UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MAGDA JAQUELINE SANTOS DA SILVA

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MAGDA JAQUELINE SANTOS DA SILVA PROTOCOLO DE CUIDADOS E TRATAMENTO PARA LESÃO POR PRESSÃO SANTA CRUZ/RN 2018

MAGDA JAQUELINE SANTOS DA SILVA PROTOCOLO DE CUIDADOS E TRATAMENTO PARA LESÃO POR PRESSÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª. Ms. Maria Leonor Paiva da Silva. Co-orientadora: Profª. Ms. Isabelle Campos de Azevedo. SANTA CRUZ/RN 2018

FICHA CATALOGRÁFICA

MAGDA JAQUELINE SANTOS DA SILVA PROTOCOLO DE CUIDADOS E TRATAMENTO PARA LESÃO POR PRESSÃO Artigo Científico apresentado a Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Aprovado em: de de 2018. BANCA EXAMINADORA Prof a. Ms. Maria Leonor Paiva da Silva Orientadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte Profª. Ms Isabelle Campos de Azevedo Co-orientadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte Profª. Dra. Rafaela Carolini de Oliveira Távora Membro da Banca Universidade Federal do Rio Grande do Norte Profª. Ms. Héllyda de Souza Bezerra Membro da Banca

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Dedico essa pesquisa aquelas pessoas que me fizeram entender a importância da frase: Não desista, você pode! Você consegue!

AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me sustentado em toda essa trajetória, me fazendo forte nos momentos em que quase fraquejei, ter sido a minha base e assim me fazendo não perder a fé. Aos meus pais Expedito e Da Guia, por todo o apoio nesta jornada sempre me encorajando para que eu não desistisse. Aos meus irmãos Dagma, Dag Widima, Dag Wênia e Alex, por sempre estarem ao meu lado quando precisei. Ao meu esposo Branco, que mesmo com a distância me apoiou, por me apoiar em cada decisão. As minhas amigas Carla, Tamires, Cinthia e Ingrid, que me aturaram esses cinco anos e meio tornando-se assim um o apoio da outra atrás de um único sonho. A minha amiga Juliana Medeiros, por ter me estendido à mão quando eu mais precisei me dando o apoio para eu poder continuar estudando. A todos que me ajudaram direta ou indiretamente, meu muito obrigada. A professora Leonor que me deu sua mão quando precisei e me mostrou o verdadeiro sentido da enfermagem, com sua dedicação e carinho pela profissão eu me apaixonei pelo que faço e me descobri dentro de uma área que muitos não tem tantas afinidades, mas que aprendi a amar como ela ama. A convivência com a senhora me fez enxergar muitas coisas. Eu te agradeço. A todos os meus mestres pelos ensinamentos e apoio nesta caminhada árdua, mas com várias lições em minha vida. A FAEX pela oportunidade de ser bolsista e, assim, me proporcionar vivências enriquecedoras.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 09 2 OBJETIVO... 10 3 JUSTIFICATIVA... 11 4 METODOLOGIA... 11 4.1 TIPO DE ESTUDO... 11 4.2 CONTEXTO DO HOSPITAL REGIONAL DR. MARIANO COELHO... 12 4.3 CONSTRUTO DA REVISÃO DE LITERATURA... 13 5 REVISÃO DE LITERATURA... 15 5.1 FERIDA: CONCEITO... 16 5.2 CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS... 16 5.3 PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO... 16 5.3.1 Tempo de cicatrização... 17 5.3.2 Formas de cicatrização... 17 5.3.3 Fatores que impedem o processo cicatricial... 18 5.4 LESÕES POR PRESSÃO... 19 5.4.1 Fatores que desencadeiam as LPP... 20 5.5 COBERTURAS... 20 5.5.1 Alginato de cálcio... 20 5.5.2 Alginato com colágeno... 21 5.5.3 Aquacel... 22 5.5.4 Askina calgitrol paste (pasta com prata)... 23 5.5.5 Biatiain lbu... 24 5.5.6 Biatain AG... 24 5.5.7 Curativo de hidrocoloide com alginato... 25 5.5.8 Curativo medipore H - 3M... 26 5.5.9 Cavilon... 26 5.5.10 Curativo cavilon spray (película protetora sem ardor spray)... 26 5.5.11 Carvão ativado com prata... 27 5.5.12 Curativo stimulem (gel com colágeno)... 28 5.5.13 Espuma de poliuretano para proteção de traqueostomia... 28 5.5.14 Filme transparente... 29

5.5.15 Filme transparente rolo... 30 5.5.16 Filme transparente estéril... 30 5.5.17 Gaze antimicrobiana com PHMB... 31 5.5.18 Hidrocoloide... 32 5.5.19 Hidrocoloide transparente... 33 5.5.20 Hidrogel... 33 5.5.21 Malha não aderente / tela de petrolatum... 34 5.5.22 Mepilex border sacrum (espuma absorvente com bordas adesivas para região sacrococcigea)... 34 5.5.23 Mepilex border (espuma absorvente com bordas adesivas)... 35 5.5.24 Prontosan gel (hidrogel com PHMB)... 36 5.5.25 Prontosan solução (solução para limpeza de feridas a base de PHMB)... 36 5.5.26 Papaína 4%, 6%, 8% e 10%... 37 5.5.27 Colagenase (pomada enzimática)... 38 5.6 CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA AS COBERTURAS... 39 6 PROPOSTA DE PROTOCOLO DE CUIDADOS E TRATAMENTO PARA LESÃO POR PRESSÃO... 39 6.1 AUXILIAR DE ENFERMAGEM... 40 6.2 TÉCNICO DE ENFERMAGEM... 40 6.3 ENFERMEIRO... 41 6.4 MÉDICO... 43 6.5 FISIOTERAPÊUTA... 43 6.6 NUTRICIONISTA... 44 6.7 CURATIVOS: COMO REALIZAR O PROCEDIMENTO... 45 6.7.1 Materiais necessários... 46 6.7.2 Procedimento... 46 6.7.3 Técnica de mensuração da lesão... 46 6.7.4 Avaliação da lesão... 47 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 45 REFERÊNCIAS... 50

8 PROTOCOLO DE CUIDADOS E TRATAMENTO PARA LESÃO POR PRESSÃO MAGDA JAQUELINE SANTOS DA SILVA 1 Resumo: Objetivou-se elaborar uma revisão narrativa da literatura referente à primeira etapa de construção de um protocolo de cuidados e tratamento para lesões por pressão. Trata-se de um estudo descritivo do tipo metodológico para construção de conteúdo. Optou-se por fazer uma revisão narrativa da literatura sobre os cuidados e tratamentos para lesão por pressão. A seleção dos artigos ocorreu no fperíodo de abriu de 2017 a novembro de 2018 nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (ScieLO), além de pesquisa no Google Acadêmico, livros, capítulos de livro e protocolos institucionais que versaram sobre o assunto em questão também foram consultados. A revisão foi construída em seis tópicos: Ferida: conceito; classificação de feridas; processo de cicatrização; Lesão por Pressão; Coberturas; considerações gerais sobre as coberturas para lesão por pressão. A proposta deste protocolo, fundamentado na realidade expressa e espelhado na assistência de enfermagem, contribuirá de forma substancial para um cuidado seguro, com qualidade, integral e que realmente atenda às necessidades de saúde dos pacientes, de forma individual e coletiva. Tal recurso, quando implementado de forma eficaz, pode direcionar um cuidado uniforme e contínuo. Descritores: Cuidados de Enfermagem, Lesão por Pressão, Pele.

9 1. INTRODUÇÃO Apesar dos avanços científicos e tecnológicos nos cuidados com a saúde, alguns problemas ainda persistem na atualidade, a exemplo das lesões por pressão (LPP), cuja prevalência permanece elevada em pacientes hospitalizados ou cuidados no domicílio, o que representa uma importante causa de morbidade e mortalidade, que se constituem numa notável sobrecarga econômica para os serviços de saúde (ROLIM, 2013). Além desses gastos para a saúde pública, a equipe de enfermagem precisa se conscientizar de que a melhor maneira de prevenção para esse tipo de lesão é a mudança de decúbito, partindo do pressuposto que essa é a única forma de prevenção. Literatura recente destaca que a prevenção da LPP requer a realização de atividades por todos os indivíduos que formam a equipe, numa abordagem interdisciplinar, para desenvolver e implementar o plano de cuidados (VASCONCELOS; CALIRI, 2017a). Em 2009, a Organização Mundial de Saúde definiu segurança do paciente como a redução ao mínimo aceitável do risco de danos desnecessários durante a atenção à saúde (BRASIL, 2013). Nessa concepção, a LPP é definida como um dano à pele e tecidos moles adjacentes que ocorre geralmente localizada sobre proeminências ósseas ou devido a artefatos médicos (NATIONAL PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL, 2016). A LPP é reconhecida como um evento adverso, quando ocorre após a admissão do indivíduo no serviço de saúde, e como uma das cinco causa mais comuns de danos aos pacientes (BRANDÃO; BRITO; BARROS, 2018). A LPP é considerada um problema que interfere na qualidade de vida e na assistência ao paciente e, portanto, há a necessidade de implementar medidas efetivas para prevenção, com destaque à compreensão de como esta se desenvolve, suas causas, fatores de risco para a ocorrência, a prevalência e a incidência nas realidades distintas (GORECKI et al. 2012; MOORE; WEBSTER; SAMURIWO, 2015; MATOZINHOS et al. 2017). A prevalência de LPP tem aumentado nos últimos anos devido à maior expectativa de vida da população, decorrente de avanços na assistência à saúde, que tornou possível uma maior sobrevida de pacientes com doenças graves e

10 anteriormente letais, na atualidade transformada em doenças crônicas e lentamente debilitantes (WADA et al. 2010). Uma das formas de avaliação das LPP é por meio de escalas que preveem o risco para o desenvolvimento de lesões e uma das mais utilizadas para auxiliar na identificação do risco de LPP é a Escala de Braden. O escore total varia de seis a 23, sendo que os escores de 19 a 23 indicam pacientes sem risco, de 15 a 18 baixo risco, de 13 a 14 riscos moderado, de 10 a 12 alto risco e o escore nove indica pacientes de altíssimo risco (ROGENSKI; KURCGANT, 2012). A preocupação com a estruturação e implantação de protocolos de prevenção de LPP nos hospitais brasileiros, com base nas melhores práticas baseadas em evidências, tem ganhado ênfase nas últimas décadas em decorrência dos programas de melhoria da qualidade que destacam a incidência de LPP como um indicador da qualidade da assistência de enfermagem (MOREIRA, 2013). Em meio às dificuldades, tanto de recursos humanos, quanto de pessoal capacitado para a prevenção, identificação e tratamento escassez de insumos, assim como da vulnerabilidade de pacientes em situação de internamento hospitalar ou em cuidados domiciliares, a incidência de pacientes com LPP acaba por aumentar de forma significativa (OLKOSKI; ASSIS, 2016; GALVÃO et al. 2017). As diretrizes e protocolos clínicos têm sido apontados como as melhores formas para embasar as ações de prevenção, considerada o meio mais eficiente para minimizar os eventos relacionados às LPP. As diretrizes são declarações desenvolvidas a partir de práticas recomendada em uma área clínica específica, destinadas a fornecer orientações para profissionais em sua práxis, a partir de evidências atualizadas, com a finalidade de padronizar os cuidados, promover segurança livre de danos e reduzir os custos com a assistência á saúde (REGISTERED NURSES ASSOCIATION OF ONTARIO, 2012; VASCONCELOS; CALIRI, 2017a). 2. JUSTIFICATIVA No primeiro semestre de 2016, surgiu a ideia de construir um protocolo após as experiências vivenciadas nas aulas práticas da disciplina de Semiologia e Semiotécnica da Enfermagem. Tal ideia foi reforçada no ano de 2017 e 2018,

11 durante as práticas nos serviços de média complexidade, referentes às aulas da disciplina de Atenção Integral à Saúde na Média Complexidade e do Estágio Supervisionado I, respectivamente, nos quais foram realizadas avaliações de LPP em pacientes restritos ao leito. Diante desse contexto, viu-se a necessidade e a importância da estruturação de um protocolo para o cuidado de pacientes com LPP internados nesta instituição, tendo em vista que a mesma não possui, e com isso a assistência prestada ao portador de lesões terá um cuidado voltado de acordo com a necessidade do mesmo. 3. OBJETIVO Elaborar uma revisão narrativa da literatura referente à primeira etapa de construção de um protocolo de cuidados e tratamento para lesões por pressão. 4. METODOLOGIA 4.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de um estudo descritivo, do tipo metodológico, com abordagem qualitativa, para construção de conteúdo. O vocábulo protocolo significa registros ou notas de atos, deliberações, autenticas convenções de ordem pública ou privada, de caráter local, nacional ou internacional. Assume também a conotação de registro ou notas originais de uma experiência ou processo experimental, ou seja, deve ser construído a partir de recomendações de diretrizes clínicas. Deve ser um instrumento que permita estabelecer um plano exato e detalhado para o estudo de um problema biomédico ou para um esquema terapêutico (BORGES, 2008; REGISTERED NUSES ASSOCIATION OF ONTARIO, 2012), numa perspectiva intersetorial e multidisciplinar com vistas a melhoria e a qualidade no atendimento de pacientes acometidos por LPP (DOMANSKY; BORGES, 2012; VASCONCELOS; CALIRI, 2017a). O uso de instrumentos de medida em dermatologia tem sido reconhecido no Brasil e mundialmente. Na prática clínica, tais instrumentos orientam a prevenção, o diagnóstico e o tratamento/cuidado das lesões. Para a investigação científica, um

12 instrumento de medida pode proporcionar avanços no ensino e exercer grande influência na formulação de programas de saúde e de políticas institucionais (CERVELLINI; GAMBA; ABRAÃO, 2015; COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015). O estudo será desenvolvido em três etapas: a primeira destinou-se ao desenvolvimento de uma revisão narrativa da literatura que embasará a construção do conteúdo; a segunda decorrerá da formulação de um algoritmo adaptado para o cuidado e tratamento de LPP que será validado por um júri de especialistas; e a terceira se refere a aplicação do algoritmo na prática clínica do serviço de saúde em questão, por meio de uma pesquisa de campo. A validação corresponde ao grau em que cada elemento de um instrumento de medida é considerado relevante e representativo de um específico constructo com um propósito particular de avaliação. A avaliação de conteúdo é um passo essencial no desenvolvimento de novas medidas uma vez que representa o início de mecanismos para associar conceitos abstratos com indicadores observáveis e mensuráveis (ALEXANDRE; COLUCI, 2011). 4.2 CONTEXTO DO HOSPITAL REGIONAL DR. MARIANO COELHO (SESAP, 2013; BRASIL, 2018) O local de idealização deste projeto foi o HRDMC. O referido hospital foi fundado em 1943 e era administrado pela diocese de Caicó/RN. Inicialmente funcionou na Casa de São Vicente em forma de albergue, recolhendo os que necessitavam de abrigo ou os acometidos de enfermidades. No ano de 1964, o RN cedeu à paróquia de Sant Ana, diocese de Caicó, instalações edificadas conforme arquitetura hospitalar, onde hoje funciona o Hospital Regional, dando início a uma parceria entre o Estado e a fundação "Padre João Maria e Maternidade Ananília Regina". O Hospital é uma sociedade de fins filantrópicos reconhecidos pelo Ministério de Assistência e Promoção Social conveniado com a Secretaria Pública do Estado do Rio Grande do Norte. As decisões são tomadas mediante um Conselho Administrativo no qual é representado pela Fundação Padre João Maria (entidade da diocese de Caicó) e pela Diretoria Executiva que é formada por três diretores. O Hospital tem alcance regional e atende 24 municípios nas regiões do Seridó e Trairi, sendo estes: Acari, Bodó, Caicó, Campo Redondo, Carnaúba dos Dantas,

13 Cerro Corá, Cruzeta, Equador, Florânia, Ipueira, Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santa Cruz, Santana dos Matos, Santana do Seridó, São João do Sabugi, São José do Seridó, São Vicente, Tenente Laurentino Cruz e Timbaúba do Batista. Mensalmente o atendimento de urgência recebe cerca de 4.800 usuários e realiza uma média de 520 internações. O Hospital possui 108 leitos, desses 96 estão cadastros no Sistema Único de Saúde (SUS). Dispõem também de atendimentos diversos em clínicas específicas para tratamentos como Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Clínica Obstétrica, Clínica Pediátrica, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Geral Adulto. UTI Neonatal, Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico e outros. Hoje o hospital passa por reformas nos setores de UTI neonatal e UTI geral, onde irá ser ampliada para 10 leitos como também o setor de obstetrícia, para assim proporcionar mais comodidade para aqueles que necessitarem dos cuidados a sua saúde. O hospital conta ainda com residência multiprofissionais e internatos de medicina vinda da Bolívia onde é de suma importância para a comunidade acadêmica e a comunidade em geral agilizando assim os atendimentos e contribuindo com os avanços tecnológicos de pesquisas e extensão. Quanto aos recursos humanos, atualmente, o HRDMC possui no quadro funcional da equipe de enfermagem, 30 enfermeiros, 45 técnicos de enfermagem e 12 auxiliares enfermagem e 96 atendentes de saúde compondo a escala de serviço dos referidos setores do hospital, totalizando 183 profissionais desta área. 4.3 CONSTRUTO DA REVISÃO DE LITERATURA Para a primeira etapa da construção de conteúdo, optou-se por fazer uma revisão narrativa da literatura sobre os cuidados e tratamentos para lesão por pressão. Para tanto, buscou-se na literatura nacional e internacional publicações sobre o tema do presente protocolo. Dessa forma, a busca pelo conteúdo se deu de forma abrangente, na tentativa de selecionar as obras que melhor fundamentassem a produção deste trabalho. Os estudos de revisão são uma forma de pesquisa metodológica que utilizam fontes de informação bibliográfica e eletrônica para reunir conhecimento científico de diversas pesquisas e autores com o objetivo de fundamentar teoricamente um dado objeto de estudo. A revisão do tipo narrativa é ampla e apropriada para descrever e

14 discutir o desenvolvimento ou o estado da arte de um determinado assunto, sob uma visão teórica e contextual (ROTHER, 2007), como no caso do presente protocolo. Ao planejar o método de pesquisa e de coleta de dados, deve-se pensar em procedimentos que garantam indicadores confiáveis (ALEXANDRE; COLUCI, 2011). Assim, para conferir criticidade científica a essa revisão, foram realizadas as seguintes etapas: identificação do problema; busca na literatura, que incluiu a definição dos critérios de inclusão e exclusão dos artigos; avaliação dos dados para definição das informações a serem extraídas da bibliografia selecionada; e apresentação do resultado da revisão, os quais foram organizados em tópicos sequenciais. A pesquisa do material se deu de forma contínua e concomitante à construção do protocolo. A seleção dos artigos ocorreu no período de abril de 2017 a novembro de 2018 para que fosse possível resgatar, também, as publicações mais recentes sobre o assunto. As bases de dados elencadas para a busca foram a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), além de pesquisa no Google Acadêmico. Livros, capítulos de livros e protocolos institucionais que versaram sobre o assunto em questão também foram consultados. Em cada base de dados e no Google Acadêmico foi realizada uma busca não controlada com o intuito de identificar estudos que por diferenças de indexações poderiam não ser localizados com o uso do descritor controlado. Para seleção dos artigos e protocolos foram adotados os seguintes critérios de inclusão: tratar de estudos completos disponíveis nas bases de dados selecionadas e que abordassem os cuidados para pacientes com lesão por pressão. Foram excluídos os editoriais, cartas ao editor e resumos. Não houve recorte temporal. Dos 9.471 artigos inicialmente encontrados, 9.224 estavam indexados na LILACS e 247 na SciELO. No Google Acadêmico ocorreu a busca por protocolos institucionais, na qual foram resgatados 18. Durante as buscas, os estudos foram pré-selecionados por meio de uma leitura minuciosa de títulos e de resumos para identificar se apresentavam relação com o tema e com os critérios de inclusão e

15 exclusão adotados. A seguir foi realizada a leitura na íntegra dos materiais préselecionados. 5. REVISÃO DE LITERATURA A pele é o maior órgão do corpo e um indivíduo de porte médio possui aproximadamente 2m² de pele, com espessura média de 2mm. Apesar de seu aspecto aparentemente simples e de sua função como envoltório protetor do corpo, ocorrem muitos processos fisiológicos importantes para manter a integridade da pele. A fisiologia da pele pode ser dividida em categorias principais: proteção, imunidade e termorregulação (IRION, 2012). A pele apresenta basicamente seis funções principais, proteção à pele atua como barreira física contra microrganismos e outras substâncias estranhas, protegendo contra infecções e perda excessiva de líquidos; sensibilidade, na qual as terminações nervosas da pele permitem que o indivíduo sinta dor, pressão, calor e frio, termorregulação, onde a pele regula a temperatura corporal mediante vasoconstricção, vasodilatação e sudorese, excreção, na qual a pele ajuda na termorregulação, mediante a excreção de resíduos, como eletrólitos e água, metabolismo, onde ocorre a síntese de vitamina D na pele exposta à luz solar, por exemplo, ativando o metabolismo de cálcio e fosfato, minerais que desempenham papel importante na função óssea e, por fim, imagem corporal detalhando a nossa aparência e identificando de modo único cada indivíduo (HESS, 2002). A anatomia da pele está dividida em uma camada superficial, chamada de epiderme, e uma camada mais profunda, a derme. A pele tem ainda como função a proteção das estruturas internas, a manutenção da homeostase, e da percepção de todo o nosso corpo (IRION, 2012). A epiderme é constituída predominantemente por células dispostas em camadas (epitélio estratificado escamoso queratinizado). Já a derme é composta por fibras de sustentação (colágeno e fibras elásticas) e vasos sanguíneos (MALAGUTTI, 2014).

16 5.1. FERIDA: CONCEITO Ferida é qualquer lesão que interrompa a continuidade da pele que pode atingir a epiderme, derme, tecido subcutâneo, fáscia muscular, com exposição de estruturas profundas ou não (FLORIANÓPOLIS, 2008). 5.2. CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS As feridas são classificadas segundo diversos parâmetros, que auxiliam no diagnóstico, evolução e definição do tipo de tratamento, tais como cirúrgicas, traumáticas e ulcerativas. As feridas cirúrgicas são provocadas por instrumentos cirúrgicos, com finalidade terapêutica, podem ser: Incisivas: perda mínima de tecido. Excisavas: remoção de áreas de pele. Traumáticas: provocadas acidentalmente por agentes que podem ser Mecânicos: prego, espinho, por pancadas. Físicos: temperatura, pressão, eletricidade. Químicos: ácidos, soda cáustica. Biológicos: contato com animais, penetração de parasitas. Ulcerativas: lesões escavadas, circunscritas, com profundidade variável, podendo atingir desde camadas superficiais da pele até músculos (NATIONAL PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL, 2016). As lesões são classificadas conforme as camadas de tecido atingido, conforme apresentado: Estágio I: pele avermelhada, não rompida, mácula eritematosa bem delimitada, atingindo epiderme. Estágio II: pequenas erosões na epiderme ou ulcerações na derme. Apresenta-se normalmente com abrasão ou bolha. Estágio III: afeta derme e tecido subcutâneo. Estágio IV: perda total da pele atingindo músculos, tendões e exposição óssea (NATIONAL PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL, 2016). Suspeita de lesão tecidual profunda: Área localizada de pele intacta de cor purpura ou castanha ou bolha sanguinolenta devido a dano no tecido mole, decorrente de pressão e/ou cisalhamento. Inclassificável: Perda da espessura tecidual total onde a profundidade real da ulcera não é visível devido a presença de tecido necrótico de liquefação e ou tecido necrótico de coagulação (escara) (PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL 2016). 5.3. PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO O processo de cicatrização da ferida consiste em uma série de etapas altamente complexas, interdependentes e sobrepostas. Tais etapas são definidas

17 como: Inflamação, reconstrução, epitelização e maturação. Essas etapas apresentam períodos de tempo variáveis, podendo se prolongar devido aos fatores locais, como isquemia ou falta de nutrientes, que podem retardar a cicatrização. (DEALEY, 2008; HESS, 2002; IRION, 2005). A fase inflamatória caracteriza-se por edema, eritema, calor e dor e começa no momento da lesão inicial e, tipicamente, dura de quatro a seis dias. (HESS 2002). Quanto a fase proliferativa é caracterizada pela formação de tecido de granulação (IRION, 2005). Na fase de epitelização ocorre a migração celular no leito da ferida a partir das bordas. (BORGES, 2008). Definindo a maturação essa fase pode durar de 21 dias a dois anos, as fibras de colágeno se reorganizam, remodelam e amadurecem, ganhando força de tensão, nesta fase o processo continua até que o tecido cicatricial tenha recuperado cerca de 80% da força original da pele. (HESS, 2002) 5.3.1. Tempo de cicatrização A ferida é aguda quando há ruptura da vascularização com desencadeamento imediato do processo de hemostasia. Na reação inflamatória aguda, as modificações anatômicas dominantes são vasculares e exsudativas, e podem determinar manifestações localizadas no ponto de agressão ou ser acompanhada de modificações sistêmicas (FLORIANÓPOLIS, 2008). A ferida é crônica quando há desvio na sequência do processo cicatricial fisiológico. É caracterizada por respostas mais proliferativa (fibroblásticas) do que exsudativa. A inflamação crônica pode resultar da perpetuação de um processo agudo, ou começar insidiosamente e evoluir com resposta muito diferente das manifestações clássicas da inflamação aguda (FLORIANÓPOLIS, 2008). 5.3.2. Formas de cicatrização As feridas são classificadas pela forma como cicatrizam. Uma ferida pode se fechar por intenção primária, secundária ou terciária. A definição da cicatrização primária envolve a reepitelização, na qual a camada externa da pele cresce fechada. As células crescem a partir das margens da ferida e de fora das células epiteliais alinhadas aos folículos e às glândulas sudoríparas. As feridas que cicatrizam por primeira intenção são, mais comumente, feridas superficiais, agudas, que não tem

18 perda de tecido, por exemplo, queimaduras de primeiro grau e feridas cirúrgicas com cicatriz mínima, levam de quatro a 14 dias para fechar (HESS, 2002). Por segunda intenção ou secundária a ferida envolve algum grau de perda de tecido, podendo envolver o tecido subcutâneo, o músculo, e possivelmente, o osso e mantem-se aberta. As bordas dessa ferida não podem ser aproximadas, geralmente são feridas crônicas como as úlceras. Existe um aumento do risco de infecção e demora à cicatrização que é de dentro para fora. Resultam em formação de cicatriz e têm maior índice de complicações do que as feridas que se cicatrizam por primeira intenção (HESS, 2002). E, por terceira intenção ou terciária ocorre quando intencionalmente a ferida é mantida aberta para permitir a diminuição ou redução de edema ou infecção ou para permitir a remoção do exsudato através de drenagem como, por exemplo, feridas cirúrgicas abertas e infectadas, com drenos. Essas feridas cicatrizam por terceira intenção ou primeira intenção tardia (HESS, 2002). 5.3.3. Fatores que impedem o processo cicatricial Esses fatores locais que impedem a cicatrização de feridas incluem pressão, ambiente seco, trauma, edema, infecção, necrose e incontinência, quando essa ferida sofre pressão excessiva ou contínua a irrigação torna-se prejudicada atrapalhando o fluxo sanguíneo neste local e consequentemente impedindo à cicatrização dessa ferida as mesmas em um ambiente úmido ela tende a cicatrizar mais rapidamente tendo em vista que em ambientes secos essas células desidratam e morrem gerando assim uma crosta sobre a mesma dificultando a sua cicatrização (HESS, 2002). No caso de traumas e edemas as feridas às vezes nem chegam a esse processo, pois se privam de irrigação todas as vezes que são traumatizadas ou são acometidas por edema dificultando assim a irrigação sanguínea local onde o edema interfere no transporte de nutrição celular da ferida (HESS, 2002). A presença de infecção sendo ela local ou sistêmica pode sim retardar esse processo, pois a presença de infecção evidenciada por drenagem purulenta ou exsudato, tumoração, eritema ou febre indica a necessidade de se realizar uma cultura bacteriológica da ferida, quanto ao tecido morto e desvitalizado podem surgir dois tipos de tecidos necróticos no local da ferida, um de descamação e outro de

19 escara onde o de descamação é um tecido hidratado em camadas e tipicamente amarelo e a escara um tecido de aspecto desidratado e que resultam de uma alteração fibrótica e cutânea após o processo destrutivo, como também a incontinência urinária e fecal que podem impedir a cicatrização das feridas onde a mesma altera a integridade cutânea. Outros fatores como a idade e a nutrição as doenças crônicas as insuficiências vasculares e imunossupressões e radioterapias comprometem o tratamento dessas lesões (HESS, 2002; DEALEY, 2008; PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2016). 5.4. LESÕES POR PRESSÃO Lesão Por Pressão é um dano localizado na pele e/ou tecido mole subjacente geralmente sobre proeminência óssea ou pode ainda estar relacionado a equipamentos médicos ou outro tipo de dispositivo. Pode apresentar-se como pele intacta ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa. Ocorre como um resultado de intensa e/ou prolongada pressão ou de pressão combinada com cisalhamento (NATIONAL PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL, 2016). Em abril de 2016, o National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), organização Norte-americana, sem fins lucrativos, dedicada à prevenção e ao tratamento de lesões por pressão, anunciou a mudança na terminologia Úlcera por Pressão para Lesão por Pressão. Tal documento já foi traduzido e validado para o português por membros da Associação Brasileira de Estomatoterapia (SOBEST) e da Associação Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (SOBENDE) (SOBEST, 2016). As lesões por pressão representam um importante desafio para os profissionais em sua prática clínica, principalmente porque podem ser prevenidas, onde podemos destacar a aplicabilidade da escala de Braden para assim detectar o risco que pode ser de baixo, médio ou alto risco variando de pontuação para cada. Com essa escala aplicada é que um plano de ação será elaborado e só assim será minimizado o desenvolvimento dessas lesões. Ele cita ainda que em geral, a imobilidade é considerada o principal fator predisponente para o desenvolvimento de uma LPP (VALLES, 2016).

20 Frequentemente se assume também que existe uma relação com a nutrição. Estima-se que 95% das LPP podem ser evitados com o manejo adequado dos fatores de risco predisponentes ao seu desenvolvimento. Nesse mesmo contexto, as lesões por pressão causam danos consideráveis não só a pele como também a saúde dos indivíduos que permanecem por períodos prolongados internados e com isso aumentando assim o risco de desenvolver infecções mais graves e podendo chegar a ser letal (LIMA; GUERRA, 2011). 5.4.1. Fatores que desencadeiam as LPP Lesões ocasionadas por adesivo podem causar lesão por fricção, pelas condições da pele, características do adesivo, como também a frequência de exposição. Lesões por fricção é o resultado do atrito entre a pele e o suporte de superfície, dano superficial limitado à epiderme. Lesões por cisalhamento forças gravidade empurra o corpo para baixo, resistência contrária que resulta em fricção involuntária. Lesões por dermatite associada à incontinência é uma manifestação clínica de lesões de pele associadas à umidade, comum em pacientes com incontinência fecal e/ou urinária (CUNHA et al. 2015). 5.5. COBERTURAS É todo material, substância ou produto que se aplica sobre a ferida, como finalização do curativo. Não existe cobertura ideal a avaliação da ferida subsequente é que vai caracterizar qual a melhor cobertura para a aquela fase do processo de cicatrização. Cada cobertura apresenta indicações e contraindicações, vantagens e desvantagens, que necessitam de ponderação e bom senso no momento da escolha (PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2016). 5.5.1. Alginato de cálcio Mecanismo de ação: É um curativo altamente absorvente composto de alginato de cálcio e carboximetilcelulose sódica; No contato com o exsudato da ferida, o curativo se torna um gel macio e coeso, promovendo a otimização do meio ambiente úmido; O gel formado permite a remoção íntegra do curativo, não deixando resíduos no leito da ferida; Tem propriedades hemostáticas e facilita o

21 desbridamento autolítico, promovendo a predominância e estimulação do tecido de granulação. Tipos de feridas: É indicado para tratamento de feridas de moderada a altamente exsudativas, incluindo úlcera de perna (venosa, arteriais e mistas), úlceras diabéticas, lesão por pressão, áreas doadoras e feridas traumáticas. Procedimento: Higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto indicado para limpeza de feridas; Secar suavemente a pele ao redor da lesão; Remover o excesso de exsudato e tecido desvitalizados, quando necessário; Escolher o tamanho que melhor se adapte se necessário; corte do tamanho exato do leito da ferida com tesoura estéril; Ocluir com uma cobertura secundária absorvente estéril; Para feridas levemente exsudativas, o curativo deverá ser colocado sobre a ferida e umedecido com soro fisiológico. Observações: A cobertura poderá permanecer na lesão por até sete dias; Cabendo ao enfermeiro avaliar as características do curativo; Em feridas altamente exsudativas as trocas deverão ser a cada 24 horas; As funções hemostáticas são aplicadas apenas em feridas com sangramentos leves e cessantes a compressões; material poderá ser recortado e modelado conforme características da lesão (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.2. Alginato com colágeno Mecanismo de Ação: É uma cobertura macia, absorvente e adaptável composta de 90% de Colágeno e 10% de Alginato de Cálcio. Promove uma redução da atividade de proteases maior do que o colágeno puro apresenta boas propriedades hemostáticas, trata feridas de baixo a moderado nível de exsudato e ajuda a criar um ambiente de cicatrização úmido propício para epitelização. Tipos de Feridas: Indicada para o tratamento de feridas incluindo: feridas de espessura total e parcial, úlcera venosa, úlcera causadas por etiologias vasculares mistas, úlceras diabéticas, queimaduras de segundo grau, enxertos e outras feridas com superfície em sangramento, abrasões, cicatrização de feridas traumáticas por segunda intenção, incisões cirúrgicas com deiscência. Procedimento: Faça o desbridamento de tecidos desvitalizados, se necessário, higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto

22 indicado para limpeza de feridas, aplique a cobertura diretamente no leito da lesão, para que ocorra a absorção do colágeno; Em feridas com baixa umidade no leito da lesão, molhe o sítio da ferida com solução fisiológica 0,9%; A cobertura poderá ser recortada no tamanho desejado e modelado de acordo com a lesão e do volume de exsudação, a cobertura pode ser ocluída por coberturas secundárias. Observações: Evite a aplicação deste material em feridas altamente exsudativas, para que não ocorra a inatividade de suas propriedades cicatrizantes; Não é indicada para tratamento em pacientes com distúrbios de cicatrização e com sensibilidade ao colágeno; O material pode ser recortado e modelado de acordo com as características da lesão; A cobertura é mais especifica para lesão na fase de reparação (epitelização); A cobertura poderá permanecer na ferida por até três dias, cabendo ao enfermeiro avaliar as características da ferida (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.3. Aquacel Mecanismo de ação: Curativo de hidrofibra (curativo antimicrobiano impregnado com prata) macio, estéril, de não tecido em placa ou fita, composto por carboximeticelulose sódica e 1,2% prata iônica, que tem a função de inativar as bactérias retiradas do leito da ferida e retidas dentro da fibra do curativo, promovendo uma barreira antimicrobiana que protege o leito da ferida. Este curativo tem a capacidade de absorver grandes quantidades de exsudato e bactérias presentes no leito da ferida, formando um gel macio e coesivo, que se adapta à superfície da ferida formando um meio úmido que auxilia que auxilia na remoção de tecidos necróticos (desbridamento autolítico). O ambiente de cicatrização em meio úmido ao redor da ferida e o controle do número de bactérias contribuem com o processo de cicatrização do próprio organismo e ajudam o risco de infecção. Tipo de ferida: São indicados para o tratamento de queimaduras superficiais e de segundo grau Pequenos abrasões, lacerações e cortes; Feridas Ulcerativas, Vasculogênicas, Crônicas, traumáticas e infectadas. Procedimento: Higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto indicado para limpeza de feridas; Aplique a cobertura de forma que a borda do curativo ultrapasse a borda da ferida em pelo menos um cm em toda a circunferência da ferida; Em ferida cavitária preencha o espaço em ferida profunda

23 até 80% do volume, uma vez que o Aquacel sofrerá expansão preenchendo todo o espaço da ferida quando entrar em contato com o exsudato da ferida; Ocluir a cobertura secundária apropriada e observe nível de exsudação; Na Retirada Se houver dificuldade na retirada do curativo deve-se umedecer o curativo com água ou solução salina estéril até que seja removido facilmente. Observações: O curativo deverá ser inspecionado frequentemente; Após a aplicação, a cobertura poderá permanecer na ferida por até sete dias, dependendo da indicação clinica ou conforme avaliação do profissional; Em feridas altamente exsudativas e infectadas, a cobertura poderá permanecer na ferida por até 03 (três) dias; Em queimaduras de segundo grau, a cobertura poderá permanecer por até 14 dias, de acordo com a reepitelização; Trocar o curativo toda vez que estiver saturado com o exsudato (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.4. Askina calgitrol paste (pasta com prata) Mecanismo de ação: É um curativo a base de alginato de prata, tecnologicamente avançado, que combina a eficácia de barreira de prata iônica com as capacidades de absorção de alginato de cálcio e espuma de poliuretano; Sua matriz de alginato de cálcio em contato com exsudato forma um gel macio que permite a liberação de íons de prata; A prata está disponível em estado iônico sobre toda a área de superfície do curativo, sem necessidade de umedecimento para ativação; A prata é continuamente liberada do curativo; A concentração de íons de prata na ferida é mantida durante sete dias no nível de 60 ppm*, concentração necessária para obtenção de atividade antibacteriana eficaz. Tipos de feridas: É indicado para qualquer tipo de ferida, com ou sem infecção, de espessura parcial ou total. Ideal para feridas cavitárias e de difícil visualização. Procedimento: Higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto indicado para limpeza de feridas; Aplique a pasta diretamente no leito da ferida; Ocluir com cobertura secundária ou com gazes; Observações: Não utilizar em paciente com sensibilidade à prata; Não utilizar em feridas fúngicas e em queimaduras de terceiro grau; O produto age por até 72 horas, cabendo o enfermeiro avaliar a necessidade de trocas; Pode ser fracionado,

24 desde que seja utilizado de forma asséptica (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.5. Biatan Ibu Mecanismo de ação: Biatain Ibu curativo combina o tratamento de feridas em meio úmido com um analgésico ativo; Além da espuma macia de poliuretano hidrofílico e flexível que promove o controle do exsudato, libera ibuprofeno (concentração de ibuprofeno: 0,5mg/cm2) uniformemente na ferida, ajudando a aliviar a dor da ferida durante o uso e durante as trocas de curativo. Tipo de ferida: É indicado no tratamento de feridas exsudativas e dolorosas, tais como; Úlceras de perna, Lesão por pressão, úlceras de pé diabéticos não infectados, queimaduras menores de segundo grau, áreas doadoras, feridas pósoperatórias e abrasões. Procedimento: Higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto indicado para limpeza de feridas; Secar a pele ao redor da ferida; Selecione um tamanho, de modo que o curativo cubra 2,0 cm da pele ao redor da ferida; Coloque um curativo de cobertura secundário sobre a ferida. Observação: O curativo pode permanecer na ferida por até sete dias, dependendo da quantidade de exsudato, condição do curativo e tipo de lesão; Pode ser recortado assepticamente; Pode ser utilizado em terapias por pressão negativa; Evite utilizar em feridas cavitárias (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.6. Biatain AG Mecanismo de Ação: O Biatain Ag é um curativo não adesivo, em espuma de poliuretano, impregnado com íons de prata; Quando em contato com exsudato, a exclusiva estrutura de espuma em 3D da estrutura do Biatain se adapta intimamente ao leito da ferida, mesmo sob compressão, liberando continuamente íons de prata no leito da lesão proporcionando um efeito antimicrobiano. Tipos de Feridas: Pode ser usado em uma ampla gama de feridas exsudativas com cicatrização demorada devido a bactérias, ou onde há risco de infecção, incluindo úlceras de perna, lesão por pressão, queimaduras de segundo

25 grau, áreas doadoras, úlceras do pé diabético, feridas pós-operatórias e abrasões da pele. Procedimento: Higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto indicado para limpeza de feridas; Secar a pele ao redor da ferida; Coloque o curativo sobre a ferida; Se necessário aplique um curativo secundário. Observações: A cobertura poderá permanecer na ferida por até sete dias, cabendo ao enfermeiro avaliar as características da ferida; A cobertura é contraindicada para feridas cavitárias e altamente exsudativas; Promover conforto ao paciente (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.7. Curativo hidrocoloide com alginato Mecanismo de ação: Consistem em partículas de Carboximetilcelulose (CMD), que absorvem umidade, encapsuladas em uma massa sintética, elástica e pegajosa; Possui uma película superior, composto por um filme de poliuretano semipermeável; A película superior semipermeável permite evaporação correspondente ao nível de exsudato, mas impede que bactérias e água entrem na ferida; Quando o curativo fica em contato com o exsudato da ferida, forma-se um gel viscoso, que absorve o exsudato, mas não adere à ferida. Tipos de feridas: É indicado para o tratamento de feridas crônicas pouco a moderadamente exsudativas e feridas agudas superficiais nos estágios finais da cicatrização, lesão por pressão, úlceras de perna, queimaduras superficiais, áreas doadoras de pele, feridas pós-operatórias e abrasões na pele. Procedimento: Higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto indicado para limpeza de feridas; Secar a pele ao redor da ferida; Coloque o curativo sobre a ferida modelando e fixando-o, excedendo em pelo menos dois cm das bordas; Pressione levemente o curativo com as mãos para garantir uma maior durabilidade; Observações: A cobertura poderá permanecer na ferida por até sete dias, cabendo ao enfermeiro avaliar as características da ferida; Não está indicada a utilização quando tiver ossos, tendões e músculos expostos, assim como não utilizar em queimaduras de terceiro grau (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017).

26 5.5.8. Curativo medipore H - 3M Mecanismo de ação: Fita livre de látex, hipoalergênica e confortável, muito suave e com forte adesividade para aplicações mais críticas; Promove a respiração celular por possuir uma camada porosa. Tipos de feridas: É indicado para qualquer tipo de pele fragilizado e, ou, agredidas pelo uso contínuo de fitas e trocas de curativos. Serve como curativo secundário. Preferível uso em pacientes idosos. Procedimento: Após finalizar o curativo, aplique a fita Medipore de forma oclusiva sobre a cobertura ou gazes. Observações: Material destacável, não havendo a necessidade cortá-lo, as trocas deverão ser de acordo com a cobertura utilizada; Aplicação preferível em pacientes idosos (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.9. Cavilon Mecanismo de ação: Creme que contem em sua fórmula polímero (terpolímero), agentes emolientes e umectantes, que fornece hidratação e proteção ao estrato córneo e permite o uso de produtos adesivos como fitas e curativos. Tipo da ferida: Oferece prevenção de lesões cutâneas decorrentes de incontinência urinária e fecal, descamação da pele, diminuição da resposta vascular levando a redução do ressecamento e temperatura. Procedimento: Realize a limpeza da pele e seque antes da aplicação; Aplique uma pequena quantidade do Cavilon Creme e espalhe delicadamente sobre a pele; Se notar que a pele ficou oleosa, isso indica excesso do produto aplicado; Observações: Pode ser reaplicado a cada terceiro ou quarto episódio de incontinência; Pode ser utilizado para prevenção de lesões cutâneas; Pode ser aplicado em áreas perilesionadas e bordas fragilizadas do ferimento; Hidrata e protege por até dois dias; Material disponível nos tamanhos: 28g e 92g; Uso único do paciente; Após aberto tem validade por até dois anos, se manuseado de forma asséptica (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.10. Curativo cavilon spray (película protetora sem ardor - spray) Mecanismo de ação: Solução polimérica líquida, transparente e sem álcool, em spray, que forma uma película protetora uniforme e semipermeável a líquidos,

27 fluídos corporais e fezes por até 72 horas; Pode ser aplicado na pele intacta, irritada ou danificada, sem causar ardência; Reduz a dor se a pele estiver irritada e protege da ação de adesivos. Tipo de ferida: Oferece proteção contra irritações de pele decorrentes de incontinência urinária e fecal, e danos causados pelos adesivos em curativos repetitivos; Indicado também para proteção da pele ao redor de ostomias e dermatites. Procedimento: Realize a limpeza da pele e seque antes da aplicação; Aplicar na região que requer proteção contra fluídos, corpóreos, adesivos ou fricção; Deixeo secar; Se uma segunda camada for necessária, deixe a primeira secar completamente antes de aplicar a nova. Observações: Permanece por até três dias (exceto quando aplicado sob produtos adesivos de trocas constantes); Nos casos de incontinência, reaplicar a cada 24 horas ou com mais frequência se houver a necessidade de limpezas frequentes (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.11. Carvão ativado com prata Mecanismo de ação: É uma cobertura antimicrobiana de carvão ativado com prata concebida para proteger a ferida contra a infecção, enquanto elimina o odor; Fornece uma barreira efetiva contra a invasão bacteriana, bem como promove a adsorção de odores da ferida; As propriedades de adsorção da cobertura são uma armadilha para as bactérias, toxinas bacterianas e odor. Tipo da ferida: Tratamento terapêutico de todas as feridas crônicas; É indicado para: carcinomas fúngicas, feridas ulcerativas, feridas traumáticas e cirúrgicas, nas quais ocorra contaminação bacteriana, infecção ou odor. Procedimentos: Higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto indicado para limpeza de feridas; Aplique a cobertura diretamente no leito da ferida, modelando para que suas propriedades absorventes sejam eficazes; A cobertura pode ser aplicada conforme o leito da lesão, a fim de tamponar cavidades; Não pode ser recortado em hipótese alguma, e sim apenas modelado ou dobrado; Dependendo do nível de exsudado, pode ser colocado um curativo secundário absorvente sobre ele.

28 Observações: A cobertura pode permanecer no leito da ferida por um período de até sete dias, dependendo da quantidade de exsudado, enquanto a cobertura secundária é mudada de acordo com necessidade; A cobertura não pode ser RECORTADA em hipótese alguma (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.12. Curativo stimulen (gel com colágeno) Mecanismo de ação: É um gel acelerador da regeneração cutânea composto de glicerina e colágeno biocompatível e biodegradável; Tem a função de promover a regeneração da superfície da pele e inibir a proliferação bacteriana e fúngicas. Tipos de feridas: É indicado para o tratamento de feridas superficiais ou cavitárias sem infecção ou tecidos desvitalizados. Promove a rápida cicatrização, alívio da dor e do desconforto e ação antibacteriana e antifúngica. Procedimento: Higienize a ferida com solução fisiológica ou qualquer outro produto indicado para limpeza de feridas; Seque suavemente a pele ao redor da lesão; Remova o excesso de exsudato e tecido desvitalizados, quando necessário; Aplique o gel de forma asséptica sobre a lesão, preenchendo cavidades; Aplique um curativo secundário (se necessário). Observações: O gel poderá permanecer na ferida por até 48 horas; Cabendo ao enfermeiro avaliar as características do curativo diariamente; Está contraindicado para tratamento de feridas infectadas, profundas e desvitalizadas; Pode ser associado às outras coberturas; Material disponível: Bisnaga de 30 ml. Utilizável de forma fracionada e asséptica (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.13. Espuma de poliuretano para proteção de traqueostomia Mecanismo de ação: É uma espuma de poliuretano associada a uma película de silicone, com a função de proteger a pele peri-traqueostomia do contato de efluentes. Tipos de feridas: É indicada para prevenção de lesões ou dermatites na área peri-traqueostomia.

29 Modo de usar: Higienize a área peri-traqueostomia com solução fisiológica; Seque suavemente a pele ao redor da traqueostomia; Aplique o curativo de forma em que a cânula da traqueostomia fique dentro orifício do curativo; Efetue a fixação do curativo, se necessário. Observações: O curativo pode permanecer por até sete dias, cabendo ao enfermeiro avaliar diariamente; Não pode ser recortado, somente se a instalação for a Recém-nascidos a espuma deverá ficar em contato com a pele do paciente (SMANIOTTO et al. 2012; CAMPOS et al. 2016; RIBEIRO, 2017). 5.5.14. Filme transparente Mecanismo de ação: Consiste de um filme delgado com adesivo hipoalergênico resistente à água; O curativo é estéril, transparente e permeável ao oxigênio e ao vapor úmido; O curativo intacto é impermeável a líquidos e bactérias; O curativo não contém látex; O curativo de filme transparente de poliuretano recoberto com adesivo acrílico. Tipo de feridas: Curativo para cateteres intravenosos centrais, periféricos e Port-a-cath. Procedimentos: Verificar se a pele está limpa, livre de resíduos e secar; Abrir a embalagem e remover o curativo estéril; Retirar o papel impresso deixando exposta a superfície adesiva; Posicionar o curativo sobre o local do cateter; Remover a moldura de papel ao mesmo tempo em fixa as bordas do curativo; Envolver totalmente a conexão do cateter com curativo, de modo a selar com segurança o acesso ao ponto de inserção; Fixe novamente todo o curativo com as pontas dos dedos através de movimentos de centro para as bordas; Para curativo que vêm com tiras adesivas estéreis, o usuário pode aplicá-las sob asas ou suporte do cateter para proteger a pele, sobre asas ou suporte do cateter para estabilizar os lúmens do cateter; Para os curativos que vêm com uma etiqueta adesiva, anote as informações necessárias, remova-a da moldura, e aplique-a sobre, ou perto, do curativo. Observações: O curativo poderá permanecer por até sete dias; Cabendo ao enfermeiro monitorar alterações das características do Acesso Venoso; O curativo somente é aplicável quando não houver sangramentos, ou seja, após o curativo compressivo. (Para Acessos Centrais); Em pacientes com sudorese intensa, não é