Bioma é um conceito estabelecido para classificar ambientes com base na

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Luciana Lancastre Fortunato
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1 1 Bioma é um conceito estabelecido para classificar ambientes com base na composição predominante da vegetação. O padrão climático (temperatura e precipitação) representa o principal aspecto utilizado neste sistema de classificação. Um dos esquemas mais amplamente adotado para definição dos Biomas é o sistema de zona climática desenvolvido pelo ecólogo alemão Heinrich Walter e publicado em Este sistema, que tem nove grandes divisões (Tab. 1), está baseado no curso anual de temperatura e precipitações. No entanto é fácil ser seduzido por cartografias que desenham linhas definidas em mapas para mostrar limites geográficos. Porém, escaninhos arrumados, categorias definidas e limites claros são uma conveniência, diferente da realidade da natureza. É fato que os biomas são parcialmente homogêneos dentro de suas fronteiras hipotéticas, uma vez que todo bioma apresenta gradientes de condições físicas e químicas relacionados à topografia, hidrografia e geologia locais. A variabilidade destes aspectos em alguns casos, levam a formação de mosaicos heterogêneos enquanto a composição das comunidades. O ecólogo Robert H. Whittaker propôs em 1975, uma abordagem um pouco diferente para a relação entre os biomas e as variáveis climáticas. Ele definiu os biomas por sua estrutura de vegetação e então desenvolveu um diagrama climático (fig. 1) no qual plotou as fronteiras aproximadas dos grandes biomas em relação às médias anuais de temperatura e precipitação. Fig. 1. Diagrama proposto por Robert H. Whittaker, para classificação dos grandes biomas terrestres. pág. 1

Um dos esquemas mais amplamente adotado para definição dos Biomas é o sistema de zona climática desenvolvido pelo ecólogo alemão Heinrich Walter e publicado em 1965.

2 2 Tabela 1. Heinrich Walter classificou as zonas climáticas do mundo de acordo com o curso anual da temperatura e da precipitação. Os nomes dos biomas para estas zonas sob o esquema de classificação de Whittaker estão mostrados na coluna da d. Zona Climática (Walter, 1965) Vegetação Nome do bioma (Whittaker, 1975) I Equatorial: Sempre úmido e ausência de sazonalidade na temperatura Floresta pluvial tropical perene Floresta pluvial tropical II Tropical: Estação chuvosa de verão e estação seca de inverno Floresta sazonal, arbustos ou savana Floresta tropical Sazonal / Savana III Subtropical: Desertos quentes altamente sazonal, clima árido Vegetação desértica com grande superfície exposta Deserto subtropical IV Mediterrâneo: Estação chuvosa de inverno e verão seco Xerófila (plantas adaptadas à secas), arbustos sensíveis ao congelamento e bosques Bosque / arbusto V Temperado quente: Ocasionalmente gelado, freqüentemente com máxima de precipitação no verão. Floresta temperada perene, um tanto quanto sensível ao congelamento Floresta pluvial temperada VI Nemoral: Clima moderado com congelamento no inverno Resistente ao gelo, desídua, floresta temperada Floresta sazonal temperada VII Continental (desertos frios): Árido, com verões mornos ou quentes e invernos frios Campos e desertos temperados Campo / deserto temperado VIII Boreal: Temperado frio com verões frios e invernos longos Floresta de folhas aciculadas, perenes, duras e resistentes ao gelo (taiga) Floresta boreal IX Polar: Verões muito curtos e frios, invernos longos e muito frios Vegetação perene baixa, sem árvores, crescendo sobre solos permanentemente gelados Tundra Devido as diferentes abordagens sobre o tema, o número de biomas na literatura científica varia de 7 a 11 categorias (ou ainda mais). Na figura 2, estão ilustradas duas formas parcialmente diferentes de classificação dos grandes biomas terrestres. A seguir estão detalhados alguns aspectos relacionados com a classificação dos biomas mais comentados nos livros didáticos. pág. 2

Zona Climática (Walter, 1965) Vegetação Nome do bioma (Whittaker, 1975) I Equatorial: Sempre úmido e ausência de sazonalidade na temperatura Floresta pluvial tropical perene Floresta pluvial tropical

3 3 A B Fig. 2. Diferenças na classificação dos biomas terrestres na literatura científica: A. acima, classificação de Townsend et al. (2008); B. abaixo, classificação apresentada por Ricklefs (2003). pág. 3

4 4 Floresta pluvial tropical A Floresta pluvial tropical, também denominada como Floresta tropical úmida é o bioma mais produtivo da Terra, com uma produtividade fotossintética que pode ser superior a 1 Kg de Carbono fixado por metro quadrado por ano. Esta produtividade é resultado da elevada radiação solar e da regularidade e abundância de chuvas durante todo o ano. No Brasil, os ecossistemas da Bacia Hidrográfica do Amazonas constituem os principais exemplos para este tipo de bioma. A Floresta Amazônica devido às suas particularidades hidrográficas, apresenta três tipos de mata: de Igapó (solo parcialmente inundado); de várzea (periodicamente inundada); e de terra firme (nas partes mais elevadas do relevo, livres de inundação). Mas, longe de ser uma homogênea floresta tropical, esta região abarca áreas de campos abertos e de manchas de cerrado. As espécies que habitam a região representam uma considerável parte do total de espécies conhecidas do planeta. Na tabela 1, corresponde a zona climática I. Adaptações com lenticelas (órgãos de arejamento no caule), raízes tabulares ou de suporte, além de respiratórias e superficiais facilitam a oxigenação e captação de nutrientes em terras inundadas. Savana A vegetação da savana consiste caracteristicamente em campo com pequenas árvores esparsas, mas com áreas extensas sem árvores. A precipitação é normalmente de mm por ano, mas os 3 ou 4 meses mais secos recebem menos de 50 mm cada. Os incêndios e a pastagem indubitavelmente representam importantes papéis na manutenção do caráter do bioma de savana, particularmente em regiões mais úmidas, porque as gramíneas podem resistir melhor que outras formas de vegetação sob ambas as influências. Freqüentemente, quando a pág. 4

No Brasil, os ecossistemas da Bacia Hidrográfica do Amazonas constituem os principais exemplos para este tipo de bioma.

5 5 pastagem e os incêndios são controlados num habitat de savana, a floresta seca começa a se desenvolver. Grandes áreas da savana africana devem seu caráter à influência da atividade humana, incluindo as queimadas durante muitos milênios. No Brasil, o Cerrado, constitui um ecossistema com características de savana. Possui uma vegetação caracterizada, sobretudo pela presença de pequenos arbustos e árvores retorcidas, com casca grossa. Encontram-se, ainda, gramíneas e o cerradão, tipo mais denso de cerrado que abriga formações típicas de florestas esparsas e disseminadas entre arbustos. Na tabela 1, corresponde a zona Paisagem típica do Cerrado Brasileiro climática II. Desertos Em sua forma mais extrema, os desertos quentes são demasiadamente áridos para possuir qualquer vegetação; eles são tão desprovidos de vegetação quanto os desertos frios da Antártica. No entanto existem áreas de desertos subtropicais, onde ocorrem chuvas de verão, durante a qual muitas plantas herbáceas e as sementes dormentes crescem rapidamente e se reproduzem antes que o solo seque novamente. As espécies vegetais portanto, apresentam um estilo de vida oportunista, estimulado à germinação por chuvas, quase sempre imprevisíveis; outras, como o cacto, possuem vida longa e têm processos fisiológicos lentos. Na tabela 1, corresponde a zona climática III. pág. 5

No Brasil, o Cerrado, constitui um ecossistema com características de savana. Possui uma vegetação caracterizada, sobretudo pela presença de pequenos arbustos e árvores retorcidas, com casca grossa.

6 6 Floresta temperada Normalmente os autores distinguem o bioma de floresta temperada entre floresta sazonal temperada (zona climática VI) e floresta temperada úmida (zona climática V). A diferença nesta classificação consiste no fato do bioma de floresta sazonal temperada ocorrer sob condições moderadas mas com congelamento de inverno, enquanto que o bioma de floresta temperada úmida ocorre em climas temperados quentes, nos quais os invernos são amenos, com chuvas fortes sem ocorrência de congelamento. Os bosques do leste dos Estados Unidos e sul do Canadá são exemplos do bioma de floresta sazonal temperada. Enquanto que a costa noroeste da América do Norte, e também sul do Chile e Nova Zelândia e Tasmânia, constituem regiões com exemplos para o bioma de floresta temperada úmida. Campos temperados O bioma campo temperado também é denominado de bioma de campo ou mesmo em alguns casos são considerados desertos temperados. O campo temperado é a vegetação natural de grandes áreas em todos os continentes. Eles incluem a pradaria de vegetação herbácea alta da América do Norte o os pampas da América do Sul. Tipicamente, ele experimenta secas sazonais, mas o papel do clima na determinação da vegetação é geralmente sobrepujado pelos efeitos das atividades de agro-pecuária, a principal forma de pressão antrópica experimentada neste bioma. Na tabela 1, corresponde a zona climática VII. pág. 6

úmida ocorre em climas temperados quentes, nos quais os invernos são amenos, com chuvas fortes sem ocorrência de congelamento.

7 7 Floresta boreal Estendendo-se num amplo cinturão centrado em cerca de 50 o N na América do Norte e a cerca de 60 o N na Europa e Ásia, situa-se o bioma de floresta boreal, freqüentemente chamado de taiga. A temperatura anual média situa-se abaixo de 5 o C e os invernos são severos. A precipitação está num intervalo de mm, e, devido à baixa evaporação, os solos são úmidos durante a maior parte da estação de crescimento. A vegetação consiste em aparentemente intermináveis bosques densos de m de altura, com árvores aciculadas perenes, a maioria espruces e abetos. Devido às baixas temperaturas, a serrapilheira se decompõe muito lentamente e se acumula na superfície do solo. Os solos são ácidos e de baixa fertilidade. As espécies vegetais são extremamente tolerantes ao congelamento e as temperaturas podem atingir -60 o C nos invernos mais rigorosos. pág. 7

A precipitação está num intervalo de 400-1000 mm, e, devido à baixa evaporação, os solos são úmidos durante a maior parte da estação de crescimento.

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