de Ciências Agrárias - Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais.

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Transcrição:

Qualidade fisiológica de sementes de melão submetidas à secagem natural Antonio Pereira dos Anjos Neto¹; Edna Ursulino Alves²; Josevaldo Ribeiro Silva 1 ; Edna de Oliveira Silva 3, Luciana Rodrigues de Araújo 4 ; Damiana Ferreira da Silva 1. 1 Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Agrárias - Graduandos em Agronomia. BR 079, Km 12, 58.397-000 Areia - PB, ap.anjosneto@gmail.com¹, valdo_rb@hotmail.com, danyagro@hotmail.com. 2 Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Agrárias - docente do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais, ednaursulino@cca.ufpb.br. 3 Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Agrárias - Pós-Graduanda em Agronomia, edna.os@hotmail.com. 4 Bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado da CAPES, Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Agrárias - Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais. lraraujo1@yahoo.com.br RESUMO A secagem de sementes é uma das etapas cruciais na cadeia produtiva, sendo a secagem natural a mais econômica e a que menos causa danos às sementes, principalmente quando se pretende fazer um armazenamento. Dessa forma, o objetivo nesse trabalho foi avaliar a influência da secagem natural na qualidade fisiológica de sementes de melão. O experimento foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Fitotecnia do CCA/UFPB, em Areia - Paraíba, com sementes obtidas do mercado livre na mesma cidade. As sementes após extraídas dos frutos foram homogeneizadas e em seguidas separadas em seis grupos de acordo com o período de secagem (0, 24, 48, 72, 96 e 120 horas) em condições de laboratório (32 C e 74% U.R.). Para verificação do efeito da secagem analisou-se a emergência, índice de velocidade de emergência (IVE), comprimento e massa seca de plântulas, em delineamento experimental inteiramente ao acaso. Os dados não se ajustaram ao modelo de regressão, sendo os resultados expressos em valores médios, de forma que pode-se afirmar que a secagem de sementes de melão em ambiente de laboratório nos períodos de secagem não afeta a qualidade fisiológica das sementes. PALAVRAS-CHAVE: teor de água, desidratação, vigor. ABSTRACT The drying of seeds is one of the crucial steps in the production chain, and the natural drying the most economical and less damage to seed, especially when trying to make a store. Thus, the objective of this study was to evaluate the influence of natural drying in the physiological quality of melon seeds. The experiment was conducted at the Seed Analysis Laboratory, Department of Plant Science of the CCA/UFPB in Areia - Paraiba, with seeds obtained from the free market in the same city. Seeds after extraction from the fruits were homogenized and divided into six groups followed in accordance with the drying period (0, 24, 48, 72, 96 and 120 hours) at laboratory conditions (32 C and 74% RH). To check the effect of drying analyzed the emergency, emergency speed index, length and seedling dry weight completely randomized experimental design. The data did not fit the regression model, the results were expressed as mean values, so that it can be stated that drying of melon seeds in a laboratory environment during periods of drying does not affect the physiological quality of seeds. KEY-WORDS: Water content, dehydration, vigor. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 8355

INTRODUÇÃO As hortaliças, frutíferas e espécies olerícolas têm ocupado maior espaço na mesa dos brasileiros, por isso, comercializar esses alimentos tornou-se uma atividade bastante lucrativa e importante para a economia agrícola, entretanto, esse sucesso está condicionado à utilização de sementes de qualidade, que, por vez está diretamente ligada à atributos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários que afetam a sua capacidade de originar plantas de alta produtividade (POPINIGIS, 1985; NAKADA, et al., 2010). Uma das famílias botânicas com um grande número de espécies cultivadas é a Cucurbitaceae, destacando-se as abóboras (Cucurbita spp.), melancias (Citrulus lanatus (Thunb) Mansf), os melões (Cucumis melo L.), dentre outras. O melão, do gênero Cucumis é atualmente cultivado em 72 países, sendo que o Brasil em poucos anos passou de importador a grande exportador dessa hortaliça devido, principalmente, às condições climáticas favoráveis existentes na região Nordeste, tendo sua grande expressão produtiva nos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Bahia, respondendo por 90% da produção nacional (BASTOS et al., 2001; FARIA et al., 2003). A secagem de sementes, um dos seus elos mais negligenciados é uma das etapas cruciais na cadeia produtiva de alimento (BERBERT et al., 2008), pois estima-se que 60% da energia utilizada na produção de cereais seja gasta na etapa de secagem (BROOKER et al., 1992). Nesse sentido, a secagem natural, que é baseada na remoção da umidade pela ação do vento e do sol é limitada apenas pelo clima quando essas condições são desfavoráveis ou se tratando de grandes volumes de sementes (GARCIA et al., 2004). A referida secagem é mais indicada para sementes com vistas a manter a qualidade fisiológica, pois esta é menos prejudicial à germinação de sementes de curcubitaceae do que a secagem artificial, como foi indicado para sementes de pepino as quais em temperaturas elevadas de secagem perdem vigor (NAKADA et al., 2010). Diante do exposto objetivou-se neste trabalho avaliar a influência da secagem natural na qualidade fisiológica de sementes de melão. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 8356

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal PB, em Areia - Paraíba, com sementes de frutos fisiologicamente maduros - pericarpo com 75-100% de coloração amarelada (BERBERT et al., 2008), provenientes do mercado livre de Areia -PB, em março de 2012. As sementes após extraídas dos frutos foram homogeneizadas e, em seguida separadas em seis grupos de acordo com o período de secagem (0, 24, 48, 72, 96 e 120 horas) à sombra em condições de laboratório (32 C e 74% U.R.). A determinação do teor de água foi pelo método da estufa a 105 ± 3 C durante 24 horas (BRASIL 2009), empregando-se quatro repetições de dez sementes por tratamento. Para o teste de emergência com condições de casa de vegetação foram utilizadas quatro subamostras de 25 sementes, as quais foram semeadas em bandejas de plástico (45 30 7 cm), contendo areia lavada e esterilizada em autoclave, tendo a umidade do substrato mantida através de irrigações diárias com regador manual. As avaliações da germinação, comprimento e massa seca de plântulas normais (aquelas com as estruturas essenciais perfeitas) foram realizadas aos 10 dias após a instalação do teste, com os resultados expressos em porcentagem, cm e g plântula -1, respectivamente. O índice de velocidade de emergência (IVE) foi calculado de acordo com a fórmula proposta por Maguire (1962). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com quatro repetições para cada tratamento, sendo os dados submetidos à análise de variância e de regressão pelo programa estatístico SISVAR. RESULTADOS E DISCUSÃO O teor de água das sementes de melão foi de 31% no início dos testes, mas depois dos períodos de secagem diminui, chegando à 10% após 120 horas de secagem. Com relação à emergência, a mesma não foi prejudicada pela secagem e observou-se um valor médio de 79% (Figura 1A), o que indica que o processo de secagem adotado foi eficiente em manter a elevada qualidade das sementes. Esses resultados assemelhamse aos obtidos por Nascimento (2002) quando obteve 88% de germinação inicial de sementes de melão osmoticamente condicionadas. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 8357

A velocidade média de emergência foi de 3,63 (Figura 1B), comprimento da parte aérea e massa seca de plântulas oriundas de sementes submetidas à secagem foi de 15,46 cm e 0, 750 g plântula -1, respectivamente, não sendo o vigor das sementes afetado pelos períodos de secagem natural. Em sementes de várias espécies com o processo de secagem aumentou o tempo requerido para a germinação das sementes (Carvalho & Müller, 1998, Berbet et al., 2008 e Nascimento, 2002). Diante dos resultados obtidos constata-se que a secagem em temperatura ambiente não interfere na germinação e vigor de sementes de melão, como também de outras espécies da família curcubitaceae, a exemplo do pepino (Berbet et al. (2008 e Nakada et al., (2010). Portanto, a secagem em temperatura ambiente é mais eficiente no sentido de manter a qualidade das sementes, pois o processo de secagem mais rápido, com temperaturas elevadas pode ocasionar danos nos sistemas de membranas, diminuindo a capacidade de restabelecimento da organização das membranas celulares durante a embebição, e conseqüentemente, liberando maior quantidade de solutos para o meio (Rosa et al., 2000). CONCLUSÃO A secagem de sementes de melão nos períodos de secagem de 0 à 120 horas não afeta a qualidade fisiológica das sementes. REFERÊNCIAS ANDREOLI, D.M.C.; GROTH, D.; RAZERA, L.F. 1993. Armazenamento de sementes de café (Coffea canephora L. cv. Guarini) acondicionadas em dois tipos de embalagens, após secagem natural e artificial. Revista Brasileira de Sementes 15, n.1: 87-95. BASTOS, M.S.R.; SOUZA FILHO, M.S.; ALVES, R.E.; FILGUEIRA, H.A.C.; BORGES, M.F. 2001. Processamento mínimo de abacaxi e melão. In: Encontro Nacional sobre Processamento Mínimo de Frutos e Hortaliças, 2. Palestras, Resumos e Oficinas... Viçosa: UFV. p. 89-93. BERBERT, P. A.; CARLESSO, V. O. ; SILVA, R. F.; ARAÚJO, E. F.; THIBAUT, J. T. L.; OLIVEIRA, M. T. R. 2008. Qualidade fisiológica de semente de mamão em função da Secagem e do armazenamento. Revista Brasileira de Sementes 30, n.1: 40-48. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 8358

BRASIL. 2009. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília: Mapa/ACS. 395p. BROOKER, D.D.; BAKKER-ARKEMA, F.W.; HALL. C.W. 1992. Drying and storage of grains and oilsseds. New York: Van Nostrand Reinhold. 450p. CARVALHO, J. E. U.; MÜLLER, C. H. 1998. Níveis de tolerância e letal de umidade em sementes de pupunheira, Bactris gasipaes. Revista Brasileira de Fruticultura 20, n.3: 283-289. CAVARIANI, C. 1996. Secagem estacionária de sementes de milho com distribuição radial e fluxo de ar. Piracicaba: ESALQ USP. 85p. (Tese Doutorado). FARIA, C.M.B.; COSTA, N.L.D.; SOARES, J.M.; PINTO, J.M.; LINS, J.M.; BRITO, L.T.L. 2003. Produção e qualidade de melão influenciados por matéria orgânica, nitrogênio e micronutrientes. Horticultura Brasileira 21, n 1: 55-59. GARCIA, D. C.; BARROS, A.C.S.A.; PESKE, S.T.; MENEZES, N.L. 2004. A secagem de sementes. Ciência Rural 34, n.2: 603-608. MARCOS FILHO, J. 2005. Fisiologia de sementes de plantas Cultivadas. Piracicaba: FEALQ. 495p. NAKAGAWA, J. 1999. Testes de vigor baseados na avaliação das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F.C., VIEIRA, R.D., FRANÇA NETO, J. de B. Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES. p. 1-24. NAKADA, P. G.; OLIVEIRA, J. A.; MELO, L. C.; SILVA, A. A.; SILVA, P. A.; PERINA, F. J. 2010. Desempenho durante o armazenamento de sementes de pepino submetidas a diferentes métodos de secagem. Revista Brasileira de Sementes 32, n.3: 42-51. NASCIMENTO, W. M. 2002. Germinação de sementes de melão osmoticamente condicionadas durante o armazenamento. Revista Brasileira de Sementes 24, n.1: 158-161. POPINIGIS, F. 1985. Fisiologia da semente. Brasília: AGIPLAN. 289 p. PROBERT, R.J.; HAY, F.R. 2000. Keeping seeds alive. In: BLACK, M; BEWLEY, J.D. (Ed.). Technology and its biological basis. Boca Raton: Sheffield Academic Press/ CRC Press. p.375-410. ROBERTS, E.H. 1973. Predicting the storage of life seeds. Seed Science and Technology 1, n3: 499-514. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 8359

Figura 1. Emergência de plântulas (A), (IVE) Índice de velocidade de emergência (B), Comprimento de plântulas (C) e massa seca de plântulas de Cucumis mello (D). Figure 1. Seedling emergence (A), (IVE) rate of speed of seedling emergence (B), seedling length (C) and seedling dry weight of Cucumis mello (D). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 8360