I CBEP CIRCUITO BATISTANO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS APOSTILA 4 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: COMO DIAGNOSTICÁ-LOS E AGIR PREVENTIVAMENTE?



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Transcrição:

I CBEP CIRCUITO BATISTANO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS APOSTILA 4 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: COMO DIAGNOSTICÁ-LOS E AGIR PREVENTIVAMENTE? MINISTRANTE: Claudia Figueiró Souza, orientadora educacional, psicopedagoga e grafóloga, especialista em linguagem corporal e interpretação do desenho infantil. 1. O que são problemas de aprendizagem? Consideradas raras no passado, as dificuldades de aprendizagem afetam atualmente cerca de 5% da população mundial. Todavia, os especialistas questionam esse número, já que muitos casos de problemas de aprendizagem não são corretamente diagnosticados e tratados, permanecendo sob os rótulos falsos de baixa inteligência ; insolência ou preguiça. Problemas de aprendizagem são alterações neurológicas que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações. O termo dificuldade de aprendizagem refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico. Raramente eles podem ser atribuídos a uma única causa, tendo em vista que recebem influência psicológica, ambiental e comportamental. As dificuldades de aprendizagem podem ser divididas em tipos gerais, mas como normalmente ocorrem em combinações e variam intensamente em gravidade, pode ser muito difícil perceber características comuns entre seus portadores. Cada caso é único. 2. Como identificar um problema/dificuldade de aprendizagem? As dificuldades de aprendizagem costumam manifestar-se com maior ênfase a partir do ingresso da criança na escola. Até esta fase, que pode iniciar na Educação Infantil, o diagnóstico é bem mais complexo, já que o convívio social e acadêmico do filho é restrito e as avaliações de seu desempenho nas tarefas diárias são realizadas pela própria família, que tende a ser mais tolerante. Após sua chegada na escola é que a criança, diante da nova rotina que precisa cumprir, começará a manifestar alguns comportamentos indicativos de suas dificuldades. Os mais comuns são: 2.1. Percepção Visual: Pouca diferenciação das cores, formatos e limites das figuras apresentadas. Dificuldades para seguir as linhas na escrita. Pouca diferenciação de numerais e quantidades. 2.2. Processamento da Linguagem: Problemas relacionados à expressão escrita e oral. Comumente inexiste a relação entre ambas: ou a criança fala bem mas apresenta dificuldades para traduzir seus pensamentos na linguagem escrita, ou a criança escreve muito bem mas não consegue expressar-se oralmente. Além disso, encaixam-se nesta característica os problemas fonéticos (pronúncia). 2.3. Habilidades Motoras Finas: Dificuldades para seguir/manter contornos, realizar pinturas, recortes, colagens, manusear corretamente o lápis e confeccionar dobraduras. 2.4. Fraco Alcance da Atenção: Distrai-se com facilidade, perde rapidamente o interesse por novas atividades, salta de uma atividade para outra e frequentemente deixa projetos ou trabalhos inacabados.

2 2.5. Dificuldade Para Seguir Instruções: Pede ajuda repetidamente, mesmo durante tarefas simples. Onde é mesmo que eu devia colocar isto? Como é mesmo que se faz isto?. Os enganos são cometidos porque as instruções não são completamente entendidas. 2.6. Imaturidade Social: A criança age como se fosse mais jovem que sua idade cronológica e pode preferir brincar com crianças menores. Tem ainda dificuldades para encontrar as palavras certas e perambula sem cessar tentando encontrá-las. 2.7. Inflexibilidade: A criança teima em continuar fazendo as coisas à sua própria maneira, mesmo quando esta não funciona. Resiste a sugestões e ofertas de auxílio. 2.8. Fraco Planejamento e Habilidades Organizacionais: A criança não parece ter noção de tempo e, com frequência, chega atrasada ou despreparada (sem o material necessário). Se várias tarefas são dadas (ou uma tarefa com várias partes), não tem idéia de por onde começar ou de como dividir o trabalho em segmentos manejáveis. 2.9. Distração: Frequentemente perde a lição, as roupas e outros objetos seus. Esquece-se de fazer as tarefas e trabalhos ou tem dificuldade de lembrar compromissos ou ocasiões especiais. 2.10. Falta de Destreza: Parece desajeitada e sem coordenação. Em geral deixa cair as coisas ou as derrama, ou apalpa e derruba os objetos. Pode ter uma caligrafia péssima. É vista como inapta em esportes e jogos. 2.11. Controle dos Impulsos: Toca tudo ou todos que prendem seu interesse. Verbaliza suas observações sem pensar. Interrompe ou muda abruptamente de assunto em conversas e/ou tem dificuldade para esperar ou revezar-se com outras crianças. 2.12. Problemas Emocionais/Comportamentais: Dificuldade para permanecer em sala de aula, choro, alterações na autoestima, introspecção e timidez, nervosismo, agressividade, necessidade de chamar a atenção, dificuldade para fazer amizades... esses são apenas alguns exemplos dos problemas emocionais e/ou comportamentais que podem influenciar diretamente na aprendizagem das crianças. 3. O que causa uma dificuldade de aprendizagem? Conforme o exposto no item 1 da nossa apostila, as dificuldades de aprendizagem ocorrem sob a forma de várias combinações e influências. Por esta razão são consideradas singulares, devendo cada caso ser analisado de forma individual. Podemos afirmar, de maneira geral, que os fatores biológicos determinam a origem de um problema de aprendizagem. Podemos classificá-los em 4 categorias: 3.1. Lesão Cerebral: Acidentes, hemorragias cerebrais e tumores, doenças como encefalite e meningite, transtornos glandulares não-tratados na primeira infância e hipoglicemia estão entre as lesões associadas às dificuldades de aprendizagem. Além destas a desnutrição, a exposição à substâncias tóxicas (como chumbo e pesticidas) também causam danos cerebrais. Eventos que causam privação de oxigênio no cérebro podem resultar em dano cerebral irreversível em um período de tempo relativamente curto: sufocação, afogamento, inalação de fumaça, monóxido de carbono e algumas complicações da gestação e/ou parto podem se enquadrar nessa categoria. Bebês prematuros possuem uma incidência relativamente maior de problemas na aprendizagem, além das crianças portadoras de transtornos convulsivos e paralisia cerebral. 3.2. Alteração no Desenvolvimento Cerebral: O desenvolvimento do cérebro humano inicia na concepção e continua durante toda a idade adulta. Nos 9 meses que antecedem o parto, todas as estruturas básicas do cérebro são formadas. Durante a infância, as regiões do cérebro tornam-se cada vez mais especializadas. Novas conexões entre elas são formadas, de modo a

3 cooperar durante níveis superiores de pensamento. Se esse processo contínuo de ativação neural for perturbado em qualquer ponto, partes do cérebro poderão não desenvolver-se normalmente, ocasionando o chamado atraso maturacional. 3.3. Desequilíbrios Químicos: As células cerebrais comunicam-se umas com as outras por meio de mensageiros químicos chamados de neurotransmissores. Qualquer mudança no clima químico delicadamente equilibrado no cérebro pode interferir no seu funcionamento adequado. Um exemplo comum é o de indivíduos alcoolizados o álcool causa uma alteração temporária na química cerebral, proporcionando consequências como perturbações na fala, na coordenação motora e na capacidade de solucionar problemas, dentre outras. Na categoria dos desequilíbrios químicos está a síndrome conhecida como TDAH Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. As crianças com esse transtorno apresentam déficit nos neurotransmissores chamados catecolaminas. As catecolaminas controlam diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e a motivação. 3.4. Hereditariedade: Estudos realizados com as famílias de crianças com dificuldades de aprendizagem confirmam uma incidência alta de problemas similares entre pais, irmãos e outros aparentados, muitas vezes não diagnosticados por manifestarem-se num grau mais leve. 4. As Influências Ambientais Embora as dificuldades de aprendizagem geralmente sejam causadas por problemas fisiológicos, a extensão em que as crianças são afetadas frequentemente é decidida pelo ambiente no qual vivem. As condições em casa e na escola podem fazer a diferença entre uma leve deficiência e um problema verdadeiramente incapacitante. 4.1. Em casa: Um ambiente estimulante e encorajador produz estudantes adaptáveis e muito dispostos a aprender, mesmo entre crianças com problemas de aprendizagem. Além disso, estudos comprovam que esses ambientes não têm apenas impacto sobre a aprendizagem, mas também são estimulantes ao crescimento e desenvolvimento cerebrais. Existem evidências fisiológicas de que o cérebro humano responde ao exercício mental. Portanto, as crianças que possuem famílias envolvidas e incentivadoras tendem a ter atitudes positivas quanto à própria aprendizagem e quanto a si mesmas, buscam modos de contornar suas próprias limitações, mesmo quando elas são graves. Em contrapartida os alunos cujas famílias não conseguem oferecer-lhes os materiais escolares necessários, um horário previsível para a realização das tarefas em casa, um local tranquilo para o estudo e condições emocionais mínimas de afeto e estímulo geralmente apresentam deficiências na aprendizagem. 4.2. Na escola: Salas de aula abarrotadas, professores sobrecarregados ou pouco treinados e suprimentos inadequados de materiais e recursos pedagógicos, por si só, já podem comprometer a capacidade dos alunos para aprender. Imagine então se estas crianças forem portadoras de alguma dificuldade de aprendizagem... A verdade é que muitos alunos fracos são vítimas da incapacidade de suas escolas para ajustarem-se às diferenças individuais e culturais. Flexibilidade e adaptação curricular, além da formação continuada de seus profissionais são características que a escola de hoje precisa proporcionar aos seus alunos. 5. O Que Os Pais Podem Fazer? O primeiro ponto importante é que os pais não são impotentes diante das dificuldades de aprendizagem muito pelo contrário. Está comprovado que os estudantes mais propensos a ter sucesso são aqueles que têm pais informados e incentivadores. Este fator supera a qualidade do programa escolar ou a gravidade da própria deficiência. Cuidados familiares de qualidade permitem à criança crescer e tornar-se um cidadão feliz e independente, mesmo quando suas oportunidades educacionais são notavelmente fracas. Seguem algumas dicas valiosas:

4 - Observar o filho atentamente, em todas as etapas da sua vida (familiar e escolar). Dessa forma, qualquer alteração será mais facilmente percebida. - Estimular o convívio e a interação social do filho com outras crianças. A socialização colabora na prevenção/detecção de possíveis problemas de aprendizagem. - Manter sempre uma atitude estimuladora e acolhedora em relação ao filho, jamais julgadora. A criança precisa de segurança para conseguir estruturar a própria personalidade e superar os obstáculos que a vida lhe oferecerá. Se super-protegemos nossos filhos, não estaremos preparandoos para a realidade. - Manter estreita relação com a escola/instituição onde a criança estuda, através de visitas ao departamento pedagógico, conversas com a professora, reunião de entrega de avaliações. Nesses encontros, procurar colher o máximo de informações sobre o rendimento do filho. - Se houver a sinalização de qualquer dificuldade no desenvolvimento da aprendizagem da criança, procurar sem demora um atendimento especializado. Somente o especialista poderá efetuar o correto diagnóstico e orientar a família no processo de tratamento/acompanhamento do problema. 6. O Que A Escola Pode Fazer? A escola pode auxiliar muito no desenvolvimento das crianças com dificuldade de aprendizagem: - Manter no setor pedagógico profissionais com formação específica na área (psicopedagogo, psicomotricista, fonoaudiólogo) de modo a realizar uma prévia identificação das dificuldades de aprendizagem entre os alunos e, consequentemente, seu encaminhamento para tratamento especializado. - Flexibilizar as técnicas avaliativas de modo a contemplar todos os perfis de alunos: individual e em grupo, oral e escrita, trabalhos e testes, desenhos e cálculos. - Promover as corretas adaptações curriculares de forma que as crianças com dificuldades de aprendizagem possam também fazer parte da construção dos conhecimentos, respeitadas as suas singularidades. - Manter em sala de aula um ambiente acolhedor e estimulador da aprendizagem, com material didático adequado ao número de alunos, além de profissionais capacitados. - Oferecer estudos de formação continuada aos seus profissionais, de forma a mantê-los atualizados nas tendências pedagógicas e proporcionar a qualificação de seu quadro de recursos humanos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: PAIN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003. SMITH, Corinne & STRICK, Lisa. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. Um Guia Completo Para Pais e Educadores. Porto Alegre: Artmed, 2001.

ANEXOS: 5 Anexo 1: DISLEXIA Por Mariana Araguaia A dislexia é um transtorno genético e hereditário presente em aproximadamente 10% da população mundial, podendo também ser causada pela produção exacerbada de testosterona pela mãe, durante a gestação. Muitas vezes confundida com déficit de atenção, problemas psicológicos, ou mesmo preguiça; esse transtorno se caracteriza pela dificuldade do indivíduo em decodificar símbolos, ler, escrever, soletrar, compreender um texto, reconhecer fonemas, exercer tarefas relacionadas à coordenação motora; e pelo hábito de trocar, inverter, omitir ou acrescentar letras/palavras ao escrever. Indivíduos disléxicos possuem a área lateral-direita do cérebro mais desenvolvida que a de pessoas que não possuem esta síndrome, tendo geralmente, por tal motivo, mais facilidade em questões relacionadas à criatividade, solução de problemas, mecânica e esportes. Levando em consideração o despreparo que muitas instituições de ensino têm em relação às particularidades dos alunos - muitas vezes, inclusive, criando e reforçando estigmas esse comportamento é responsável por uma grande parcela das causas de evasão escolar. Além disso, muitos casos de suicídio e de violência juvenil têm sido associados aos portadores dessa síndrome; comportamentos estes muitas vezes relacionados às alterações emocionais decorrentes das suas dificuldades. O diagnóstico consiste na análise do paciente, geralmente por equipe multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, etc.), excluindo outras possíveis causas. Tal avaliação permite que o acompanhamento seja feito de forma mais eficaz, já que leva em consideração suas particularidades individuais. O tratamento embora não seja capaz de curar o paciente, o auxilia quanto às suas limitações, permitindo uma melhora progressiva, e evitando assim que sofra problemas sérios relacionados à autoestima e socialização. Anexo 2: DISLALIA Por Jussara de Barros A dislalia é um distúrbio da fala caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os ordenadamente. Os sintomas da dislalia consistem em omissão, substituição ou deformação dos fonemas. De modo geral, a palavra do dislálico é fluida, embora possa ser até ininteligível, podendo o desenvolvimento da linguagem ser normal ou levemente retardado. Não se observam transtornos no movimento dos músculos que intervêm na articulação e emissão da palavra. A pronúncia das vogais e dos ditongos costuma ser correta, bem como a habilidade para imitar sons. Diante do paciente dislálico costuma-se fazer uma pesquisa das condições físicas dos órgãos necessários à emissão das palavras, verifica-se a mobilidade destes órgãos, ou seja, do palato, lábios e língua, assim como a audição, tanto sua quantidade como sua qualidade auditiva. As dislalias constituem um grupo numeroso de perturbações orgânicas ou funcionais da palavra. No primeiro caso, resultam das malformações ou de alterações de inervação da língua, da abóbada palatina e de qualquer outro órgão da fonação, malformações congênitas, tais como o lábio leporino, ou como conseqüência de traumatismos dos órgãos fonadores. Por outro lado, certas dislalias são devidas a enfermidades do sistema nervoso central. Quando não se encontra nenhuma alteração física, ela passa a ser chamada Dislalia Funcional. Esses casos podem ocorrer por hereditariedade, imitação ou alterações emocionais. Nas crianças é comum a dislalia típica dos hiperativos. Também nos deficientes mentais se observa alguma dislalia, às vezes grave a ponto da linguagem ser acessível apenas ao grupo familiar.

6 Até os quatro anos, os erros na linguagem são normais. Depois dessa fase a criança pode ter problemas se continuar falando errado. A dislalia pode afetar também a escrita. Eis alguns exemplos: * Omissão: não pronuncia sons - "omei" = "tomei"; * Substituição: troca alguns sons por outros - "balata" = "barata"; * Acréscimo: introduz mais um som - "Atelântico" = "Atlântico". Anexo 3: DÉFICIT DE ATENÇÃO TDA Por Daniel Segenreich O Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), frequentemente acompanhado pela Hiperatividade (TDAH), é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). É o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos. Sintomas: O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas: 1) Desatenção 2) Hiperatividade-impulsividade Na infância esses sintomas geralmente se associam as dificuldades na escola e no relacionamento com as demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" ou com "bicho carpinteiro" ou ainda ligadas por um motor (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites. Causas: A) Hereditariedade B) Substâncias ingeridas na gravidez C) Sofrimento fetal D) Exposição a chumbo E) Alterações neurológicas