8. Inflação e Planos de Estabilização Planos de estabilização no Brasil até o Real

Documentos relacionados
10. Inflação e Planos de Estabilização Planos de estabilização Brasil

10. Inflação e Planos de Estabilização Planos heterodoxos de estabilização Brasil

Parte III: Abordagem Histórica da Economia Brasileira

Inflação CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA. Consultoria Desenvolvendo soluções, alavancando resultados!

ECO Economia Brasileira

O Plano Cruzado: Esperança e Frustração ( ) José Luis Oreiro Professor Associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília.

Plano Real: Concepção e Prática. José Luis Oreiro Professor Associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília

Economia Brasileira Curso DSc - BNDES

EAE 0423-Economia Brasileira I. Prof. Dr. Guilherme Grandi

Economia Brasileira ( ) Plano Bresser

Economia Brasileira Ciclos do Pós-Guerra

Taxa Básica Real de Juro: Evolução e Perspectivas. Nelson Barbosa 14o Fórum de Economia da FGV 12 de setembro de 2017

INFLAÇÃO: TEORIA E EXPERIÊNCIA BRASILEIRA Bibliografia: capítulo 8 de Bacha (2004), p. 215 a 223; 240 a 243

Boletim Econômico Edição nº 37 julho de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico


TABELAS PRÁTICAS E ÍNDICES

Parte IV: Transformações Econômicas nos Anos Recentes Capítulo 18: Economia Brasileira Pós- Estabilização: O Plano Real

Monitor da Taxa Básica de Juro e dos Juros Pagos pelo Setor Público

DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DE APOSENTADORIA - FORMAÇÃO DE CAPITAL E ESGOTAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

Índices de Preços. Em 12

Sessão 2: os temas a serem abordados

Cenário Macroeconômico 2006 Janeiro de 2006

Teorias da Hiperinflação

Índices de preços base: ago. 94 = 100

Instrumentos de Política Macroeconômica

Apresentação Semanal. De 25 a 29 de julho de Luciano Sobral

Índices de Preços. Em 12

Índices de preços base: ago. 94 = 100

Desafios e Perspectivas da Economia Brasileira

Índices de Preços. Em 12

2005: Cenários para o Mercado de Renda Fixa. Marcello Siniscalchi

Plano Cruzado,Plano Bresser Plano Verão,Plano Real. Planos Econômicos

ECO Economia Brasileira

Plano Real: Teoria e Avaliação ( )

meses Maio 1,23 2,82 5,41 0,79 2,88 5,58 Jun. 0,96 3,81 5,84 0,74 3,64 6,06 Jul. 0,45 4,27 6,03 0,53 4,19 6,

meses Maio 1,23 2,82 5,41 0,79 2,88 5,58 Jun. 0,96 3,81 5,84 0,74 3,64 6,06 Jul. 0,45 4,27 6,03 0,53 4,19 6,

Índices de Preços. Período

IPCA, inflação livre, administrados e projeção Carta Aberta. Acumulado em doze meses. Jan Mar Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai

Apresentação Semanal. De 25 a 29 de Junho de Tatiana Pinheiro (11)

INDICADORES ECONÔMICOS

Introdução à Macroeconomia Objetivos Macroeconômicos

ECONOMIA E MERCADO MBA EM CONTROLADORIA E FINANÇAS PGCF PROF. JOÃO EVANGELISTA DIAS MONTEIRO

Introdução à Macroeconomia Objetivos Macroeconômicos

Indicadores Econômicos. Índices de Preços. Período

INDICADORES ECONÔMICOS

Perspectivas para a Inflação

INDICADORES ECONÔMICOS

Carta Macro Mensal Icatu Vanguarda

Mercado Cambial. Fórum Expansão 29 de Junho de 2018

Teoria Macroeconômica II - G3 - PUC-Rio

Data Moeda Valor Vista Descrição Taxa US$ 07-Jul-00 Real 0,5816 Sem frete - PIS/COFINS (3,65%) NPR 1,81 14-Jul-00 Real 0,5938 Sem frete - PIS/COFINS

Economia. Prof. Carlos NEMER 1. Sumário. Conceito - Aspectos Básicos. Conceito - Aspectos Básicos. Caráter Monetário:

Análise de Conjuntura

DELEGACIA REGIONAL TRIBUTÁRIA DE

Introdução à Macroeconomia Objetivos Macroeconômicos

Índices de preços base: ago. 94 = 100

FEA RP USP. Matemática Financeira e Inflação

O Mercado Monetário, a Taxa de Juros e a Taxa de Câmbio

INSTRUMENTOS ANALÍTICOS: INFLAÇÃO E NÚMEROS ÍNDICE

Índices de preços base: ago. 94 = 100

Análise de Conjuntura Outubro/2011

TABELA DE REAJUSTE SALARIAL Demais Trabalhadores de 1978 a 2010

Cenário Macroeconômico ECONOMIA BRASILEIRA

Economic Research São Paulo - SP - Brasil Apresentação Semanal. De 30 de Julho a 03 de Agosto de Rodolfo Margato (11)

Seminário GVcev TENDÊNCIAS E INOVAÇÃO NO VAREJO

Panorama da Economia Brasileira

Análise de Conjuntura Março / 2013

TABELA PRÁTICA PARA CÁLCULO DOS JUROS DE MORA ICMS ANEXA AO COMUNICADO DA-46/12

1. Atividade Econômica

GDOC INTERESSADO CPF/CNPJ PLACA

O SETOR EXTERNO DA ECONOMIA BRASILEIRA

Universidade Federal do Piauí UFPI Campus Universitário Ministro Petrônio Portella Centro de Ciências Humanas e Letras CCHL Departamento de Ciências

Total Contas a pagar Passivo Não Circulante Empréstimos Patrimônio Líquido Capital ,

Economic Research - Brasil Apresentação Semanal. De 16 a 20 de Abril de Mirella Pricoli Amaro Hirakawa

DSc. Economia Brasileira. Exercícios ANPEC. Planos de Estabilização e Atualidades. Prof. Antonio Carlos Assumpção

Análise de Conjuntura Novembro/2012

Apresentação Semanal. De 27 de junho a 08 de julho de Rodolfo Margato

o COMPORTAMENTO DOS PREÇOS AGRÍCOLAS NOS PROGRAMAS DE ESTABILIZAÇÃO

Unidade III ECONOMIA E MERCADO. Prof. Rodrigo Marchesin

PROCESSO DE FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS NO BRASIL: Samuel Pessôa

Equipe Técnica. NMC novembro 2016

Análise de Conjuntura Agosto / 2012

Objetivos e instrumentos de política econômica, 1

DATA DIA DIAS DO FRAÇÃO DATA DATA HORA DA INÍCIO DO ANO JULIANA SIDERAL T.U. SEMANA DO ANO TRÓPICO

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 1º trimestre de 2013

Análise de Conjuntura

INDEXADORES econômicos

COMPORTAMENTO SEMANAL DE MERCADO

EVOLUÇÃO SALARIAL. Categoria: Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo. Material de suporte para categorias em data-base.

INDICADORES SETORIAIS E MACROECONÔMICOS

9º. Encontro Previdência Complementar Região Sul Marco A. S. Martins, Prof. Dr..

Perspectivas e Desafios Cenário Macroeconômico. Internacional. China. Europa. Estados Unidos. Janeiro, 2019

INDICADORES SETORIAIS E MACROECONÔMICOS

INDICADORES SETORIAIS E MACROECONÔMICOS

Processo de formação da taxa de juros no Brasil:

INDICADORES SETORIAIS E MACROECONÔMICOS

INDICADORES SETORIAIS E MACROECONÔMICOS

Transcrição:

8. Inflação e Planos de Estabilização 8.2.1 Planos de estabilização no Brasil até o Real Modenesi (25: cap.4, s.1-3 e cap.5) 27/11/218 1

194 1942 1944 1946 1948 195 1952 1954 1956 1958 196 1962 1964 1966 1968 197 1972 1974 1976 1978 198 1982 1984 1986 1988 199 1992 1994 1996 1998 2 22 24 26 28 21 212 214 216 fev/39 mar/41 abr/43 mai/45 jun/47 jul/49 ago/51 set/53 out/55 nov/57 dez/59 jan/62 fev/64 mar/66 abr/68 mai/7 jun/72 jul/74 ago/76 set/78 out/8 nov/82 dez/84 jan/87 fev/89 mar/91 abr/93 mai/95 jun/97 jul/99 ago/1 set/3 out/5 nov/7 dez/9 jan/12 fev/14 mar/16 Histórico Até o advento do Real, a história econômica do Brasil é marcada por longos períodos de elevada taxa de inflação. 9 8 7 6 5 4 3 2 1-1 Histórico de Inflação (194-217) IGP-DI IPC-Fipe 3 25 2 15 1 5 Fonte: BCB -5 Histórico de Inflação (194-217) 27/11/218 IGP-DI IPC-Fipe 2

194 1941 1942 1943 1944 1945 1946 1947 1948 1949 195 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 196 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 197 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 fev/39 fev/4 fev/41 fev/42 fev/43 fev/44 fev/45 fev/46 fev/47 fev/48 fev/49 fev/5 fev/51 fev/52 fev/53 fev/54 fev/55 fev/56 fev/57 fev/58 fev/59 fev/6 fev/61 fev/62 fev/63 fev/64 fev/65 fev/66 fev/67 fev/68 fev/69 fev/7 fev/71 fev/72 fev/73 fev/74 fev/75 fev/76 fev/77 fev/78 fev/79 Histórico 2 Histórico de Inflação (194-1979) 15 1 5-5 -1 IGP-DI IPC-Fipe Histórico de Inflação (194-1979) 1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 27/11/218 Fonte: BCB 3

jan/8 jun/8 nov/8 abr/81 set/81 fev/82 jul/82 dez/82 mai/83 out/83 mar/84 ago/84 jan/85 jun/85 nov/85 abr/86 set/86 fev/87 jul/87 dez/87 mai/88 out/88 mar/89 ago/89 jan/9 jun/9 nov/9 abr/91 set/91 fev/92 jul/92 dez/92 mai/93 out/93 mar/94 ago/94 Histórico 9 8 7 6 5 4 3 2 1-1 Histórico de Inflação (198-1994) 3 IGP-DI IPC-Fipe Histórico de Inflação (198-1994) 25 2 15 1 5 198 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 199 1991 1992 1993 1994 IGP-DI Fonte: BCB 27/11/218 4 IPC-Fipe

jan/95 abr/95 jul/95 out/95 jan/96 abr/96 jul/96 out/96 jan/97 abr/97 jul/97 out/97 jan/98 abr/98 jul/98 out/98 jan/99 abr/99 jul/99 out/99 jan/ abr/ jul/ out/ jan/1 abr/1 jul/1 out/1 jan/2 abr/2 jul/2 out/2 jan/3 abr/3 jul/3 out/3 Histórico 7 Histórico de Inflação (1995-23) 6 5 4 3 2 1-1 -2 3 IGP-DI IPC-Fipe Histórico de Inflação (1995-23) 25 2 15 1 5-5 1995 1996 1997 1998 1999 2 21 22 23 IGP-DI Fonte: BCB 27/11/218 5 IPC-Fipe

jan/4 jun/4 nov/4 abr/5 set/5 fev/6 jul/6 dez/6 mai/7 out/7 mar/8 ago/8 jan/9 jun/9 nov/9 abr/1 set/1 fev/11 jul/11 dez/11 mai/12 out/12 mar/13 ago/13 jan/14 jun/14 nov/14 abr/15 set/15 fev/16 jul/16 dez/16 mai/17 out/17 Histórico 2,5 Histórico de Inflação (24-217) 2 1,5 1,5 -,5-1 -1,5 IGP-DI IPC-Fipe Histórico de Inflação (24-217) 14 12 1 8 6 4 2-2 24 25 26 27 28 29 21 211 212 213 214 215 216 217-4 IGP-DI IPC-Fipe Fonte: BCB 27/11/218 6

Histórico Crescimento do PIB 15 1 5 196 1965 197 1975 198 1985 199 1995 2 25 21 215 22-5 -1 Fonte: BCB 28/11/218 7

Tese da inflação inercial Choque Heterodoxo: Francisco Lopes, PUC-Rio A ideia de inflação inercial é muito simples. Quando uma determinada sociedade convive por longo tempo com a inflação, os agentes econômicos desenvolvem uma tecnologia de indexação, ou seja, uma tecnologia para conviver com a inflação defendendo-se de seus efeitos mais nocivos, principalmente os distributivos. Isto é perfeitamente racional do ponto de vista individual, mas a soma destas racionalidades privadas produz um resultado irracional do ponto de vista coletivo: uma inflação que se auto-sustenta e que resiste com sucesso às tentativas de combatê-la através dos instrumentos convencionais de política monetária e fiscal. O componente inercial da inflação torna-se dominante, e o sistema econômico fica preso na armadilha de uma inflação, cuja principal causa é a própria inflação. (Lopes, 1986, p.8 apud Modenesi, 25). 28/11/218 8

Tese da inflação inercial Choque Heterodoxo: Francisco Lopes, PUC-Rio Baseada nas evidências de que a inflação não tinha relação direta com déficit público e não responde à contração monetária, tal como defendido pelos autores ortodoxos ineficácia dos controles de demanda tradicionais. Enfatizava a estrutura oligopolista, conflito distributivo e os mecanismos inerciais derivados de indexação formal e informal presentes em ambiente de inflação crônica. Proposta de eliminação da indexação por meio do congelamento geral de preços (incluindo câmbio) e rendimentos, seguido por período de descompressão dos controles, apesar de reconhecer o problema de assincronia no reajuste dos preços (subestimado). 28/11/218 9

Tese da inflação inercial Moeda Indexada - André Lara Resende e Pérsio Arida (PUC-Rio) Contrários ao congelamento que engessava a economia, eliminando o mecanismo de autorregulação dos mercados via preços e causando distorções alocativas insustentáveis ênfase no problema da assincronia dos reajustes de preços. Sugerem desindexar a economia através da introdução de uma moeda indexada que circularia paralelamente à moeda oficial (que veio a ser a base do Real via URV), a partir das experiências europeias no controle de hiperinflações na década de 192. Com a divulgação da taxa de equivalência diária, a inflação continuaria na moeda velha, mas não na nova, de adesão voluntária. A reforma monetária atacaria o componente inercial da inflação sem os efeitos recessivos das políticas ortodoxas ou de distorção de preços do congelamento. 28/11/218 1

Planos de Estabilização Plano Cruzado (2/1986 a 2/1987) o Cruzadinho (7/1986) o Cruzado II (11/1986) Plano Bresser (6/1987) o Política do Feijão com Arroz (1/1988) Plano Verão (1/1989) Plano Collor I (3/199) Plano Collor II (2/1991) Plano Real (7/1994) 27/11/218 11

Fonte: CASTRO, L.B., HISTÓRIA PRECOCE DAS IDÉIAS DO PLANO REAL, Dissertação, UFRJ, 1999. 28/11/218 12

28/11/218 Fonte: CASTRO, L.B., HISTÓRIA PRECOCE DAS IDÉIAS DO PLANO REAL, Dissertação, UFRJ, 1999. 13

28/11/218 Fonte: CASTRO, L.B., HISTÓRIA PRECOCE DAS IDÉIAS DO PLANO REAL, Dissertação, UFRJ, 1999. 14

Choques de estabilização Os choques de estabilização se mostraram perversos: os congelamentos perdem eficácia (menos abrangentes e mais curtos); seguidos de acentuação do processo inflacionário, reajustes mais frequentes para defender suas participações na renda; as bruscas variações da inflação nos ciclos congelamento/flexibilização provocam redistribuições de renda; e com desalinhamento de preços há desabastecimento, greves e o aumento da incerteza tem reflexos negativos sobre os investimentos. 27/11/218 15

Plano Real No plano real foi implementada uma versão adaptada da proposta original Larida. Não houve a paralela circulação da moeda nova e da moeda velha, mas apenas uma unidade de conta, a Unidade Real de Valor (URV). Sua concepção baseava-se na ideia da combinação de uma reforma monetária, que eliminaria o componente inercial da inflação, combinado a um ajuste fiscal, para eliminar o desequilíbrio que viria à tona com a eliminação do efeito Tanzi às avessas (corrosão das despesas pela inflação mantida a receita indexada), compondo as duas primeiras fases do plano, acompanhado da adoção da âncora cambial para sustentar o controle da inflação, que seria a fase final. Vale notar que o controle da inflação foi bem sucedido pelo Plano Real, apesar de a etapa de ajuste fiscal não ter conseguido efetivamente assegurar o equilíbrio das contas do governo ao longo do tempo. 28/11/218 16

Plano Real Reforma Monetária Partiu-se do princípio de que para acabar com a inflação era preciso zerar a memória inflacionária. Mas, em vez da utilização de congelamento de preços, a desindexação seria feita de forma voluntária, através de uma quase moeda. Assim, a URV começou a vigorar a partir do dia 1º de março de 1994. Entre 1º de março e 3 de junho, o Banco Central fixou diariamente a paridade entre o cruzeiro real e a URV, tendo por base a perda do poder aquisitivo do cruzeiro real. Para evitar que ocorresse a fuga da moeda velha para a nova, estipulou-se que, simplesmente, não existiria uma nova moeda, mas apenas uma nova unidade de conta. 28/11/218 17

Plano Real Reforma Monetária No momento da transação, convertia-se o preço da mercadoria expresso em URV em CR$ pela cotação do dia da URV. Com isso, a inflação persistia na moeda em circulação (CR$), mas não na unidade de conta, cujo valor era corrigido pela própria inflação. As correções dos valores das mercadorias em URV (para cima ou para baixo) refletiam o processo de disputa dos agentes pela participação na renda, ou seja, o processo de ajustamento dos preços relativos, que correspondia justamente ao objetivo dessa fase, para evitar choques posteriores. O voluntarismo na adesão à urverização dos contratos reforçava a ideia de que o Plano Real respeitava, ao máximo, os mecanismos de mercado. Quando praticamente todos os preços estavam expressos em URV, o governo introduziu a nova moeda, o Real (R$), em 1º de julho, cujo valor era igual ao da URV do dia: CR$ 2.75,. Todos os preços em CR$ eram convertidos em R$, dividindo-se pelo valor da URV do dia D. 28/11/218 18

Plano Real da âncora monetária à âncora cambial Originalmente, previa-se concessão de poder liberatório à unidade de conta e estabelecimento das regras de emissão e lastreamento da nova moeda (real) de forma a garantir a sua estabilidade regime de metas monetárias. Com o controle da expansão monetária e da demanda, limitar-se-ia a capacidade dos agentes de repassar custos para preços âncora monetária entre julho e setembro de 1994. No entanto, as metas monetárias foram ultrapassadas, por motivos como a remonetização da economia (i.e. redução da velocidade de circulação da moeda) e entrada de divisas (em contexto de paridade fixa R$/US$ = 1), que elevou demasiadamente a demanda por moeda. Em contexto de liquidez abundante, a estabilização acabou sendo feita por meio do uso dos juros elevado e do câmbio valorizado, que chegou a R$/US$ =,84, como âncora para os preços âncora cambial eliminando conflito entre as âncoras. 28/11/218 19

jul/94 set/94 nov/94 jan/95 mar/95 mai/95 jul/95 set/95 nov/95 jan/96 mar/96 mai/96 jul/96 set/96 nov/96 jan/97 mar/97 mai/97 jul/97 set/97 nov/97 jan/98 mar/98 mai/98 jul/98 set/98 nov/98 jan/99 mar/99 mai/99 Plano Real âncora cambial A política cambial seguiu as etapas de flutuação cambial (7/94-9/94), taxa de câmbio fixa (1/94-2/95), banda cambial deslizante (3/95-9/95) e banda cambial rastejante (1/95-12/98) pressão de custo e concorrência em contexto de maior abertura comercial, o que ajudou a manter a inflação sob controle, mas gerou deterioração contas externas. 2,5 3695 - Taxa de câmbio - Livre - Dólar americano (compra) - Fim de período - mensal - u.m.c./us$ 2 1,5 1,5 28/11/218 2

Plano Real Criação da URV: separação da função de unidade de conta, exercida pela Unidade Real de Valor, da função de meio de pagamento, exercida pela moeda corrente, o cruzeiro real, CR$, enquanto a função de reserva de valor permanecia por meio de indexação com correção diária pela URV corrigida por uma composição de índices de preços (IGP-M, IPCA, IPC). Arquitetura conceitual: progressiva conversão dos preços à nova moeda de conta por meio de adesão voluntária, manutenção de equilíbrio entre débitos e haveres, coordenação decisória realinhamento dos preços relativos. Processo de estabilização: substituição do meio circulante, controle da oferta de moeda (recomposição do CMN), restrição à liquidez, sustentação do câmbio (âncora cambial) e abertura da economia, acompanhado de processo de ajuste fiscal (pouco efetivo). 28/11/218 21