Continuação... Aposentadoria Especial O PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP) passa a existir em 01.01.2004 (Instrução Normativa 99/2003 do INSS). Quais eram os formulários utilizados pelos segurados para comprovação da efetiva exposição ao agente nocivo antes do PPP? Ao longo dos anos surgiram vários (abaixo tabela) O INSS criava um modelo e a empresa preenchia esse modelo com as informações que deveriam ser prestadas ao INSS sobre a exposição aos agentes nocivos. Hoje esse modelo é o PPP, mas antes tivemos outros formulários. No slide abaixo, a relação dos formulários que existiram ao longo do tempo.
O PPP nasce em 01.01.2004, mas pode tratar de situações ocorridas antes de seu nascimento, ele pode, por exemplo, trazer dados de 1980. Informações falsas no PPP podem gerar responsabilidade criminal daquele que assinou o documento (crime de falsidade ideológica) Os dados do PPP não são preenchidos aleatoriamente. Eles são preenchidos com os dados constantes no laudo ambiental. Na maioria dos casos, esse laudo ambiental é o LTCAT (Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho). Se a empresa não tem LTCAT ela pode se usar de outros laudos ambientais que tenham as informações técnicas necessárias ao preenchimento do PPP. Se tiver divergência entre o PPP e o LTCAT, vale o LTCAT (já que o PPP é feito com base nele). Se desconfio que o PPP está errado, no processo previdenciário, devo pedir a apresentação do LTCAT. Mas cuidado, porque se você não conhece o laudo, a informação dali pode ser até pior do que a que consta no PPP. Então busque ter acesso ao LTCAT antes. Pode pedir para a empresa apresentar e se ela se negar, pode entrar com ação trabalhista pedindo a exibição do laudo alegando que precisa fazer a retificação do PPP. A empresa pode ser multada em razão da apresentação do PPP com dados equivocados ou sua não apresentação (art. 68, 6º c/c art. 283, do Regulamento da Previdência Social (RPS Decreto 3.048/99). É possível o ingresso de reclamação trabalhista com pedido de exibição ou retificação do PPP. Essa ação é imprescritível, por ser meramente declaratória (não é aplicada a prescrição bienal). Antes do ingresso da reclamação trabalhista é necessário formalizar o pedido de exibição do PPP à empresa, documentando-o. Pergunta: A empresa fechou a 30 anos, como conseguir o PPP? Pode fazer algumas coisas: ver se o segurado ou algum colega dele de trabalho que exercia a mesma atividade ingressou com alguma ação trabalhista ou previdenciária, pois nos autos pode ter a apresentação desse documento ou eventualmente a realização de alguma perícia; se o sindicato tem algum documento; se o INSS tem algum laudo arquivado, porque algumas agências tem laudos arquivados de empresas que fecharam a um tempo. Professor orienta a procurar o INSS Central, pois talvez lá consiga
ter essa informação, ou ainda, pode ir na agência da previdência social mais próxima a empresa. Se nada disso for possível, e a questão for exposição ao agente nocivo e não o enquadramento por função, pode pleitear a perícia indireta (perícia em empresa similar onde a atividade esteja sendo executada). Se o juiz indeferir a perícia indireta, precisa fazer a alegação de cerceamento de defesa e depois preliminar no recurso, para tentar brigar pela perícia. Agentes Nocivos: Químicos Ex.: óleo, graxa, tiner, hidrocarbonetos aromáticos, produtos de limpeza, mercúrio, cloro, chumbo, benzeno, etc Físicos. Ex.: Ruído, calor, frio etc Biológicos. Ex.: Fungos, vírus, bactérias Perigosos Ex.: Inflamáveis, explosivos, eletricidade acima de 250 volts Psicológicos Doutrina da Prof. Adriana Bramante Ex. Estresse no trabalho. Ex.: Em Pindamonhangaba (Interior de SP), os servidores públicos municipais são celetistas, eles não têm regime próprio. O município emite PPP para seus professores com o seguinte fator de risco: Estresse. Apesar do fundamento jurídico, não existem ainda precedentes na jurisprudência incluindo o fator psicológico e o ergonômico como agente nocivo. Ergonômicos Doutrina da Prof. Adriana Bramante Ex.: Postura inadequada Ou ainda associação desses agentes Aposentadoria Especial Tempo de Exposição Atividade de Nocividade Máxima 15 anos Único caso: Trabalho na mineração subterrânea na frente de trabalho em exposição à agentes químicos, físicos e biológicos associados. A quem diga que o trabalho de mergulho em alta profundidade (agente: pressão atmosférica anormal) também enseja atividade especial em grau máximo. Não
há nada em legislação, doutrina ou jurisprudência nesse sentido. Professor entende que seria em grau mínimo (25 anos). Atividade de Nocividade Média 20 anos Duas possibilidades: 1) Trabalho na mineração subterrânea afastado da frente de trabalho em exposição a agentes químicos, físicos e biológicos associados. 2) Exposição a asbestos (amianto) Atividade de Nocividade Mínima 25 anos Todos os demais casos MP 1.729/98 de 03.12.1998, convertida na Lei 9.732/98 de 11.12.1998, por sua vez altera o p.1 do art. 58, da Lei 8.213/91. 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. Passou a mandar observar a legislação trabalhista, ou seja, nos leva as Normas Regulamentadoras MTE (NRs). Agentes Qualitativos e Agentes Quantitativos Para comprovação da atividade especial, temos agentes que serão qualitativos e agentes quantitativos.
Agentes Qualitativos: Temos agentes nocivos em que a nocividade é presumida, esses agentes nocivos são os constantes nos anexos 6, 13, 13-A e 14, da NR 15 e no Anexo IV, do Decreto 3.048/99. Não precisamos nos preocupar com a quantidade deles, o fato deles estarem presentes já enseja o direito a aposentadoria especial. Ex.: Ar comprimido e pressão atmosférica anormal (anexo 6, da NR15), agentes químicos (anexo 13, da NR15), benzeno (anexo 13-A, da NR15) e agentes biológicos (anexo14, da NR15). Agentes Quantitativos: Apenas são considerados como tempo especial caso ultrapassassem os limites de tolerância ou doses. Dispostos nos Anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12, da NR 15: Ruído (anexo 1), ruído de impacto (anexo 2), calor (anexo 3), radiações ionizantes (anexo 5), vibrações (anexo 8), agentes químicos quantitativos (anexo 11), poeiras minerais (anexo 12). Eletricidade Acima de 250 Volts Procedimento Interno do INSS A análise do tempo aventado como especial por categoria profissional (até 28.04.1995 Lei 9.032/95) quem faz é o servidor administrativo. Agora quando o requerimento é por exposição a agentes nocivos, quem faz essa análise é o médico perito do INSS (O documento preenchido será o Análise e Decisão Técnica de Atividade Especial - Anexo LII, da IN 77/2015). Art. 298, da IN INSS/PRES 77/2015 o Perito Médico poderá, sempre que julgar necessário, solicitar as demonstrações ambientais e outros documentos pertinentes à empresa responsável pelas informações, bem como inspecionar o ambiente de trabalho. O perito pode fazer essa solicitação diretamente para a empresa ou o médico pode ainda ir na empresa para inspecionar o ambiente de trabalho.
Permanência na exposição ao agente nocivo como pressuposto do reconhecimento do tempo como especial (?) A Lei 9.032/95 alterou o art. 57, p. 3 da LB para dizer que a exposição ao agente nocivo deve ser de modo permanente para o tempo ser reconhecido como especial. Primeiro Ponto: se é com a edição da Lei 9.032/95 que surge o pressuposto da permanência na exposição ao agente nocivo, o INSS não pode exigir que haja exposição permanente aos agentes nocivos para períodos trabalhados antes da lei 9.032/95 (princípio do tempus regit actum Art. 70, 1 o do Decreto 3.048/99). Súmula 49 da TNU: Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29.04.1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de forma permanente. Precedente do STJ: REsp 658.016/SC Mas e para os períodos posteriores? Art. 65 do Decreto 3.048/99. Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. Ex.: Quando o técnico vai mexer no poste para consertar a luz, ele consegue fazer isso sem se expor ao agente eletricidade acima de 250 Volts? Não! O técnico sob no poste, trabalha e depois se encaminha para atender outro chamado. Se ele não consegue afastar o agente, esse agente é indissociável da prestação do serviço. A exposição então é permanente, ele não precisa ficar as 8h de trabalho pendurado no poste (mas é isso que o INSS muitas vezes alega). Mas se para realizar o trabalho ele necessariamente precisa estar exposto, a exposição é permanente. A TNU diz que não precisa estar exposto durante toda a jornada de trabalho. A Resolução 21/2014 do CRPS vai no mesmo sentido. DICAS: O fato de a empresa pagar adicional de periculosidade ou insalubridade é um indicio que a atividade é especial, mas não há uma relação direta. Não posso entender que existe atividade especial pelo simples fato desse pagamento do adicional.
Os formulários antigos tinham um campo específico para a empresa responder se a exposição aos agentes nocivos eram permanentes ou não, o PPP não possui esse campo. Isso faz que pensemos que a permanência está implícita no PPP. Se o PPP diz que o EPI foi fornecido ao segurado e que o uso era contínuo, é evidente que ele estava exposto ao agente nocivo também de forma contínua. O Descanso Semanal Remunerado (DSR) é calculado como tempo de atividade especial? A mulher ou homem saem em salário maternidade, esse período será calculado como especial? E se o segurado sair em licença médica? Os períodos de DSR, férias, salário maternidade e de gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez acidentários devem ser computados como especiais (quando exercerem atividade especial antes do afastamento). Fundamento: Art. 65, p. único do Decreto 3.048/99 e art. 291 da IN77/2015 O Art. 29, p. 5 da Lei de Benefícios diz: O período de recebimento de benefício por incapacidade deve ser contado e não fala para os fins. Quem limita para os acidentários é o Decreto e a IN, mas não cabe a eles limitar quando a lei não limita. Essa questão vem sendo discutida judicialmente, vejamos: A TNU afetou o Processo nº 501275525.2015.4.04.7201 como representativo de controvérsia. Todos os processos discutindo essa questão estão sobrestados aguardando decisão. O STJ afetou dois processos como repetitivo (Tema 998, REsp`s repetitivos 1.759.098/RS e 1.723.181/RS), os processos aqui não foram sobrestados. O TRF4 já decidiu a questão e julgou favorável ao computo desse tempo como especial (Processo 5017896-60.2016.4.04.0000). Perceba que caso prevaleça o entendimento desse tempo como especial, poderão ser feitas revisões nos benefícios concedidos com tempo comum para aumentar os tempos convertidos em comuns, o que pode gerar inclusive a exclusão do fator previdenciário.