Universidade Federal de Goiás. Ecologia de Ecossistemas. Aula 4: Produtividade e Decomposição



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Transcrição:

Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Dep. Ecologia Prof. Adriano S. Melo - asm.adrimelo@gmail.com Ecologia de Ecossistemas Aula 4: Produtividade e Decomposição

Produção primária PPL terrestre = 110-120* 109 ton peso seco por ano PPL oceano = 50-60* 109 ton peso seco por ano Oceanos ocupam 2/3 da área, mas produzem apenas 1/3 da PPL total

Fatores limitantes J cm-2 min-1 Luz (lagos profundos, oceanos, florestas) - nutrientes = transparência - total horas com luz ano = produtividade

Fatores limitantes Sobrevivendo na Groenlândia... Produtividade primária Luz (lagos profundos, oceanos, florestas) - nutrientes = transparência - total horas com luz ano = produtividade Ártico Temperada norte Tropical J F M A M J J A S O N D Meses do ano

Fatores limitantes CO2 (???) - na atmosfera = 0,03% - aumento da concentração devido queima de C fóssil

Fatores limitantes H2O - produtividade no deserto devido densidade vegetação - depende não só de chuvas, mas também do solo Precipitação (mm)

Fatores limitantes Temperatura Temperatura (oc)

Fatores limitantes Temperatura fotossíntese bruta e s e t ín s s o t o f 0 10 20 lí a d i u q Tótimo Tmáx Tmin fotossíntese líquida respiração 30 40 0 10 Temperatura da folha (oc) 20 30 40

Fatores limitantes Nutrientes - terrestres (N) leguminosas - aquáticos (P) ressurgência, estratificação em lagos Herbívoros (???) - mais importantes em ambientes aquáticos. Motivo?

Gradiente latitudinal em florestas, culturas e lagos

Gradiente latitudinal em florestas, culturas e lagos, mas não em oceanos

Ecossistema Área 106km2 NPP NPP Biomassa (g m-2 ) Mundial kg m2 109 ton Biomassa Mundial kg m2 Floresta Tropical 17,0 2200 37,4 45 765 Floresta Tropical Sazonal 7,5 1600 12,0 35 260 Flor. Temp. sempre-verde 5,0 1300 6,5 35 175 Flor. Temperada Decidual 7,0 1200 8,4 30 210 Floresta Boreal 12,0 800 9,6 20 240 Bosques 8,5 700 6,0 6 50 Savana 15,0 900 13,5 4 60 Campos Temperados 9,0 600 5,4 1,6 14 Tundra e Alpina 8,0 140 1,1 0,6 5 Deserto 18,0 90 1,6 0,7 13 Deserto extremo, gelo, rocha 24,0 3 0,07 0,02 0,5 Terras cultivadas 14,0 650 9,1 1 14 Banhados 2,0 2000 4,0 15 30 Lagos e riachos 2,0 250 0,5 0,02 0,05 Total Continentes 149 773 115 12,3 1837

Ecossistema Área 106km2 NPP g m-2 NPP Biomassa Biomassa Mundial Mundial kg m2 109 ton kg m2 Oceano aberto 332,0 125 41,5 0,003 1,0 Ressurgência 0,4 500 0,2 0,02 0,008 Plataforma Continental 26,6 360 9,6 0,01 0,27 Recifes e bancos algas 0,6 2500 1,6 2 1,2 Estuários 1,4 1500 2,1 1 1,4 Total Marinho 361 152 55,0 3,6 1841 Total Continentes 149 773 115 12,3 1837 TOTAL 510 333 170 3,6 1841

Concentração nutrientes Estuário Plataforma continental interna 20 km Plataforma continental externa Prof. zona eufótica (m) Produtividade fitoplâncton Concentração nutrientes Prod. Prim. Líquida (g C m-2 ano-1 ) tica ó f u e a n o e da z d a id d n u f Pro

Relação entre produtividade (por ano) e biomassa (P:B) ao longo da sucessão 30 0,10 P 1,2 0,6 0,4 0,08 20 0,06 P:B 10 0,02 0,2 0,0 0,04 0 0 20 40 60 80 100 Tempo (anos) 120 140 0,00 160 Razão P:B 0,8 B 2 1,0 Biomassa (kg/m ) 2 Produtividade (kg/m /ano) 1,4

Relação entre produtividade (por ano) e biomassa (P:B) 0,042 para florestas 0,29 para outros sistemas terrestres 17 para sistemas aquáticos recifes / b. algas estuários 2,0 1,0 z. ressurgência 0,5 0,2 0,1 0,05 savanas plantações plataf. cont. lagos oceano pantâno fl. trop fl. trop. saz. fl. temp. fl. temp. dec. fl. boreal campos temp. tundra desertos 0,02 0,01 0,002 0,005 0,01 0,02 0,05 0,1 0,2 0,5 1 2 Biomassa (kg/m ) 2 5 10 20 50

recifes de corais 100 estuários início meio de cultura 10 florestas ricas agricultura campos secundária lagoas riachos poluídos sucessão banhados 1 primária oceanos sucessão heterotrófica lagos pobres 0,1 esgoto desertos 0,1 1 10 2 Respiração da comunidade (g/m /dia) 100

Decomposição Introdução decompositores e detritívoros (e microbívoros) donor-controlled imobilização - nutriente em molécula orgânica decomposição - liberação de energia mineralização - liberação de nutrientes de moléculas orgânicas matéria morta- parte de organismos (pele, cabelo, células, casca, frutos), fezes, organismos inteiros

Organismos envolvidos o próprio organismo - autohidrólise por enzimas colonização por fungos e bactérias importância da água dispersão aquática solos secos possuem pouco destes organismos

1m2 de folhiço em floresta temperada: até 1000 spp. populações ~ 10.000.000 para nematóides e protozoários ~ 100.000 para colembolas e ácaros ~ 50.000 para outros invertebrados

Importância de disponibilidade de superfície Carcaças perfuradas artificialmente Carcaças intacta Tempo (dias)

bactérias aeróbicas e anaeróbicas (fundos de lagos ou mar) contínuo de solo seco até solos encharcados fator limitante no primeiro é água e no último é oxigênio SOM=Matéria orgânica no solo

Ordem de resistência ao ataque de microorganismos na água pode haver lixiviação < açúcares < carboidratos < hemicelulose < proteinas < celulose < ligninas < suberinas (cortiça) < cutinas

Nutrientes também são importantes... W t =W 0 e kt

Decomposição da celulose raridade da celulase em animais: apenas em 1 sp. de barata e algumas spp. de cupins em outros animais: presença de bactérias e ou protozoários alguns usam bactérias e fungos externos: saúva, quém-quém (Attini) por que quase não existem animais com celulase? Janzen - proteção Martin - talvez não seja interessante (poucos nutrientes)

Decomposição fezes pouca especialização em ambiente aquático, mas existem detritívoros: podem crescer até mais quando comem suas fezes do que quando comem o material inteiro!!! exemplo: pequenos lagos na Inglaterra (peat bog lakes) 1) pouca produção primária, energia basicamente de peat 2) colonização do sedimento com peat por bactérias aumento da concentração de energia (23%) e proteínas (200%) 3) consumo de partículas por Chironomidae 4) fezes de Chironomidae com muitos fungos e bactérias 5) Chironomidae não ingere próprias fezes devido tamanho 6) pequeno crustáceo pega fezes e lixa 7) Chironomidae come então fezes do crustáceo 8) Chironomidae cresce mais quando existe crustáceo

Chironomidae (poucas spp. constroem casas)

fezes de vertebrados carnívoros - pouca especificidade herbívoros - muitos grupos, em especial Scarabaeidae fezes de gado na Austrália importação de besouros da África ajuda no controle de moscas hematófagas

Decomposição carcaças detritívoros atuam principalmente com proteases e lipases digestão de carcaça parecida com carne viva podem ser removidas inteiramente por outro animal exemplo: besouro-enterrador

após morte animal, besouro chega dentro de horas fêmea oviposita, cuidado parental escava buraco debaixo da presa combate se chegar outros; fêmeas ficam adultos fazem cavidade cônica enterramento da carcaça ácaro come ovos de mosca adultos despejam carne parcialmente digerida