Discurso do Presidente do Banco Central do Brasil, Ministro Alexandre Tombini, na cerimônia de lançamento do Programa Otimiza BC.



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Transcrição:

Brasília, 19 de fevereiro de 2013. Discurso do Presidente do Banco Central do Brasil, Ministro Alexandre Tombini, na cerimônia de lançamento do Programa Otimiza BC.

Senhoras e senhores É com grande satisfação que o Banco Central lança hoje um importante projeto que tem como objetivo principal reduzir custos de observância e custos operacionais do Sistema Financeiro Nacional. Trata-se do Otimiza BC. O Otimiza BC tem duas linhas de ação distintas. A primeira linha de ação é um programa permanente de avaliação e tratamento de questões que tenham o potencial de reduzir custos administrativos, operacionais e de processos. Isso se aplica tanto a questões internas do Banco Central; quanto as questões que envolvam o relacionamento com as instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional. Esse novo programa será coordenado pela Secretaria Executiva do Banco Central. E será um fórum permanente para avaliar medidas que possam, de maneira eficaz e sustentável, simplificar processos e procedimentos, e, consequentemente, reduzir custos de observância. A segunda linha de ação é a adoção de um novo modelo de governança da informação. Esse modelo contará com mecanismos modernos, eficientes e sustentáveis de racionalização do fluxo de informações entre o Banco Central e o Sistema Financeiro, eliminando redundâncias de pedidos e duplicação de dados. Para isso, será constituído um Comitê de Governança da Informação, o qual contará com representação das diversas áreas da Instituição. Esse comitê terá como principal objetivo avaliar e autorizar novas solicitações de informações a serem prestadas de forma continuada pelo Sistema Financeiro. Com o programa Otimiza BC, busca-se um tratamento institucional às várias demandas de racionalização de processos e de fluxos de informação, de forma coordenada e articulada no âmbito do Banco Central. A coordenação de diversas áreas irá assegurar qualidade, tempestividade, continuidade e abrangência das informações necessárias ao cumprimento da missão institucional do Banco Central, nas suas diversas configurações e naturezas. Iremos melhorar os nossos processos e o fluxo de informações com os bancos. E isso trará benefícios para o Banco Central e para o sistema financeiro. Enfim, trará benefícios para a nossa sociedade. Senhoras e senhores Aproveito a oportunidade de hoje para já anunciar algumas medidas de simplificação. Parte delas terá vigência imediata. Outras serão adotadas ao longo de 2013 e dos próximos anos. No rol de medidas com vigência imediata, destacam-se:

Eliminação da obrigatoriedade de elaboração e remessa do documento Informações Financeiras Trimestrais IFT. Atualmente, são remetidas mais de 25 mil IFTs por ano, incorrendo as instituições financeiras em diferentes tipos de custos relacionados a esse processo. Redução de 40% da quantidade de códigos de classificação das operações de câmbio. Elimina-se com isso referências arcaicas, melhorando a qualidade das informações e adequando a elaboração de estatísticas aos padrões internacionais. Redução do número de tarifas do Sistema de Transferência de Reservas (STR), tornando mais barato um importante instrumento eletrônico de troca de recursos entre os bancos. Modernização do Sistema de Transferências Internacionais em Reais (TIR), permitindo que as movimentações de valor superior a R$ 10 mil e inferior a R$ 100 mil que não estejam sujeitas ao registro de capital estrangeiro, possam ser informadas de forma conjunta e mensalmente. Adoção do novo regulamento de Comunicação Eletrônica de dados no âmbito do SFN. Com esse novo regulamento busca-se ampliar o uso dessa tecnologia, conferindo maior agilidade, eficiência e menor custo para o sistema bancário. Extinção do Manual de Normas e Instruções, com convergência das consultas para o Sistema Normativos, lançado em 2012. Senhoras e senhores. O Banco Central do Brasil tem adotado ações e promovido inúmeros aperfeiçoamentos no arcabouço prudencial e regulatório com vistas a cumprir a sua missão de assegurar um sistema financeiro sólido e eficiente. O Otimiza BC se insere nesse contexto. Com a eliminação de informações redundantes ou que não são mais necessárias, contribuímos para aumentar a eficiência dos bancos no Brasil. E com informações de melhor qualidade, melhoramos os nossos processos de supervisão, assegurando a solidez do nosso sistema financeiro. A solidez tem sido uma marca no nosso sistema e é fruto de uma regulação prudencial rigorosa e de uma supervisão estruturada, eficiente e abrangente. Temos como princípio básico que o aperfeiçoamento da regulação e da supervisão é um processo contínuo; sem fim. É um processo que precisa acompanhar a evolução dos mercados, de maneira a adaptar e compatibilizar métodos de trabalho às mudanças pelas quais o Brasil vem passando. Por falar em mudanças, nos últimos anos, observamos avanços estruturais significativos no nosso País.

A consolidação da estabilidade macroeconômica, com o cumprimento da meta para a inflação por nove anos consecutivos, combinada com importantes avanços institucionais, permitiu a redução significativa dos prêmios de riscos. Mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais, o aprofundamento do mercado de crédito e a geração de superávit primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB favoreceram o processo de redução das taxas de juros domésticas. Todas essas transformações caracterizam-se por elevado grau de perenidade e contribuem para que a economia brasileira apresente hoje sólidos indicadores de solvência e de liquidez. Também contribuíram para o processo de recuo das taxas de juros domésticas o aumento na oferta de poupança externa e a redução no seu custo de captação, os quais, em grande medida, são desenvolvimentos de caráter permanente. Nesse contexto, gostaria de deixar bem claro, que não existe hoje no país risco de descontrole da inflação, não obstante o fato de o Brasil ter conseguido alcançar um novo patamar para as taxas de juros em geral, e, em particular, para a taxa de política monetária (a taxa Selic). O Banco Central tem comunicado sua estratégia, que permanece válida neste momento. Por outro lado, isso evidentemente não significa que os ciclos monetários foram abolidos, conforme tenho repetidamente mencionado em fóruns nacionais e estrangeiros. Quando necessário, se ensejado pelo cenário prospectivo para a inflação, a postura do Banco Central em relação à política monetária será adequadamente ajustada. Dito de outra forma, nesse novo ambiente macroeconômico há pouco descrito, a taxa Selic oscilará em patamares mais baixos que no passado. Senhoras e senhores Gostaria de finalizar parabenizando o Secretário Executivo, Geraldo Magela, e toda a equipe que trabalhou com muito afinco nesses últimos meses para que o Otimiza BC se tornasse realidade. A primeira etapa foi vencida. A consolidação desse processo, contudo, demandará esforço e empenho de cada servidor desta casa, e não somente daqueles que comporão as instâncias de governança formais que estão sendo instituídas.

A etapa de hoje representa o início de um processo de mudança cultural na forma como é feita a gestão de informações, desde a captação das mesmas junto ao Sistema Financeiro, até o seu uso pelas várias unidades do Banco Central. É um esforço de racionalização cujos benefícios se farão sentir ao longo dos próximos anos e que acreditamos, resultará em menores custos para toda a sociedade. Muito obrigado.