Iníqua obrigatoriedade de adoção do clube-empresa para ingresso no programa Timemania.



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Transcrição:

Iníqua obrigatoriedade de adoção do clube-empresa para ingresso no programa Timemania. Nada justifica um homem que dá seu apoio à lei a qual crê iníqua. Benjamin Constant 1887. Piraci Oliveira 1 1 - Introdução Desde os primeiros estudos realizados pela comissão nomeada pelo Ministro do Esporte para sanear os passivos fiscais, os clubes debatem-se quanto às efetivas conseqüências da adoção do programa Timemania, se atrelada à transformação dos departamentos de futebol em sociedades empresariais (adoção que estipulou-se chamar de clube-empresa ). Este estudo tem a intenção de analisar as conseqüências tributárias dessa obrigatoriedade. 2 - Expectativa de receitas geradas pelo Timemania Nos estudos preparados pelo Ministério do Esporte e apresentados em audiências públicas ocorridas no início de 2005, dá-se por certo que o programa arrecadará 500 2 milhões de reais ao ano. 1 Advogado, contabilista, mestrando em Direito Constitucional. Especialista em Direito Internacional Privado (Haia-Holanda); MBA em Direito Empresarial FVG/Universidade da Califórnia. Membro da Comissão de Estudos Jurídico-Legislativos do Clube dos 13. Advogado do Sindafebol. Autor de Clubes de Futebol no Brasil Reflexos Fiscais. São Paulo: MAUAD, 2004. 2 Esse valor foi apresentado no Anexo III do Projeto de Saneamento apresentado pelo Ministério do Esporte em 31.03.05.

A despeito de não conhecermos estudos que embasassem essa previsão, parece-nos que se encontra superdimensionada. Desafortunadamente, não há outra forma de se avaliar o verdadeiro potencial de arrecadação, senão com o início da operação. Sendo assim, deixaremos essa questão ad latere. 3 - Divisão dos valores arrecadados e os pagamentos mensais Do total arrecadado, 25% (vinte e cinco por cento) 3 serão destinados aos clubes cedentes dos escudos. Dessa quarta parte, 65% serão canalizados às agremiações componentes da Série A do campeonato brasileiro de futebol. Fácil concluir, portanto, que a cada clube da divisão especial seriam destinados anualmente R$ 3.693.000,00 4, sempre se ressalvando como verdadeira a expectativa de receita apresentada pelo Ministério do Esporte. Assim, mensalmente será creditado na conta de cada agremiação o valor de R$ 307.750,00 5, o que nos possibilita concluir que os débitos até 55 milhões 6 não necessitarão de aportes mensais dos clubes, desde que aprovada a condição de parcelamento em 180 meses. 4 - Da Obrigatoriedade de adoção do clube-empresa. Aparentemente, o grande empecilho para a aprovação do programa Timemania no Congresso Nacional, reside na inserção da obrigatoriedade (não incluída nos textos originais) de transformação das associações 3 Conforme artigo 2 o. do Projeto de Lei datado de 29 de junho de 2005 4 Valor atingido pela multiplicação de 25% sobre 500 milhões; tomados 65% deste produto e, por fim, a divisão desse saldo por cada um dos 22 clubes componentes da Série A. 5 Divisão simples do montante anual por 12 (meses). 6 Produto do valor mensal destinado a cada clube, multiplicado pelo prazo máximo de parcelamento 180 meses.

beneficiadas pelo programa, em sociedades, ou seja, na adoção do clubeempresa. Eventual compulsoriedade de transformação das agremiações desportivas (a princípio, imunes de tributos) em entidades empresariais (oneradas por todas as exações), fará com que o benefício nascido do rateio dos valores da loteria seja integralmente consumido pelo incremento de custos. Senão vejamos. 5 - Do aumento de custos com a transformação em clubeempresa Os grandes clubes brasileiros 7 faturam, em média, 30 8 milhões de reais ao ano, sendo certo que o custo tributário atual é de aproximadamente 4,8% do faturamento. Como forma ilustrativa, a média de faturamento dos quatro grandes clubes do estado de São Paulo em 2004, atingiu 68,5 milhões. 9 A adoção compulsória do clube-empresa fará com que a atual forma de apuração beneficiada do INSS (5% incidente sobre a receita operacional) seja alterada para a forma ordinária de apuração, ou seja, 27,2% 10 sobre a folha de pagamento o que significará, per si, considerável incremento de ônus previdenciários. 7 Tomados, como forma de melhor analisar esse cálculo, os formadores originais do Clube dos 13. 8 Valor estimado tomando-se a média dos Grandes Clubes. Apenas como exemplo, em 2004, segundo consta nos respectivos balanços, o São Paulo Futebol Clube faturou 82 milhões; o Santos Futebol Clube atingiu 69 milhões; O Sport Clube Corinthians Paulista contabilizou 46 milhões e a Sociedade Esportiva Palmeiras 77 milhões, o que significa afirmar que nesses clubes os efeitos tributários seriam ainda mais perversos do que na média global. 9 Ver nota anterior. Cálculo simples = (82+69+46+77)/4 = 68,5. 10 Alíquota média das empresas prestadoras de serviços

Em geral, os custos com folha de pagamento atingem 35% 11 da receita operacional das agremiações. Sendo assim, 27,2% desse montante são equivalentes a 9,52% da receita. Repise-se, apenas com os custos previdenciários diretos sobre a folha de salários o custo da adoção do clube-empresa seria de quase o dobro do que hoje existe. 12 Entretanto, por incrível que pareça, o mais sensível dos efeitos se operará nos tributos que incidem sobre a receita bruta. Atualmente, como já dito, os clubes gozam de imunidade fiscal. Com a adoção do modelo empresarial, nascerá, inexoravelmente, a obrigação do pagamento de PIS; Cofins; IRPJ; CSSL e ISS. 13 As contribuições ao PIS e Cofins representarão aproximadamente 7% 14 do total das receitas. Considera-se, nesse estudo, a forma cumulativa com a possibilidade de abatimento de parcela dos custos, a teor do que disciplina a Lei 10.833/03. Por fim, estima-se que ISSQN 15, IRPJ 16 consumam algo próximo a 3,5 % 17 das receitas. e Contribuição Social 11 Média encontrada pela análise dos balanços dos clubes da série A, publicados em 2005. 12 9,52% para 4,8%. 13 Para estudo mais aprofundado confira-se: OLIVEIRA Piraci, Clubes Brasileiros de Futebol Reflexos Fiscais São Paulo: Ed. Mauad 2004. 14 A alíquota global de PIS (1,65%) e COFINS (7,6%) são de 9,25%. No sistema de nãocumulatividade há a possibilidade de abatimento de custos sendo vetada, entretanto, a redução da folha de pagamento, justamente o maior desembolso das entidades desportivas. Tomando-se por base os balanços dos clubes da série A publicados em 2005, podemos afirmar que a alíquota efetiva (já considerando os abatimentos) será próxima a 7%. 15 Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de âmbito municipal, cuja alíquota é de 5% e a base de cálculo a receita de bilheterias e demais serviços. 16 Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, cuja alíquota é de 15%, com adicional de 10% para a base de cálculo superior a 240 mil reais/ano. 17 Novamente, a base da pesquisa fundou-se nos balanços publicados em 2005.

Descontando-se o custo atual médio de 4,8% que atualmente existe, atingimos um incremento de ônus fiscal igual a 15,22% 18 da receita. Utilizando-nos de simples cálculo aritmético, podemos afirmar que esse incremento tributário acarretará na elevação de custo próximo a R$ 4.566.000,00. 19 Como a receita prevista para a loteria é de R$ 3.693.000,00, fácil a conclusão de que haverá um déficit anual corrente de R$ 873.000,00 20, o que demonstra a iniqüidade da obrigação de mudança do regime societário, razão pela qual, já como dizia Benjamin Constant no início do séc. XIX, não podemos apoiá-la. 6 - Conclusão Por conclusão, temos que: 1. Os cálculos apresentados pelo Ministério do Esporte indicam um faturamento de 500 milhões ao ano, sendo certo que não há qualquer garantia desse valor ser atingido; 2. Essa previsão indica que cada clube da Série A receberá anualmente R$ R$ 3.693.000,00; 3. Não há previsão de obrigatoriedade de transformação dos clubes em empresas, mas há estudos para sua inserção; 4. Se a inserção no Timemania condicionar a adoção do clubeempresa haverá aumento de custos próximos a R$ 4.566.000,00, se considerarmos um faturamento médio de 30 milhões ao ano; 18 [{9,52+7+3.5}-{4,8}]=15,22 19 15,22% x 30 milhões (receita média dos clubes) 20 Total da Receita Prevista = R$ 3.693.000,00, subtraído do custo tributário da adoção do clube-empresa = R$ 4.566.000,00.

5. Os benefícios do rateio de receitas serão inferiores ao incremento dos custos em aproximadamente R$ 873.000,00, na melhor das hipóteses. * * *