O USO DO TEATRO COMO FACILITADOR PARA A DISCUSSÃO SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NAS ESCOLAS

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Transcrição:

O USO DO TEATRO COMO FACILITADOR PARA A DISCUSSÃO SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NAS ESCOLAS Jaine Silva Oliveira 1 ; Gilvania Ferreira do Nascimento 2 ; Josivalda da Silva 3 ; Heitor Ayres de Belo França 4 ; Lara Colognese Helegda 5 1-Estudante do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco Centro Acadêmico de Vitória (UFPE-CAV). Email: jai_oliveira1@outlook.com 2-Estudante do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco Centro Acadêmico de Vitória (UFPE-CAV). Email: vaniacontabil.clt@hotmail.com 3-Estudante do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco Centro Acadêmico de Vitória (UFPE-CAV). Email: jo.linkin100@hotmail.com 4-Estudante do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco Centro Acadêmico de Vitória (UFPE-CAV). Email: heitor.vongola@gmail.com 5-Docente da Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico de Vitória (UFPE/CAV). E-mail: laracolognese@yahoo.com.br Resumo: O presente artigo trata-se de um estudo qualitativo, executado em uma turma com vinte alunos, do sexto período do ensino superior, do curso de Licenciatura em Educação Física, localizada na cidade de Vitória de Santo Antão. Foi abordado como tema a violência contra a mulher, por ser uma das mazelas da nossa sociedade, evidenciando assim a necessidade do combate da mesma. O objetivo do estudo foi à utilização do teatro como instrumento para a discussão da temática no ambiente escolar, a partir de encenações referentes ao tema, para que a partir daí, fosse criado um espaço que proporcionasse o debate de forma lúdica e descontraída. Constatamos por meio do estudo e a partir de uma intervenção pedagógica, que o teatro se faz eficaz como ferramenta no debate, podendo ser utilizado para trabalhar outros temas, facilitando a integração entre os alunos de forma descontraída e lúdica. Foi perceptível a aceitação por meio dos discentes durante a realização das atividades, uma vez que a aula saiu do considerado rotineiro, tornando a experiência algo novo. Sendo assim, concluímos que é possível utilizar o teatro no âmbito educacional, pois o mesmo além de facilitador, contribui para o desenvolvimento do indivíduo. Palavras-Chave: Teatro; Violência; Mulher. Introdução Segundo Berthold (2006), o teatro é tão velho quanto a humanidade. Desde os tempos de Platão o teatro vem sendo abordado com a intenção de educar. Historicamente, atividades de expressão dramática eram estudadas e centradas com valores didáticos, ou seja, o teatro tido como formador da personalidade do homem (ARCOVERDE, 2008). Existem formas primitivas desde os primórdios do homem. Sendo desde sempre uma forma de expressão da

humanidade tendo caráter religioso. O teatro dos povos primitivos assenta-se no amplo alicerce dos impulsos vitais, primários, retirando deles seus misteriosos poderes, de magia, conjuração, metamorfose- dos encantamentos de caça dos nômades, da idade da pedra, das danças de fertilidade e da colheita dos primeiros lavradores do campo, dos ritos de iniciação, totemismo e xamanismo e dos vários cultos divinos BERTHOLD (2006). Berthold (2006) defende ainda que, graças aos meios de comunicação de massas, ao rádio, ao cinema e à televisão, o teatro tem uma platéia quase ilimitada. Com o passar dos anos, o teatro veio tomando outros significados na vida da humanidade, passando por várias transformações, até ao que é hoje, uma forma de entretenimento para um público cada vez menor. Na escola, o teatro pode vir a servir como um importante meio tanto para o aprendizado, quanto para a expressão individual dos alunos. Vários pesquisadores desenvolveram pesquisas as quais defendem que: Por meio de jogos e da encenação propriamente dita, o teatro na escola colabora não só para a promoção do sentimento de pertencimento do aluno em relação à comunidade escolar, como também para a ampliação do universo artístico e cultural, possibilitando o trabalho reflexivo, a capacidade de apreciação estética e consequentemente a formação de um ser humano consciente de suas diversas competências e habilidades (JAPIASSE, 1998; KOUDELA, 2005; MONTEIRO, 1994; REVERBEL,1979; SANTIAGO, 2004; VIDOR, 2010). Partindo desse pressuposto, entende-se o teatro como uma ferramenta, uma vez que o mesmo possibilita o trabalho de uma forma descontraída de temas que são considerados tabu, como por exemplo, à violência contra a mulher. A violência contra a mulher por ser hoje uma das mazelas sociais vem mostrando a necessidade de um diálogo frequente em diversos espaços. Sabendo que a escola é tida como um local de formação humana, a mesma vem na perspectiva de quebra a visão de inferioridade feminina, discutindo sobre gênero e dando ênfase a questões referentes à violência contra a mulher, debatendo questões que tem como objetivo a prevenção e o

combate à violência contra a mulher. Segundo Brasil (2006), na Lei Maria Da Penha, a violência contra a mulher é caracterizada por qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, sendo capaz de causar a morte, podendo ocorrer tanto no âmbito público como no privado. Essa violência praticada geralmente por homens sendo determinada pelos modelos culturais do patriarcado, que tem a mulher em posição social inferior. Assim sendo, o seguinte trabalho visou a utilização do teatro como instrumento para a discussão da temática no ambiente escolar, a partir de encenações referentes ao tema, para que a partir daí, fosse criado um espaço que proporcionasse o debate de forma lúdica e descontraída. Metodologia Procedimentos metodológicos Descrição do cenário do estudo: Trata-se de um estudo qualitativo realizado em uma turma de 6º período do ensino superior, do curso de Licenciatura em Educação Física no turno da tarde, na Cidade de Vitória de Santo Antão, PE. A turma composta por 20 alunos participaram da intervenção durante a aula da disciplina de Educação Física Escolar 4- Ensino Profissionalizante. Métodos Utilizados: Etapa I - Aula Sobre Teatro A partir de uma aula expositiva com o auxílio de mídia digital, foi apresentado aos discentes os conteúdos referentes ao teatro, onde foram apresentados seu histórico, como e porque trabalhar na escola, dando ênfase ao método teatral teatro do oprimido, que foi criado por Augusto Boal, que se baseou na pedagogia do oprimido de Paulo freire. Etapa II - Reconhecendo a Corporeidade

Após o momento expositivo, foram realizadas atividades que tinha como objetivo que os alunos tivessem a consciência corporal necessária para prática do teatro. Foi proposta a realização de exercícios que visavam desde o relaxamento até a interpretação em si. Atividades: 1º ATIVIDADE Antes de tudo deve-se sempre preparar o corpo, massageando os próprios pés, já que os mesmos são a base do corpo. É possível ainda explorar massagens coletivas ou em dupla estimulando assim o reconhecimento aprofundado do outro. Posteriormente deverão reconhecer o espaço, consiste em andar pelo lugar olhando cada canto a fim de reconhecer, assim como se reconhece a sala de casa. Olhar nos olhos das outras pessoas. Andar bem lentamente para que se possa estudar todos os movimentos do corpo, cada músculo usado quando se dá um passo. 2º ATIVIDADE O grupo formará um círculo concêntrico onde o professor irá pedir para que cada um analise quem está a sua direita, logo em seguida todos irão fechar seus olhos e pensar coisas boas, e momentos bons que já viveram juntos, logo em seguida o professor irá colocar uma música calma, que reflita paz, e irá escolher um aluno aleatório, ele irá pedir para que o aluno prepare um presente para seu amigo da direita, esse presente deverá ser representado por forma de gestos, e deverá ficar bem claro para todos que presente é esse, logo depois do aluno mostrar qual o seu presente, ele deverá entregar para seu amigo ao lado, e todos deverão fazer o mesmo em seguida. 3º ATIVIDADE A formação de cenas. Após o comando, os grupos deverão executar cenas com as palavras forem destinadas Exemplo: amor, briga, jaca e etc. Etapa II - Vivenciando o teatro do oprimido Dando continuidade as atividades referentes ao teatro, após o primeiro momento, os discentes foram instruídos como vivenciar o teatro do oprimido a partir da seguinte atividade: A Quebra de Repressão: o grupo deverá contar montar uma cena de repressão, e apresentar para o restante da turma. Após esse momento, o grupo que está apresentando deverá montar uma fotografia da cena, enquanto o restante da turma,

deverá intervir na opressão. Discutindo e entrando em consenso de que forma aquela situação deverá ser resolvida. E então o grupo que está paralisado na foto, deverá executar o que foi decidido pela turma. Resultados e discussão Para Oliveira & Stolitz (2010), a escola pode oferecer experiências significativas aos educandos: que os afetem nas esferas emocional, social, motora e cognitiva; que os motive a buscar e conquistar muito mais que conteúdos. Um dos caminhos pode ser o de trabalhar com a arte para além das aulas de educação artística. Por esta razão, o teatro se mostra um importante aliado no processo de desenvolvimento humano. Trabalhar com essas outras modalidades artísticas envolve o estímulo de outras percepções sensoriais e regiões do cérebro, como afirma Oliveira & Stolitz (2010). Figura 1. Figura 1. Aula expositiva, foi apresentado aos discentes os conteúdos referentes ao teatro.

Quanto mais conhecimento se tem a respeito do próprio corpo, da própria personalidade, é possível se entregar mais a uma personagem. Descobrem-se as formas com que se pode andar; como reagir às emoções, as formas de se relacionar com o outro. O corpo nos diz quem somos, quais as nossas habilidades motoras e cognitivas, o que nós temos para melhorar quais são os nossos bloqueios, nossos medos, nossos desejos. (BRANISSO 2015) A consciência corporal para o tema pensado para essa aula era de extrema importância, uma vez que, o objetivo da mesma, era fazer refletir acerca da violência contra a mulher, para que a intervenção desse certo, era necessário que os discentes realmente transmitisse emoções as atividades propostas, por essa razão, a sequência de exercícios selecionados explorava de forma gradativa essa consciência corporal. Figura 2 Figura 2 - Reconhecendo a corporeidade. Após o momento expositivo, foram realizadas atividades que tinha como objetivo que os alunos tivessem a consciência corporal

O teatro do oprimido é teatro na acepção mais arcaica da palavra: todos os seres humanos são atores, porque agem, e espectadores porque observam. [...] Todo mundo atua, age, interpreta. Somos todos atores. Teatro é algo que existe dentro de cada ser humano, e pode ser praticado na solidão de um elevador [...]. (BOAL, 1931.p ix) Todas as atividades foram pensadas para que ao final, fosse vivenciado o teatro do oprimido em si, então, após todas as atividades que visavam a consciência corporal, foi o momento de pôr em prática um pouco do que já tinha sido apresentado. Desta forma, a turma foi dividida em quatro grupos, com cinco integrantes cada, para que fosse criada uma cena de opressão, onde após o final da mesma, o tema abordado pelos participantes seria debatido. Figura 3 Figura 3 - Vivenciando o Teatro do oprimido - o grupo recriou o caso de machismo que aconteceu com uma jornalista russa na copa de 2018. Conclusões

Sendo o teatro uma forma de expressão utilizada pela humanidade desde os primórdios, vê-se na mesma a possibilidade de integração no âmbito educacional, podendo ser utilizada tanto no ensino básico, quanto no ensino superior, uma vez que o mesmo possibilita a integração entre os alunos, além de despertar a consciência corporal e desenvolvimento emocional, independente da faixa etária utilizada. Desta forma, o mesmo vem como facilitador dando aos professores possibilidades de ação ao trabalhar temas considerados restritos, como no caso da necessidade de se debater a violência contra a mulher em diversos espaços, principalmente no espaço de formação humana. Por meio desse estudo, constatou-se então a partir de uma intervenção pedagógica, que o teatro se faz eficaz como ferramenta no debate, podendo ser utilizado para trabalhar outros temas, facilitando a integração entre os alunos de forma descontraída e lúdica. Foi perceptível a aceitação por meio dos discentes durante a realização das atividades, uma vez que a aula saiu do considerado rotineiro, tornando a experiência algo novo. Portanto é possível utilizar o teatro no âmbito educacional, pois o mesmo além de facilitador contribui para o desenvolvimento do indivíduo. Referências ARCOVERDE, S. L. M. A importância do teatro na formação da criança. Disponível em:<http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/629_639.pdf>. Acesso em: 28 de agosto, 2018 BERTHOLD, M. História Mundial do Teatro. - 3. ed.- São Paulo; Perspectiva. p.578 2006 BRASIL. Lei Maria da Penha n. 11340/06, de 07 de set. de 2006. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES. DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. Belém, p. 01-09, ago. 2006. Disponível em: <http://www.observe.ufba.br/violencia>. Acesso em: 28 ago. 2018. CARDOSO, M A. 2007 JOGOS TEATRAIS NA SALA DE AULA: UM MANUAL PARA O PROFESSOR ARAUJO, L. S. Teatro do Oprimido. 2013. Disponível em: <https:https://www.infoescola.com/artes-cenicas/teatro-dooprimido///www.infoescola.com/artes-cenicas/teatro-do-oprimido/>. Acesso em: 24 jun. 2018.

OLIVEIRA, M. E ; STOLZ, T. Teatro na escola: a partir de Vygotsky. Educar, Curitiba, n.36, p.77-93, 2010. Editora UFPR. BRANISSO, N. M. A importância da consciência corporal para o ator:memorial da minha trajetória artística. Brasília 2015, p.61.