Repensando o Ensino do Português nas Universidades Prof. Oscar Tadeu de Assunção Resumo: O objetivo deste artigo é refletir sobre o uso de textos literários e não literários, na universidade, no ensino-aprendizagem da língua portuguesa. Palavras-Chave: Linguagem; Pedagogia; Linguagem Pedagógica ABSTRACT The aim of this article is to reflect on the use of literary and nonliterary texts in the university, in the teaching-learning language portuguese. KEY-WORDS: Language; Pedagogical. Objetivo: O presente artigo tem por objetivo abordar algumas questões sobre a construção da leitura e da produção de textos e a formação de professores, visando compreender não só o processo de aquisição, codificação e decodificação dos textos lidos, mas também, verificar as possibilidade de a universidade garantir a todos, indistintamente, o direito de tornarem-se leitores e escritores, com seu sucesso. 1. Introdução O meio acadêmico tem discutido amplamente a dinâmica e a problemática do processo de leitura e escrita. Tentando explicar como se constitui sua aquisição e a ampliação da leitura e da escrita nos meios 1
acadêmicos, o que pensam professores e alunos sobre esse objeto e quais os fatores que contribuem para o fracasso na formação superior, muitos autores têm elaborado questões que tornam possível repensar nossa prática educacional, tais qual: Qual seria o objetivo de se ensinar uma língua para pessoas que já se utilizam dela para o efetivo processo da comunicação? 2. Habilidades de Leitura e Escrita A resposta técnica e mais plausível, talvez fosse, a necessidade de leválas ao efetivo domínio das habilidades de leitura e escrita, ou ainda, formar alunos capacitados, enquanto leitores e produtores de textos, tanto orais quanto escritos, para a convivência social e, de certa forma contituí-los como elementos formadores de opinião. Sob esse prisma, leitura e escrita seriam elementos essenciais para a apropriação de poder. Apesar dessa evidência, não é difícil notar, ao observarmos a prática do ensino de Língua Portuguesa, que tal propósito se distancia, em muito, da efetiva concretização. Há uma discrepância abissal entre o que buscamos e a leitura e escrita que nossos alunos nos oferecem, principalmente no que respeita ao padrão gramatical. Mais grave que isso, é a perda considerável de conexão semântica que percebemos na leitura e releitura dos textos por eles oferecidos, sendo praticamente impossível resgatar elementos anafóricos, catafóricos e dêiticos nas relações mais elementares de coerência. Por certo, seria justo conluir que direta ou indiretamente somos corresponsáveis, na medida em que a falta de domínio do poder-saber-fazer 2
se deve, enormemente, ao ensino obtido nas aulas de língua portuguesa, normalmente fragmentadas e descontextualizadas, com ênfase ao ensino da gramática. Não obstante ser função da escola ensinar a língua culta e/ou padrão, não devemos supor que uma língua é uniforme e única, haja vista que a língua é o espelho social, e este por sua vez reflete uma multiplicidade de formas e valores, internos e externos, os quais influienciam diretamente em variações lingüísticas. Além disso, é evidente, em muitas aulas, o tédio por parte dos alunos, pois o não entendimento acaba por gerar certa repulsa e/ou distração em lugar de um momento de pura reflexão e absorção. Diante do exposto, vale perguntar: a língua ensinada na escola é a mesma que utilizamos no dia-a-dia? Apesar do aparente distanciamento, a resposta ainda seria, sim: é a mesma! Todavia, cabe à escola fazer com que o aluno perceba e estabeleça uma analogia mensurável e inteligível entre as duas formas, proporcionando ao mesmo à percepção das diferentes situações sociais que pedem diferentes registros lingüísticos, mostrando ainda que, o domínio da variedade padrão, lhe dará mais condições de se adequar às imposições sociais. Ao mesmo tempo essa analogia pedagógica criada pela escola confere ao professor a possibilidade de transformar um Poder-Saber-Fazer em um Poder-Fazer-Saber favorecendo o contato do aluno com diferentes suportes textuais, permitindo a ambos, professor e aluno, apropriarem-se das linguagens oral e escrita em uma dimensão relacionada a significação literária e não literária. Dimensão essa intrinsecamente ligada a frequência 3
com que, alunos e professores, se comunicam com os textos e seus respectivos produtores e, à participação em atividades de leitura compartilhada de forma inter e multidisciplinar. 3. Considerações Finais Em vista do exposto concluímos que cabe ao professor promover uma aula em um espaço interativo e participativo, visando absorver dos discentes conhecimentos subjacentes, os quais ampliarão os níveis discursivos, uma vez que diversificados serão multirreferências que comporão cada um. 4. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Educação. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. CELIS, G. I. Aprender a formar crianças leitoras e escritoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. COLOMER,T; CAMPS,A. Ensinar a ler ensinar a compreender.porto Alegre: Artmed, 2002. CURTO; MORILLO;TEXIDÓ. Escrever e ler: Como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e a ler. Porto Alegre, Artmed, 2000. FERREIRO, E.Com todas as letras.são Paulo: Cortez, 1992. FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. 2000b. 6 ed. Rio de Janeiro, Forense Universitária. FOUCAULT, M. A ordem do discurso. 2002. 8 ed. São Paulo, Loyola. 4
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