Tipificação e Classificação de Carcaças Bovinas (3/3)



Documentos relacionados
Considerações sobre Sistemas de Avaliação e

USDA Yield Grade. André Mendes Jorge. Professor Adjunto Livre Docente Departamento de Produção Animal. Departamento de Produção Animal

Departamento de Produção Animal. Avaliação de Ovinos.

TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇA E SEUS BENEFÍCIOS

Carlos Eduardo Rocha Paulista Grupo JBS S/A. Desafio da Industria Brasileira

Forno Solar. Tipos de fornos solares: Caixa. Painel

Selecionando para Melhorar as Carcaças do Gado de Corte:

Avaliação da qualidade da carne e características de carcaça de novilhos cruzados com Senepol

Software $uplementa Certo: Benefício/Custo da Suplementação na Seca

Características dos Touros Senepol. Benefício ao Criador Invernista Confinador. Senepol SL

fmvz-unesp FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - BOTUCATU Curso de Pós-Graduação em Zootecnia Nutrição e Produção Animal

Aspectos básicos b produtividade da indústria de ovinos da Nova Zelândia

III CIRCUITO DE CONCURSOS DE CARCAÇAS CARNE PAMPA

VISÃO, MISSÃO E VALORES

Acadêmico: Maicon Machado Orientador: José Carlos Toniazzo

Sistema Japonês de Classificação de Carcaça Bovina

O Sistema de Pregão Por Prazo Determinado da Bolsa Brasileira de Mercadorias foi criado para realizar negócios de produtos agropecuários.

Fazenda Santa Fé. Pedro Merola

Mercado da Cadeia Pecuaria Bovina. R$ 330 bilhões = US$ 165 bilhões <8% do PIB

Como criar um clube de vantagens para seus clientes

MBA Executivo UFPE. Disciplina: Ambiente de Negócios. Setembro/2011 GESTÃO DE FRANQUIAS

PROJETO DE LEI N /2013, DE SETEMBRO DE Dispõe sobre a Regulamentação do Marketing Multinível ou de Rede E dá outras providências

Margem de comercialização da carne bovina nos diferentes elos da cadeia. Novembro de 2009

SISTEMA DE RASTREABILIDADE BOVINA

A visão da Indústria de Insumos. FEICORTE 22 DE JULHO 2007 Sergio Carlo Franco Morgulis ASBRAM

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 9, DE 4 DE MAIO DE 2004

BENCHMARKING INTERNACIONAL COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DA OVICAPRINOCULTURA BRASILEIRA

JURANDI MACHADO - DIRETOR. Cenário Carnes 2014/2015

EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE PRÓBIÓTICOS EM DIETAS PARA BOVINOS NELORE TERMINADOS EM CONFINAMENTO INTRODUÇÃO

Melhoramento da qualidade da carcaça e da carne de bovinos no Brasil

REGULAMENTO GERAL DO CIRCUITO BOI VERDE DE JULGAMENTOS DE CARCAÇAS DA RAÇA NELORE Campeonato 2015

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Lisina, Farelo de Soja e Milho

bit Tecnologia ao Serviço do Mundo Rural

Normas de Avaliação, Classificação e Tipificação de Carnes e Carcaças

GS1 Brasil Associação Brasileira de Automação GS1 Brasil

5 Conclusões e Recomendações

Documento Explicativo

Imagem de Tipos de Carnes do Ponto de Vista do Consumidor

Ultrassonografia como suporte para a seleção de características de carcaça e de qualidade da carne

Comentários gerais. consultoria em sistemas e processos em TI, que, com uma receita de R$ 5,6 bilhões, participou com 14,1% do total; e

PANORAMA SEMANAL DO MERCADO SUÍNO DO DF 06/02/2015

Boas Praticas Agropecuárias: Buscando a Sustentabilidade na Produção Pecuária

BOVINOCULTURA DE CORTE

As Interações entre os Agentes da Cadeia Produtiva da Pecuária de Corte no Brasil: implicações para a sustentabilidade Dr. Guilherme Cunha Malafaia

ANÁLISE MERCADOLÓGICA DE EMBRIÕES ZEBUÍNOS PRODUZIDOS A PARTIR DA TÉCNICA DE FERTILIZAÇÃO IN VITRO - FIV

MEAT & LIVESTOCK AUSTRALIA (MLA)

UPS. Unidades de Alimentação Ininterrupta

SOFOLHA SOLUÇÕES CORPORATIVAS SFAutomatus X Comércio Varejista de Carnes

Sistema EUROP de Classificação de

PECUÁRIA SUSTENTÁVEL: NOVO OU ANTIGO PARADIGMA DA PRODUÇÃO ANIMAL? Entrevista a Rodrigo Paniago 1 por Paulo Hellmeister Filho 2

Gestão de Relacionamento com o Cliente CRM

Como diferenciar carnes premium, de qualidade intermediária e do dia-a-dia

COMPRAR GATO POR LEBRE

Opção. sites. A tua melhor opção!

CLASSIFICAÇÃO E TIPICAÇÃO DE CARCAÇAS OBJETIVOS OBJETIVOS

Distribuidor de Mobilidade GUIA OUTSOURCING

Programa de Serviços

PROCESSO DE PRESCRIÇÃO E CONFECÇÃO DE ÓRTESES PARA PACIENTES NEUROLÓGICOS EM UM SERVIÇO DE TERAPIA OCUPACIONAL

Unidade III GESTÃO EMPRESARIAL. Prof. Roberto Almeida

Programa Nelore Brasil e seu Impacto Econômico

Felipe Azevedo Ribeiro

Tipificação e Classificação de Carcaças Bovinas (1/3) Será feita uma revisão bibliográfica seguindo o cronograma abaixo:

CONHECENDO UMA CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

ASSESSORIA DE IMPRENSA 1 Felipe Plá Bastos 2

INFORMATIVO MENSAL LAPESUI

Introdução. Introdução

Pilates e Treinamento Funcional

Apresentação Executiva Safe Trace S/A janeiro 2009

PASSOS PARA TRANSFERIR

O cruzamento do charolês com o zebu (indubrasil, guzerá ou nelore) dá origem ao CANCHIM. Rústico e precoce, produz carne de boa qualidade.

Como criar um clube de vantagens em sua empresa

O Sistema de Pregão Por Prazo Determinado da Bolsa Brasileira de Mercadorias foi criado para realizar negócios de produtos agropecuários.

PHC XL CS. Reporting Financeiro em Microsoft Excel. O que ganha com este software:

Aula 01 - Formatações prontas e condicionais. Aula 01 - Formatações prontas e condicionais. Sumário. Formatar como Tabela

Guia de Compras para o mercado internacional de Carne de Bovino e Borrego. origem garantida qualidade garantida Segurança total

Milho: preços elevados mesmo com super-safra norte-americana

Índice Geral Índice Geral Pág.Pág.

Responsável: Prof. Adjunto André Mendes Jorge. Botucatu SP - Brasil

The Director s Report: The State of ecommerce in Brazil. Por Lariza Carrera, Executive Director, etail Brazil

A relação entre o preço pago pelo consumidor de carne bovina em Santa Maria e o recebido pelo produtor de gado de corte no Rio Grande do Sul.

Sistema de Pré-Postagem

Sistemas Integrados de Gestão Empresarial

GUIA DE ORIENTAÇÕES PRÁTICAS

Introdução. 1. Introdução

GASTAR MAIS COM A LOGÍSTICA PODE SIGNIFICAR, TAMBÉM, AUMENTO DE LUCRO

memmolde Norte: uma contribuição para a salvaguarda da memória colectiva da indústria de moldes do Norte de Portugal

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

Estimativas dos custos de produção da atividade leiteira nos municípios assistidos pelo Programa Mais Leite.

KAWAHARA TAKANO possui mais de 20 anos de experiência no setor do design

Guia completo para o profissional sobre a nova Directiva de etiquetagem energética ErP

Distribuição de Freqüências

Vida Útil de Baterias Tracionárias

INFORMATIVO ROTÁRIO GLOBALOUTLOOK GUIA SOBRE O MODELO DE FINANCIAMENTO DA FUNDAÇÃO ROTÁRIA

Como Processos Criam Valor?

10 Sinais de Perigo no Marketing de Rede

Transcrição:

Tipificação e Classificação de Carcaças Bovinas (3/3) Classificação por Rendimento A classificação por rendimento do USDA estima o rendimento de carcaça em cortes desossados já limpos (sem gordura externa) prontos para a venda no varejo (% CTBRC - Closely Trimmed Boneless Retail Cuts) dos cortes principais do traseiro, contra-filé, costela e dianteiro. Esta é uma estimativa da quantidade de carne comestível, magra, proveniente de uma carcaça bovina. As cinco classes de rendimento do USDA são: Tabela 1: Rendimentos esperados em termos de cortes desossados limpos já prontos para comércio no varejo para cada Classe de Rendimento do USDA. Quanto mais baixo o valor numérico da Classe de Rendimento, maior o rendimento esperado daquela carcaça em termos de cortes prontos para comércio no varejo (tabela 1).

A classificação de rendimento de uma carcaça é determinada baseando-se nos seguintes fatores: (1) Espessura de gordura externa na região do olho-de-lombo; (2) Área do olho-de-lombo; (3) Porcentagem estimada de gordura pélvica, cardíaca e dos rins (%KPH); (4) Peso da carcaça quente. Espessura de gordura É medida na área do olho-de-lombo a três quartos do comprimento para o lado do osso da vértebra (figura 1) esta medida é considerada uma estimativa bastante precisa da quantidade de gordura daquela carcaça, mesmo assim a quantidade de gordura pode ser ajustada para cima ou para baixo visualmente pelo técnico que esta classificando, levando-se em conta a distribuição de gordura em outras áreas da carcaça. Figura 1: Local correto para medida da espessura de gordura externa da carcaça.

Área de olho-de-lombo A relação entre a área de olho-de-lombo e o peso da carcaça é usada pelo sistema de classificação por rendimento para se estimar as diferenças em rendimento causadas pela musculosidade de determinada carcaça. A área de olho-de-lombo normalmente varia entre 23 e 43 pol 2 e pode ser medida usando-se um gabarito plástico específico para isto (Figura 2). Figura 2: Método de medida da área de olho-de-lombo.

Para se medir a área de olho-de-lombo utilizando este gabarito, posiciona-se este sobre a superfície do olhode-lombo e conta-se o numero de quadros preenchidos por músculo magro. O número de quadros dividido por 10 é resultado da área em polegadas quadradas. Gordura pélvica, cardíaca e dos rins (%KPH) A quantidade de gordura depositada nestas regiões é geralmente deixada na carcaça durante o processo de abate e afeta o rendimento de carcaças. A maioria das carcaças tem entre 1% e 4 % do peso vivo nas regiões pélvica, cardíaca e dos rins. Determinando a classe de uma carcaça Formula de calculo do rendimento: YG = 2,5 + (2,5 x ajuste da espessura de gordura) + (0,20 x KPH %) - (0,32 x área de olho-de-lombo) +(0,0038 x peso da carcaça quente) Embora o sistema de classificação do USDA seja baseado nesta equação para se calcular o rendimento de carcaça, a maioria das classificações é feita visualmente baseada no treino e experiência dos técnicos. Porém, ocasionalmente - e se requisitados - estes podem usar a equação para assegurar a classificação de determinada carcaça ou lote. Conclusões O sistema de classificação de carcaças é extremamente benéfico ao setor produtivo da carne ao passo que proporciona uma base de sustentação a um sistema mais justo de pagamentos, no qual o produtor que faz maiores investimentos recebe maiores retornos, uma vez que este receberia dentro deste sistema as

premiações no pagamento do seu produto. Desta forma, contribui-se também para que haja um maior interesse de investimentos neste setor, pois a medida que a qualidade for bem recompensada, provavelmente haverá maior número de pessoas interessadas na produção com mais elevados níveis de tecnologia. O sistema contribui ainda para a padronização dos produtos, o que internacionalmente ajudaria o produto brasileiro. Tendo este produto passado por classificação que assegure sua qualidade, ficaria mais fácil negociarse internacionalmente e divulgar a qualidade da carne aqui produzida. Apesar dos sistemas de classificação de carnes usados em outros países parecerem perfeitamente adaptáveis à realidade brasileira, são necessárias pesquisas para podermos criar o nosso próprio sistema de classificação, que funcione bem para os nossos modelos de frigoríficos, para o gado aqui abatido e principalmente para o gosto do consumidor interno ou de qualquer outro país ao qual tenhamos interesse em exportar carne. Investimentos se farão necessários nesta área para que haja uma valorização e padronização da carne produzida no Brasil. No entanto, conhecendo o potencial de nosso setor produtivo, tais investimentos em pesquisas e implantação de um Sistema de Classificação obterão um retorno rápido e garantido através do aumento das exportações de carne e conseqüente melhoria na qualidade da carne aqui produzida.

Bibliografia Consultada - SMITH, G. C.. Providing Assurances of Quality, Consistency, Safety and a Caring Attitude to Domestic and International Consumers of U.S. Beef, Pork and Lamb. Colorado State University. Forty Collins, Colorado, USA. In: XII World Meat Congress. May, 1999. Dublin, Ireland. 8 p. - SMITH, G. C. et al. Relationship of USDA grades to palability of cooked beef.j. Food Qual.1987b 10: 269-286. - SMITH, G. C. et al.. The Relationship of USDA quality Grade to Beef Flavor. Food Technology. 1983. 37(5):233-238. - SMITH, G. C. et al. Increasing the Tenderness of Forage-fed Beef. J. Anim. Sci. 1979c. 49:1207-1218. - TATUM, J. D. Beef Facts - Grading. Ft. Collins, Colorado. Department of Animal Science. 2001. In: www.beef.org - TATUM, J. D. et al. In: SMITH, G. C., GRIFFIN, D. B.; JOHNSON, H. K. Meat Evaluation Handbook Rev. Savoy, Illinois. 2001. Beef, 15-74 p. - TATUM, J. D. Role of Evaluation in Livestock Marketing. Department of Animal Science. Colorado state of University. In: : www.ansci.colostate.edu