A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO DO GOVERNO FEDERAL E A MACROMETA DE



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Transcrição:

A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO DO GOVERNO FEDERAL E A MACROMETA DE AUMENTAR O INVESTIMENTO PRIVADO EM P&D ------------------------------------------------------- 3 1. O QUE É A PDP? ---------------------------------------------------------------------------------------- 3 2. AS QUATRO MACROMETAS DA PDP ------------------------------------------------------------------ 5 3. CONCLUSÃO -------------------------------------------------------------------------------------------- 9 AUTORES ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS --------------------------------------------------------------------------- 10 2

A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO DO GOVERNO FEDERAL E A MACROMETA DE AUMENTAR O INVESTIMENTO PRIVADO EM P&D Neste trabalho apresentamos de forma sucinta a Política de Desenvolvimento Produtivo PDP - do Governo Federal, dando ênfase à estratégia governamental de estimular a pesquisa e o desenvolvimento nas empresas. 1. O QUE É A PDP? Inovar e investir para sustentar o crescimento este é o slogan da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) apresentada pelo Governo Federal em 12 de maio de 2008. O grande objetivo desta Política é dar continuidade ao crescimento atual do país nas mais diversas áreas, de forma sustentável e com ênfase na inovação O grande objetivo desta Política é dar continuidade ao crescimento atual do país nas mais diversas áreas, de forma sustentável e com ênfase na inovação, na competitividade, no apoio ao empreendedorismo e no aumento das exportações. Desde 2004, com a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), o governo brasileiro vem apresentando diretrizes com foco no desenvolvimento produtivo. A PITCE trouxe importantes avanços dos quais se destacam: A Política de Desenvolvimento Produtivo pretende conferir maior potência à Política Industrial, apoiando a inovação e a formação de capital como formas de promoção do crescimento sustentável A publicação de importantes marcos legais, como a Lei de Inovação (Lei 10.973/2004), Lei do Bem (Lei 11.196/2005), Lei de Biosegurança (Lei 11.105/2005) e Política de Desenvolvimento da Biotecnologia (Decreto 6.041/2007), criando assim, condições mínimas para o desenvolvimento da inovação no país; A criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para promoção do diálogo entre setores público e privado. Dando continuidade à PITCE, a Política de Desenvolvimento Produtivo pretende conferir maior potência à Política Industrial, apoiando a inovação e a formação de capital como formas de promoção do crescimento sustentável de longo prazo. Em síntese, a PDP apresenta grandes desafios a serem enfrentados: ampliar a capacidade de oferta, preservar robustez do balanço de pagamentos, elevar a capacidade de inovação e fortalecer as micro e pequenas empresas (MPEs). Para superar esses desafios, esta nova Política possui quatro grandes metas (macrometas ou metas-país) a serem atingidas até 2010: aumentar a taxa de investimento, ampliar a participação das exportações brasileiras no comércio mundial, elevar o dispêndio privado em P&D e ampliar o número de MPEs exportadoras. 3

Para que as macrometas sejam alcançadas, a PDP foi estruturada em três níveis a saber: Ações Sistêmicas, prevendo medidas com impacto direto, (p.ex. financiamentos); Programas para Destaques Estratégicos, que tratam de questões fundamentais para desenvolvimento da indústria e do país, englobando diversos complexos produtivos. Iniciativas como a ampliação das exportações, fortalecimento das MPEs, regionalização, integração produtiva da América Latina e Caribe, integração com a África e produção sustentável; Programas Estruturantes para Sistemas Produtivos que se apresentam como o principal instrumento para a execução das macrometas, dividindo-se em: Programas Mobilizadores em Áreas Estratégicas (complexo Industrial da Saúde, Tecnologias de Informação e Comunicação, Energia Nuclear, Complexo Industrial de Defesa, Nanotecnologia e Biotecnologia); Programas para Fortalecer a Competitividade (complexo automotivo, bens de capital, Biodiesel, entre outras); Programas para Consolidar e Expandir a Liderança (complexo aeronáutica, bioetanol, mineração, siderurgia, dentre outros). Todos esses instrumentos, iniciativas e programas estão assim resumidos na PDP: 4

Figura 1 :: Síntese da Política Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 2. AS QUATRO MACROMETAS DA PDP Aumentar o grau de inovação das empresas brasileiras apresentase, então, como um dos desafios a serem enfrentados pela PDP Aumentar o grau de inovação das empresas brasileiras apresenta-se, então, como um dos desafios a serem enfrentados pela PDP, na medida em que essa condição é indispensável para agregar valor aos produtos, ampliar a competitividade das empresas no mercado doméstico e fortalecer a inserção externa do País, seja para consolidar posições em atividades nas quais já temos vantagens competitivas, seja nas atividades em que a capacidade de inovação é a variável competitiva chave. 1 A figura a seguir demonstra de forma resumida as quatro macrometas da PDP, que deverão ser atingidas até 2010: 1 Livreto Inovar e investir para sustentar o crescimento, pág.9. 5

Figura 2 :: Quatro metas-país Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior A meta é elevar a participação do investimento fixo no PIB para 21% em 2010 Para 2010, o objetivo é atingir US$ 208,8 bilhões, aumentando a participação do País para 1,25% em valor. O crescimento médio anual requerido é de 9,1% entre 2007 e 2010 Seguem-se, assim, o detalhamento das macrometas objetivadas: A. Aumentar a taxa de investimento De acordo com a PDP, em 2007, o investimento totalizou R$ 450 bilhões ou 17,6% do Produto Interno Bruto. A meta é elevar a participação do investimento fixo no PIB para 21% em 2010, o que exigirá um crescimento médio anual de 11,3% da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) no período, frente a um crescimento projetado do PIB de 5% ao ano. Nessa projeção, o valor do investimento atingirá R$ 620 bilhões em 2010. B. Ampliar a participação das exportações brasileiras no comércio internacional. Para acompanhamento desta meta, o indicador utilizado pela PDP é a participação do Brasil no comércio internacional, prevendo um crescimento das exportações de produtos brasileiros acima da expansão do comércio mundial. Em 2007, as exportações brasileiras alcançaram US$ 160,6 bilhões, ou 1,18% do total das exportações mundiais. Para 2010, o objetivo é atingir US$ 208,8 bilhões, aumentando a participação do País para 1,25% em valor. O crescimento médio anual requerido é de 9,1% entre 2007 e 2010. 6

C. Ampliar a atividade exportadora das Micro e Pequenas Empresas. A meta da PDP é aumentar, em 10%, o número de MPEs exportadoras, até 2010. Atingindo esta meta, o Brasil terá 12.971 MPEs exportadoras em 2010, frente a 11.792 MPEs em 2006. D. Aumentar o dispêndio privado com P&D. Em 2006 o setor privado realizou gastos de R$ 11,9 bilhões em P&D, ou 0,51% do PIB. A meta da PDP é elevar este percentual para 0,65%, ou R$ 18,2 bilhões, em 2010, o que requererá um crescimento médio anual de 9,8% nos gastos privados em P&D da indústria brasileira. Para estimular os gastos privados com P&D, alguns instrumentos são usualmente utilizados, como a promoção da pesquisa, as parcerias público-privado, a pesquisa em instituições públicas, o fomento (recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis) ao esforço privado em P&D e os incentivos fiscais. No plano internacional, os estímulos à P&D empresarial dividem-se em indiretos (formação de recursos humanos, investimento em bens públicos e externalidades) e diretos (subvenção direta ao setor privado e incentivos fiscais). No que se refere aos estímulos diretos - subvenção e incentivos fiscais - uma análise realizada em 2003 pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD) demonstra que essas práticas em conjunto interferem consideravelmente no aumento do gasto privado em P&D. Na referida análise, a OECD concluiu que: Portugal e Espanha apresentaram aumento nos gastos privados em razão de incentivos fiscais e subvenção; EUA, França e Reino Unido apresentaram aumento de gastos em razão de subvenção; entretanto, em razão de incentivos fiscais, o aumento se mostrou inferior à média; Canadá e Austrália aumentaram os gastos em razão de incentivos fiscais. Apresentaram, no entanto, aumentos menores que a média em razão de subvenções; Itália, Holanda, Canadá, Noruega e Coréia apresentaram regimes fiscais favoráveis para MPEs. A OECD concluiu que as grandes empresas, em média, elevam seus gastos privados em 13,4% em razão de incentivos fiscais A OECD concluiu que as grandes empresas, em média, elevam seus gastos privados em 13,4% em razão de incentivos fiscais e em 6,5% em razão de subvenção. Já nas pequenas empresas, os incentivos fiscais contribuem para o aumento do gasto privado em 19,6%; e a subvenção em 6,5%. 7

Essa análise demonstra a grande importância da concessão de incentivos fiscais eficientes para o aumento do gasto com P&D pelo setor empresarial. Alinhada a essas práticas internacionais, a PDP apresentou medidas para fomentar a inovação, valendo-se no âmbito fiscal tributário, da Medida Provisória 428 publicada também no dia 12 de maio de 2008, que trouxe modificações significativas à Lei 11.196/06 (Lei do Bem). A depreciação acelerada (inciso III, do artigo 17 da Lei do Bem) foi substituída pela depreciação integral no próprio ano de aquisição das máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos destinados a atividade de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, para efeitos de apuração do imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ). Outra novidade trazida pela MP 428 foi o aperfeiçoamento da legislação, revogando-se a vedação de que empresas beneficiárias da Lei 10.176/01 (Lei de Informática) e Lei 8.387/91 (Zona Franca) possam utilizar incentivos à inovação tecnológica previstos na Lei 11.196/05 (Lei do Bem). No nível das ações sistêmicas da Política (vide figura 1), em apoio a esforços inovativos das empresas e apoio a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, houve o lançamento de novas linhas de financiamento pelo BNDES, prevendo, até 2010, R$ 6 bilhões: Linha Capital Inovador: financiamento para apoiar empresas no desenvolvimento de capacidade para empreender atividades inovativas em caráter sistemático, compreendendo investimentos em capitais tangíveis, incluindo infra-estrutura física, e em capitais intangíveis. Tais investimentos deverão ser consistentes com as estratégias de negócios das empresas e ser apresentados conforme modelo de Plano de Investimento em Inovação (PII). Linha Inovação Tecnológica: financiamento para apoiar projetos de inovação de natureza tecnológica que busquem o desenvolvimento de produtos e/ou processos novos ou significativamente aprimorados (pelo menos para o mercado nacional) e que envolvam risco tecnológico e oportunidades de mercado. O Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação, do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) também articula-se à Política de Desenvolvimento Produtivo ao prever uma expansão dos investimentos públicos na infra-estrutura de C&T no Brasil - R$ 41 bilhões, entre 2007 e 2010. 8

Figura 3 :: Infra-estrutura de C&T Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 3. CONCLUSÃO De acordo com a Coordenação de Estatística e Indicadores do MCT, o gasto do governo brasileiro com P&D corresponde a 60,2% do total, contra 39,8% de gastos privados. Situação essa, inversa à apresentada nos países desenvolvidos, membros da OECD, em que o gasto privado com P&D é superior ao gasto público. Sendo assim, o crescimento do gasto privado em P&D torna-se condição essencial para que haja um maior crescimento produtivo A experiência internacional sinaliza que, mais que prover o gasto com P&D, o Estado deve estimular o gasto privado. Sendo assim, o crescimento do gasto privado em P&D torna-se condição essencial para que haja um maior crescimento produtivo. Entretanto, para que isso efetivamente ocorra é necessário potencializar a utilização dos incentivos fiscais, bem como garantir maior segurança jurídica para esse mecanismo. 9

AUTORES Carina Leão é analista sênior na Incentivar Consultoria. Acumula amplo conhecimento em planejamento tributário e gestão dos incentivos fiscais à inovação tecnológica, e possui experiência em projetos nos setores de mineração, siderurgia, mecânico, automotivo, papel e celulose e alimentos. Manuela Soares é sócio-coordenadora da Incentivar Consultoria, responsável pela gestão dos projetos no âmbito dos incentivos fiscais à inovação tecnológica. No Instituto Inovação, atuou como analista de projetos na realização de estudos de viabilidade de inovações tecnológicas; prospecção de oportunidades de negócio e captação de recursos de fomento à inovação. Atuou como gestora de projeto em centros de pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Apresentação de Carlos Américo Pacheco: Incentivos para as atividades de P&D Empresariais no Brasil, site http://www.cgee.org.br/atividades Livreto Inovar e investir para sustentar o crescimento, site http://www.desenvolvimento.gov.br/pdp/; Ministério da Ciência e Tecnologia http://www.mct.gov.br/; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior http://www.mdic.gov.br/sitio Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento http://www.oecd.org/ 10