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Transcrição:

DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais e Garantias Processuais -habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção e ação popular Parte 7 Profª. Liz Rodrigues

Art. 5º, LXXI: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. - Dois pressupostos: existência de um direito previsto na CF/88 que não seja autoaplicável e a omissão normativa a inexistência de ato legislativo ou administrativo necessário para dar efetividade ao direito garantido (Pinho).

- Art. 2º da Lei n. 13.300/16: a falta da norma regulamentadora pode ser total ou parcial mas deve ser suficiente para inviabilizar o exercício do direito ou prerrogativa em tela. - Legitimidade ativa: qualquer pessoa, física ou jurídica, desde que se encontre nesta situação. - Legitimidade passiva: Poder, órgão ou autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.

- Petição inicial: além dos requisitos normais, deve indicar o órgão impetrado e a pessoa jurídica que ele integra ou à qual está vinculado. - Indeferimento da petição inicial: se for manifestamente incabível ou improcedente. Desta decisão cabe agravo (prazo: 5 dias) para o órgão colegiado competente para o julgamento da impetração.

- Recebida a inicial, o juiz deve ordenar: - A notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição, para que preste informações em dez dias; - A ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada para que, querendo, ingresse no feito.

- Após o transcurso do prazo para a apresentação de informações, o Ministério Público será ouvido. - Prazo: dez dias para apresentação do parecer. - Após, o juiz deverá decidir se reconhece ou não o estado de mora legislativa. - Se o pedido for indeferido por insuficiência de provas, poderá ser renovado, com base em outros elementos probatórios.

- Se o pedido de injunção for deferido e a mora legislativa for reconhecida, o juiz deve (art. 8º, Lei n. 13.300/16): I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.

- Eficácia das decisões em mandados de injunção: antes da regulamentação, o STF costumava adotar uma postura não- concretista, limitando-se a informar à autoridade responsável pela expedição do ato normativo a existência da mora legislativa.

- Em alguns casos, foi adotada uma posição concretista individual (além de constatar a mora, implementava-se o direito, mas apenas para os autores do MI). - No caso do direito de greve dos servidores públicos civis (MI n. 708), o STF declarou a omissão legislativa e determinou a aplicação, no que coubesse, da lei de greve vigente para o setor privado, implementando o direito para toda a categoria (posição concretista geral).

- Obs.: quanto à necessidade ou não de concessão de prazo para o impetrado criar a norma regulamentadora, a corrente concretista pode ser dividida em: - Corrente concretista direta: o órgão julgador deve implementar uma solução imediata para viabilizar o direito do autor. - Corrente concretista intermediária: se o MI for procedente, antes de viabilizar o direito, deve ser dado um prazo para que o órgão supra a lacuna.

- Com a regulamentação, o art. 9º da Lei n. 13.300/16 indica que, como regra geral, a decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. - No entanto, pode ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes quando isso for inerente ou indispensável ao exercício dos direitos, liberdades ou prerrogativas discutidos no caso.

- Ou seja: como regra geral, adota-se a corrente concretista individual intermediária, mas, eventualmente, pode-se adotar a posição concretista direta ou até a concretista geral. - Veja o art. 8º, par. único da Lei n. 13.300/16: Será dispensada a determinação [de prazo razoável para a edição de norma regulamentadora] quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

- Superveniência da norma regulamentadora: em relação aos beneficiados pelo MI já transitado em julgado, os efeitos serão ex nunc, a não ser que a norma editada lhes seja mais favorável. - Se o MI ainda estiver em andamento quando da edição da norma regulamentadora, será extinto sem resolução de mérito.

- Mandado de Injunção Coletivo: regulamentado pela Lei n. 13.300/16 (art. 12), é possível quando os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria.

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;

II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária; - Obs.: basta um deputado federal ou um senador. Não é necessária a representação em ambas as casas.

III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;

IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal (aos que comprovarem insuficiência de recursos).

- STF: Nos mandados de injunção coletivos, a emissão de juízo de mérito pressupõe a especificação dos substituídos e a demonstração de que efetivamente inviabilizado o exercício do direito com base na lacuna normativa apontada (MI 2.859 ED).

- Art. 13, Lei n. 13.300/16: o mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

- O ajuizamento de um MI individual não será prejudicado por uma ação coletiva que possua as mesmas partes, causa de pedir e pedido. - Porém, para se beneficiar dos efeitos da coisa julgada, o impetrante individual deverá desistir da ação no prazo indicado.

- Competência: é definida de acordo com o órgão responsável pela edição da norma regulamentadora. - STF (art. 102, I, q, CF/88), STJ (art. 105, I, h, CF/88), Juízes e Tribunais de Justiça Militar, Eleitoral e do Trabalho (em assuntos de sua competência), Juízes Federais e TRFs (veja o MI n. 193/DF STJ) e Juízes Estaduais e TJs, nos termos das Constituições Estaduais.

- Competência recursal: em se tratando de MI decidido por Tribunais Superiores em única instância, o recurso ordinário da decisão denegatória é apreciado pelo STF. - Nos termos do art. 121, 4º. V da CF/88, cabe ao TSE julgar recurso interposto pelo autor contra a decisão do TER que denegar mandado de injunção.

- Pedido de revisão da decisão (art. 10, Lei n. 13.300/16): sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito. - Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento estabelecido nesta Lei.