AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE UMA ESCOLA TÉCNICA AGRÍCOLA POR MEIO DE INDICADORES



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE UMA ESCOLA TÉCNICA AGRÍCOLA POR MEIO DE INDICADORES Rafael José Navas da Silva. CEETEPS ETEC. Prof. Edson Galvão Itapetininga/SP. Resumo O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu no final do século XX como uma forma de desenvolvimento com uso racional dos recursos naturais, sem agressão ao meio ambiente. A partir da década de 90, o uso do termo difundiuse e passou a ser corrente nos discursos desenvolvimentistas. Porém, este aumento no uso do termo não veio acompanhado de uma discussão sobre seu real significado. Avaliar a sustentabilidade de uma atividade ou de uma área nos permite identificar pontos críticos de produção e desenvolver ações para minimizar os impactos. Dentre os métodos utilizados para esta avaliação, os indicadores se apresentam como uma ferramenta vantajosa. Assim, o objetivo deste trabalho foi desenvolver indicadores de sustentabilidade preliminares para avaliar as atividades desenvolvidas na Escola Técnica Estadual Prof. Edson Galvão, localizada no município de Itapetininga SP e propor linhas de trabalho para os pontos críticos. A metodologia baseou-se no método MESMIS. Foram utilizados para avaliação 35 indicadores, contemplando aspectos ambientais, econômicos, sociais e políticos. Na construção dos indicadores, utilizou-se parâmetros em função do item analisado. Os níveis de sustentabilidade variaram entre 1, 2 e 3, correspondendo o menor valor ao nível crítico, o valor intermediário ao nível aceitável e o maior valor ao nível desejável de sustentabilidade. No desenvolvimento dos indicadores procurouse não onerar o método para que este possa ser difundido entre a comunidade. Mesmo a Escola possuindo a maior parte de sua área com vegetação nativa, algumas atividades estão com nível crítico de sustentabilidade, havendo necessidade da realização de ações para as mesmas. Iniciativas já foram tomadas para alguns pontos, como coleta seletiva de resíduos e recuperação de mata ciliar, porém estes não foram considerados nesta avaliação por estarem em fase inicial e o resultado será analisado em próximos levantamentos. O método utilizado é apropriado para avaliar a sustentabilidade de sistemas, pois permite novas avaliações no tempo e espaço, permite mudança dos parâmetros, acompanhando o desenvolvimento de novas tecnologias, além do baixo custo para execução. Também, proporciona visão integradora do sistema ao público envolvido, com especial atenção aos discentes. Palavras-chave: Sustentabilidade; Ensino Técnica; Indicadores; MESMIS. Introdução O final do século XX presenciou o crescimento da consciência da sociedade em relação à degradação ambiental, decorrente do processo de desenvolvimento adotado no país. O agravamento da crise ambiental,

juntamente com a reflexão sobre a influência da sociedade neste processo, conduziu a um novo conceito - o de desenvolvimento sustentável. Este se destacou a partir da década de 1990, tornando-se um dos termos mais utilizados para se definir um novo modelo de desenvolvimento. Entretanto, esta crescente legitimidade do conceito não veio acompanhada de uma discussão crítica consistente a respeito do seu significado efetivo e das medidas necessárias para alcançá-lo. Na medida em que não existe consenso relativo sobre o termo, observa-se uma disparidade conceitual nas discussões referentes à avaliação da sustentabilidade (BELLEN, 2004). O desenvolvimento sustentável é definido como aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991). É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Esta definição surgiu para tentar equilibrar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Nesse conceito de sustentabilidade devem ser considerados atributos econômicos, ecológicos, políticos, culturais, éticos e sociais, buscando um equilíbrio dinâmico entre estas múltiplas dimensões. Avaliar a sustentabilidade de um local ou atividade colabora para o (re)conhecimento dos impactos causados pelas atividades e a busca de soluções para os mesmos. Há um consenso sobre a necessidade de tornar operacional o conceito de sustentabilidade. Somente desta maneira poderá ser observado o comportamento dos ecossistemas agrícolas nas dimensões sócioeconômica e ambiental (VERONA et al, 2007). Porém, ainda existem dificuldades sobre os instrumentos que permitem mensurar as modificações nas características de um sistema e principalmente uma maneira de torná-lo operacional (DEPONTI, et al, 2002). Uma forma de avaliação da sustentabilidade consiste no uso de indicadores, que são instrumentos que fornecerão informações sobre o estado e alterações do ambiente, qualitativa e/ou quantitativamente. Estes indicadores devem ser significativos para avaliação do sistema; ter validade, objetividade e consistência; ser sensível de mudanças no tempo e no próprio sistema; ser integrador; ter fácil mensuração; permitir a participação dos

atores envolvidos e ter relação com os demais indicadores utilizados (DEPONTI, et al, 2002). O objetivo deste trabalho foi construir indicadores preliminares para avaliar a sustentabilidade das atividades desenvolvidas na ETEC. Prof. Edson Galvão e propor linhas de trabalho, buscando alcançar o nível desejado de sustentabilidade. A ETEC. Prof. Edson Galvão, localiza-se no município de Itapetininga-SP, possui área de aproximadamente 236 ha, sendo aproximadamente 120 ha de vegetação nativa. Nos demais 116 ha são desenvolvidas atividades de criação animal, produção de grandes e pequenas culturas, viveiro de mudas, estufa e área construída. Atualmente possui os cursos de ensino médio e técnico em meio ambiente, agropecuária, agroindústria, turismo receptivo, saneamento ambiental e agronegócio. O número de alunos é de aproximadamente 450. A distância da ETEC à cidade é de aproximadamente 15 km. A vegetação do local consiste em transição dos biomas Mata Atlântica e Cerrado. O primeiro passo para a realização deste trabalho foi a realização de um diagnóstico visual. Este ponto foi facilitado pelo conhecimento da área e do tipo de manejo adotado nas atividades produtivas da ETEC. Após esta fase foi elaborada uma tabela com os indicadores e os parâmetros a serem utilizados na avaliação. Com a definição destes pontos a avaliação foi realizada. A metodologia utilizada baseou-se no método MESMIS Marco de avaliação de sistemas de manejo de recursos naturais incorporando indicadores de sustentabilidade (DEPONTI, et al, 2002). Neste primeiro momento, a avaliação realizada foi preliminar, não havendo participação do público alvo. Este ponto será realizado na próxima etapa deste trabalho e procurará a participação dos alunos, demais professores e funcionários. Resultados e discussão Os indicadores construídos e utilizados estão apresentados na Tabela 1 e os resultados estão apresentados no Gráfico 1. Na construção dos indicadores

utilizou-se valores que variaram entre 1, 2 e 3. O valor 3 corresponde ao grau desejado de sustentabilidade, o valor 2 ao grau aceitável de sustentabilidade e o valor 1 ao grau crítico. Tabela 1. Indicadores utilizados na avaliação. Indicador Áreas de preservação permanente (APP) Acesso de animais as APPs Parâmetros 1 2 3 < 50% protegidas <100 50% 100% protegidas Tem acesso Áreas isoladas Não tem Reserva legal < 20% da área 20% da área > 20% da área Uso de recursos naturais Uso de áreas de mata Não faz Faz, sem manejo Faz, com manejo Não faz Faz, s/ Educação Ambiental Madeira utilizada Comprada Comprada, certificada Com Educação Ambiental Plantada Plantas indicadoras Poluição Poluição e qualidade Qualidade ambiental Animais silvestres Não há Avifauna comum Ameaçados de extinção Água p/consumo humano Água p/ consumo animal Não tratada Filtrada Tratada Açudes, rios Bebedouro e rios Bebedouro Reciclagem de lixo < 50% < 100 50% 100 % reciclado Resíduos orgânicos da cozinha Lixo comum Alimentação animal Compostagem Óleo residual Pia Armazenado Reciclado Resíduos da agroindústria Industrialização de produtos Lixo comum Alimentação animal Compostagem Não faz Comercialização interna Comercialização externa Esgoto Ambiente Fossa Tratado

Pluriatividade Monocultura Animal ou vegetal Animal e vegetal Adubos < 50% orgânico < 90 50% orgânico 90% orgânico Rotação de culturas < 50% das áreas < 90 50% das áreas 90% das áreas Cobertura de solo Solo exposto Apenas c/ cultivos Cobertura todo o ano Compactação de solo > 0,5 ha 0,5 ha Não tem Defensivos químicos Todas culturas Grandes culturas Não faz / orgânicos Erosão Grandes Pequenas, correção simples Não tem Irrigação Aspersão Manual Gotejamento Controle de plantas indesejadas Herbicida Capina + herbicida Cobertura + capina Uso de EPI Não faz Parcialmente Todas atividades CIPA Não tem Pouco atuante Atuante Dejetos animais < 50% tratado < 100 50% tratado 100% tratado Controle de parasitas animais Químico Natural e químico Natural Pastejo Extensivo Confinamento Rotacionado Alimentação animal < 50% produzida < 90 50% produzida 90% produzida Cooperativa Não tem Atuação parcial Atuante Biogás Liberado Queimado Canalizado Destino de lâmpadas c/ mercúrio Meios de comunicação Lixo comum Armazenada Reciclada Não tem Até 2 > 2

Gráfico 1. Resultado da avaliação. Áreas de preservação permanente Meios de comunicação Acesso de animais às APPs 3 Destino de lampadas Reserva legal Biogás Uso de recursos naturais Cooperativa Alimentação animal 2 Uso de áreas de mata Madeira Pastejo Controle de parasitas em animais 1 Plantas indicadoras Animais silvestres Dejetos animais CIPA 0 Fonte de água para consumo humano Fonte de água para consumo animal Uso de EPI Reciclagem de lixo Controle de plantas indesejadas Residuos organicos da cozinha Irrigação Oleo residual Erosão Residuos da agroindustria Defensivos quimicos Compactação de solo Cobertura de solo Rotação de culturas Esgoto domestico Pluriatividade Adubos Industrialização de produtos Foram utilizados nesta primeira avaliação 35 indicadores, buscando contemplar o maior número de atividades desenvolvidas na ETEC, abordando aspectos econômicos, ecológicos, políticos e sociais. Nesta etapa as dificuldades apresentadas foram com o desenvolvimento dos parâmetros, pois se procurou desenvolver estes sem promover custos para a avaliação, para que o método possa ser difundido pela comunidade escolar e para que haja comparação no tempo. Os parâmetros utilizados variaram em função do indicador, optando-se para alguns por valores percentuais. Com os resultados observa-se que mesmo a ETEC possuindo a maior área de vegetação nativa, há indicadores que revelam que algumas atividades estão no nível critico ou aceitável de sustentabilidade.

Os indicadores que apresentaram pontuação crítica são os que necessitam de soluções mais rapidamente, sendo algumas apresentadas abaixo. Outro ponto importante na avaliação foi que o conceito de sustentabilidade não é totalmente claro para a comunidade escolar, estando o termo normalmente atrelado apenas a fatores econômicos. Assim, é necessário primeiramente desenvolver este conceito com a comunidade escolar, para que novas ações possam ser desenvolvidas, buscando assim a máxima participação dos atores envolvidos. Com isto, espera-se também desenvolver um censo crítico principalmente entre os alunos, para as atividades desenvolvidas não apenas na ETEC, mas na área de trabalho dos profissionais formadas na Unidade. Alguns pontos críticos de sustentabilidade apresentados aqui já estão sendo trabalhados na ETEC, porém não constaram nesta avaliação, pois o sucesso das ações serão observadas com o tempo e serão analisados nas próximas avaliações. Para os pontos críticos identificados, propõem-se desenvolver projetos com a máxima participação da comunidade escolar, desde sua elaboração à execução. Também, para o sucesso destas, a participação de profissionais de áreas diversas proporcionará visão interdisciplinar para as ações. Este ponto pode proporcionar visão integradora do sistema entre os cursos. Para os pontos críticos identificados, os futuros projetos poderão ser orientados com as sugestões listadas na Tabela 2.

Tabela 2. Sugestões de ações para alcançar o nível de sustentabilidade desejado. Ponto crítico Sugestão Acesso de animais às APPs Isolamento das áreas ou delimitar as áreas de pastejo Uso de recursos naturais Desenvolver atividades que façam uso sustentável dos recursos, com geração de renda Reciclagem de lixo Realizar trabalho de educação ambiental, de modo a sensibilizar a comunidade escolar Rotação de culturas Realizar após colheita das culturas principais rotação com adubos verdes, promovendo também cobertura do solo todo o ano Erosão Realizar plantio de espécies nativas e adubos verdes para cobertura do solo CIPA Elaborar projeto com profissional da área implantando a mesma Controle de parasitas em animais Realizar experimentos com controle natural e biológico avaliando os resultados Resíduos da agroindústria Fazer compostagem com os resíduos orgânicos da cozinha Considerações Finais Considera-se como fator principal para alcançar a sustentabilidade, a identificação dos pontos críticos, pois estes somente poderão ser modificados, através do reconhecimento dos mesmos. Este trabalho foi inicial e o número de indicadores foi escolhido para não dificultar a avaliação. Há necessidade do desdobramento dos indicadores, para melhor identificação dos pontos críticos, visualizando com precisão os itens analisados. Este desdobramento é necessário principalmente pela ETEC possuir diversas atividades, que incluem inclusive criação de aves exóticas. Este é um ponto importante para o ensino-pesquisa-extensão, mas também pode dificultar a inter-relação com outros setores. Há também necessidade de desenvolver um conceito de sustentabilidade comum entre a comunidade escolar, proporcionando uma visão equilibrada entre as dimensões que a compõem, facilitando deste modo a compreensão dos impactos das atividades desenvolvidas. As barreiras encontradas para a adoção de novas tecnologias, principalmente as que utilizem técnicas agroecológicas, podem ser superadas

com o desenvolvimento de experimentos, avaliando os resultados e comparando com técnicas convencionais, proporcionando também difusão de tecnologias alternativas. Os trabalhos que já se iniciaram na ETEC com relação aos pontos críticos, como educação ambiental para coleta seletiva de resíduos e recuperação de áreas de preservação permanente serão considerados nas próximas avaliações. A próxima fase deste estudo procurará envolvimento de diferentes setores da Unidade, buscando soluções para os pontos críticos de forma interdisciplinar. O método MESMIS é apropriado para avaliar a sustentabilidade de sistemas, pois permite novas avaliações no tempo e espaço; permite mudança nos parâmetros, acompanhando o desenvolvimento de novas tecnologias; permite e recomenda-se a participação dos atores envolvidos e apresenta baixo custo para execução. A utilização do método pode proporcionar visão integradora do sistema à comunidade escolar, com especial atenção aos discentes, podendo ser incorporado aos componentes curriculares dos cursos da ETEC. Referências Bibliográficas BELLEN, H. M. V. Desenvolvimento sustentável: uma descrição das principais ferramentas de avaliação. Ambiente e Sociedade, v.7, n.1, pp. 67-87, jan./jul. 2004. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. 2ª Edição, Rio de Janeiro. Editora da Fundação Getúlio Vargas, 430 p., 1991. DEPONTI, C. M.; ECKERT, C.; AZAMBUJA, J. L. B. Estratégia para construção de indicadores para avaliação da sustentabilidade e monitoramento de sistemas. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v.3, n.4, pp. 44-52, out./dez. 2002. VERONA, L. A. E.; CASALINHO, H.; MASERA, O. U.; GALVÁN, Y. U.; CORRÊA, I; SCHWENGBER, J. Uso de indicadores compostos na análise da sustentabilidade de agroecossistemas de base familiar na região sul do Rio Grande do Sul. Resumos do V CBA - Sociedade e Natureza, 2007.