A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL DE ANANINDEUA: A PERSPECTIVA DO PROFESSOR DAS SÉRIES INICIAIS

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Transcrição:

A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL DE ANANINDEUA: A PERSPECTIVA DO PROFESSOR DAS SÉRIES INICIAIS Osvaldo Galdino dos Santos Júnior. Especialista em Educação Física Escolar/FANOR. GTT Escola RESUMO Esta pesquisa de cunho descritivo com uma abordagem qualitativa enfocou os seguintes aspectos: qual a percepção que professores de sala de aula (não incluídos os de educação física) das séries iniciais do ensino fundamental possuem da disciplina educação física? Qual a representação social dos professores sobre a educação física? Quais conteúdos trata a educação física nessa etapa de escolarização? Assim, o presente estudo teve como objetivo conhecer a percepção que professores de sala de aula das séries iniciais de escolarização possuem da disciplina educação física. A amostra da pesquisa foi composta por 30 professores de 4 Escolas estaduais de Ananindeua que lecionassem nessa etapa de ensino. Utilizou-se para levantamento dos dados um questionário fechado contendo 4 perguntas. Dessa forma, conclui-se, nesta investigação, que a representação do que é e a finalidade da educação física na escola está atendendo as expectativas de uma educação física transformadora. Palavras-chave: Educação; educação física; escola. 1. INTRODUÇÃO Enquanto as demais áreas de estudo que compõem as disciplinas do currículo escolar, dedicam-se em aprofundar os conhecimentos dos alunos, através de metodologias diversificadas, estudos do meio, exposição de vídeos, apreciação de obras de diversos autores, leituras de textos, solução de problemas, discussão de assuntos atuais e concretos, as aulas de Educação Física limitam-se a ensinar os fundamentos dos jogos e esportes (BRASIL, 2000). É como se essa área de estudo não tivesse outros conteúdos a serem abordados e não conseguisse sistematizar seus saberes para os diferentes ciclos, anos, séries de escolarização que compõem a educação básica. Parafraseando Castellani Filho (2002, p. 2002), o mesmo diz [...] que não só temos o que ensinar como, ao longo desse século, vimos ensinando. Dessa forma, a disciplina escolar Educação Física teria como objeto de estudo as práticas corporais sistematizadas pela humanidade ao longo do seu desenvolvimento que, na escola trataria de forma pedagógica, temas ou formas de atividades, particularmente corporais, como: o jogo, esporte, ginástica, dança, mímica, luta. Esse conteúdo é aplicado às diferentes séries, ciclos ou anos de escolarização simultaneamente de forma que vão se ampliando no pensamento do aluno de forma espiralada (SOARES et al, 1992). A Educação Física é atualmente de acordo com a LDBEN 9394/96 componente curricular da Educação Básica, ajustando-se as faixas etárias e as condições da população

escolar sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL, 1996). Porém, essa Lei não garantia a presença das aulas de Educação Física em todas as etapas da Educação Básica. Somente em 2001, na tentativa de garantir a presença da Educação Física em toda a Educação Básica, foi aprovada uma alteração no inciso 3º do art. 26 da LDB, que incluía a expressão obrigatória após o termo componente curricular (SILVA; VENÂNCIO, 2005). O interesse pelo estudo surgiu da curiosidade de averiguar a importância da prática da disciplina escolar Educação Física para os alunos e alunas do ensino fundamental na perspectiva do professor de sala de aula (não incluídos os de Educação Física) das séries iniciais de escolarização da rede estadual de ensino do Pará no município de Ananindeua 1. Desenvolveu-se o trabalho nesse nível de ensino e com esse público devido ao fato de ser professor da rede estadual e trabalhar com as séries iniciais de escolarização, o que acredito ser um importante suporte para a análise das informações que serão apresentadas. Portanto, para a realização deste estudo, realizaram-se as seguintes questões da problemática e objeto de estudo: qual a percepção que professores de sala de aula (não incluídos os de Educação Física) das séries iniciais de escolarização do Ensino Fundamental possuem da disciplina escolar Educação Física? Quais as características dos alunos e alunas nessa etapa de escolarização? Qual a representação social dos professores sobre a Educação Física? Quais conteúdos trata a Educação Física nessa etapa de escolarização? Quais leis legitimam essa área de conhecimento nas séries iniciais do Fundamental? Considero que este estudo possa vir a ser relevante para os estudantes e professores de Educação Física, principalmente os que atuam no Ensino Fundamental, pois acredito que servirá de base para os profissionais da área detectarem o que os professores das demais áreas de conhecimento pensam a respeito da Educação Física na escola. Esse estudo tem como objetivo conhecer a percepção que professores de sala de aula das séries iniciais de escolarização possuem da disciplina escolar Educação Física. O artigo apresentará primeiramente uma breve revisão sobre a Educação Física no Ensino Fundamental. A seguir a metodologia aplicada e logo após os resultados e a análise da pesquisa. Encerrarei o estudo com a conclusão sobre o tema. 2. A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES/ANOS INICIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL A educação física nos anos iniciais do ensino fundamental se constitui numa prática de grande importância para o desenvolvimento pleno da criança, e a escola, enquanto meio educacional deve oferecer a oportunidade das vivências da cultura corporal, pois ela é determinante e essencial para no processo de desenvolvimento geral da criança. Segundo Gallahue; Ozmun (2001) a escola, muitas vezes, é o espaço onde, pela primeira vez, as crianças vivem situações de grupo e não são mais o centro das atenções, sendo que as experiências vividas nesta fase darão base para um desenvolvimento saudável durante o resto da vida. Os PCN s estipula como um dos objetivos da educação física para o ensino fundamental participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com outros, reconhecendo e respeitando características físicas e desempenhando de si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoas, físicas, sexuais ou sociais. Ainda dentre os vários meus de desenvolver a educação física tem-se o esporte e, ao contrário do que muitos pensam, a educação física escolar não deve ser dissociada do esporte. O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na escola é que ele, muitas vezes, 1 Município que compõem a Grande Belém com população estimada de 505.512 habitantes.

transfere para o aluno uma carga de responsabilidade muito alta quanto a obtenção de resultados, o que afeta a criança psicologicamente de uma forma negativa (BARROS NETO, 1997). No que diz respeito à prática de ensino os PCN s sistematiza da seguinte forma os conteúdos da educação física: 1) esportes, jogos, lutas e ginástica, 2) atividades rítmicas e expressivas, 3) conhecimentos sobre o corpo. Além da sistematização e seqüência didática, para o Coletivo de Autores (1992) os conteúdos de ensino são tratados simultaneamente, constituindo-se referenciais que vão se ampliando no pensamento do aluno de forma espiralada. Ainda segundo os autores, as séries iniciais do ensino fundamental correspondem ao ciclo intitulado de organização da identidade dos dados da realidade. Nesse ciclo 3. METODOLOGIA [...] o aluno encontra-se no momento de síncrese. Tem uma visão da realidade. Os dados aparecem (são identificados) de forma difusa, misturados. Cabe à escola, particularmente ao professor, organizar a identificação desses dados constatados e descrito pelo aluno para que ele possa formar sistemas, encontrar as relações entre as coisas, identificando as semelhanças e as diferenças (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 35). O estudo foi do tipo descritivo com uma abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em 4 escolas de Ananindeua sendo todas da rede pública estadual que oferecem o ensino fundamental e, mais precisamente, as séries/anos iniciais dessa etapa de escolarização, escolhidas por ser o local de trabalho do participante da pesquisa e por estarem próximo da residência do mesmo. O mês de novembro de 2010 foi o período de realização da pesquisa. Os sujeitos da pesquisa foram 30 professores, lotados nas escolas que serviram de cenário para a pesquisa. O fato dos professores estarem atuando no ensino fundamental do 1º ao 5º ano (1ª a 4ª séries) foi o critério de inclusão. Foram excluídos da pesquisa os professores de educação física. Utilizou-se como coleta de dados um questionário fechado, com 4 questões objetivas relacionadas com a prática da disciplina escolar educação física nas séries/anos iniciais de escolarização. A análise dos dados foi realizada de forma estatística e descritiva das informações obtidas através das perguntas objetivas e apresentada através de gráficos, instrumento necessário para facilitar a leitura dos dados obtido na análise. Os participantes foram informados sobre a pesquisa e os objetivos da mesma. Suas identidades foram preservadas. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DE DADOS Foi questionado aos participantes, na questão 1, se eles consideravam importante a disciplina escolar EF para as série/anos iniciais. Dos 30 entrevistados, 30 responderam sim. Em porcentagem essa numeração fica 100% como mostra o gráfico a baixo: Gráfico 1: Você considera importante a disciplina escolar Educação Física para as séries/anos iniciais? 0% SIM NÃO EM PARTES

A prática escolar da Educação Física, por muito tempo, serviu de instrumento ideológico para a educação do corpo, sugerindo um caráter funcionalista. Nesse entendimento, Freire (2009) sugere que a cada início de ano, por acasião das matrículas nas escolas, que também o corpo seja matriculado, desvinculando uma educação fragmentada em corpo e mente e apontando para uma educação de corpo inteiro. Por outro lado, de forma contundente, Castellani Filho (1988) denuncia uma certa formalidade explícita ao longo da sua história, responsável por caracterizá-lo, por muito tempo, como atividade escolar ao invés de componente curricular. Com esse resultado de 100% dos entrevistados respondendo que a componente curricular Educação Física é importância no ambiente escolar nos remonta que o status, adquirido através da LDB 9394/96, que lhe atribui a nova condição de componente curricular obrigatória (Art. 26) realmente se faz presente no imaginário cognitivo dos professores que lecionam nas séries iniciais. Betti (1992), ao justificar a presença da Educação Física na escola, afirma que a função pedagógica desse componente é integrar e introduzir o/a aluno/a no mundo da cultura física, formando o cidadão que vai usufruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física (o jogo, o esporte, a dança, a ginástica etc.). A segunda pergunta aos envolvidos, questão 2, foi se na concepção deles a Educação Física poderia ser optativa para o alunado. Obtivemos as seguintes respostas como mostra o gráfico abaixo: Gráfico 2: Na tua concepção a Educação Física poderia ser optativa ao alunado? 23% 10% SIM NÃO EM PARTES 67% Dos 30 professores entrevistados, 3 responderam que sim (10%), 20 responderam que não (67%) e 7 responderam em partes (23%). Observamos um resultado bastante satisfatório no que diz respeito a garantir a presença dos alunos nas aulas de Educação Física já que mais da metade dos professores responderam que essa componente não pode ser optativa aos educandos. A LDB (BRASIL, 1996) ainda ressalta a presença da Educação Física no ensino fundamental quando em seu Art. 26 3º diz ser a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica. Por isso a escola deve cumprir sua responsabilidade e oferecer sim essa componente curricular. Na questão 3 foi indagado se os professores entrevistados soubessem dizer qual o conhecimento do qual trata essa área de estudo.

Gráfico 3: Você consegue relacionar quais os conteúdos da Educação Física? 20% 20% 60% Esportes, jogos, lutas, ginásticas, danças, mímicas e malabarismos O importante é jogar/brincar com os conteúdos ensinados por outras disciplinas Recreação Dos 30 professores, 18 responderam que o conteúdo do qual trata a educação física na escola é os esportes, jogos, lutas, ginásticas, danças, mímicas e malabarismos (60%), 6 responderam como conteúdo dessa componente a recreação (20%) e 6 também responderam ser importante jogar/brincar com os conteúdos ensinados por outras disciplinas (20%). Mesmo esses professores não sendo da área de estudo em questão, eles refletem a representação social da educação física que, segundo Mascovici (1976), uma representação social é um senso comum que se tem sobre um determinado tema, em que se incluem também os preconceitos, ideologias e características específicas das atividades cotidianas (sociais e profissionais) das pessoas. Sendo assim, mais da metade dos entrevistados responderam ser o conteúdo da educação física na escola a cultura corporal. Segundo o Coletivo de Autores (1992), o termo cultura corporal designa o amplo e rico campo da cultura que abrange a produção de práticas corporais, tendo os jogos, as danças, as ginásticas, as lutas, os esportes, as mímicas e malabarismos considerados elementos dessa cultura. A última pergunta está relacionada se os professores consideram se a Educação Física enquanto campo educacional pode contribuir para que os alunos possam obter uma consciência crítica da sociedade em que vivem. Gráfico 4: A Educação Física pode contribuir para que os alunos possam obter uma consciência crítica da sociedade em que vivem? 17% 7% 76% SIM NÃO EM PARTES

As respostas foram: sim 23 (76%), não 2 (7%) e em partes 7 pessoas (17%). As informações levam a crer que a educação física enquanto componente auxilia na compreensão do mundo. Saviani (1999) dá uma grande compreensão das diferentes teorias da educação enfatizando as múltiplas relações existentes entre sociedade e educação, sistematiza dois grupos de teorias, que chamou o primeiro de Teorias Não-Criticas e o segundo grupo de Teorias Crítico-reprodutivistas. As Teorias do primeiro grupo entendem ser a educação um instrumento de equalização social, portanto de superação da marginalidade (SAVIANI, 1999). Já as Teorias do segundo grupo entendem ser a educação um instrumento de discriminação social, logo um fator de marginalização (Ibidem). Estudos como o Coletivos de Autores (1992) intitulado Metodologia do ensino da educação Física, Betti (1991) in Educação física e sociedade e Elenor Kunz (1994) in Transformação didático-pedagógica no esporte dão indícios para uma visão crítica de mundo, de sociedade, de homem e de mulher que se quer formar. Pode-se relacionar essas propostas metodológicas acima com as teorias críticas da educação, assim através do objeto de estudo da educação física pode-se fazer com que os alunos obtenham uma consciência crítica. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao discutir nesse artigo sobre a educação física na escola na perspectiva dos professores, levantaram-se alguns pontos de reflexão. O primeiro, diz respeito à importância da educação física para os alunos das séries iniciais de escolarização e, na visão dos professores, todos responderam ser importante. Isso remonta um olhar diferenciado para uma formação de professores pós década de 80, onde até então, a visão técnica-esportiva era muito forte com inclinação para a eugenia. Após essa crise de identidade sofrida pela educação física e a abertura de compreender/dialogar seu objeto de estudo paralelamente com outras áreas de conhecimento como Educação, Antropologia, Filosofia, Sociologia, entre outras, fez com que a representação social da Educação Física ficasse bem vista e aceita pelos entrevistados a ponto de compreender sua importância para os alunos. Outro ponto a ser destacado é a fragmentação do conhecimento e da valorização cultural das atividades intelectuais em detrimento das atividades motoras. Talvez isso explique a oposição de alguns dos entrevistados de dar ao aluno a facultatividade. Lembramos que essa visão de olhar o corpo em duas dimensões corpo e mente é ultrapassada, já que o olhar da educação física para o corpo é em todas as suas dimensões quer seja emotiva, intelectuais e afetivas. No que diz respeito ao objeto de estudo a maioria compreende bem o conteúdo que legitima a educação física na escola. Com isso, percebemos que a educação física tem um conteúdo a ser ensinado e, até se pode relacionar suas práticas com outras áreas de conhecimento como a Matemática, História, Geografia, dentre outras, mas não se esquecendo de ressaltar seu objeto de estudo construído historicamente pela humanidade. E a recreação não se caracteriza como um conteúdo mais sim como um método de ensino para conseguir determinado fim. E por fim, uma pequena minoria diz não ser a educação física capaz de fazer com que os alunos obtenham uma consciência crítica de mundo através de seu arcabouço de conteúdo pertinente ao seu conhecimento. A aproximação de outras áreas de estudo fizeram com que surgisse dentro da educação física uma forte linha progressista a ponto de questionar

vários tema, como por exemplo, qual o papel do esporte na sociedade? Esporte é saúde? A criança que brinca respeita a regra do jogo capitalista? Mulher pode jogar futebol? Sugerimos que todas as crianças das séries iniciais das escolas não só da Amazônia, como do resto do Brasil, possa usufruir do conjunto de práticas corporais acumulados historicamente pela a humanidade contribuindo assim para sua formação enquanto cidadão que, ao mesmo tempo em que é influenciado pela sociedade, a influencia. REFERÊNCIAS CASTELLANI FILHO, Lino. Política educacional e educação física. Campinas: Autores associados, 2002. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992. SILVA, E.V.M; VENÂNCIO, L. Aspectos legais da educação física e integração a proposta pedagógica da escola. In: Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica da escola: Guanabara Koogan, 2005. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais, v. 7, 2006. GALLAHUE, D. L; OZMUN, JC. Compreendendo o desenvolvimento motor. São Paulo: Phorte, 2001. BETTI, Mauro. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. E-mail: osvaldogaldino@hotmail.com