REFORMAS CURRICULARES: TRAJETÓRIA DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFBA 1996 A 2013.

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Transcrição:

REFORMAS CURRICULARES: TRAJETÓRIA DA ESCOLA DE RESUMO MÚSICA DA UFBA 1996 A 2013. Maria Helena Barreto Santos Bezerra 1 Universidade Federal da Bahia mhelena@ufba.br Este relato de experiência tem por objetivo apresentar a trajetória empreendida para a flexibilização curricular ocorrida na Escola de Música da UFBA, no período de 1996 a 2013, com a implementação dos Novos Currículos dos Cursos de Progressão Linear, do Bacharelado Interdisciplinar em Artes e do primeiro curso de Pós-Graduação Profissional em Música do Brasil. A metodologia utilizada é revisão documental com entrevistas semiestruturadas, numa abordagem qualitativa, sob a ótica dos atores do quadro da EMUS implicados no processo. Os resultados obtidos com estas ações foram a implantação de currículo - 2010 e 2011 - com certa flexibilização, atendendo as bases da LDB de 1996; a aprovação pela Congregação da EMUS da instalação da área de concentração em Música no BI-Artes e a aprovação pela CAPES do Mestrado Profissional em Música, ambos em 2012. Com relação aos CPL, as análises feitas ao longo desses 4 anos apresentam a necessidade de ajustes. Com relação a área de concentração de Música, por se tratar de uma proposta que encontra-se em vias de implantação, não possuímos resultados a serem relatados, e no que diz respeito ao Mestrado Profissional, encontra-se com um ano e meio de atividade, com a primeira turma defendendo os seus trabalhos, perfazendo um total de 41 alunos matriculados. Palavras chave: currículo; flexibilização curricular e implantação. INTRODUÇÃO Muito se tem discutido sobre a temática da Educação Superior desde o surgimento da primeira universidade no mundo ocidental no sec. XI à contemporaneidade. O século XX é marcado por profundas transformações em todos os campos seja político, social, econômico e tecnológico. A sociedade pós-industrial impõe novos desafios, a produção de bens simbólicos altera as ênfases até então existentes. E na tentativa de compreendê-las, o pensamento curricular incorpora enfoques pós-modernos e pós-estruturais. As mudanças que vem ocorrendo no mundo, como a abertura de fronteiras políticas, culturais, científicas, tecnológicas e econômicas, que favorecem a heterogeneidade e 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade da UFBA.

diversidade, fazem com que a escola tenha por obrigação dar respostas flexíveis e diferenciadas em função da pluralidade sociocultural do público a que se propõe atender, contextualizando e gerindo o currículo visando a adequação ao público ao qual se destina. O motivo que nos leva a estudar o processo de discussão da reformulação curricular da Escola de Musica foi a de que os currículos dos cursos de ensino superior precisavam ser reformulados para uma adequação as novas tendencias, e para isso a participação do corpo docente e as necessidades regionais deveriam ser consideradas, uma vez que através do que se ensina é que se define que tipo de sociedade e de cidadão se quer construir. Para Menezes e Araujo (2012), é justamente na construção ou na elaboração dos modelos e das propostas curriculares, que se define que tipo de sociedade e cidadão se quer construir, o que a escola faz e para quem faz. É através destas propostas, que as pessoas passarão a entender melhor a sua história e a compreender o mundo que as cerca. Refletir sobre o conhecimento requer o exercício da transdisciplinaridade, encontros de temas, áreas e problemas. O pensamento curricular ao longo da história brasileira foi marcado pelas teorias do pensamento burguês, que nos leva a constatar o quanto a classe dominante utilizou-se do ensino para impor a sua verdade. O ensino no Brasil, do básico ao superior, tem servido como forma de controle social e alienação da população. A cada período de nossa história, nossas faculdades e universidades eram incumbidas de formar defensores do sistema vigente, sendo o currículo utilizado como forma de controle. Neste sentido, entendemos o currículo como campo político-pedagógico no qual as diversas relações - entre os sujeitos, conhecimento e realidade - constroem novos saberes e reconstroem-se a partir dos saberes produzidos, em um processo dinâmico e dialético, onde a realidade é o chão sobre o qual o educador e educando constroem seus processos de aprendizagens. Entendemos então, que o currículo, como componente pedagógico significativo deve ser elaborado e implementado a partir das necessidades concretas, que a realidade (social, econômica, política e cultural) propõe como desafios, e as necessidades históricas (situadas num determinado tempo e lugar), enfim um currículo contextualizado que nos impulsiona a construir uma educação, onde não mais se ignorem as diferenças culturais de gênero, de raça, de cor, de sexo. Repensar o currículo a partir destas novas referências, não é somente um desafio, mas uma exigência contemporânea à uma educação comprometida

com processos de desenvolvimento social, nos quais cada pessoa e o seu coletivo é permanente aprendiz e construtor. Um outro ponto relevante considerado dentro da construção é a flexibilidade, necessária na organização dos currículos para acolher aspectos como as novas demandas da sociedade, do processo de conhecimento e por uma formação crítica e cidadã de profissionais. Falar em currículo, na atualidade, é falar de identidades e contextos. Portanto, é falar em processo de constituição, tanto do conhecimento quanto do ser. Para Moran (2000, p. 18), os processos de construção do conhecimento requerem a compreensão do conhecimento num contexto que não é fragmentado, mas interdependente, interligado, intersensorial. Conhecer significa compreender todas as dimensões da realidade, captar e expressar essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral. Pensando em todos estes aspectos, escolhemos estudar o processo de flexibilização curricular implantado na Escola de Música (EMUS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), através de uma revisão documental e de entrevistas semiestruturadas com os agentes envolvidos no processo, numa abordagem qualitativa tendo como objetivo principal conhecer as discussões empreendidas na EMUS, no período de 1996 a 2013 com vistas a reestruturação curricular, com vistas ao atendimento das deliberações instituídas pela LDB de 1996, a adequação a proposta dos Bacharelados Interdisciplinares implantados em 2009 na UFBA e a aprovação pela CAPES do Curso de Pós-Graduação Profissional em Música, Todas estas ações só poderiam resultar na implantação dos currículos novos nos cursos de progressão linear da Escola de Música nos anos de 2010 e 2011, na aprovação pela Congregação da Escola da criação da Área de Concentração em Música no Bacharelado Interdisciplinar de Artes da UFBA e na implantação do Programa de Pós-Graduação profissional de Música do Brasil (PPGPROM). Uma Reflexão O movimento de reestruturação curricular foi um processo amplo, dinâmico e participativo onde, em nível naciona,l buscou-se fortalecer e propor mudanças na forma de produção de conhecimentos no ensino dos cursos de graduação, uma vez que as constantes transformações sociais, políticas, econômicas e culturais requerem a formação de um

profissional crítico e, sobretudo, cidadão preparado para aprender a criar, a propor e a construir. Dentro desta perspectiva a EMUS iniciou a discussão em 1996 acerca do processo de Reforma Curricular, com o intuito de atender as novas diretrizes propostas pelo Conselho nacional de Educação para os cursos de graduação em Música, bem como visando proporcionar uma formação profissional voltada as necessidades dos músicos. No decorrer do processo e implantação, detectamos em conversas ocorridas com alunos, professores e servidores administrativos dos colegiados pertencentes a Escola, a necessidade de desenvolvimento de estratégias que contribuíssem com a sistematização da implantação bem como identificasse as dificuldades que se apresentavam no processo. Ressaltamos que a proposta de estruturação curricular levou em consideração a definição de modelos e práticas pedagógicas, permitindo a interdisciplinaridade, a integralidade e o caráter generalista do ensino na graduação. Dessa forma, percebemos que houve um propósito em assegurar a qualidade da formação acadêmica. A Reforma Curricular teve por finalidade permitir a adequação da formação acadêmica em consonância com as transformações sociais que ocorrem no mundo globalizado, Os fóruns promovidos durante as discussões para a elaboração das propostas se constituíram em uma estratégia que valoriza a construção de conhecimentos de forma participativa, questionadora e, sobretudo baseada na realidade de situações, fatos e histórias de vida ocorridas dentro do ambiente acadêmico. Assim, compreendemos que a liberdade de expressão que os fóruns proporcionam contribui significativamente para a formação de profissionais críticos e abertos a mudanças que ocorrem a todo o momento na sociedade. Resultados e Discussão Durante o processo de discussão, observamos que alguns docentes e discentes apresentavam uma resistência a metodologia utilizada, demonstrando dificuldade em construir coletivamente o conhecimento acerca da uma proposta coerente. Entretanto, no decorrer das reuniões das comissões e dos fóruns, deu lugar a uma construção coletiva de significado ímpar e de grande relevância para todos, pois se passou a detectar os problemas reais das

propostas apresentas e a relevância da participação de todos como agente da transformação social. Percebemos que foi possível proporcionar melhor sistematização dos componentes curriculares, estabelecendo o elo entre o saber e o fazer, possibilitando, assim, o desenvolvimento de uma consciência crítico-reflexiva com a finalidade de transformação do sujeito inserido no contexto social e político. Para os participantes das comissões, ficou claro o quanto os fóruns contribuíram para a construção de um currículo e também para o entendimento de todos das necessidades e expectativas dos músicos com relação ao que estaria sendo ministrado no curso. Os discentes que se propuseram efetivamente a trabalhar neste sentido, sentem-se mais seguros com relação ao que está sendo proposto, uma vez que participaram do processo de construção e, consequentemente, da sua formação profissional. Esta metodologia foi aplicada no processo de flexibilização curricular proposto a partir de 1996, que culminou com a implantação dos novos currículos nos anos de 2010 e 2011, assim como também na construção da proposta da Escola de Música para a área de concentração em Música do Bacharelado Interdisciplinar de Música, ainda por ser implantada. Seguindo o mesmo método, a comissão responsável pela formulação da proposta do programa de pós-graduação profissional em música apresentou a comunidade o que seria relevante para a proposta, obtendo sugestões dos docentes da unidade que muito contribuíram com suas experiências vividas visando a formação de perfis profissionais diversos e flexíveis, associando formação teórica e experiência prática em linhas de atuação profissional, propondo um curso que se aproxime da realidade brasileira, formando profissionais e não pesquisadores e docentes de nível superior.

Referencial Bibliográfico MENEZES, ANA CELIA SILVA E ARAUJO, LUCINEIDE MARTINS, Currículo, constextualização e complexidade: espaço de interlocução de diferentes saberes. ARTIGO APRESENTADO AO Curso de Pós-Graduação da Universidade Estadual da Bahia. http://www.irpaa.org/publicacoes/artigos/artigo-lucin-ana-celia.pdf, Em 08 de abril 2012. MORAN, JOSE MANUEL. Comunicação e internet para uma nova educação, Comunicações e Informações. Goiânia, v.1,n2,p234-246,jul/dez.1998. BRASIL. Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais: REUNI. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6096.htm>. Acesso em: 10 novembro de 2013. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 05 de janeiro de 2014.. MEC. Diretrizes Gerais do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/diretrizesreuni.pdf>. Acesso em: 05 de janeiro de 2014. Resolução n.02, de 08 de março de 2004 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Música e da outras providencias. DOU n49, de 12/03/2004, seção 1. Pag.10-11. Portaria Normativa Nº 7, DE 22 de Junho de 2009, Dispõe sobre o mestrado profissional no âmbito da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. UFBA. Ata da reunião da Congregação da EMUS-UFBA.Aprovação da criação do curso de Mestrado Profissional. 16 de Abril de 2012