PÁTRIA EDUCADORA QUE DISCURSO É ESSE? Autora: Adriane Matos de Araujo Universidade Estadual do Rio de Janeiro adrianematosaraujo@gmail.com Orientadora: Carmen Lúcia Guimarães de Mattos Universidade Estadual do Rio de Janeiro carmenlgdemattos@globo.com INTRODUÇÃO Sob o impacto da aclamação pública pela melhoria da Educação em 2013, em 22 de abril de 2015, chega as mãos de educadores e do público em geral, via internet o primeiro documento governamental sobre esta promessa politica de enfrentamento da questão. Redigido por Mangabeira Unger recebemos recentemente o documento Pátria Educadora: a qualificação do ensino básico como obra de construção nacional, apresentado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência como documento preliminar para discussão. Neste pôster temos como o objeto uma discussão preliminar na visão desta aluna de mestrado em Educação. Esta reflexão teórico-critica tem como origem as discussões de um grupo de alunas e alunos de mestrado em educação, mas especificamente na disciplina: Processos de Inclusão/Exclusão Escolar. Nas discussões apresentamos os principais tópicos citados no documento Pátria Educadora: a qualificação do ensino básico como obra de construção nacional e abordamos de forma crítica e reflexiva como o documento apresenta a situação educacional do Brasil. As questões discutidas são: como o documento contempla ou não as dimensões da educação; a proposta da reformulação curricular; como o documento apresenta os aspectos socioeconômicos dos alunos; a perspectiva de assistencialismo; os polos educacionais de excelência; a questão do financiamento e da gestão da educação e, por fim a apresentação dos quatro eixos bases para o ensino público.
METODOLOGIA A metodologia de estudo foi a análise do texto via mapa conceitual (MATTOS & CASTRO 2010) neste mapa, didaticamente se destaca do texto indicadores do delineamento politico conceitual do autor e, de forma crítica, se dialoga com ele de modo a elencar indicadores que, derivados do seu discurso, orientam o texto no sentido da prática pedagógica que ele pressupõe. O texto foi e esta sendo objeto de discussão de diferentes grupos de intelectuais e educadores em todo país. E este texto pretende contribuir para essa discussão visto que resulta da discussão sobre exclusão e educação por alunos da pós-graduação em educação. O principal objetivo desse texto é estimular a leitura do documento, a reflexão e o debate crítico para ampliação de discussões sobre esse documento de grande relevância para a Educação Brasileira. RESULTADOS E DISCUSSÕES Trataremos nessa sessão sobre os principais tópicos apresentados no documento Pátria Educadora: a qualificação do ensino básico como obra de construção nacional e abordaremos de forma crítica e reflexiva como o documento apresenta a situação educacional do Brasil. As questões discutidas são: como o documento contempla ou não as dimensões da educação; a proposta da reformulação curricular; como o documento apresenta os aspectos socioeconômicos dos alunos; a perspectiva de assistencialismo; os polos educacionais de excelência; a questão do financiamento e da gestão da educação e, por fi a apresentação dos quatro eixos bases para o ensino público. O início do texto, chama a atenção do leitor a maneira negativa com que propõe e apresenta a situação da educação no Brasil, na medida em que deixa de lado todos os esforços e conquistas que alcançados na educação do país em diversas dimensões. Neste sentido, muitas ações e discussões precisam ser realizadas de modo a ampliar e melhorar sistema educacional no Brasil, mas ignorar as conquistas já alcanças é no mínimo desestimulador. Outra crítica possível o desencontro entre o discurso dos autores e seu deslocamento no que se refere a pelo menos dois documentos basilares da educação nacional, a saber: Plano Nacional da Educação PNE (PNE) e o Conferência Nacional de Educação (CONAE).
Nessa linha crítica identifica-se que as dimensões da educação: intelectuais e culturais, assim como as socioeconômicas e físicas, são pouco contempladas. O texto propõe a reformulação do currículo propondo a meritocracia como formula de superação das mazelas do ensino. Contém aspectos socioeconômicos reduzindo os alunos menos favorecidos economicamente, a estereótipos questionáveis como: mães pobres solteiras e negras. Assim como, critica professores e escolas de origens mais pobres do país. Isto é o autor culpabiliza os pobres pela sua pobreza. Pouco contribui para os aspectos culturais e físico. Como exemplos: cita a abertura de polos educacionais de excelência e de referência chamadas Escolas Anísio Teixeira para alunos que se destacarem. Com a justificativa de não perder gênios brasileiros o autor diz que todos os alunos e alunas do sistema educacional serão preparados para concorrerem a essas vagas neste tipo de escola que será parte da rede federal de escolas médias, onde os alunos concorrerão para serem admitidos. O documento traz ainda a visão de uma escola de educação integral sob uma perspectiva de assistencialismo, preocupada com as funções da família e não no sentido da educação integral para formação e desenvolvimento do sujeito. Em continuidade, o autor toca na questão do financiamento e gestão da educação entretanto não menciona as metas de aplicação de 10% do PIB nacional prevista no PNE. Fala, contudo, de uma rearticulação das funções de investimento pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), sem contudo, mencionar os esforços que serão tomados para alcançar as metas já acordadas e comprometidas pelo PNE. Menciona ainda uma visão empresarial da educação, assim como, uma vanguarda pedagógica. No primeiro item sinalizando que práticas escolares quando orientadas pelas iniciativas empresarias podem prover melhorias a educação, alegando que a iniciativa empresarial tem muito a ensinar a educação brasileira. No que se refere a uma vanguarda pedagógica, o autor afirma a necessidade dessa vanguarda como frente de melhoria às questões da educação, talvez se referindo ao movimento mobilizador de 2013. Sugere assim que este documento poderia ser uma tentativa de diálogo com esse grupo a saber o povo brasileiro ligado às redes sociais.
Numa tentativa de síntese dos diferentes problemas que se pode identificar no documento passa-se a seguir a comentar os quatro eixos bases para o ensino público apresentado. São eles: cooperação federativa; reorientação do currículo; qualificação de diretores e professores: e novos usos de tecnologias A cooperação federativa do ensino significa, no documento, o oposto de federalização do ensino. Implica em alocar a autonomia à gestão local de acordo com os padrões nacionais. O que pressupõem maior ênfase nas avaliações nacionais como padrão para manter essa federalização. Isso prepõem, de acordo com o documento, em estabelecer um cadastro único de todos os alunos da rede nacional. Assim como, sanções para o baixo desempenho de escolas e professores que não se adequem a esses padrões com afastamento e substituição de diretores escolares de acordo com o rendimento de suas escolas. Logo, com prêmio salarial para a os diretores que alcançarem as metas. A reorientação do currículo é a proposta para a superação da educação enciclopedista pelo autor como um problema na educação brasileira atual. Esta reformulação estará pautada no estímulo a argumentação e às capacitações analíticas de interpretação e composição de texto e de raciocínio lógico. Sugere a prática de cooperação e a disciplina. Em uma das citações o autor expressa um dos focos dessa reorientação, ele diz: enfrentamento das inibições pré-cognitivas (comumente chamadas de socioemocionais). O autor explica, que essa frase diz respeito as crianças pobres, as suas capacitações e comportamento assim como as suas consciências. Quanto ao item - qualificação dos diretores e professores - o documento desmerece a formação do professor no Brasil, com formação nas universidades públicas e especialmente com formação pelo ensino privado. O texto destaca a capacitação dos professores com cursos de capacitação com a proposta de uma Prova Nacional Docente (PND), cuja lei já foi tramitada e aprovada no âmbito politico, faltando a rubrica presidencial. Neste sentido o autor vê o Programa de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) como uma politica competente e que merece ampliação e expansão no país. Finalmente, no que se refere ao uso das novas tecnologias, o autor sugere a fusão das diferentes formas e usos das mesmas na qualificação dos educadores, uma vez que o a transformação do ensino pode ser acelerada pelo uso criterioso dessas tecnologias. Como exemplo, cita aulas em vídeos e softwares interativos, com o objetivo de assegurar a conectividade em redes nas escolas.
Promete facilitar a compra e o uso dos produtos tecnológicos e seus serviços no âmbito nacional. Outra estratégia que merece ser mencionada no tocante às tecnologias é a digitalização total do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), podendo ser acessado a qualquer tempo e, inicialmente, em caráter experimental será iniciada com os não concluintes do ensino médio. CONCLUSÃO A título de conclusão o documento Pátria Educadora: a qualificação do ensino básico como obra de construção nacional (BRASIL/UNGER, 2015), apresentado aqui em uma visão crítica de uma aluna de mestrado é um documento que merece a atenção de educadores pois sinaliza o como a educação nacional ainda pode piorar. Visto que, por um lado, unilateralmente, impõem a ideologia do autor a todos os cidadãos brasileiros sem os mesmos tenham a chance de participar de sua elaboração. Como um documento preliminar parece antever às veemente criticas que receberá. Mas não se pode acreditar, pelo seu conteúdo que incluirá visões mais ampliadas que, de forma sensível e prática dê sentido a uma educação de qualidade para um cidadão participante e autônomo. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVALIERE, A. M. At al. Documento "Pátria Educadora: o que está sendo e o que pode vir a ser". Reunião de professores. 19 de maio de 2015. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), disponível no <arfetzner.blogspot.com/.../documento-patria-educadora-o-queesta.html> acessado em 08/06/2015. UNGER, Mangabeira Roberto. Pátria Educadora: A Qualificação do Ensino Básico como Obra de Construção Nacional Versão Preliminar veiculado no dia 24 de abril de 2015. Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), Brasília, 2015