ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESCOLAS 1



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ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESCOLAS 1 Adriana Naves Resende Ribeiro 2 Resumo: O artigo relata sobre a atuação fonoaudiológica na escola normal e especial, delineando de sua realidade na escola. A fonoaudiologia é uma ciência que estuda a comunicação humana, sendo os distúrbios de comunicação uma das causas das dificuldades escolares; o fonoaudiólogo se insere no contexto escolar fornecendo aos professores conhecimentos necessários para o melhor desempenho comunicativo das crianças. Palavras-chave: Fonoaudiologia, escola, pedagogia Abstract: The article report the audiologic performance in regular and special schools, molding their reality. The phonoaudiology is a science that studies human comunication being commnication one of the education difficulties; the audiologist inserted in the education context giving to the teacheres the necessary hnoubledge for a better commnicative performace of children. Key words: Phonoaudiology, school, education Histórico da fonoaudiologia escolar no Brasil A fonoaudiologia é o estudo integrado da linguagem humana e audição que leva a transmissão de conhecimentos através da expressão oral e escrita; sendo o fonoaudiólogo um profissional da comunicação humana, pois trabalha com crianças que apresentam distúrbios articulatórios, desvios fonológicos, dificuldade de aprendizagem, deficiência auditiva, disfonias, problemas que afetam a linguagem, alteração da musculatura oral. Verifica-se desta forma a necessidade de atuação fonoaudiológica quando a comunicação não se realiza de maneira eficaz. De acordo com a literatura o surgimento da fonoaudiologia no Brasil mostra-se pareado com a área educacional. A primeira atuação fonoaudiológica em nosso país não se diferencia da educação especial e desde os primeiros trabalhos pensando na reabilitação; pois nos tempos do Império foi criado o Colégio Nacional no Rio de Janeiro em 1855 que tinha como propósito o ensino direcionado aos deficientes auditivos. Em São Paulo na década de 20 teve início a prática fonoaudiológica. Nessa época os profissionais que atuavam na equivalência dos fonoaudiólogos de hoje tinham sua formação com uma forte ligação ao magistério, daí marcando seu laço com a área da educação. As 1 Relato baseado através do levantamento bibliográfico na literatura especializada e experiências práticas da Fonoaudióloga escritora do artigo, que trabalha em uma escolas especiais. 2 Aluna do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia (FUCAMP)

primeiras práticas desses profissionais estavam ligadas a correções de vícios e defeitos de linguagem, ocasionadas por sotaques estrangeiros. Na década de 60 foram institucionalizados os primeiros cursos de fonoaudiologia, isto em decorrência da característica terapêutica que os profissionais de educação estavam apresentando por causa da influência médica na orientação desses profissionais. O Ginásio Experimental Dr. Edmundo de Carvalho (SP) foi palco de alguns experimentos da área fonoaudiológica no final dos anos 60 e ainda como local para os estagiários do curso de Fonoaudiologia da escola paulista de medicina na década de 70, onde fica definitivamente evidenciado o interesse do fonoaudiólogo pela área educacional. Nos anos 80 finalmente foi regulamentada no Brasil a profissão de fonoaudiólogo e com isso a escola se tornou um espaço de atuação legalmente definido. As primeiras atuações do fonoaudiólogo na escola eram caracterizadas por práticas com base nos modelos clínicos, e por isso, foram muito criticadas por outros profissionais. Hoje a prática do fonoaudiólogo na escola é voltada para a prevenção e tem sido bastante diversificado. Em algumas situações o profissional atua diretamente numa unidade escolar, seja ela pública, privada, filantrópica ou de qualquer outra natureza. A atuação do fonoaudiólogo em escola comum na equipe O fonoaudiólogo deve procurar identificar a natureza dos distúrbios apontados pelos profissionais da escola e promover uma reflexão 3. Para isto é preciso estabelecer um vínculo, uma parceria com estes profissionais discutindo e avaliando, com a comunidade escolar suas reais necessidades. De acordo com o parecer do Conselho Regional de Fonoaudiologia de 1994 número 3 portaria número 1.266 4 indica diferentes serviços que o fonoaudiólogo poderá prestar neste espaço: triagens, orientação a pais e/ou professores, participação no planejamento escolar e atuação preventiva. A equipe escolar é normalmente constituída por: professores, orientadores pedagógicos, orientadores educacionais e psicólogos. O fonoaudiólogo vai atuar nesta equipe como assessor e consultor. Como assessor tem a função de transmitir os conhecimentos específicos de sua área aos demais profissionais através de: programas de treinamento, 3 CAVALHEIRO, M.T.P. et al. Discutindo a Fonoaudiologia na Escola. In: FERREIRA,L.P. (org). O Fonoaudiólogo e a Escola. São Paulo: Summus,1991. p. 21-29. 4 CRF. CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA. Dispõe sobre a atuação do Fonoaudiólogo em Escolas e dá Outras Providências. Jornal do CRF. N.3: set/out.1999.

leituras, pequenos cursos ou palestras que podem abranger noções gerais do processo de aquisição de linguagem, visão geral dos problemas de linguagem que podem ocorrer em crianças na fase pré-escolar e escolar, relacionar os distúrbios da comunicação oral com as dificuldades de aprendizagem; ainda participa na elaboração dos planejamentos, trabalho este realizado juntamente com o orientador pedagógico. O fonoaudiólogo atua dando aos professores, sugestões técnicas que ajudem a preparar as crianças para a alfabetização, prevenindo problemas futuros. A participação no planejamento escolar é tarefa essencialmente pedagógica. No entanto, nossa formação profissional nos permite contribuir com sugestões que contribua para a melhoria do desempenho escolar das crianças 5. Na educação pré - escolar voltada a crianças até 6 anos é fundamental que o professor tenha orientação quanto ao desenvolvimento de linguagem da criança e formas de propiciar seu melhor desenvolvimento. Os professores devem ser orientados pelos fonoaudiólogos a realizar exercícios que propiciem o desenvolvimento da audibilização, motricidade oral, fala e linguagem. Estas atividades devem ter um caráter lúdico e serem estimulantes para as crianças. É importante que o educador saiba sobre o desenvolvimento da fala, linguagem e audição para que estabeleça uma relação entre estes aspectos e ainda com a alimentação e respiração; devem ser alertados para as conseqüências dos hábitos bucais inadequados. É nesta etapa que as intervenções no desenvolvimento da comunicação podem ter resultados mais produtivos. A assessoria, se dá junto com a orientação pedagógica para se escolher métodos e técnicas de alfabetização que se adaptem ao grupo de crianças com o qual a professora irá trabalhar. A escolha do método e das técnicas devem ser baseadas nas condições que as crianças apresentam. Como consultor, o fonoaudiólogo fica responsável por esclarecer os profissionais, à medida que surjam problemas relativos a sua área. A fonoaudiologia se insere, também, no contexto que questiona e estuda as dificuldades de leitura e escrita ou aprendizagem, já no primeiro grau. A atuação neste nível deve enfatizar o acompanhamento do processo formal da aquisição da língua escrita, esclarecendo aos professores sobre alguns pontos relevantes. As ações neste nível deve priorizar: a reflexão sobre as questões ligadas à leitura e escrita, valorização das diferentes experiências das crianças, valorização do conteúdo e da criatividade, valorização de 5 CAVALHEIRO, M.T.P. et al. Discutindo a Fonoaudiologia na Escola. In: FERREIRA,L.P. (org). O Fonoaudiólogo e a Escola. São Paulo: Summus,1991. p. 21-29.

atividades que estimulem a linguagem oral, dentre outras. Pois, o trabalho com elaboração de textos após a leitura de livros favorece o enriquecimento das produções de texto das crianças 6. O fonoaudiólogo realiza também triagens (estas se constituem por uma bateria de testes rápidos, elaborados pelo Fonoaudiólogo, através dos quais observa-se a linguagem oral e/ou escrita da criança). Nesta área atua quase que individualmente, pois deve identificar as características gerais de determinada população para direcionar um plano de trabalho e/ou encaminhar alguns destes alunos a outros profissionais 7. É no nível pré-escolar que as intervenções no desenvolvimento da comunicação podem ter resultados mais produtivos. Neste nível de escolaridade a participação do fonouadiólogo é de fundamental importância, em função das rápidas e significativas transformações que ocorrem em vários aspectos do desenvolvimento da criança. Muitos trabalhos podem ser abordados neste nível como: Promover a discussão sobre o desenvolvimento da fala, linguagem, e audição, exemplificando-se as noções teóricas com situações concretas de cada local; Estabelecer as relações entre fala, alimentação e respiração e orientar atitudes e procedimentos que possam favorecer o equilíbrio entre essas funções; Orientar e assessorar a realização de trabalhos lúdicos para o desenvolvimento adequado da motricidade oral; Incentivar a prática e atividades, em sala de aula, que favoreçam a comunicação; Alertar para as conseqüências dos hábitos bucais inadequados, sugerindo soluções para prevenir e minimizar o problema; Enfatizar a importância da pré-escola no processo de alfabetização indicando alternativas como: ler estórias, estimular a escrita do nome, de rótulos e outros objetos que tenham significado na vida da criança, valorizar mais a iniciativa e a busca do que a forma ( ortografia, letra). Com relação ao nível escolar tem-se como objetivo, nesta etapa, detectar problemas ou dificuldades na área da comunicação escrita. Crianças serão observadas a fim de se levantarem as falhas e suas causas para, então, serem encaminhadas a um posterior atendimento clínico. É importante levar a criança a compreender a relação entre o uso da 6 SACALOSKI, M et al. Desenvolvimento Normal da Leitura e da Escrita. In: Sacaloski, M et al (org). Fonoaudiologia na escola. São Paulo: Lovise, 2000. Cap 4. p. 47-65. 7 PACHECO,E.C.F; CARAÇA,E.B. Fonoaudiologia Escolar. In: Temas de Fonoaudiologia. 6 ed. São Paulo: Loyola, 1996. p. 201-209.

linguagem falada e a escrita para aprender a ler e escrever a criança sobrepõe o código lingüístico, da linguagem falada, ao novo código visual simbólico da escrita 8 Nesta fase há grande heterogeneidade entre as crianças tanto do ponto de vista sócioeconômico-cultural quanto em relação às experiências anteriores com a linguagem escrita. Se estas diferenças não forem consideradas pode-se concluir precipitadamente que muitas crianças apresentam distúrbios de aprendizagem ou de comunicação. O trabalho com educadores se faz através de pequenos grupos em reuniões periódicas onde são esclarecidos as dificuldades e oferecidos novos conhecimentos aos educadores. O trabalho em pequenos grupos, deve ser formados a partir de interesses comuns dos professores, isto tem permitido melhor aproveitamento aos conteúdos abordados. As reuniões devem ocorrer periódica e sistematicamente e, nestas condições, o profissional da escola sente-se à vontade para apresentar as suas dúvidas e expor os problemas mais comuns que afetam o grupo de crianças com que lida. É preciso prever atendimentos individuais, ocasionais, na medida em que os profissionais sintam necessidade de discutir situações específicas. O trabalho com os pais deve contemplar o atendimento individual, nas situações em que houver necessidades de orientações e encaminhamentos específicos, através de palestras ou reuniões onde se abordem temas relacionados à aquisição da linguagem e sua evolução e aspectos que possam interferir no processo de comunicação. A orientação deve ser feita individualmente ou em pequenos grupos; podem ser realizadas por faixa etária, série, grau de escolaridade ou qualquer outro critério. Fonoaudiologia, Magistério e Pedagogia A fonoaudiologia começa a ser considerada importante no magistério e em cursos de pedagogia, tanto para os docentes como para os alunos. Visto que nos últimos anos, a fonoaudiologia tem recebido diversas solicitações para atuar junto ao magistério, para ministrar palestras, participar em seminários, semanas de estudo, oficinas ligadas à fonoaudiologia. 8 MORAES, Z.R. Distúrbios de Aprendizagem. In: GOLDELD, M. Fundamentos em Fonoaudiologia Linguagem. Rio de Janeiro: Guanabara kooogan,1998. Cap. 4. p. 39-51.

Os professores demonstraram a necessidade e o interesse da atuação do Fonoaudiólogo na escola, bem como requisitaram informações sobre os distúrbios da comunicação. Este posicionamento reforça a importância de estarmos discutindo e delineando a atuação do fonoaudiólogo na escola 9. Sabe-se, que hoje o professor é um profissional da voz e esta sujeito a alterações vocais e também estão inseridos num ambiente ruidoso estando propensos a desenvolverem problemas auditivos em toda a comunidade escolar. O Fonoaudiólogo poderá ministrar palestras nas áreas de voz, audição, linguagem, fala; que são assuntos de interesse da equipe escolar para melhorar ou prevenir dificuldades ou alterações futuras. Atuação fonoaudiológica em escolas especiais O trabalho em escolas especiais abrange atendimento a crianças deficientes auditivas, deficientes mentais, paralíticos cerebrais, à crianças com alterações de linguagem, etc. Nas escolas especiais a presença deste especialista é praticamente obrigatória pelo grande índice de problemas relacionados a comunicação. O Fonoaudiólogo deve dar ênfase a palestras e orientações ligadas às dificuldades especiais que a escola atende. O planejamento é elaborado de acordo com as dificuldades que as crianças apresentam, não tem apenas o caráter profilático mas terapêutico também. O atendimento nestas escolas pode ser realizado de duas formas: individualmente ou em pequenos grupos, estes devem ser o mais homogêneo possível. Considerações Finais No início desta árdua tarefa de inserção do Fonoaudiólogo na escola, houve em alguns lugares certa resistência por parte dos profissionais da escola. Provavelmente por não conhecer o trabalho deste profissional e também por os Fonoaudiólogos não se envolverem com o processo educacional diretamente. Hoje o Fonoaudiólogo é muito solicitado na área educacional mas há muito o que fazer e conhecer, a escola é um espaço importante de atuação, pois atende grande parte da população. 9 PRUDENTE, S.C. A Atuação do Fonoaudiólogo em Escola Inclusiva sob o Olhar do Professor. Revista do III Encontro Internacional de Fonoaudiologia da Cidade de Goiânia. Goiânia G, 15/06 a 17/06 de 2000.

Através da prevenção das doenças da comunicação, acredita-se que o ser humano possa expressar interpretar, falar melhor, contribuir e transformar o meio em que vive. Que a saúde fonoaudiológica possa ter sua promoção na escola. Referências Dispõe sobre a atuação do fonoaudiólogo em escolas e dá outras providências. Jornal do Conselho Regional de Fonoaudiologia. set/out. 1999. N.3. CAVALHEIRO, M.T.P. et al. Discutindo a Fonoaudiologia na Escola: O Fonoaudiólogo e a Escola. São Paulo: Summus,1991. p. 21-29. FERREIRA, L.P. A Voz do Professor: Uma Proposta de Promoção de Saúde Vocal: Perspectivas Atuais da Fonoaudiologia na Escola. São Paulo: Plexus, 1999. p. 72-87. MORAES, Z.R. Distúrbios de Aprendizagem: Fundamentos em Fonoaudiologia Linguagem. Cap. 4. Rio de Janeiro: Guanabara kooogan,1998. p. 39-51. PACHECO, E.C.F; CARAÇA, E.B. Fonoaudiologia Escolar. 6 ed. Temas de Fonoaudiologia. São Paulo: Loyola, 1996. p. 201-209. PRUDENTE, S. C. A Atuação do Fonoaudiólogo em Escola Inclusiva sob o Olhar do Professor: Revista do III Encontro Internacional de Fonoaudiologia da Cidade de Goiânia. Goiânia G, 15/06 a 17/06 de 2000. SACALOSKI, M et al. Desenvolvimento Normal da Leitura e da Escrita. Fonoaudiologia na escola. Cap 4. São Paulo: Lovise, 2000. p. 47-65.