Política de apoio a grupos produtivos



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Transcrição:

O CONTADOR-EDUCADOR E A REFLEXÃO SOBRE UMA ALTERNATIVA DE CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE GRUPOS PRODUTIVOS, ANALISANDO AS COOPERATIVAS POPULARES E SUA INCUBAÇÃO Política de apoio a grupos produtivos André Luis Barbosa dos Santos Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade do Estado da Bahia anbarbosa@uneb.br deko.contabilidade@gmail.com RESUMO O objetivo deste trabalho é contribuir para a produção de um sistema contábil adequado aos empreendimentos de economia solidária e, essencialmente, ajudar na formação do que seria o contadoreducador vinculado ao desenvolvimento da economia solidária. Especificamente, pretende-se produzir, em conjunto com os envolvidos nos empreendimentos e nas ITCP s um modelo de contabilidade que seja capaz de simplificar o entendimento acerca das exigências do Governo no que se refere aos tributos e obrigatoriedades legais, bem como evidenciar a importância do profissional de contabilidade para o desenvolvimento dos grupos produtivos. As questões que nos guiam são essas como elaborar esse tipo de sistema contábil adequado aos empreendimentos de economia solidária? Como transformar o atual sistema contábil num instrumento de fácil manipulação no interior dos empreendimentos? Qual é o lugar, o papel e o perfil do contador-educador nesses processos?o trabalho será estruturado em três partes, seguindo a ordem das questões. Enfim, o que se quer é contribuir para a elaboração de um projeto que, ao longo do tempo, facilite o trabalho nos empreendimentos. PALAVRAS - CHAVE: Sistema contábil, Cooperativa; Incubadora; Contador-Educador e desenvolvimento INTRODUÇÃO Diante das problemáticas sociais, surge a proposta do Contador-Educador contribuir com as Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCP s) na atuação de fomento aos empreendimentos produtivos, fortalecendo, efetivamente, a construção e a implementação de políticas públicas, capazes de defender a dinâmica e a cultura dos grupos marginalizados. Sendo assim, os atuais e futuros cientistas contábeis tornam-se de suma importância nesta proposta, pois contribuirá com estratégias de desenvolvimento no âmbito estrutural e burocrático, bem como facilitando as informações inerentes aos empreendimentos. Contudo, firmo a propagação para uma reflexão analítica da possibilidade real do contador-educador contribuir para o desenvolvimento de grupos produtivos. A proposta de atuação do profissional de contabilidade na qualidade de contador-educador nas ITCP s, faz com que tenhamos a necessidade de conhecer a importância e os procedimentos das incubadoras perante os grupos produtivos, pois o contador precisa se inserir nesse processo de incubação de forma a entender a realidade e as estratégias de aplicabilidade da contabilidade técnica e das informações necessárias para os empreendimentos.

Um sistema de contabilidade adequado poderá qualificar o desenvolvimento de forma a contribuir para a uma inserção sócio-política e econômica. Neste sentido discutir a inclusão econômica seria pensar quais instrumentos esses indivíduos podem ter para participar ativamente da vida econômica do país. Considera-se que cerca de 50 milhões de pessoas no Brasil, só poderão viver se tiverem a doação de alimentos, isso dá origem às políticas sociais que enfrentam a questão da sobrevivência. Não se está questionando a política, mas o que existe de concreto em termos de política de inserção, aquela capaz de transformar o quadro miserável em que as pessoas estão inseridas. A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares nesse processo é um instrumento que é capaz de produzir transformações em itens fundamentais, em que um dos principais é o amadurecimento do grupo. Para isso, tem que ser acompanhada de políticas públicas de crédito, mercado, e outros itens que respeitem o tempo de amadurecimento. Se não houver respeito ao tempo de amadurecimento, só aqueles empreendimentos que já estão em determinado estágio responderão a essas políticas. Aqueles que estão em processo de criação possivelmente estarão incluídos entre os 90% que não obtiveram êxito, uma preocupação enorme do profissional de contabilidade, que de certa forma, desenvolve trabalhos de prevenção aos problemas que fazem extinguir as entidades, no caso específico, os empreendimentos solidários. No Brasil, a década de 1990 foi marcada pelos reflexos do processo de globalização, com o aumento considerável da violência urbana e contingentes progressivos de desempregados, como conseqüência da política de privatização. O cenário nacional provoca reações nos mais diversos segmentos sociais. Nesta conjuntura, são criadas, ITCP s, fruto de significativa articulação política, a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, que por sua vez evidencia mudança e importante instrumento de resposta a um modelo excludente de economia. Levando em consideração o agravamento da crise econômica brasileira e os novos desafios, a avaliação das ações das ITCP s aponta para uma nova metodologia, centrada em educação, na afirmação do cooperativismo e na construção da cidadania. Em resposta aos altos índices de desemprego verificados no Brasil, a ITCP, além de elaborar e introduzir no debate político a discussão sobre novas formas de estruturação do trabalho, também luta para derrubar barreiras e preconceitos históricos que costumam impedir a inserção social e econômica desses setores excluídos. Diante de uma realidade tão pouco diferenciada da década de 90, e baseado nesse contexto, é que se propõe a presença da contabilidade como uma área do conhecimento capaz de contribuir com as ITCP s na construção de um bom trabalho na área da economia solidária. A metodologia de incubação a ser destacada é a busca de assessoramento e capacitação aos cooperados, com o intuito de viabilizar a formação e a maturação do empreendimento econômico solidário. Para isso, as ITCP s contam em sua equipe com professores, técnicos e alunos buscando agregar saberes dispersos na universidade. A necessidade de um perfil multidisciplinar é devido ao também variado tipo de entraves à sustentabilidade das cooperativas populares. Estas situações são, principalmente, decorrentes da necessidade de implantação de oportunidade de comercialização, acesso ao mercado, formalização e legalização das atividades. Entretanto, a metodologia de incubação abarca métodos e ações para superar estes entraves, através da área de marketing e negócios cooperativos, da assessoria jurídica e contábil, sendo este último propondose neste trabalho uma estrutura orientada pelo contador-educador.

1. SISTEMA CONTÁBIL ADEQUADO AOS EMPREENDIMENTOS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA 1.1 ASPECTOS PROCEDIMENTAIS DAS COOPERATIVAS Sabe-se que uma cooperativa é uma sociedade de pessoas com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeita a falência, constituída para prestar serviços a seus associados. É uma entidade com dupla natureza, que contempla o lado econômico e o social de seus associados. O cooperado é, ao mesmo tempo, dono e usuário da cooperativa: enquanto dono, administra a empresa e enquanto usuário, utiliza os serviços. A estruturação das cooperativas populares normalmente ocorre de forma democrática, com respeito á igualdade de direitos. Pode-se ainda perceber a busca por um modelo de justiça no que se refere ao retorno dos valores das operações, no qual é proporcional às atividades desenvolvidas. Sendo assim, pode-se concluir que dificilmente dentro das cooperativas populares ocorrerá exploração do ser humano, a partir do momento que todos têm a consciência como de fato precisa funcionar as cooperativas populares. Entretanto, a experiência dentro de uma Incubadora de Cooperativas Populares, é mais do que um simples estágio, ou de um simples trabalho, mas uma agregação de um enorme currículo de conhecimento que referenda a outra parcela da sociedade, aquela que precisa da cooperativa para evidenciar seus talentos, tendo em troca a remuneração para contribuir para a sobrevivência. 1.2 O PROFISSIONAL DE CONTABILIDADE NA QUALIDADE DE CONTADOR- EDUCADOR O profissional de contabilidade que, de alguma forma está inserido nesse contexto de procedimentos das cooperativas, pode contribuir para a qualidade e o fortalecimento propondo um novo sistema contábil direcionado aos grupos produtivos ligados a economia solidária, ou seja, um sistema de inserção nesse processo que acompanha os grupos produtivos desde seu nascimento, contribuindo de forma prática e objetiva atendendo a dinâmica da legislação, bem como das questões legais destacadas em todos os âmbitos governamentais, no qual evidenciamos os procedimentos iniciais de legalização, manutenção e de planejamento tributário, sendo o mesmo de grande preocupação para quem pretende gerar renda com a produção. Contudo, entende-se de modo geral, que os grupos produtivos possuem em seus membros, indivíduos que ignoram tais aspectos, até mesmo pelo alto índice de falta de institucionalização, que de fato também irão mover o empreendimento, no qual o contador-educador precisa pedagogicamente fazer com que o saber dos responsáveis pelos grupos produtivos nesses assuntos se torne uma realidade, até porque eles são os gestores e precisam tomar conhecimento, em sua amplitude, dos assuntos inerentes ao empreendimento. 1.3 INCUBAÇÃO DE COOPERATIVAS POPULARES, EMPREENDIMENTOS E O CONTADOR-EDUCADOR Para um sistema de procedimentos contábeis adequado para os empreendimentos de economia solidária, o contador precisa entender a realidade das ITCP s e dos empreendimentos produtivos, a fim de poder gerarem informações cabíveis e de desenvolvimento para os grupos. O profissional de contabilidade que pretende aderir a estrutura do contador-educador, poderá aderir um novo

sistema fazendo da contabilidade uma colaboração as Incubadoras com a finalidade de manter o empreendimento com o princípio de que cada um dos mesmos tenha duração indeterminada. Esse grande apoio pode crescer por parte dos interesses dos contadores que se identificarem com esse sistema, mas que ainda precisam de muitos incentivos para que possam se consolidar cada vez mais, com a finalidade de desenvolver políticas para um bom desenvolvimento dos empreendimentos, uma vez que nesse momento, autoridades competentes e relacionadas com a atividade, iriam dar uma contribuição para o crescimento responsável das cooperativas populares. De modo geral, percebe-se que tanto o trabalho dos empreendimentos, quanto das incubadoras tendem a se concretizar, entretanto cabe analisar de qual forma está se consolidando. É altamente perceptível para quem trabalha em campo, que os resultados existem, mas nem sempre é o esperado, uma vez que muitas cooperativas deixam de existir pelo simples fato de não ter um acompanhamento para fazer valer a sua continuidade. Isso pode ser exemplificado por uma criança recém nascida de um parto de sete meses e precisa de um acompanhamento necessário para a sua sobrevivência. Contudo, há perguntas que refletem o pensamento de uma rede de incubadoras de cooperativas populares em que se destacam as indagações sobre investimentos inexistentes para os empreendimentos e, principalmente, para as incubadoras, com a finalidade de exercer seus objetivos. A Incubação de cooperativas populares tem uma função mais do que social, em que contribui para o desenvolvimento humano no que se refere a colaborar para um empreendimento simples e de retorno suficiente para que o cooperado tenha uma vida digna baseado em suas necessidades básicas. A contabilidade e o sistema proposto precisa perpassar pela psicologia, a administração, economia, pedagogia e/ou outras áreas que possuem relação com a estrutura do grupo produtivo, pois o amadurecimento e a interdisciplinaridade proporcionará um sistema contábil mais próximo do almejado, em que irá fazer com que direta ou indiretamente,os membros cooperados tenham uma expectativa de crescimento se tornando cada vez mais consolidada, pelo fato de ocorrer uma troca de conhecimento levando a expandir a experiência de cada área pela necessidade de manter a cooperativa popular em atividade e se desenvolvendo nas melhores condições possíveis. 2. SISTEMA CONTÁBIL COMO UM INSTRUMENTO DE FÁCIL MANIPULAÇÃO NO INTERIOR DOS EMPREENDIMENTOS 2.1 O CONTADOR-EDUCADOR E O EMPREENDIMENTO EM FOCO Todo trabalho desenvolvido pelo contador-educador, precisa ter passado por uma avaliação sobre a realidade a qual se encontra o grupo produtivo, pois o grande objetivo é que os membros dos empreendimentos possam entender todo o processo de desenvolvimento. Os responsáveis é que irão continuar produzindo, e precisam saber o que ocorreu e o que poderá acontecer com o grupo e sua estrutura geral, se posicionando de forma a mostrar que é capaz de tomar decisões fundamentadas com o intuito de beneficiar o empreendimento. Para decidir sobre questões referentes as cooperativas, os membros dos grupos produtivos precisam de um sistema contábil de fácil manipulação com o intuito de facilitar o entendimento sobre o que está sendo definindo sobre o empreendimento solidário.

Para facilitar o acesso de forma clara e objetiva dos procedimentos contábeis e burocráticos legais, o contador-educador deverá conhecer os princípios do grupo produtivo, contribuindo para que o mesmo possa ter uma estrutura coesa no que se refere à organização da entidade, pois a sociedade culturalmente pensa na informalidade sempre quando se retrata a qualquer atividade popular. Com isso, é que plenamente se destaca, dentre outros, a livre e aberta adesão dos sócios, que caracteriza as organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas interessadas em utilizar seus serviços e dispostas a aceitar as responsabilidades da sociedade, sem discriminação social, racial, política, religiosa e sexual (de gênero). É conveniente salientar a gestão, de importância fundamental, acompanhado do controle democrático dos sócios, onde as cooperativas são organizações democráticas controladas por seus associados, que participam ativamente na fixação de suas políticas e nas tomadas de decisões. Homens e mulheres, quando assumem como representantes eleitos, respondem pela associação. Nas cooperativas de primeiro grau, os sócios têm direitos iguais de voto (um sócio, um voto). Cooperativas de outros graus são também organizadas de forma democrática. Não se pode deixar de perceber a participação econômica dos sócios, onde salienta-se que os associados contribuem eqüitativamente e controlam democraticamente o capital de sua cooperativa. Ao menos parte desse capital é, geralmente, de propriedade comum da cooperativa. Os associados geralmente recebem benefícios limitados pelo capital subscrito, quando houver, como condição de associação. Os sócios destinam as sobras para algumas das seguintes finalidades: desenvolver sua cooperativa, possibilitando a formação de reservas, onde ao menos parte das quais sejam indivisíveis; beneficiar os associados na proporção de suas transações com a cooperativa; e sustentar outras atividades aprovadas pela sociedade cooperativa. Em se tratando da autonomia e independência, as cooperativas são autônomas, organizações de auto-ajuda, controladas por seus membros. Nas relações com outras organizações, inclusive governos ou quando obtém capital de fontes externas, o fazem de modo que garanta o controle democrático pelos seus associados e mantenham a autonomia da cooperativa. Na educação, treinamento e informação, busca-se promover o fornecimento educacional e treinamento aos sócios, aos representantes eleitos, aos administradores e empregados, para que os mesmos possam contribuir efetivamente ao desenvolvimento da cooperativa e informações são prestadas ao público em geral - particularmente aos jovens e líderes de opinião - sobre a natureza e os benefícios da cooperação. Com relação à cooperação entre as cooperativas, e de seus interesses pela comunidade, evidenciam-se o ato de servir seus associados mais efetivamente, fortalecendo o movimento cooperativista, trabalhando de forma coesa através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais, uma vez que as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentável de suas comunidades, por meio de políticas aprovadas por seus cooperados. 2.2 O CONTADOR-EDUCADOR ANALISANDO OS TRIBUTOS DAS COOPERATIVAS E A SENSIBILIZAÇÃO PARA POLÍTICAS PÚBLICAS QUE BENEFICIEM OS GRUPOS POPULARES PRODUTIVOS O sistema de contabilidade de tranqüilo acesso aos membros de grupos produtivos de economia solidária, torna-se muito difícil quando o assunto é tributos. A complexidade e a dinâmica da legislação faz com que o interesse por tais assuntos fiquem sempre em segundo plano. O contador-educador entendendo isso, propõe que o mesmo possa, de acordo com o

grupo produtivo, implementar um sistema de fácil entendimento dessas questões, bem como levar a uma reflexão para que os responsáveis por esses empreendimentos solidários possam construir propostas a fim de lutar por melhores tratamentos tributários nas cooperativas populares. Nesse trabalho, o foco são essas cooperativas exclusivamente de cunho popular, as quais podem ser denominadas de cooperativa populares de atividade específica. Diversos questionamentos sobre as estruturas tributárias são evidenciadas, em que as cooperativas se comprometem com tributos, desde que haja o fato gerador. Nem sempre as alíquotas são únicas, além de ocorrer alterações no decorrer do tempo, sendo aconselhável a orientação de um profissional de contabilidade capacitado quando da realização do estudo da viabilidade econômica ou no momento de estudar os impostos por parte da cooperativa. Na prática, a cooperativa não tem isenção de tributos. Conceitualmente, o ato cooperativo não é fato gerador dos tributos sobre o lucro, portanto não há incidência de imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ). Ao praticar o ato não cooperativo, ela deve oferecer o resultado positivo dessas operações à tributação. Cabe lembrar que a pessoa física (cooperado) deve recolher Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e previdência social (INSS). O Quadro 1 apresenta alguns aspectos relacionados à tributação das cooperativas, quais as características e condições de incidência. Quadro 1 Aspectos de tributação nas cooperativas Tributo Características IPI São contribuintes não isentas da obrigação principal e acessória decorrentes da saída de produto que industrializar em seu estabelecimento. São contribuintes isentos da obrigação principal pelos barcos de pesca que venham produzir ou adquirir para distribuição ou repasse aos seus associados. ICMS De acordo com a Lei do ICMS vigente para pessoa jurídica normal. (ver detalhamento neste site, no item "Tributos e Obrigações").Se a cooperativa operar dentro de um único município, não existe a incidência do ICMS. PIS De acordo com a legislação em vigor, a contribuição incide o percentual de 1% sobre a folha de pagamento de funcionários da cooperativa, e em casos de operar com não-associados, incide percentuais de 0,65% de acordo com a Medida Provisória 1.546-22, de 7 de agosto de 1997. COFINS De acordo com o artigo 6o da Lei Complementar 70/91, as cooperativas estão isentas do recolhimento da contribuição para Financiamento da Seguridade Social, mas tão somente quanto aos atos cooperativos de suas finalidades. CONT. SOCIAL Conforme acórdão, o Conselho de Contribuinte através da câmara Superior de recursos fiscais decidiu "Acórdão SEREF/01-1.751 publicado no DOU de 13.09.96, Pág. 18.145" que o resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com os seus associados, os atos cooperativos, não integra a base de cálculo da Contribuição Social. I.R Há incidência de imposto, seguindo as regras aplicáveis às pessoas jurídicas, quando há resultados positivos das operações das cooperativas com não associados. Não há incidência de imposto, quando os resultados positivos são derivados de operações entre a cooperativa e seus associados. INSS Com o aditamento da Lei Complementar 84/96, passou a incidir o percentual de 15% sobre a retirada de cada cooperado e se os mesmos forem autônomos (inscritos na Previdência Social); a Contribuição será de 20% sobre o salário-base de cada associado. É importante ressaltar que a Obrigação do Recolhimento é de exclusiva responsabilidade da cooperativa. ISS A maioria dos municípios brasileiros preceitua que a incidência do Imposto em questão é sobre o total do faturamento. Entretanto, vários especialistas entendem que a única receita operacional da cooperativa de trabalho é a Taxa de Administração, que se tornaria o fato gerador do ISS. FGTS 8% sobre a folha de pagamento dos empregados da Cooperativa.Somente tem como fato gerador para os empregados da cooperativa, sendo certo que não existe o fato gerador para os cooperativados.

De acordo com a Lei n o 5.764, de 1971, art. 4 o, as sociedades cooperativas se distinguem das demais e/ou algumas sociedades em aspectos específicos basicamente pelas seguintes características: adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; variabilidade do capital social, representado por cotas-partes; limitação do número de cotas-partes para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade; inacessibilidade das quotas partes do capital à terceiros, estranhos à sociedade; retorno das sobras liquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da assembléia geral; quorum para o funcionamento e deliberação da assembléia geral baseado no número de associados e não no capital; indivisibilidade do fundos de reserva e de assistência técnica educacional e social; neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, ao empregados da cooperativa; área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços. Sendo assim é perceptível a estrutura de uma cooperativa popular, em que verifica-se uma organização em forma de Lei como qualquer outra sociedade. Diante disso, cabe questionar sobre os tratamentos que pouco difere. Será que essa estrutura apresentada é o suficiente para incentivar a permanência da cooperativa por tempo indeterminado? Em se tratando de cooperativas populares e evidenciando a classe de baixa renda brasileira, o tratamento fiscal e burocrático não poderia ter uma particularidade até a maturidade da mesma? Não se propõe um benefício pleno e nem isenções totais, pois se tem consciência que a cooperativa com o seu resultado, investe na mesma e pode de fato contribuir de diversas formas. O que é colocado para as discussões são as estratégias de sustentabilidade dos grupos produtivos em geral, com a finalidade de cumprir um relevante papel social. Pode-se dizer que a situação é de ajustar a problemática atual do desemprego e da miséria, sem contar com suas conseqüências, tendo a violência e a fome como um grande exemplo. Voltando para as indagações, propõe-se uma política de permanência das cooperativas populares na ativa com um tratamento tributário e burocrático diferenciado, até sua independência consolidada de fato, no qual se destaca as cooperativas populares, que de fato é percebível e comprovado uma realidade que diverge com a idéia de promoção de uma sociedade igualitária e mais justa, onde a proposta é de redução do desemprego, bem como melhorias no bem estar social. 2.3 O SUCESSO DAS INCUBADORAS DE COOPERATIVAS POPULARES, DOS GRUPOS PRODUTIVOS E O CONTADOR-EDUCADOR Os sucessos das cooperativas populares depende quase sempre do seu processo de incubação, no qual saliento a participação do contador-educador. Esse processo, que trata do cooperativismo popular, necessita de um cuidado especial das incubadoras universitárias e do profissional de contabilidade, pois trata-se de apoiar a construção associativa e legal-formal, o acesso ao mercado,

a elaboração de projetos, a definição de processo e produto, o acompanhamento e a capacitação gerencial, a administração, o planejamento, a controladoria, a contabilidade e outras áreas necessárias ao sucesso do empreendimento. Isso tudo sendo realizado numa perspectiva de longa duração e apoiado numa estratégia de construção de alianças, de mudança de ambiente e na obtenção de recursos materiais e técnicos. Diante do supra citado percebe-se um bom procedimento para atender os objetivos, porém para tal consolidação, a figura do contador-educador, especificamente, contribui de forma a estudar esses procedimentos e os empreendimentos, analisar e adequar as metodologias de trabalho junto a ITCP, para que possa delimitar o raio de atuação e como irá atuar de forma a transparecer as informações para os membros dos empreendimentos, tendo como conseqüência o fácil manuseio das informações provenientes do sistema contábil adequado aos grupos produtivos de economia solidária. 3. O LUGAR, O PAPEL E O PERFIL DO CONTADOR-EDUCADOR Nas cooperativas populares, o indivíduo responsável pela atividade de suporte contábil enquanto contador-educador, desenvolve os procedimentos necessários a área do conhecimento na prática e complementa seu trabalho com os ensinamentos aos cooperados, porque, generalizando, não possuem um nível de instrução adequado devido a sua realidade. Para isso o profissional contábil poderá desenvolver um trabalho de aprendizado para os membros dos grupos produtivos no âmbito burocrático do empreendimento. As atividades desenvolvidas vão desde o acompanhamento às assembléias, registro de atas, resoluções de pendências junto a Secretaria Fazendária Federal, Estadual e Municipal, bem como outros órgãos ligados a manutenção da cooperativa, para que possa está sem nenhum problema com fisco, nem de registros e declarações, uma vez que é sabido que a legislação tributária em sua aplicação pode prejudicar um empreendimento caso o mesmo não esteja atento em atender com os procedimentos exigidos. Levando em consideração esse acompanhamento que se torna interessante a cada atividade desempenhada nas cooperativas populares, destaca-se um contador inserido no contexto da educação popular que necessita de forma natural de mais estudos para ter uma estrutura de fundamentação sobre tudo o que fala, que indica e que desenvolve. Ainda assim, é salientada uma necessidade constante de aprimoramento desse profissional de contabilidade para essas fundamentações, pois cada cooperativa popular tem uma realidade diferente e todos os procedimentos contábeis precisam ser esclarecidos, considerando as particularidades de cada empreendimento. O contador-educador também perpassa pelos procedimentos específicos das Incubadoras, pois entende-se que faz parte do estudo da realidade afim de obter resultado com a atuação nos grupos produtivos. Vale ressaltar que esse profissional de contabilidade precisa se envolver com a ITCP de forma adquirir experiências de incubação com o objetivo de traduzir os planejamentos da melhor maneira com os empreendimentos produtivos. A Incubação de Cooperativas consiste na organização e acompanhamento de grupos de trabalhadores, tendo como objetivo capacitá-los para inserção ou reintegração ao mercado dentro da formalidade, evidenciando a resolução mais esperada, a de trabalhar. A metodologia de incubação busca assessorar e capacitar os cooperados com o objetivo de viabilizar a formação e a

maturação do empreendimento econômico solidário. Sendo assim, o contador-educador precisa ter um perfil que se enquadre nos procedimentos gerais de incubação. O profissional de contabilidade proposto nesse trabalho, precisa se inserir na perspectiva de construir alternativas distintas da busca individual pela sobrevivência. Também atencioso a proposta coletiva que agrega valores ao grupo e utiliza como principal instrumento a formação de cooperativas populares autogestionárias. Pedro Cunca Bocayuva, em trabalho recente, discorre sobre as dimensões socioespaciais e cooperativismo popular, concluindo que é necessária e legítima a intervenção pública nessa problemática. Nesse sentido, Bocayuva (2001, p. 249) aduz que: Os ideais que desencadeiam uma nova abordagem da extensão universitária foram o ponto de partida e a motivação inaugural para a criação da Incubadora (ITCP). O campo experimental foi marcado pela modificação das relações entre instituições públicas e territórios urbanos estigmatizados pela sua posição periférica e marginalizada (favelas). Mas o esforço de uma atuação sistemática teve de enquadrar-se nas novas políticas urbanas de caráter social, por meio das quais, por motivos práticos e opções políticas, os governos subnacionais buscam incorporar instituições da sociedade civil e, de forma análoga, setores específicos da universidade para focalizar as ações e qualificá-las ou para realizar uma perspectiva de terceirização de sua ação. O tema da parceria, portanto, remete a um redesenho das políticas urbanas e de combate à pobreza e à exclusão social. Assim, dimensionando o problema enfrentado, pôde-se corroborar a necessidade de ações positivas e pró-ativas de inserção econômica dos grupos e/ou pessoas para atingir a tão sonhada inserção social, o que pode muito bem ser desenhado e executado através de estudos e propostas apresentadas pela área da contabilidade, que de forma conjunta com as das ITCP s e dos grupos produtivos, poderá ocorrer parcerias institucionais com a própria sociedade e com o poder público. O contador-educador junto com a ITCP e a Universidade, onde todos estão inseridos, terá um perfil de produzir reflexões de modo a estudar as reais possibilidades de sensibilizar a sociedade como um todo sobre uma alternativa de incentivo aos empreendimentos solidários. CONSIDERAÇÕES FINAIS Procurou-se nesse trabalho sensibilizar sobre a importância de um contador-educador num processo de vida de um grupo produtivo ligado a economia solidária, de forma a uma posterior conscientização da necessidade de um projeto que simplifique o trabalho nos empreendimentos. Portanto, foi posta aos interessados em colaborar com grupos produtivos, uma proposição de análise às cooperativas populares e as ITCP s, levando em consideração a proposta da inserção do contador-educador nesse processo. O trabalho explicitou um destaque a discussão sobre a proposta do profissional de contabilidade inserido nas Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCP s) na qualidade de contador-educador, e as próprias cooperativas, fazendo torná-las mais conhecidas do público, ao mesmo tempo, apresentar uma contribuição para uma discussão fundamental neste momento que o país vem passando, em que destacam a reflexão acerca das quais os agentes devem ser a base da retomada do desenvolvimento nacional sustentável e, também, qual o principal instrumento para esta retomada.

REFERÊNCIAS BECHO, Renato Lopes. Tributação das Cooperativas. São Paulo: Dialética, 1998 BOCAYUVA, Pedro C.C. Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares/COPPE/UFRJ. In: Redução da pobreza e dinâmicas locais. São Paulo, FGV/Banco Mundial, 2.000, pp. 246-255. CORAGGIO, José Luis. Economia urbana: la perspectiva popular. Ediciones Abya-Yala, 1998. GRUPENMACHER, Betina Treiger. Cooperativas e Tributação. Curitiba: Juruá, 2001 SINGER, Paul e SOUZA, André R. (org.) A Economia Solidária no Brasil: a autogestão como resposta ao desemprego. São Paulo: Contexto, 2.000. Portal do cooperativismo popular. Disponível em http://www.itcp.coppe.ufrj.br. Acesso em: 28 mai.2007. Empreendimentos Coletivos. Disponível em www.sebrae.com.br. Acesso em: 25 mai.2007.