BOLETIM PIB do agronegócio Fevereiro/18 BRASILEIRO Brazilian Agribusiness Cepea Report
Notas Metodológicas - BOLETIM CEPEA do Agronegócio Brasileiro BRAZILIAN AGRIBUSINESS CEPEA REPORT O Boletim PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal, elaborada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), que aborda aspectos da conjuntura e da estrutura do agronegócio brasileiro sob diferentes óticas, oferecendo um panorama completo a respeito do desempenho do setor. Em todas as suas edições mensais são apresentadas as mais recentes perspectivas e análises a respeito do PIB do agronegócio brasileiro. Complementarmente, volumes trimestrais mais completos abordam também aspectos sobre o mercado de trabalho e o comércio internacional do setor. A cada semestre, há ainda textos de opinião, elaborados por analistas envolvidos no setor, visando tratar de problemas específicos relacionados ao agronegócio brasileiro. O agronegócio, setor foco deste boletim, é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou primária, agroindústria (processamento) e agrosserviços. A análise desse conjunto de segmentos é feita também para o ramo agrícola e para o pecuário. Especificamente em relação ao PIB do Agronegócio Brasileiro, trata-se de resultado de pesquisa realizada em parceria entre o CEPEA e a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Pelo critério metodológico do Cepea, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado total deste setor na economia, a preços de mercado. O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo a todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. Para a análise do PIB do setor, o Cepea calcula e analisa diferentes indicadores, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas: o PIB-volume Agronegócio, que é produto medido pelo critério de preços constantes; o Deflator do PIB do Agronegócio, ou índice de inflação do setor; o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais; e os Preços relativos, que relacionam os deflatores do agronegócio e seus segmentos com o deflator do PIB nacional. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram o mesmo momento do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior). Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis preços e produções observadas e estimativas anuais de produção até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, é possível, portanto, que os resultados sejam alterados. Para detalhamento metodológico, acessar material completo: http://www.cepea.esalq.usp.br/br/metodologia.aspx. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA). BOLETIM CEPEA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. PIRACICABA, V. 2, N.8, 2018. EQUIPE RESPONSÁVEL: Coordenação Geral: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea/ Esalq/USP; Equipe técnica: MSc. Nicole Rennó Castro, MSc. Leandro Gilio, Dra. Adriana Ferreira Silva, Dr. Arlei Luiz Fachinello, Bel. Ana Carolina de Paula Morais e Msc. Gustavo Ferrarezi Giachini, Bel. Marcello Luiz de Souza.
PIB DO AGRONEGÓCIO AGROINDÚSTRIA SE RECUPERA E IMPULSIONA PIB DO AGRONEGÓCIO EM 2018 D epois do já expressivo crescimento registrado em 2017 de 7,6%, com importante impulso ao PIB nacional, novamente, o agronegócio brasileiro deve crescer em 2018. As primeiras estimativas para o PIB-volume do agronegócio em 2018 apontam alta de 5,5% no ano. Diferentemente do cenário de 2017, em 2018, o impulso ao setor vem dos elos industriais, diante de estabilidade prevista para o PIB-volume do segmento primário. Desde meados de 2017, a agroindústria brasileira vem reagindo aos sinais de recuperação da economia brasileira, ainda que modestos, e recuperado sua produção e nível de empregos (Confira relatório Mercado de Trabalho do agronegócio brasileiro: https://www.cepea.esalq.usp. br/br/mercado-de-trabalho-do-agronegocio.aspx). Como se observa na Tabela 1, para o segmento de insumos, estima-se crescimento de 2,9% no ano e, para a agroindústria, de 9%. Entre as agroindústrias acompanhadas no PIB do agronegócio, destacam-se crescimento da produção a de produtos e móveis de madeira, papel e celulose, café, conservas de frutas e legumes, óleos e gorduras vegetais e bebidas, para as de base agrícolas, e do abate de boi, aves e suínos, para as de base pecuária. Vale lembrar que o patamar de comparação, ou o primeiro bimestre de 2017, é bastante baixo. A expansão agroindustrial impulsionou ainda o segmento de agrosserviços, para o qual estima-se expansão de 6,6% em 2018, refletindo a grande quantidade de serviços necessários para o transporte e comercialização da elevada produção (Tabela 1). 3
Tabela 1 - PIB do Agronegócio: variação anual 2018/2017 Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA. *Relação entre os deflatores do agronegócio e de seus segmentos e o deflator do PIB Nacional. 4 Ramos Segmentos PIB-volume Preços Relativos PIB-renda Insumos 3,3% 4,5% 7,9% Primário -1,0% -26,9% -27,7% Ramo agrícola Indústria 9,9% 3,1% 13,3% Agro-serviços 7,4% -2,2% 5,0% Ramo agrícola total 6,0% -5,7% 0,0% Insumos 2,2% -9,2% -7,2% Primário 2,4% -7,8% -5,6% Ramo pecuário Indústria 5,9% -7,2% -1,7% Agro-serviços 5,2% -9,0% -4,2% Ramo pecuário total 4,4% -8,3% -4,2% Insumos 2,9% -0,3% 2,6% Primário 0,1% -20,2% -20,1% AGRONEGÓCIO Indústria 9,0% 0,9% 9,9% Agrosserviços 6,6% -4,5% 1,9% Agronegócio 5,5% -6,5% -1,3% Ainda, quanto ao relativamente modesto desempenho do segmento primário do setor, destaca-se que a variação leva em conta o patamar recorde de produção de 2017. Segundo a Conab, mesmo com a safra brasileira de grãos diminuindo 2,1% em 2018 frente ao ano anterior, ainda será a segunda maior da história. Ressalta-se ainda o bom desempenho em produção de produtos importantes para a geração de valor do agronegócio, como a soja, o algodão e o café. Quantos aos preços, as estimativas atuais apontam para perda de 6,5% nos preços relativos do agronegócio, indicando que os produtos do setor estão se desvalorizando frente à média da economia. Assim como observado em 2017, a pressão baixista da média de preços reais de produtos do agronegócio acabou suprimindo a evolução significativa em volume de produção e, com isso, estima- -se queda de 1,3% no PIB-renda do setor. Entre os segmentos, a redução do PIB-renda é pressionada unicamente pelo primário, para o qual o recuo é estimado em 20,1%. Para os demais segmentos, impulsionado pelo bom volume de produção, o PIB-renda deve crescer. Um aspecto importante acerca de variação de preços estimada deve ser ressaltado. Como a variação é calculada a partir da comparação entre os preços do primeiro bimestre de 2018 frente aos do primeiro bimestre do ano passado, a expressiva queda atrela-se, também, ao fato de que o bimestre de 2017 foi o de preços mais altos. Então, à medida que a comparação anual passe a incluir mais meses (nas próximas estimativas do PIB), avalia-se que a taxa negativa terá sua magnitude amenizada ou mesmo levemente revertida. Essa avaliação
é ainda reforçada pela perspectiva de aumento de preços de alguns produtos do agronegócio nos próximos meses, como o algodão, o milho, a soja, o trigo e alguns hortifrutícolas. Ressalta-se, ainda, que os efeitos da greve de caminhoneiros, que afetam sobretudo o setor agronegócio, ainda não são avaliados nesta estimativa do PIB. Mas, essas questões provavelmente terão reflexos nos resultados do setor (ainda não sendo possível avaliar em que magnitude) e poderão ser verificados nas próximas estimativas do PIB. A princípio, de acordo com informações do Cepea (https://bit.ly/2sq3z7v), os setores de aves, suínos e leite, que já passavam por dificuldades antes da paralisação, parecem ser os mais fragilizados diante da atual greve. 5