XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015

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Transcrição:

XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015 COINFECÇÕES EM PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL. Camila Martins de Medeiros¹* (IC), Ryvanne Paulino Rocha² (IC), Marina Soares Monteiro Fontelene³ (IC), Gilmara Holanda da Cunha 4 (PQ), Marli Terezinha Gimeniz Galvão 5 (PQ) 1. Universidade Federal do Ceará FUNCAP 2. Universidade Federal do Ceará PIBIC/UFC 3. Universidade Federal do Ceará PREX 4. Universidade Federal do Ceará Curso de Enfermagem 5. Universidade Federal do Ceará Curso de Enfermagem mila.mmedeiros3@gmail.com Palavras-chave: HIV. Coinfecções. Educação em Saúde. Resumo Introdução: Em pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA) podem ocorrer coinfecções, situação na qual o organismo é acometido por duas ou mais doenças ao mesmo tempo, o que dificulta o tratamento e debilita ainda mais a saúde do paciente. Assim, torna-se importante o conhecimento das coinfecções que atualmente mais acometem as PVHA. Objetivo: Identificar as coinfecções que acometem PVHA em atendimento ambulatorial. Metodologia: Estudo transversal, descritivo, quantitativo, realizado de julho a dezembro de 2014, com amostra de 75 PVHA atendidas em ambulatório de infectologia de um hospital universitário em Fortaleza, Ceará. Dados foram coletados através de formulário aplicado por meio entrevista em ambiente privativo. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará. Resultados e discussão: Média dos dados socioeconômicos: idade - 40,2 anos, escolaridade (em anos de estudo) - 14,6 anos. De todos os entrevistados, 71 faziam uso de terapia antirretroviral (TARV). Trinta e nove PVHA negaram coinfecção, 33 relataram ao menos uma, e três referiram mais de uma doença oportunista. Doenças referidas: hepatite, pneumonia, tuberculose, leishmaniose, herpes, sífilis, meningite e pneumocistose. Estudos mostram que em PVHA há prevalência de doenças do sistema respiratório. Conclusão: Quase metade das PVHA analisadas já teve coinfecção. Ressalta-se que com os cuidados de saúde adequados, adesão à TARV e vacinação, as coinfecções podem ser reduzidas e esses pacientes podem ter maior qualidade de vida. É preciso investir em educação em saúde, manter atenção na prevenção de doenças ou recorrência das mesmas. Introdução Até o fim de 2013, 35 milhões de pessoas viviam com HIV/AIDS no mundo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2014), um número bastante elevado e que cresce cada vez mais a cada ano. Mesmo com a educação em saúde e divulgação das medidas de prevenção, a contaminação pelo HIV ainda é elevada e consiste em um problema de saúde pública. No Brasil, estima-se que 734 mil pessoas viviam com HIV/aids no ano de 2014 (BRASIL, 2014). É comum em pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA) o surgimento de doenças oportunistas que se alojam devido a condições favoráveis para isto, doenças estas também chamadas de coinfecções. ISSN 18088449 1

Esta é uma situação na qual o organismo é acometido por duas ou mais doenças ao mesmo tempo, devido à deficiência instalada no sistema imunológico. A deficiência referida se dá pela presença do HIV, que diminui os linfócitos T CD4+, principalmente. Estes linfócitos são os responsáveis pela ativação de macrófagos e auxiliam também, de certa forma, na ativação dos linfócitos TCD8+. No início da infecção há um aumento dos linfócitos, porém, eles não conseguem debelar o vírus presente no organismo e logo há uma diminuição dessas células. O vírus é capaz de afetar também outras células do sistema imune, como macrófagos (ABBAS, 2009). Devido a isto é que ocorrem problemas na defesa contra agentes infecciosos, pois os linfócitos, além de lutarem contra as infecções, também são necessários para a ativação de outras células de defesa. Com a barreira imunológica prejudicada, torna-se propício à entrada de microrganismos oportunistas no organismo. Estes agentes normalmente não causariam dano grave ao hospedeiro com boa defesa, ou seria autolimitada, em alguns casos. Este quadro, de baixa imunidade e surgimento de doenças oportunistas, é caracterizado como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) (BRASIL, 2015). O acúmulo de doenças, além de dificultar o tratamento, debilita ainda mais a saúde do paciente, já que este passa a necessitar de maior auxílio para manter sua homeostase. Atualmente, com o uso da terapia antirretroviral (TARV) é possível se manter um tratamento adequado para manter a carga viral baixa e, assim, proporcionar um aumento das células responsáveis pelas defesas imunológicas. Essa terapia, além de tudo, ainda favoreceu o aumento da expectativa de vida de PVHA e tornou a aids em uma doença crônica (POLEJACK, 2010). Assim, fazem-se necessárias estratégias que facilitem o acompanhamento e evitem interações medicamentosas para que não seja ainda mais agravado o caso. Diante disso, objetiva-se identificar as coinfecções que atualmente mais acometem as PVHA atendidas em serviço ambulatorial, visto que estratégias podem ser implementadas para um melhor atendimento e conduta terapêutica a esses pacientes. Metodologia Este é um estudo do tipo transversal, descritivo e quantitativo. Foi realizado no período entre os meses de julho e dezembro de 2014. A amostra foi de 75 PVHA atendidas em ambulatório de infectologia de um hospital universitário em Fortaleza, Ceará. Os pacientes foram abordados aleatoriamente, de acordo com a ordem de chegada no serviço de saúde para consultas de rotina. Os dados foram coletados através de entrevista estruturada e em ambiente privativo. O formulário da entrevista continha dados envolvendo a condição socioeconômica, dados do prontuário, uso de terapia antirretroviral (TARV) e doenças infecciosas adquiridas após a infecção pelo HIV. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, em 27/02/2014, sob protocolo Nº 27437214.8.0000.5054. Resultados e Discussão Após a análise dos dados coletados, obteve-se uma média de idade dos participantes, de 40,2 anos, evidenciando uma maior maturidade do público do serviço, e média de escolaridade de 14,6 anos, mostrando que os participantes tinham conhecimentos básicos de educação, alfabetização, e conhecimentos gerais. Dentre todos os entrevistados, 71 faziam uso de TARV. Sobre a ocorrência de coinfecções, obtiveram-se os seguintes resultados: 39 PVHA negaram qualquer coinfecção, 33 relataram ter sido acometido apenas uma vez por doença infecciosa e três referiram ter sido acometidos por duas doenças oportunistas, não simultaneamente, após infecção pelo HIV. Todos os que já tiveram algum ISSN 18088449 2

episódio de coinfecção já havia sido tratado anteriormente à entrevista. Nota-se que o número de pessoas que usam a TARV e o número de pessoas que não teve coinfecções coincidiram, fortalecendo que a TARV tem papel fundamental na manutenção do bom estado do sistema imune. Das doenças infecciosas referidas por esses participantes, surgiram as seguintes: hepatite viral - causada pelo vírus da hepatite do tipo B (um paciente), herpes labial e genital (dois pacientes), leishmaniose visceral (dois pacientes), meningite (um paciente), pneumonia (17 pacientes), sífilis (um paciente) e tuberculose (10 pacientes). Nos pacientes que tiveram mais de um episódio de infecção por doença oportunista, foram relatadas: sífilis e herpes, herpes e pneumonia, leishmaniose e pneumonia. Das doenças imunopreveníveis observaram-se a hepatite B e a pneumonia. Para essas duas doenças existem vacinas que podem ser administradas para PVHA quando a contagem de linfócitos T CD4+ for maior que 200 células/mm 3, além da avaliação de saúde (BRASIL, 2015). Observa-se que entre PVHA há prevalência de doenças do sistema respiratório (BRASIL, 2015), como foi evidenciado na presente pesquisa. Destaca-se também que a tuberculose é a infecção oportunista que mais leva PVHA ao óbito e que estas pessoas têm 25 vezes mais chances de desenvolver a forma ativa da doença (NEVES, 2012). Vale ressaltar que o número de pessoas que não tiveram coinfecções coincide com a alta adesão à TARV, o que indica a eficiência do tratamento. Conclusão Com base nos dados apresentados, concluiu-se que aproximadamente metade das PVHA analisadas no estudo já teve alguma coinfecção ao longo da vida, após sorologia positiva para o HIV. Mesmo o número de pessoas em uso de terapia antirretroviral sendo bastante elevado, quase que a totalidade, dentre os pacientes analisados, a taxa de incidência das coinfecções ainda é alta. É preciso haver um bom conhecimento sobre as doenças mais recorrentes, os mecanismos de ação das drogas e interações medicamentosas e fisiopatologia das doenças. As interações medicamentosas e condições orgânicas do indivíduo devem ser avaliadas para que se obtenha o melhor resultado. Um resultado positivo seria a resolução da coinfecção e um aumento das células de defesa, com queda da carga viral associada a isto. Visto que as doenças do trato respiratório são as mais frequentes, tanto neste estudo quanto na literatura analisada, deve-se atentar também para a prevenção da contaminação: evitar o contato de PVHA com pessoas com sintomas de doenças contagiosas por gotículas/aerossóis, manutenção da boa alimentação e terapia antirretroviral, e manutenção da higiene das mãos são exemplos de regras básicas para evitar a contaminação. Estas não são medidas de isolamento, apenas de prevenção. Vale ressaltar que PVHA já sofrem preconceitos e exclusões do convívio social devido ao estigma criado em torno da doença, e as medidas de prevenção de doenças infectocontagiosas não implica em mais um mecanismo de exclusão, é apenas um mecanismo de manutenção da saúde pessoal. Quanto às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) é de suma importância o uso do preservativo, pois este serve de barreira contra as hepatites transmitidas por via sexual e contra o herpes, dentre outras ISTs não citadas nos resultados. Ainda é relevante lembrar que a vacinação pode e deve ser uma aliada aos métodos de prevenção de doenças infecciosas já que, para algumas destas, existem vacinas para prevenção. Destaca-se que com os cuidados de saúde adequados, adesão à TARV e vacinação, as coinfecções podem ser reduzidas e esses pacientes podem ter maior qualidade de vida. É preciso investir em educação em saúde para fortalecer os meios de prevenção de doenças, cuidados com medicações e ISSN 18088449 3

vacinações, atenção na manutenção do bom estado de saúde do paciente e diminuição de recorrências e óbitos por infecções oportunistas. Referências 1. ABBAS, A.K. Imunologia Básica: funções e distúrbios do sistema imunológico. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. cap. 12: Imunodeficiências congênitas e adquiridas, p. 225-231. 2.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico HIV - Aids. Brasília, 2014. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. O que você precisa saber sobre Aids. Disponível em: < http://www.aids.gov.br/pagina/o-que-voceprecisa-saber-sobre-aids>. Acesso em: 21 de agosto de 2015. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos. Brasília, 2015. 5. GIEHL, P.A.S.M. et al. Pneumocistose associada à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Revista Cubana de Medicina Tropical, v. 66, n.1, p. 112-119. Rio de Janeiro,2014. 6. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de vigilância epidemiológica em saúde. Vol. Único, p. 352-309. Brasília, 2014. 7. POLEJACK, Larissa; SEIDL, Eliane Maria Fleury. Monitoramento e avaliação da adesão ao tratamento antirretroviral para HIV/aids: desafios e possibilidades. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, supl. 1, p. 1201-1208, 2010. 8. NEVES, L.A.S. et al. Aids e tuberculose: a coinfecção vista pela perspectiva da qualidade de vida dos indivíduos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v.46, n.3, p. 704-710, 2012. 9. SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. Boletim de informação e atualização da Sociedade Brasileira de Infectologia. Ano XIII N0 49 Janeiro/Fevereiro/Março de 2015. 10. SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. 1º de Dezembro : Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. Disponível em: <http://www.infectologia.org.br/noticias?id=891>. Acesso em: 21 de agosto de 2015. Agradecimentos Agradecemos à professora e orientadora Gilmara Holanda da Cunha pelo amparo durante as pesquisas e pela oportunidade de nos proporcionar um crescimento científico. Aos pacientes atendidos no ambulatório que concordaram em participar da pesquisa. Ao serviço e aos funcionários que nos receberam. Ao ISSN 18088449 4

departamento de Enfermagem da UFC pelo apoio às pesquisas desenvolvidas e à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). ISSN 18088449 5