http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 7 - N 43 - Diciembre de 2001



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Transcrição:

0RWLYRVTXHOHYDPDGROHVFHQWHVD SUDWLFDURIXWHERO Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciência do Movimento Humano, da Universidade Federal de Santa Maria, UFSM. RSl. Bolsita do CNPq (Brasil) Maria Cristina Chimelo Paim crischimelo@bol.com.br Resumo O estudo teve como objetivo verificar quais os motivos que levam adolescentes praticar o futebol. Constituíram a amostra 100 sujeitos, praticante em clubes de iniciação desportiva de futebol, sendo 36 meninos e 16 meninas da UFSM e 34 meninos e 14 meninas do Clube Recreativo Dores. Como instrumento metodológico utilizou-se o Inventário de Motivação para prática Desportiva de Gaya & Cardoso (1998). Os resultados indicaram que os motivos mais forte para o envolvimento dos adolescentes no futebol estão relacionados a competência desportiva (72%) e saúde (70%), ficando a categoria amizade e lazer com (67%) da preferência. Quanto ao contexto social onde praticam, os adolescentes praticantes na UFSM apontaram como fator mais importante a categoria competência desportiva com (87%) da preferencia, já os praticantes no Clube Dores apontaram como fator mais motivante para a prática desportiva a c ategoria amizade e lazer com (79.0%) da preferência. Unitermos: Motivos. Adolescentes. Futebol. http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 7 - N 43 - Diciembre de 2001 1 / 2 Introdução O estudo da motivação é um dos grandes temas da Psicologia e, também, a psicologia desportiva tem investigado os aspectos motivacionais que levam à prática desportiva, seja em nível de competição ou apenas de lazer ou recreação em jovens e adultos. O entendimento da motivação no esporte torna-se importante no momento em que enfocamos a motivação como um processo para despertar a ação ou sustentar a atividade (Ferreira el al. apud Fioresi, 1993). No início do século XX, a motivação ganhou uma ênfase maior devido, em parte, aos esforços de Willian Mc Dougall apud Davidoff (1983), fazendo com que ganhasse um espaço importante na psicologia. Mc Dougall chamava os motivos de instintos que, para ele, eram um processo biológico inato que predispunha o organismo a verificar estímulos especiais que respondiam a movimentos de aproximação ou evitação. Em 1908, Mc Dougall publicou uma lista que apresentava a curiosidade, repulsa, agressão, auto-afirmação, fuga, criação de filho, reprodução, fome, sociabilidade, aquisição e construtivismo. Esta lista fez com que muitos cientistas ficassem satisfeitos, passando a citar literalmente vários instintos, inclusive o de ser moral. Tornando-se claro que rotular cada ato como instinto ou motivação n&atild e;o era produtivo e não contribuía com qualquer outra coisa. Nos tempos atuais, os psicólogos passam pouco tempo tentando identificar tipos determinados de motivos a maioria deles enfoca a descrição e sua explicação sobre as influências do comportamento motivado. Segundo Davidoff (1983), motivação é um conceito que se invoca com freqüência para explicar as variações de determinados comportamentos e, sem dúvida, apresenta uma grande importância para a compreensão do comportamento humano. É um estado interno resultante de uma necessidade que desperta certo comportamento, com o objetivo de suprir essa necessidade. Os usos que uma pessoa der as suas capacidades humanas dependem da sua motivação, seus desejos, carências, ambições, apetites, amores, ódios e medos. As diferentes motivações e cognições de uma pessoa explica a diferença do desempenho de cada uma. Os fenômenos motivados apresentam comportamentos que parecem guiados pelo funcionamento biológico do organismo da espécie: como o de beber, comer, evitar a dor, respirar e reproduzirse. Porém, n&a tilde;o obstante, temos os de natureza motivacional que seriam os comportamentos resultantes de necessidades, desejos, propósitos, interesses, afeições, medos, amores e uma série de funções correlatas. Alguns psicólogos afirmam que motivação também é o desejo consciente de se obter algo, sendo assim, uma determinante da forma como o indivíduo se comporta. A motivação está envolvida em várias espécies de comportamento como: aprendizagem, desempenho, percepção, atenção, recordação,

esquecimento, pensamento, criatividade e sentimento. A motivação também possui elementos complexos, inconscientes e, muitas vezes, antagônicos, gerando assim, constantes conflitos. Mas, com certeza, é a motivação que move o Homem. Assim, em termos gerais, motivação significa os fatores e processos que levam as pessoas a agirem ou ficarem inertes frente a determinadas situações (Cratty, 1983). Davidoff (1983), diz que motivação refere-se a um estado interno que resulta de uma necessidade e que ativa ou desperta comportamentos realmente dirigido ao cumprimento da necessidade ativante. Para Murray (1978), motivação é um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa. Motivação não é algo que possa ser diretamente observado; inferimos a existência de motivação observando o comportamento. Um comportamento motivado, segundo Braghrolli; Bisi; Rizzon, et al. (2001) se caracteriza pela energia relativamente forte nele despendida e por estar dirigido para um objetivo ou meta. Já o motivo pode ser definido como uma condiçã ;o interna relativamente duradoura que leva o indivíduo ou que o predispõe a persistir num comportamento orientado para um objetivo, possibilitando, a transformação ou a permanência da situação (Sawrey & Telfold, 1976). Em uma análise histórica do esporte mostra que, ele tem se constituído num fator importantíssimo para o desenvolvimento social e cultural de todos os povos do mundo. Ele coexiste com o homem desde os tempos mais primitivos. Nos dias atuais, segundo Cruz apud Cratty (1983), ele é um dos fenômenos sociais e culturais mais importantes do século. Atualmente, uma parte importante da população está engajada em programas esportivos. A carga de treinamento a que são submetidas estas pessoas varia na razão do seu nível de motivação para o esporte. Se de um lado parece mais fácil entender a motivação para o treinamento esportivo de um atleta profissional, que recebe um salário mensal de milhares de reais, não acontece o mesmo com o tipo de motivação que leva muitas crianças a buscarem um programa de inici ação esportiva (Cratty, 1983). A motivação, segundo Becker Jr. (1996), é um fator muito importante na busca de qualquer objetivo, pelo ser humano. Os treinadores reconhecem este fato como sendo principal, tanto nos treinamentos como nas competições. Segundo Gould apud Gaya & Cardoso (1998) os motivos que definem as atividades desportivas, parecem ser: melhorar as habilidades, passar bem, vencer, vivenciar emoções, desenvolver o físico e o bem estar. Assim, o tipo de motivação, pode definir a orientação de jogar. Portanto, o que interessa não é a vitória contra um adversário, mas sim o progresso pessoal. Para Scalcan e outros (1999), o principal fator motivacional pela procura da prática esportiva continua sendo a busca da ludicidade, divertimento e aprimoramento de suas habilidades motoras. Nesse sentido, o conhecimento dos motivos que levam adolescentes a praticarem uma atividade motora, é um aspecto bastante relevante no desenvolvimento humano, e de fundamental importância para os Professores de Educação Física e Técnicos por proporcionar subsídios a esses profissionais envolvidos na prática de atividades físicas, para que estimule a preparação de seus programas e aulas voltadas mais para o interesse do praticante, facilitando a escolha das atividades, o ritmo da aula, o comportamento relacional e a maneira de motivar para uma prática alegre e prazerosa. Assim este estudo objetivou verificar os motivos que levam adolescentes na faixa etária de 12-17 anos, de ambos os sexos, a praticarem o futebol. Especificamente, verificou-se os motivos para a prática, por idade e sexo, bem como os motivos em relação ao contexto social onde praticam. Metodologia Fizeram parte da amostra 100 sujeitos praticantes de futebol em clubes de Iniciação Desportiva, sendo 36 meninos e 16 meninas da UFSM e 34 meninos e 14 meninas do Clube Recreativo Dores, da cidade de Santa Maria, na faixa etária de 12-17 anos, divididos em 8 grupos, 4 grupos masculinos e 4 grupos femininos: (meninos de 12-14 anos da UFSM); (meninos de 15-17 anos da UFSM); (meninas de 12-14 da UFSM) e (meninas de 15-17 da

UFSM); (meninos de 12-14 das Dores); (meninos de 15-17 das Dores); (meninas de 12-14 das Dores) e (meninas de 15-17 das Dores). Como instrumento de medida utilizou-se o Inventário de Motivação para a prática Desportiva de Gaya & Cardoso (1998), composto por 19 perguntas objetivas subdivididos em 3 categorias: competência desportiva, saúde e amizade/lazer. O Inventário de Motivação para a prática Desportiva de Gaya & Cardoso (1998) foi elaborad o a partir dos questionários de Motivação de Gill; Kimberley et Weiss e Serpa. Os dados foram coletados no Clube de Iniciação Desportiva da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que caracteriza-se por ser de caráter gratuito e seus integrantes pertencerem as Escolas Estaduais e Municipais de Camobi; No Clube de Iniciação Desportiva do Clube Recreativo Dores, que também caracteriza-se por ser gratuito para seus associados, sendo que seus integrantes pertencem, em grande maioria, a Escolas Estaduais localizadas próximas ao Clube e também de Instituições de Ensino Particulares de Santa Maria. As coletas foram realizadas durante o primeiro semestre de 2001, nos intervalos dos treinamentos, sempre com a autorização do respectivo professor responsável pelos atletas. Os dados foram analisados com base nos critérios de Gaya & Cardoso (1998), onde os motivos foram classificados em três categorias (competência desportiva; saúde e amizade/lazer). E ainda utilizou-se da estatística por percentil. Resultados e discussão Motivos que levam adolescentes ambos os sexos, na faixa etária de 12-17 anos a praticarem o futebol. Para análise dos motivos para a prática de desportos, estes foram classificados em três categorias, de acordo com Gaya & Cardoso (1998). As categorias foram as seguintes: a)- competência desportiva (CD) que inclui os motivos: para vencer; para ser o (a) melhor no esporte; porque gosto; para competir; para ser um atleta; para desenvolver habilidades; para aprender novos esportes e para ser jogador quando crescer, b)- saúde (S) que inclui os motivos para exercitar-se; para manter a saúde; para desenvolver a musculatura; para manter o corpo em forma e para emagrecer e c)- amizade e lazer (AL) que inclui os motivos para brincar; para encontrar os amigos; para divertir-me; para fazer novos amigos e para não ficar em casa. Cada motivo possuí três níveis de importância, ou seja Muito Importante (MI), Pouco Importante (PI) e Nada Importante (NI). Para fac ilitar a análise, foram considerados os três níveis no objetivo geral e apenas o nível de importância MI nos objetivos específicos, detalhando por grupos. Tabela 1: Percentil do grau de importância dos motivos que levam adolescentes ambos os sexos, na faixa etária de 12-17 anos a praticarem o futebol. CATEGORAIS NÍVEIS DE PREFERÊNCIA MI PI NI COMP. DESP. 72% 17.9% 11.1% SAÚDE 70% 22% 8% AMIZ/LAZER 67% 23.8% 10.2% Observa-se na Tabela 1 que os motivos que levaram os adolescentes à prática do futebol estão mais relacionados à competência desportiva e à saúde. Mesmo assim, deve-se levar em conta os aspectos relacionados à amizade/lazer. Para Lawther (1973), faz parte das características dos adolescentes experenciar novos desafios para pôr em evidência suas potencialidades. Para isso, encontra-se nos clubes de iniciação desportiva, através das competições, e treinamentos direcionados, que favoreça o progresso pessoal do atleta, o ambiente ideal para o desenvolvimento dessas características.

Pode-se observar também a alta incidência na categoria saúde, o que pode ser explicado pela grande difusão de informações sobre qualidade de vida tanto no ambiente familiar, escolar e nas mídias. Além disso, observa-se o crescente número de pesquisas relacionadas à saúde, qualidade de vida, longevidade, desenvolvimento humano, etc. Em relação à amizade/lazer, pode-se observar que, apesar de apresentar menor incidência, a categoria influencia no desenvolvimento do adolescente, que está sempre em busca de afiliação (pertencer a algum grupo) e de amigos que se indentifiquem para desfrutar de momentos de lazer. Os resultados encontrados no presente estudo vão ao encontro dos encontrados por Gould apud Scalon, Becker Jr. & Brauner (1999), onde identificou como principais fatores motivacionais que influenciam na prática desportiva: melhorar as habilidades, vencer, vivenciar emoções, desenvolver o físico, o bem-estar e fazer amigos, também corroboram com os achados por Paim (2001), onde o motivo mais forte para o envolvimento no futebol de meninos e meninas de 10-16 anos foi, desenvolver habilidades (78%), seguido de excitação e desafios (72%), afiliação (70%) e aptidão (68%). Motivos que levam adolescentes ambos os sexos, na faixa etária de 12-17 anos a praticar o futebol, em relação a idade (12-14; 15-17) e sexo. Tabela 2: Percentil do grau de importância dos Motivos que levam adolescentes ambos os sexos, a praticar o futebol, em relação a idade (12-14; 15-17) e sexo. GRUPO CATEGORIAS COMP. DESP. SAÚDE AMIZ/LAZER MASC. (12-14) 80.0 % 75.0% 71.0% MASC. (15-17) 79,30% 69.2% 73.0% FEM. (12-14) 64.2% 76.7% 74.0% FEM. (15-17) 60.8% 85.0% 80.0% Na tabela 2 observa-se que os motivos que influenciam na prática desportiva em relação à idade, no grupo de (12-14) anos tanto no masculino como no grupo feminino; no fator competência desportiva, apresentam maior preferência, quando comparado ao grupo masculino e feminino respectivamente de (15-17) anos, respectivamente. Quanto ao gênero, observa-se relevante incidência na categoria competência desportiva dos grupos masculinos sobre os grupos femininos, tanto no grupo de (12-14) como no grupo de (15-17) anos. Quanto à categoria saúde, pode-se observar que o grupo masculino (12-14) anos apresentou maior incidência de preferências que e o grupo masculino (15-17) anos, já no feminino, o grupo de (12-14) anos apresentou menor incidência de preferências que o grupo (15-17) anos. Quanto ao gênero masculino e feminino, observa-se relevante incidência na categoria saúde dos grupos femininos sobre os grupos masculino, sendo mais acentuada no grupo feminino de (15-17). Com base nesses dados, pode-se inferir que as meninas de 15-17 anos estão mais preocupadas com a sua auto-imagem e aptidão física, vendo na prática desportiva um fator motivante para o desenvolvimento dessas potencialidades. Na categoria amizade/lazer, pode-se observar quanto à idade que o grupo masculino (12-14) anos apresentou menor incidência de preferências que o grupo masculino (15-17) anos; já no feminino, o grupo de (12-14) anos também apresentou menor incidência de preferências que o grupo (15-17) anos. Quanto ao gênero masculino e feminino, observa-se relevante incidência na categoria amizade/lazer dos grupos femininos sobre os grupos masculinos, nas duas faixas etárias (12-14; 15-17).

Com base nesses dados, pode-se inferir que os adolescentes do sexo masculino nas duas faixas etárias apontaram como fator motivacional dominante a competência desportiva (80,0 e 79,3%), respectivamente para o grupo de 12-14 e 15-17 anos. Sendo apontada a categoria saúde (75 e 69.2 %) em segundo lugar com grande diferença em relação à primeira. Já as adolescentes nas duas faixas etárias supervalorizaram a categoria saúde (76,7 e 85,0 %), respectivamente para o grupo de 12-14 e 15-17 anos. Em segundo lugar, apontaram a categoria amizade/lazer (74.0 e 80.0), ficando a competência desportiva em menor preferência. Estudo realizado por Berleze (1998), com crianças de 8-10 anos, em relação à preferência dos motivos para a prática de atividades motoras na escola, para o sexo feminino os motivos mais citados foram de ordem interna, relacionados ao ego, onde o divertimento e a distração parecem ser os motivos mais relevantes para este grupo, e para o sexo masculino foram de ordem interna, relacionados com a tarefa, onde o prazer pela realização do movimento, o gosto pelo esporte e a aprendizagem de movimentos novos foram os motivos mais relevantes, estes achados corroboram com os encontrados no presente estudo. Possivelmente se possa inferir que, em relação ao gênero masculino e feminino, os aspectos culturais possam explicar as diferenças encontradas. Estudos realizados por Gaya & Torres (1996), sobre hábitos de vida nessas populações têm demonstrado que os estímulos para as práticas desportivas, tanto de pais como de professores, são menores para as meninas; o próprio comportamento dos pais em relação aos filhos homens e mulheres no que tange ao rendimento desportivo são claramente diferenciados. Motivos que levam adolescentes ambos os sexos, na faixa etária de 12-17 anos a praticar o futebol, em relação ao contexto social onde praticam Tabela 3: Percentil do grau de importância dos motivos que levam adolescentes ambos os sexos, na faixa etária de 12-17 anos a praticar o futebol, em relação ao contexto social onde praticam. CLUBE CATEGORIAS COMP. DESP. SAÚDE AMIZ./LAZER UFSM 87.0.% 79.4% 67.5% DORES 74.2% 77.8% 79.% Observa-se na Tabela 3 que os motivos estão relacionados diretamente com a história de vida dos adolescentes. Em relação aos que praticam na UFSM pode-se observar que a competência desportiva apresenta maior incidência, o que pode ser explicado em parte pela condição social, já que a maioria não tem outras oportunidades de demonstrar suas habilidades para pertencerem a outros grupos. Pode-se observar ainda que os adolescentes praticantes na UFSM apresentam relevante incidência na categoria saúde dando menor importância aos fatores relacionados a categoria amizade/lazer. Segundo Machado (1997), o esporte valoriza socialmente o homem, proporciona uma melhoria de auto-imagem, e a aprendizagem de uma modalidade esportiva constitui uma das mais significantes experiências que o ser humano pode viver com seu próprio corpo, a experiência vivida assume particularidades que determinam seu êxito resultante na medida em que vencidas as dificuldades, sendo essas criadas pelo próprio corpo e também pelas exigências do projeto assumido pelo indivíduo. Desta maneira, pode-se inferir que os adolescentes praticantes de futebol na UFSM buscam através de sua competência desportiva, uma melhoria de sua auto-imagem e melhores oportunidades de vida através do esporte. Em relação aos praticantes do Clube Dores, observa-se que a categoria amizade e lazer apresenta pequena vantagem em relação à categoria saúde e competência desportiva. Podese inferir que o fato desses fatores motivacionais praticamente eqüivalerem na preferência dos

adolescentes deve-se às características do local da prática, pois se trata de um clube de entretenimento e lazer onde há mais oportunidades para esses adolescentes. O fato deles pertencerem a um clube já os diferencia dos praticantes na UFSM que não estão filiados a um grupo com características socio-recreativas. Conclusões Este estudo teve como objetivo verificar quais os motivos que levam adolescentes ambos os sexos, na faixa etária de 12-17 anos a praticar o futebol. Com base nos resultados encontrados neste estudo, pode-se concluir que: Os motivos que levaram os adolescentes de 12-17 anos, à prática do futebol estão mais relacionados à competência desportiva e saúde. Mesmo assim, deve-se levar em conta os aspectos relacionados à amizade e lazer. Pode-se concluir também que os motivos que influenciam na prática desportiva em relação à idade e sexo, que os adolescentes do sexo masculino nas duas faixas etárias apontaram como fator motivacional dominante a competência desportiva, respectivamente para o grupo de 12-14 e 15-17 anos. Sendo apontada a categoria saúde em segundo lugar, com grande diferença em relação à primeira, ficando a categoria amiz/lazer em menor preferência. Já as adolescentes nas duas faixas etárias supervalorizaram a categoria saúde, respectivamente para o grupo de 12-14 e 15-17 anos. Em segundo lugar, apontaram a categoria amizade/lazer, ficando a competência desportiva em menor preferência. E mais, quando compara-se os Clubes onde os adolescente praticam o futebol, conclui-se que os que praticam na UFSM apresentam maior incidência na categoria competência desportiva. Já os praticantes no Clube Dores apresentam maior incidência na categoria de amizade/lazer. Referências bibliográficas BECKER JR. B. El efecto de tecnicas de imaginacion sobre patrones e lectroencefalograficos, frecuencia cardiaca y en el rendimento de praticantess de baloncesto com puntuaciones altas y bajas en el tiro libre. Tesis doctoral. Facultad de Psicologia, universidad de Barcelona, Barcelona, 1996. BERLEZE, A. Motivos que levam crianças para a prática de atividades motoras na escola. Monografia de Especialização. UFSM, 1998. BRAGHIROLLI, E. M.; BISI, G. P.; RIZZON, L. A. et. al. Psicologia Geral. Porto Alegre: Vozes, 21 e. d., 2001. CRATTY, B. J. Psicologia no esporte. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil Ltda, 1983. DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. São paulo: Mc Graw-Hill, 1983. FIORESE, L. V. A relação entre a percepção de competência de atletas adolescentes e seus motivos para a prática esportiva. Dissertação de Mestrado. UFSM, 1993. GAYA, A & CARDOSO, M. Os fatores motivacionais para a prática desportiva e suas relações com o sexo, idade e níveis de desempenho desportivo. Revista Perfil. Porto alegre: Editora da UFRGS. Ano 2, N. 2, p. 40-52, 1998. GAYA, A,et TORRES. C. L. Estilo de vida e hábitos desportivos em alunos de escolas públicas de Porto Alegre. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. V17, n. 1, p. 61-71, 1996. LAWTHER, J. D. Psicologia Desportiva. Rio de Janeiro: Fórum, 1973. MACHADO, A. A. Psicologia do Esporte-Temas emergentes. Jundiaí: Ápice, 1997. MURRAY, E. J. Motivação e Emoção. Rio de janeiro: Zahar Editores, 1978. PAIM, M.C.C. Fatores motivacionais e desempenho no futebol.revista da Educação Física de Maringá ( no prelo), novembro, 2001. SAWREY, J. M. & TELFORD, C. W. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Livro Técnico e Científico, 1976.

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