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MÓDULO I MÓDULO II MÓDULO III

Transcrição:

Turma e Ano: Turma Regular Master A Matéria / Aula: Direito Civil Aula 10 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitora: Fernanda Manso de Carvalho Silva FATOS JURÍDICOS Conceito: Fato jurídico é qualquer fato que cria, modifica ou extingue um direito. Se for causado pela natureza, estaremos diante de um fato jurídico natural. Se for causado pelo ser humano, será um fato jurídico humano. Fato natural: Ordinário: Aquele que é previsível. Ex: maioridade; morte. Extraordinário: Aquele que é imprevisível. Ex: enchente que enseja perda total de um bem sem culpa do devedor. Teoria da Acessão (ou Teoria da Principalidade do Solo) Vai se estabelecer uma presunção de que qualquer construção ou plantação realizada em um terreno foi feita pelo proprietário do solo. Essa presunção é relativa. Admite prova em contrário. Vejamos o artigo 1253 do CC: Fato humano: Ato Ilícito (1) Ato fato Jurídico (2) Ato Jurídico (3) Negócio Jurídico (4) (1) Ato Ilícito Artigos 186 a 188 do Código Civil. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 1

II a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. O ato ilícito é a fonte da responsabilidade civil extracontratual. A fonte da responsabilidade civil contratual, por sua vez, é o inadimplemento. (2) Ato fato Jurídico Trata se de um fato jurídico humano que produz efeitos independentemente da vontade do ser humano. Ex: possuidor a ocupação gera a aquisição originária da posse. Não é necessário, por exemplo, ser maior e capaz para ter posse. Isso não depende da vontade. (3) Ato Jurídico Artigo 185 do Código Civil. Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicamse, no que couber, as disposições do Título anterior. Ato jurídico é o fato jurídico humano cujos efeitos estão previstos em lei. Ex: emancipação (antecipação da capacidade civil plena do menor); pagamento (extinção da obrigação). (4) Negócio Jurídico Trata se do fato jurídico humano cujos efeitos decorrem da vontade das partes. OBS: Discute se se o casamento é ato ou negócio jurídico. Alguns dizem que é ato, pois seus efeitos estão previstos em lei (corrente majoritária). Outros dizem que é negócio, eis que as partes podem convencionar alguns pontos dessa relação jurídica, como por exemplo, o regime de bens. Classificação do Negócio Jurídico: Negócio Jurídico Unilateral: É aquele que se aperfeiçoa pela manifestação de apenas uma vontade. Ex: testamento (vontade única e exclusiva do testador) e promessa de recompensa. O Código Civil trata do tema entre os artigos 854 a 878. Negócio Jurídico Bilateral: É aquele que se aperfeiçoa com o encontro de, pelo menos, duas vontades. Ex: contrato. OBS: Tanto o contrato unilateral como o bilateral são negócios jurídicos bilaterais. Contrato Unilateral: gera obrigações para apenas uma das partes. Ex: doação (o doador tem obrigações e ao donatário compete apenas a aceitação). Contrato Bilateral: gera obrigações para ambas as partes. A doação, para estar perfeita, precisa da aceitação do donatário. Quais são as hipóteses de dispensa de aceitação do donatário? R: doação em favor de absolutamente incapaz, desde que ela seja pura (sem a presença de 2

qualquer dos elementos acidentais do negócio jurídico condição, termo e encargo) e doação em favor de casamento futuro (presença de casamento). Vide artigos 543 e 546 do Código Civil. Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa se a aceitação, desde que se trate de doação pura. Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar. Cuidado! Não é hipótese de dispensa de aceitação a do art. 542 do CC. A doação feita em favor de nascituro depende da aceitação do representante legal (trata se de negócio jurídico condicional). Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. Formas de interpretação do negócio jurídico: Há duas teorias. I) Teoria da Vontade (art. 112 do CC) Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Interpreta se o negócio jurídico levando se em consideração a vontade das partes e não efetivamente o que está escrito. Aplica se a teoria da vontade apenas para negócios onerosos (aqueles que geram vantagem para ambas as partes). Ex: compra e venda. II) Teoria da Declaração (art. 114 do CC) Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam se estritamente. A interpretação dos negócios jurídicos deve ser literal. Aplica se no caso dos negócios jurídicos gratuitos. Ex: doação. Seja qual for a teoria, aplica se o art. 113 do CC na interpretação de todo e qualquer negócio jurídico. Ele traz a boa fé hermenêutica / interpretativa. Trata se de uma acepção da boa fé objetiva. Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa fé e os usos do lugar de sua celebração. OBS1: Reserva mental: É uma contradição existente entre a vontade manifestada e a vontade real (aquilo que efetivamente se quer). A pessoa diz A e quer B. A reserva mental será admitida ou não a depender se o destinatário da vontade a conhecia ou não. Ex: promessa de recompensa: alguém diz que dará R$ 2 mil para quem encontrar um objeto seu, mas comento com uma pessoa que na verdade não dará nada. Se ela achar o objeto, não fará jus à remuneração. Se outra pessoa achar, fará jus à recompensa. 3

OBS2: Silêncio: No Código Civil, o silêncio corresponde a sim ou não? O CC/16 dizia quem cala, consente. Logo, correspondia a um sim. No CC/02, devemos verificar o art. 111. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. O silêncio tanto pode ser sim como pode ser não. Depende do caso concreto. Ex.1: Assunção de dívida do devedor por terceiro. O credor é notificado e fica em silêncio. De acordo com o art. 299, parágrafo único, do CC, o silêncio significa recusa. Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando se o seu silêncio como recusa. Ex. 2: A alienação de um imóvel hipotecado pode ser considerada uma assunção de dívida pelo terceiro que compra o imóvel, desde que o credor seja notificado e consinta. Se o credor notificado fica em silêncio, entendese que houve anuência (art. 303 do Código Civil). Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender se á dado o assentimento. Formas de preservação do negócio jurídico: O CC/02, ao contrário do CC/16, nos deu um sistema de preservação dos negócios jurídicos. Ele sempre tenta manter, preservar, fazer com que o negócio jurídico vá até o fim. Temos três pilares/institutos que demonstram que o legislador quis preservar esses negócios: I) Conversão Substancial (art. 170 do CC) Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Ex: Uma compra e venda de um bem imóvel de R$ 1.000.000,00 não pode ser celebrada por instrumento particular (art. 108 do CC c/c art. 166, IV do CC), mas uma promessa de compra e venda pode (art. 462 do CC). Então, se a compra e venda for nula, entender se á que é uma promessa de compra e venda. Não é que o legislador tenha autorizado que se pegue um contrato nulo e o torne válido. Isso não pode acontecer. O legislador autoriza que se considere uma coisa como sendo outra. II) Ratificação ou Confirmação (art. 172 do CC) Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. 4

Quando um negócio é anulável, ele viola apenas interesses particulares, e não questões de ordem pública. As partes, portanto, podem sanar o vício através da ratificação ou confirmação. Esse instituto pode se dar de forma expressa ou tácita (arts. 172 a 175 do CC). Ocorre a revogação tácita quando um negócio anulável é cumprido voluntariamente. Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê lo. Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor. III) Redução (art. 184 do CC) Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. A redução envolve duas situações: Há um negócio jurídico do qual apenas uma cláusula é nula. Então, anula se apenas aquela cláusula, preservando se o resto do negócio. Quando há contratos coligados, se o contrato acessório é nulo, o principal é preservado (ex:fiança e locação). Se ocorrer a nulidade do principal, isso irá repercutir no acessório. Elementos do negócio jurídico: Existem dois tipos de elementos do negócio jurídico: os essenciais e os acidentais. Essenciais são aqueles que devem estar presentes em todo e qualquer negócio jurídico. São eles: partes, objeto, consentimento e forma. Acidentais só vão estar presentes nos negócios quando as partes convencionarem. Os elementos acidentais são a condição, o termo e o encargo. Planos do negócio jurídico: Os planos do negócio jurídico são a existência, a validade e a eficácia. O negócio jurídico existe quando estão presentes os seus elementos essenciais, independentemente de estarem ou não em conformidade com as exigências da lei. Analisa se a presença de partes, objeto, consentimento e forma. Exs: compra e venda realizada por menor de 11 anos; compra e venda de drogas. O negócio jurídico é válido quando estão presentes os elementos essenciais e todos eles estão de acordo com as exigências da lei (art. 104 do CC). Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I agente capaz; II objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III forma prescrita ou não defesa em lei. 5

Partes devem ser capazes e legítimas; Objeto tem que ser lícito, possível e determinado/determinável; Consentimento deve ser livre ; Forma deve ser prescrita ou não defesa em lei. Condição, termo e encargo atuam no plano da eficácia do negócio jurídico. Se não estiver presente um dos elementos acidentais, o negócio jurídico válido será ineficaz. Então, a condição, o termo e o encargo, no caso em que as partes tenham previsto a existência dos elementos acidentais, atuam no plano da eficácia do negócio jurídico. O problema está no plano da validade. É nesse plano que analisaremos a existência de vícios nos elementos essenciais do negócio. O nosso legislador nos deu uma gradação de vícios: alguns são de maior gravidade e outros de menor gravidade. Os vícios de maior gravidade violam normas de ordem pública; os de menor gravidade violam interesses particulares. O termômetro que o legislador nos deu para tanto é a teoria das nulidades. Não basta dizer que um negócio jurídico é inválido; deveremos observar se esta nulidade o torna nulo ou anulável. Negócio jurídico nulo: nulidade absoluta (arts. 166 e 167 do Código Civil) Negócio jurídico anulável: nulidade relativa (art. 171 do Código Civil) 6