PLANO DO SECTOR DE TURISMO RELATÓRIO FINAL



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Transcrição:

PLANO DIRECTOR DO DESENVOLVIMENTO DA INFRA- ESTRUTURA REGIONAL DA SADC PLANO DO SECTOR DE TURISMO RELATÓRIO FINAL Novembro de 2012 Versão Final

ÍNDICE Lista de Tabelas Lista de Figuras Lista de Anexos 4 4 5 Abreviações 6 SUMÁRIO EXECUTIVO 7 1. INTRODUÇÃO 10 1.1 Propósito Sectorial e Objectivos 10 1.1.1 Propósito 10 1.1.2 Objectivos 10 1.2 Políticas/Base Legal Orientando o Sector 11 1.2.1 Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP) 11 1.2.2 Protocolos, Outros Documentos e Estatutos 11 2. ANÁLISE DA SITUAÇÃO 13 2.1 Tendências do Turismo 12 2.1.1 Tendências Globais 12 2.1.2 Tendências Africanas 15 2.1.3 Tendências da SADC 15 2.1.4 Áreas de Conservação Transfronteiriças 20 2.2 Ambiente Propício e Arranjos Institucionais 20 2.2.1 Internacional 20 2.2.2 Cooperação Regional (políticas, estratégias e planos) 21 2.2.3 Estados Membros 24 2.3 Previsões e Tendências até 2027 24 2.3.1 Impulsionadores Importantes do Crescimento do Turismo durante o Período de Previsão 26 2.4 Avaliação GAP (distância entre onde estamos e queremos chegar) 27 2.4.1 Situação Actual 27 2.4.2 Requisitos para 2027 29 3. ESTRUTURA ESTRATÉGICA 34 3.1 Estratégias para Resolver o Hiato e os Resultados Esperados até 2027 34 3.1.1 Significado do Sector e as Metas Prioritárias 34 3.1.2 Estrutura de Políticas e Regulamentos 35 3.1.3 Arranjos Institucionais 36 3.1.4 Projectos e Intervenções 38 3.2 Ligações aos outros sectores de infra- estrutura 39 3.3 Riscos e Pressupostos 40 1

3.3.1 Riscos 40 3.3.2 Pressupostos 41 3.4 Preparação para as Tendências Futuras do Sector (além de 2027) 42 3.4.1 Mudanças na Ordem Económica Mundial 42 3.4.2 Mudanças Demográficas Globais 43 3.4.3 Procura de Experiências de Auto- realização 44 3.4.4 Desenvolvimentos nas TIC e Inovações 44 3.4.5 Procura da Conservação e Preservação do Meio Ambiente 45 4. IMPLEMENTAÇÃO 46 4.1 Plano de Acção 46 4.1.1 Projectos Prioritários, Requisitos de Recursos e Prazos Estruturados 46 4.1.2 Modalidades de Implementação 47 4.2 Factores críticos relativos à implementação bem sucedida 52 4.2.1 Vontade política dos Estados Membros em continuar a cooperar no programa 52 4.2.2 Instabilidade política na região 52 4.2.3 Fluxos benéficos do programa para as comunidades locais 52 4.2.4 Sustentabilidade financeira do programa 52 4.2.5 Melhoria da economia global 53 5. CONCLUSÃO 54 6. CAMINHO PARA O FUTURO 55 7. REFERÊNCIAS 56 2

LISTA DE TABELAS Comunidade de Desenvolvimento da África Austral Tabela 1: Participação do Mercado da SADC nas Entradas de Turistas 1990-2010 15 Tabela 2: Contribuição Económica do Turismo nas Economias da África Austral (2010) 16 Tabela 3: TFCA existentes e potenciais na região da SADC 19 Tabela 4: Ligações do Sector de Turismo aos outros Sectores de Infra-estruturas 39 Tabela 5: Classificação global dos países em termos do PIB em relação ao período 2020 e para além. 42 Tabela 6: Despesas pelos Mercados de Origem no Turismo Internacional 2010 43 Tabela 7: Projectos Planeados de Infra-estrutura Física 46 Tabela 8: Prioridade da harmonização de políticas e projectos de elaboração de estratégias 46 Tabela 9: Marcos e Etapas Principais relativos ao período até 2027 48 Tabela 10: Mecanismos de Monitorização para os Projectos das TFCA durante o período até 2027 50 3

LISTA DE FIGURAS Comunidade de Desenvolvimento da África Austral Figura 1: entradas internacionais de turistas e receitas internacionais de turistas 1990-2010 13 Figura 2: Localização das TFCA na SADC 18 Figura 3: Entradas de Turistas e Previsão até 2027 25 Figura 4. Organograma Proposto para a Direcção de I&S 36 Figura 5. Organograma Proposto para a RETOSA 37 4

LISTA DE ANEXOS Comunidade de Desenvolvimento da África Austral Anexo 1: Projectos de Infra- estrutura do Sector 57 Anexo 2: Projectos de Produtos de Turismos 72 5

ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ARTP BRICS BSA CBT CITIES COMESA CRS CREST DBSA DEA EAC ECOWAS EU FANR FDI FTA GDP GDS GHG GLTP GMTFCA I&S ICP IDP KAZA MDG MoU NCA NGO OUZIT PIDA PPP RETOSA RIDMP RSIDP SADC SDI S- M TFCA TFCA ToR UNCCD UNFCC UNWTO WHS WTTC WWF YD ZAWA ZIMOZA Parque Transfronteiriço de /Ai/Ais Richertsveld Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul Boundless Southern Africa Turismo com Base na Comunidade Convenção sobre Comércio Internacional em Espécies em Perigo de Extinção Mercado Comum da África Oriental e Austral Sistema Central de Reservas Centro de Viagens Responsáveis Banco de Desenvolvimento da África Austral Departamento de Assuntos Ambientais Comunidade da África Oriental Comunidade Económica dos Estados Africanos do Ocidente União Europeia Direcção de Alimentos, Agricultura e Recursos Naturais Investimento Directo do Estrangeiro Zona de Comércio Livre Produto Interno Bruto (PIB) Sistema de Distribuição Global Gás de Estufa Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Mapungubwe Infra- estrutura e Serviços Parceiros Internacionais de Cooperação Planos de Desenvolvimento Integrado Área de Conservação Transfronteiriça Kavango Zambeze Objectivos de Desenvolvimento do Milénio Memorando de Entendimento (MdE) Agência Nacional de Coordenação Organizações Não- Governamentais (ONG) Iniciativa de Turismo Internacional do Okavango Alto Zambezi Programa de Desenvolvimento de Infra- estruturas em África Parcerias Públicas- Privadas Organização Regional de Turismo da África Austral Plano Director de Desenvolvimento das Infra- estruturas Regional Plano Regional Indicativo de Desenvolvimento Regional Comunidade de Desenvolvimento da África Austral Iniciativa de Desenvolvimento Espacial Songimvelo- Malolotja Áreas de Conservação Transfronteiriça Áreas de Conservação Transfronteiriças Termos de Referência (TdR) Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação Convenção de Estrutura das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas (OMT) Sítio de Património Mundial Conselho Mundial de Viagens e Turismo World Life Fund Decisão de Yamoussoukro Autoridade Zambiana de Vida Selvagem Zimbabué, Moçambique, Zâmbia 6

SUMÁRIO EXECUTIVO INTRODUÇÃO Comunidade de Desenvolvimento da África Austral O capítulo sobre o sector de turismo tem como finalidade definir o plano integrado para o desenvolvimento sustentável das Áreas de Conservação Transfronteiriças (TFCA) na região da SADC relativo ao período até 2027. O desenvolvimento das TFCA, como um instrumento para a conservação da biodiversidade e a emancipação económica das comunidades rurais através do turismo, é destacado como uma intervenção prioritária no Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP) ANÁLISE DA SITUAÇÃO Tendências Internacionais de Turismo As entradas de turistas internacionais aumentaram de 882 milhões em 2009 para 940 milhões em 2010 e atingiu 980 milhões em 2011. As receitas do turismo melhoraram de EUA$ 852 biliões em 2009 para EUA$ 940 biliões em 2010 (Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (UNWTO), 2012). A Organização Mundial do Turismo (OMT) prevê um aumento de 3% para o sector em 2012 e espera que as chegadas de turistas internacionais alcancem um bilião. As tendências no mercado do turismo indicam uma mudança do turismo em massa à procura do sol, mar e praia, para umas férias mais individuais, responsáveis e repletas de experiências. Os turistas são orientados por valores éticos associados à responsabilidade social, cultural e ambiental nos destinos visitados e nos produtos utilizados. Além disso, o crescimento nos diferentes segmentos do mercado do sector é influenciado pela procura de experiências autênticas pelo consumidor Tendências de Turismo Africano As entradas de turistas no continente africano aumentaram de 46 milhões em 2009 para 49,8 milhões em 2010. Registou- se o maior crescimento na região Subsariana com um aumento de 14% face ao período homólogo. O total das chegadas de turistas à região da SADC ascendeu de 20,5 milhões em 2009 para 21,5 milhões em 2010 (Relatório Anual da RETOSA - 2011). Áreas de Conservação Transfronteiriças A região da SADC adoptou as TFCA como uma opção de desenvolvimento. A gestão transfronteiriça dos recursos naturais tem o potencial de realçar a conservação da biodiversidade, melhorar os sustentos das comunidades locais e, simultaneamente, tornar a região num destino importante do turismo verde. Considerando que as TFCA abarcam as fronteiras nacionais, o seu desenvolvimento é um impulsionador principal rumo à integração regional. Estratégias Regionais de Cooperação As estratégias e os planos regionais actuais relativos ao desenvolvimento das TFCA são constituídas por: Estratégias de infra- estruturas e desenvolvimento do produto; 7

Estratégias de marketing e promoção; e Estratégias de desenvolvimento institucional. Tendências das Entradas de Turistas relativas ao período até 2027 Utilizando os dados da previsão da Visão 2020 da OMT, a previsão indicativa apresentada no projecto de relatório da RETOSA sobre o estudo de Desenvolvimento do Crescimento do Turismo e as tendências recentes nas entradas internacionais de turistas, a perspectiva para 2027 é a seguinte: Perspectivas das Tendências de Entradas de Turistas: 2010-2027 (milhões) Ano 2010 2015 2020 2027 Mundo 940 1120 1370 1690 África 49 60 77 109 SADC 21,5 28 40 63 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 World Africa SADC 400 200 0 2010 2015 2020 2027 O crescimento do turismo na região no período em consideração será impulsionado por factores endógenos e exógenos. Avaliação GAP (distância entre onde estamos e queremos chegar) Desde o estabelecimento da primeira TFCA em 2000, as TFCA têm sido operadas como projectos individuais geridos pelos países vinculados pelo Tratado/MoU que as estabeleceu. Para a região implementar com êxito o programa das TFCA durante o período do plano, será necessário adoptar uma visão, missão e objectivos comuns. 8

ESTRUTURA ESTRATÉGICA Projectos e Intervenções: Os projectos do sector são compostos de: Projectos de infra- estruturas materiais: estradas, aeroportos, electricidade, instalações de TIC, etc; Projectos Materiais de Turismo hotéis e unidades de hotelaria, estâncias, instalações turísticas, etc.; Estratégias de marketing e promoção; Harmonização das Políticas e Estruturas Legais; Arranjos Institucionais. Riscos e Pressupostos O plano que visa desenvolver o turismo sustentável nas TFCA provavelmente enfrentará vários riscos durante o período sob análise. Os resultados previstos do plano baseiam- se sobre certos pressupostos, como por exemplo, que a boa vontade política actual entre os Estados Membros continuará durante o período sob análise. IMPLEMENTAÇÃO Os projectos do sector a serem implementados durante o período do plano estão divididos em três grupos: Projectos de infra- estruturas materiais; Harmonização das políticas e projectos de desenvolvimento de estratégias; e Projectos de produtos de turismo. A implementação com êxito do programa das TFCA na região depende de vários factores críticos, entre os quais os mais importantes são: A vontade política entre os Estados Membros em continuarem a cooperar no programa; A estabilidade política da região; A implementação do sistema UNIVISA; A protecção e a segurança dos turistas; Os fluxos benéficos para as comunidades locais do programa; A sustentabilidade financeira do programa; e A melhoria na economia mundial. 9

1. INTRODUÇÃO Comunidade de Desenvolvimento da África Austral 1.1 Propósito Sectorial e Objectivos 1.1.1 Propósito O capítulo sobre o sector de turismo tem como finalidade expor o plano integrado para o desenvolvimento sustentável das Áreas de Conservação Transfronteiriças (TFCA), que são os impulsionadores principais da conservação da biodiversidade transfronteiriça, e da melhoria dos sustentos rurais através do turismo baseado na comunidade. As TFCA devem incentivar o investimento do sector privado nas áreas rurais, e a promoção da integração regional durante o período até 2027. O Protocolo sobre a Conservação da Vida Selvagem e a Aplicação da Lei de 1999 define as TFCA como a área ou o componente de uma região ecológica extensiva que abrange as fronteiras de dois ou mais países, incorporando uma ou mais áreas protegidas, assim como áreas de utilização de múltiplos recursos. 1.1.2 Objectivos O capítulo sobre o Turismo tem por objectivo: Analisar a situação actual do desenvolvimento do turismo a nível internacional, continental e regional; Rever a natureza e as características de desenvolvimento das Áreas de Conservação Transfronteiriças na região; Realçar as ligações transversais sobre as políticas e os regulamentos que regem a implementação das TFCA; Destacar o tipo e a escala dos projectos infra- estruturais a serem desenvolvidos nas TFCA; Sublinhar a necessidade do desenvolvimento infra- estrutural turístico tomando em consideração as mudanças climáticas e o seu impacto a longo prazo sobre a sustentabilidade do sector; Estabelecer uma visão comum para o desenvolvimento das TFCA na região; Promover campanhas de sensibilização sobre a necessidade de inserir o turismo nas estruturas regionais e nacionais e nas estratégias de desenvolvimento; Delinear a contribuição do sector do turismo em geral e do programa das TFCA/Locais de Património Mundial (WHS) o programa das Ilhas (Baunilha) do Oceano Índico em atingir as metas e os objectivos do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RSIDP) durante o período até 2027; Posicionar o turismo como um pilar económico importante na agenda de desenvolvimento e integração da região da SADC; Desenvolver uma estrutura estratégica relativa às TFCA/ Locais de Património Mundial/Rotas Turísticas Transnacionais (TTR) e ao programa das Ilhas da Baunilha durante o período até 2027; e Delinear o plano de acção a ser seguido nas TFCA/ Locais de Património Mundial / Rotas 10

Turísticas Transnacionais (TTR) e no programa das Ilhas da Baunilha durante o período até 2027. 1.2 Políticas/Base Legal Orientando o Sector 1.2.1 Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP) O desenvolvimento das TFCA, como um instrumento para a conservação da biodiversidade e a emancipação económica das comunidades rurais através do turismo, é destacado como uma intervenção prioritária no RISDP. O objectivo geral da intervenção ambiental é a seguinte: Assegurar a utilização equitativa e sustentável do meio ambiente e dos recursos naturais em prol das gerações presentes e vindouras (RISDP- 4). A secção relativa ao turismo realça a necessidade de: Encorajar o desenvolvimento das Áreas de Conservação Transfronteiriças (TFCA) da SADC e as Iniciativas de Desenvolvimento Espacial (IDE) baseadas no turismo, como variedades de produtos turísticos. A relação simbiótica entre o desenvolvimento do turismo e o desenvolvimento das TFCA é ainda sublinhado no documento, onde se afirma que a região deve utilizar o turismo como um instrumento para alcançar o desenvolvimento socioeconómico sustentável, erradicar a pobreza e como um incentivo importante para a conservação e utilização dos recursos naturais da região (SADC, 2001:87). 1.2.2 Protocolos, Outros Documentos e Estatutos O desenvolvimento das Áreas de Conservação Transfronteiriças é regido e orientado pelo Protocolo sobre a Vida Selvagem e a Aplicação da Lei (1999) que foi ratificado em 2003. Um dos objectivos do protocolo é: Promover a conservação dos recursos de vida selvagem partilhada através do estabelecimento das Áreas de Conservação Transfronteiriças (Artigo 40, 2 (f)). O Protocolo define a Área de Conservação Transfronteiriça do seguinte modo: Uma área ou um componente de uma região ecológica extensiva que abrange as fronteiras de dois ou mais países, incorporando uma ou mais áreas protegidas, assim como áreas de utilização de múltiplos recursos. Todavia, considerando a natureza transversal do programa das TFCA, existem outros instrumentos regulamentares que têm um impacto directo e indirecto sobre a implementação com sucesso da iniciativa. Estes incluem os seguintes: Protocolo sobre os Recursos Florestais (2002) que visa promover o desenvolvimento, a conservação, a gestão e a utilização sustentável dos diferentes tipos de florestas. O protocolo promove o desenvolvimento do ecoturismo no âmbito das TFCA. Protocolo sobre os Recursos Hídricos Partilhados (2002) destina- se à promoção de maior cooperação em relação à gestão, protecção, e utilização sustentável e coordenada dos cursos 11

hídricos partilhados. Os cursos hídricos transfronteiriços na região constituem a base do turismo de aventura. A sua gestão efectiva deverá realçar o crescimento do turismo transfronteiriço na região. Protocolo sobre o Desenvolvimento do Turismo (1998) defende a promoção do desenvolvimento do turismo ecológico e social sustentável. Protocolo sobre as Trocas Comerciais (1996) promove o estabelecimento de uma Zona de Comércio Livre (FTA) na região da SADC. A implementação completa de uma FTA na região incentivará o crescimento do turismo nas TFCA. Protocolo sobre a Livre Circulação das Pessoas (2005) prevê a liberalização dos regimes de vistos aplicáveis aos cidadãos da SADC e o uso de um posto único de entrada para os turistas em visita às TFCA. Protocolo sobre o Transporte, Comunicações e Meteorologia (1996) defende, entre outras questões, a liberalização das políticas das linhas aéreas da região. O desenvolvimento bem sucedido do turismo nas TFCA será determinado, em larga medida, pela conectividade aos pólos das linhas aéreas regionais. A Carta da RETOSA (1997) estabelece a estrutura administrativa para a cooperação entre os Estados Membros no domínio do desenvolvimento e promoção do turismo, incluindo as actividades dentro das TFCA. Estratégia sobre a Biodiversidade da SADC (2006) prevê a estrutura de cooperação entre os Estados Membros no domínio da gestão e conservação da biodiversidade. As TFCA constituem o instrumento ideal para a implementação da estratégia. 12

2. ANÁLISE DA SITUAÇÃO 2.1 Tendências do Turismo 2.1.1 Tendências Globais De acordo com o relatório de 2011 do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), o sector do turismo contribuiu 9% para o PIB da economia mundial e representou 8% do emprego global em 2010. Em termos absolutos, a indústria foi responsável por 235 milhões de postos de trabalho a nível internacional. A indústria do turismo demonstrou a sua resistência ao registar um crescimento anual de 7% nas entradas internacionais de turistas em 2010, após registar um declínio de 3.8% em 2009. Esta tendência ascendente permaneceu em 2011, com uma taxa de crescimento anual de 4.4% acima das entradas internacionais de turistas de 2010. A recuperação da indústria após o colapso económico global de 2009 foi maior do que a recuperação geral da economia mundial, que registou apenas 2% de crescimento anual em 2010 face ao período de 2009. Em termos absolutos, as entradas internacionais de turistas aumentou de 882 milhões em 2009 para 940 milhões em 2010, e alcançou 980 milhões em 2011. As receitas do turismo melhoraram em relação ao resultado de 2009 de EUA$ 852 biliões para EUA$ 940 biliões em 2010 (OMT, 2012). A OMT antecipou um crescimento de 3% para o sector em 2012 e esperava que as entradas internacionais atingissem o marco de um bilião. A Figura 1 ilustra a tendência nas entradas de turistas e as receitas turísticas internacionais relativas ao período de 1990-2010. Figura 1: entradas internacionais de turistas e receitas internacionais de turistas 1990-2010. Fonte: UNWTO Barómetro de Turismo 2011. As tendências no mercado do turismo indicam uma mudança do turismo de massas de sol, mar e praia, para umas férias mais individuais, responsáveis e repletas de experiências. Os turistas são 13

orientados por valores éticos associados à responsabilidade social, cultural e ambiental nos destinos visitados e dos produtos utilizados. Além disso, o crescimento nos diferentes segmentos do mercado no sector é influenciado pela procura do consumidor de experiências autênticas. Os segmentos chave do mercado incluem o seguinte: Turismo ecológico (incluindo ecoturismo) Este segmento representa 20-40% dos turistas internacionais (Centre For Responsible Travel - CREST, 2009). A população urbana crescente nos mercados tradicionais, assim como nos novos mercados de origem procuram restabelecer uma ligação com a natureza. O segmento aumentou a procura pelas férias de caminhadas, campismo, observar animais selvagens, snorkeling e mergulho de scuba. Turismo Cultural. Concentra- se principalmente no turismo baseado na comunidade (TBC). Registou- se um aumento considerável da América do Norte, Europa e Oceânia (CREST, 2009). Mochileiros e Turismo de Jovens. Este segmento tem registado mudanças importantes na sua composição e características com um grande número de viajantes incluindo jovens maduros na faixa etária dos 26-30 anos. As principais motivações desde segmento são: explorar outras culturas, procurar aventura e aumentar o conhecimento (CREST, 2009:82). Voluntariado e Turismo de Educação. Este segmento incorpora actividades participativas não remuneradas durante as férias, por exemplo, construir instalações sociais, como escolas e clínicas, nos destinos visitados. Turismo de Aventura. Este segmento concentra- se na experiência ao ar livre de alta adrenalina. As actividades mais comuns incluem, ciclismo de montanha, rafting em rápidos, caminhadas, passeios, canoagem, observar os animais selvagens e salto com elástico. Cada um dos segmentos do mercado tem características e perfis específicos. Os destinos devem, por conseguinte, tomar em consideração estas características ao desenvolverem as suas estratégias e programas de marketing. Além da necessidade de responder às mudanças na procura dos diversos segmentos do mercado, os destinos e as empresas de turismo devem responder efectivamente ao impacto das mudanças climáticas. A indústria do turismo contribui, directa e indirectamente, para as mudanças climáticas, e é simultaneamente afectada pelas mudanças climáticas. A OMT em colaboração com os sectores público e privado no turismo, comprometeu- se à Declaração de Davos, que entre outros assuntos, afirma que o sector do turismo deve responder rapidamente às mudanças climáticas, no âmbito da estrutura da ONU, e reduzir progressivamente a sua contribuição de gases com efeito de estufa, se quiser crescer de forma sustentável (OMT, 2007). No seu comunicado de Durban (Dezembro, 2011), o Conselho Mundial de Viagens e Turismo reiterou a necessidade dos países inserirem o sector de turismo nas políticas sobre as mudanças climáticas a fim de garantir que as estruturas políticas possam permitir às empresas calcular os custos e avaliar o risco climático do investimento num país ou tecnologia específica. Considerando as tendências globais actuais na procura de novos pacotes de férias, a África Austral está bem posicionada para atrair mais turistas durante o período sob análise, se implementar e desenvolver o turismo nas TFCA. A grande variedade de atracções nas TFCA da região serve de base 14

para pacotes de férias na moda (CREST, 2009). Ao mesmo tempo, é necessário criar políticas orientadoras relativas ao sector privado que investe nas TFCA, que ajudaram as empresas a adaptarem- se às mudanças climáticas e à adopção de práticas mitigadoras para limitar a contribuição do sector à poluição e degradação ambiental. 2.1.2 Tendências Africanas África é a única região que não registou um declínio nas entradas de turistas em 2009, e a tendência de crescimento continuou em 2010. As entradas de turistas aumentaram de 46 milhões em 2009 para 49,8 milhões em 2010. O maior crescimento foi verificado na região da África Subsariana, que registou um crescimento de 14% durante o período sob análise. O total permaneceu estagnante em 49,8 em 2011 devido ao decréscimo de 12% registado na África do Norte. As receitas do turismo aumentaram de EUA$ 28 biliões em 2009 para EUA$ 34,2 biliões em 2010 (Barómetro de Turismo da OMT, 2011). 2.1.3 Tendências da SADC A região registou um crescimento anual de 12.6% nas entradas de turistas em 2010 quando comparado com 2009. A taxa de crescimento elevada foi devida em parte ao Campeonato do Mundo de Futebol em 2010 na África do Sul, que atraiu muito adeptos de futebol à região. O total das entradas de turísticas aumentou em 20,5 milhões em 2009 para 21,5 milhões em 2010 (Relatório Anual de 2011 da RETOSA). Tabela 1 Participação do Mercado da SADC nas Entradas de Turistas 1990-2010 Ano Mundo África Participação do África Participação do Participação do Mercado de Austral Mercado da África Mercado da África África (%) (milhões) Austral no mercado mundial Austral no mercado africano (%) (%) 1990 438 15,1 3,5 2,6 0,6 17 1995 534 20 3,8 8,8 1,7 44 2000 684 27,9 4,1 12,6 1,8 45,2 2005 802 37,3 4,7 16,1 2,0 43,2 2008 922 46,7 5,1 19,8 2,1 42,4 2010 940 49,2 5,2 Fonte: Relatório de 2010 da Retosa e o Barómetro de Turismo de 2011 da OMT A participação do mercado da região nas entradas dos turistas em África estagnou desde 1995. Por exemplo, em 1995 era 44%, em 2000 a participação aumentou ligeiramente para 45%, e em 2005 tinha diminuído para 42.3%. Em 2010, a participação do mercado da região era 43.6% das entradas de turistas em África (OMT 2011, Relatório de 2010 da RETOSA). Uma análise da participação do mercado da região em termos das entradas internacionais de turistas revela um padrão semelhante ao resto do continente africano. Desde 1995, a região não regista uma mudança considerável. Por exemplo, embora a participação da região no mercado internacional de entradas de turistas fosse 1.7% em 1995, este número era 2.2% em 2010. Existem vários factores que justificam a incapacidade da região em aumentar a sua participação global e africana no mercado das entradas de turistas, designadamente: Concorrência de destinos de pequena distância como a África do Norte; 15

Concorrência de destinos de longa distância como o sudeste asiático e a América do Sul; Falta de marketing e promoção regional intensiva que corresponde ao trabalho das outras regiões, como as Caraíbas; Recursos inadequados para a organização regional do turismo, RETOSA, a fim de cumprir eficientemente o seu mandato; Falta de prioridades no sector de turismo em alguns dos Estados Membros da SADC. Uma análise comparativa com outras regiões turísticas, tanto em África como no mundo, é impedida por vários factores. Em primeiro lugar, várias regiões africanas, por exemplo, a CEDEAO e a África Central, carecem de dados actualizados sobre as entradas de turistas e receitas em divisas do turismo. Em segundo lugar, regiões como a África do Norte e as Caraíbas estão mais próximas do mercado europeu e norte- americano respectivamente, e por conseguinte, ocupam uma posição competitiva para atrair mais turistas desses mercados do que a região da SADC. Por último, as disparidades no acesso aéreo aos diferentes destinos regionais, por exemplo, a SADC, África do Norte, CEDEAO, e as Caraíbas, significam que as áreas com o maior número de linhas aéreas têm a capacidade de atrair mais turistas do que as áreas concorrentes. Por conseguinte, a região da SADC enfrenta concorrência da África do Norte e da África Oriental. A nível global, a região deve comparar o seu desempenho com os desenvolvimentos em regiões como o sudeste asiático (Tailândia, Singapura, Vietname, Filipinas, Camboja, e Indonésia) que registaram crescimento extraordinário durante a última década. Por exemplo, em 2002 a região recebeu um total de 36,1 milhões de entradas de turistas. O número aumentou para 448,5 milhões em 2005 e era 69,6 em 2010 (OMT, 2011 Highlights). Os Estados Membros da SADC tiram diferentes níveis de benefícios económicos do sector do turismo, conforme indicado na tabela apresentada abaixo. Tabela 2 Contribuição Económica do Turismo nas Economias da África Austral (2010) País População (milhões) PIB/ Capita PIB (US biliões) Receitas de Turismo Receitas de Turismo como % do PIB Exportações (EUA$ biliões) R/T como % exp Angola 19,08 4.423 84390 534 0,8 40985 11,4 Botswana 2,0 7.403 14857 452 4,7 3971 - RDC 65,9 199 13145 - - 1520 - Lesoto 2,17 982 2132 - - 834 44,9 Malawi 14,9 343 5106 424 9,3 945 26,8 Maurícias 1.3 7593 9728 1117 13,0 4169 7,8 Moçambique 23.39 410 9586 196 2,0 2522 8,8 Namíbia 2.28 5330 12170 398 4,3 4518 48,8 Seicheles 0,86 10825 936 209 27,2 428 África do Sul 49.99 7275 363703 77543 2,6 77857 9,7 Suazilândia 1.1 3073 3645 - - 1405 - Tanzânia 44.8 527 23056 1160 5,4 4963 23,4 Zâmbia 12.92 1253 16192 200 1,6 4480 4,5 Zimbabué 12.57 595 7474 523 9,7 2288 22,9 SADC 252.48 566120 12756 5,8 150885 8 Fonte: UNWTO: 2011,Relatorio de 2011 do Banco Mundial 16

Embora os Estados Membros da SADC reconheçam a importância do turismo como um pilar económico principal no desenvolvimento nacional, ainda é necessário inserir o turismo na agenda de desenvolvimento nacional. São poucos os países na região onde o turismo tem um ministério autónomo (Angola, Maurícias, Moçambique, África do Sul e Zimbabué), e por conseguinte, o sector não é concedido prioridade na atribuição dos recursos nacionais. 17

2.1.4 Áreas de Conservação Transfronteiriças Figura 2: Localização das TFCA na SADC Fonte: Peace Parks Foundation (Fundação dos Parques da Paz) A região da SADC adoptou as TFCA como uma opção de desenvolvimento. A gestão transfronteiriça dos recursos naturais tem o potencial de realçar a conservação da biodiversidade, melhorar os sustentos das comunidades locais e simultaneamente, manter a região no topo dos destinos do turismo verde. Considerando que as TFCA abrangem as fronteiras nacionais, o seu desenvolvimento constitui um impulsionador chave à integração regional. As tendências internacionais do mercado do turismo indicam que os turistas que viajam para destinos longínquos preferem pacotes de férias de múltiplos destinos a pacotes de férias de destinos únicos (RETOSA, 2009). A implementação efectiva do programa das TFCA pode aumentar o interesse da região como um destino de férias para os turistas internacionais. A origem do desenvolvimento das Áreas de Conservação Transfronteiriças na região da SADC remonta à assinatura de um Tratado Internacional entre o Botswana e a África do Sul em 1999, que levou ao estabelecimento do Parque Transfronteiro de Kgalagadi. Desde então têm- se feito grandes esforços através da região para estabelecer Áreas Transfronteiriças de Conservação (TFCAs) adicionais. Os esforços para coordenar a promoção da conservação estão a ser complementados com iniciativas para aumentar o número de turistas para essas TFCAs. Em 2005, o Conselho de Ministros da SADC aprovou a Estratégia TFCA 2010 que tinha sido elaborada 18

pelo sector do turismo para promover as TFCA como destinos de turismo e investimento na África Austral. A África do Sul foi encarregada a estabelecer uma estrutura para fiscalizar a implementação da estratégia. Boundless Southern Africa foi estabelecida como uma unidade enquadrada no Departamento de Assuntos Ambientais e Turismo. Esta unidade está presentemente localizada no Departamento de Assuntos Ambientais (DEA). A região dispõe presentemente de 18 TFCA que abrangem uma área de 500,000km 2. As TFCA encontram- se em diversas fases de desenvolvimento e operam ao abrigo de Memorandos de Entendimento bilaterais ou trilaterais. Tabela 3 TFCA existentes e potenciais na região da SADC NOME DA TFCA PAÍSES PARTICIPANTES PONTO DA SITUAÇÃO 1. /Ai- /Ais- Richtersveld Namíbia e África do Sul MoU assinado 17 de Agosto de 2001. Tratado assinado em 1 de Agosto de 2003. INVESTIMENTO PRODUTOS DE TURISMO PLANEADO EM EUA$ 13,6 milhões Instalações de hotelaria e construção de estradas 2. Kgalagadi Botswana e África do Sul 3. Greater Mapungubwe Botswana, África do Sul e Zimbabué 4. Great Limpopo Moçambique, África do Sul e Zimbabué 5. Lubombo Moçambique, África do Sul e Suazilândia 6. Maloti- Drakensberg 7. Iona- Skeleton Coast Lesoto e África do Sul Angola e Namíbia Tratado assinado em Maio de 2000 MdE assinado a 13 de Junho de 2006 MoU assinado em 10 de Novembro de 2000. Tratado assinado em 9 de Dezembro de 2002 Tratado assinado em 22 de Junho de 2000 MoU assinado em 11 de Junho de 2001 MdE assinado em 1 de Agosto de 2003 16,92 milhões Instalações de hotelaria e construção de estradas 11,4 milhões Instalações de hotelaria, e outras a ser verificadas 28,8 milhões Instalações de hotelaria e construção de estradas 146,2 milhões Hotéis, campos de tendas, estâncias de turismo 221 milhões Hotéis, locais de campismo, estâncias de turismo. N/A N/A 8. Liuwa Plain - Angola e Zâmbia Fase de conceito N/A N/A 19