamente, o público idoso, correspondendo, assim, ao objetivo proposto ao mesmo tempo em que cumpre o seu papel de responsabilidade social, contribuindo para a inclusão social do idoso, fator de extrema importância e relevância para UEPB/CIEFAM. REFERÊNCIAS: BRASLAVSKY, Cecília. Dez fatores para uma educação de qualidade para todos no século XXI. São Paulo: Ed. Moderna, 2005. GRANADA, Programa Universitário para alunos mayores. Curso Acadêmico, 2006/2007. HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mitos e desafio; numa perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2003. OLIVEIRA, Neto. Calidad de vida de mayores y sus aspectos bio-psico- sociales. Estudio comparativo de los instrumentos WHOQOL BREF y SF 36. Tesis doctoral. Universidade de Granada, 2007. SOLÉ, C. te al. La educación en la vejez: razones para participar em programas educativos y beneficios que extraen. Revista de Ciências de la Educación, 203, p. 453-465, 2005.