AULA 01: NR 04 SESMT



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Transcrição:

AULA 01: NR 04 SESMT A Norma Regulamentadora 4, cujo título é Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) de organizar e manter em funcionamento os Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador, no local de trabalho. A NR 4 tem sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, no artigo 162 da CLT. DOCUMENTOS COMPLEMENTARES ABNT NBR 14280 - Cadastro de Acidente de Trabalho. Capítulo V do Título II da CLT - Refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho. Decreto no 3.048, de 06/05/99 - Aprova o Regulamento da Previdência Social e da outras previdências. Instrução Normativa INSS/PRES no 11, de 20/09/06 - Apresenta as formas de preenchimento da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e dá outras providências. Atividade complementar 1. Quais as instituições que estão obrigadas a manter os Serviços especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT)? 2. Como é feito o dimensionamento? 3. Quem são os profissionais dos SESMT? 4. Quais profissionais dos SESMT precisam ser registrados no MTE? 5. Quem deve liderar o SESMT? 6. Qual a carga horária prevista para os profissionais dos SESMT? 7. Na empresa, a quem compete esclarecer e conscientizar os empregados sobre os acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção? 8. Os SESMT devem ser registrados em que órgão público? 9. Como dimensionar os SESMT de estabelecimentos com empregados exercendo atividades em diferentes gradações de risco? 10. Qual a responsabilidade perante a Lei de um profissional dos SESMT que comparece à empresa somente para assinar documentos?

AULA 02: ACIDENTE ZERO, PREVENÇÃO DEZ. 1) ACIDENTE DE TRABALHO Acontecimento imprevisto, casual ou não, ou então - acontecimento infeliz que resulta em ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína etc. 2) CONCEITO LEGAL Art. 139 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda, pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária. 3) CONCEITO PREVENCIONISTA Acidente do trabalho é toda ocorrência não programada, não desejada, que interrompe o andamento normal do trabalho, podendo resultar em danos físicos e/ou funcionais, ou a morte do trabalhador e/ou danos materiais e econômicos a empresa e ao meio ambiente. 4) ANOTAÇÕES ESPECIAIS Segurados especiais são trabalhadores rurais, isto é, que prestam serviços em âmbito rural, individualmente ou em regime de economia familiar, mas não têm vínculo de emprego. Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve, como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro. Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou sentido. Por exemplo, a perda da visão, provocada por uma pancada na cabeça, caracteriza uma perturbação funcional. 5) DOENÇA PROFISSIONAL De acordo com o mesmo Decreto nº 611/92, doenças profissionais são aquelas adquiridas em decorrência do exercício do trabalho em si. Doenças do trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em que o trabalho é realizado. Ambas são consideradas como acidentes do trabalho, quando delas decorrer a incapacidade para o trabalho. 6) ACIDENTE DO TRABALHO X ACIDENTE NO TRABALHO O acidente típico do trabalho ocorre no local e durante o horário de trabalho. É considerado como um acontecimento súbito, violento e ocasional. Mesmo não sendo a única causa, provoca, no trabalhador, uma incapacidade para a prestação de serviço e, em casos extremos, a morte. Pode ser conseqüência de um ato de agressão, de um ato de imprudência ou imperícia, de uma ofensa física intencional, ou de causas fortuitas como, por exemplo, incêndio, desabamento ou inundação. Acidente de trajeto (ou percurso) - Considera-se acidente de trajeto o que ocorre no percurso da residência para o trabalho ou do trabalho para a residência. Nesses casos, o trabalhador está protegido pela legislação que dispõe sobre acidentes do trabalho. Também é considerada como acidente do trabalho, qualquer ocorrência

que envolva o trabalhador no trajeto para casa, ou na volta para o trabalho, no horário do almoço. Entretanto, se por interesse próprio, o trabalhador alterar ou interromper seu percurso normal, uma ocorrência, nessas condições, deixa de caracterizar- se como acidente do trabalho. Percurso normal é o caminho habitualmente seguido pelo trabalhador, locomovendo-se a pé ou usando meio de transporte fornecido pela empresa, condução própria ou transporte coletivo urbano. Acidente fora do local e horário de trabalho. Considera-se, também, um acidente do trabalho, quando o trabalhador sofre algum acidente fora do local e horário de trabalho, no cumprimento de ordens ou na realização de serviço da empresa. 7) CONSEQÜÊNCIA DOS ACIDENTES A vítima, que fica incapacitada de forma total ou parcial, temporária ou permanente para o trabalho; A família, que tem seu padrão de vida afetado pela falta dos ganhos normais, correndo o risco de cair na marginalidade; As empresas, com a perda de mão-de-obra, de material, de equipamentos, tempo etc., e, conseqüentemente, elevação dos custos operacionais; A sociedade, com o número crescente de inválidos e dependentes da Previdência Social.

AULA 03: NBR 14280... 3.1 AVALIAÇÃO DA FREQÜÊNCIA E DA GRAVIDADE A avaliação da freqüência e da gravidade deve ser feita em função de: FREQÜÊNCIA Número de acidentes ou acidentados e Horas-homem de exposição ao risco GRAVIDADE Tempo Computado (Dias perdidos e dias debitados) e Horas-homem de exposição ao risco 3.2 CÁLCULO DE HORAS-HOMEM DE EXPOSIÇÃO AO RISCO As horas-homem são calculadas pelo somatório das horas de trabalho de cada empregado; Ex: Vinte e cinco homens trabalhando, cada um 200 horas por mês: 25 x 200 = 5000 horas-homem 3.2.1 HORAS DE EXPOSIÇÃO AO RISCO As horas de exposição devem ser extraídas das folhas de pagamento ou quaisquer outros registros de ponto, consideradas apenas as horas trabalhadas, inclusive as extraordinárias; 3.2.2 HORAS ESTIMADAS DE EXPOSIÇÃO AO RISCO Quando não se puder determinar o total de horas realmente trabalhadas, elas deverão ser estimadas multiplicando-se o total de dias de trabalho pela média do número de horas trabalhadas por dia. Na impossibilidade absoluta de se conseguir o total de homem-hora de exposição ao risco, arbitra-se em 2000 horas-homem anuais a exposição do risco para cada empregado. 3.2.3 HORAS NÃO-TRABALHADAS As horas pagas, porém não realmente trabalhadas, sejam reais ou estimadas, tais como as relativas a férias, licença para tratamento de saúde, feriados, dias de folga, gala, luto, convocações oficiais, não devem ser incluídas no total de horas trabalhadas, isto é, horas de exposição ao risco 3.2.4 HORAS DE TRABALHO DE EMPREGADO RESIDENTE EM PROPRIE- DADE DA EMPRESA Só devem ser computadas as horas durante as quais o empregado estiver realmente a serviço do empregador;

3.2.5 HORAS DE TRABALHO DE EMPREGADO COM HORÁRIO DE TRA- BALHO NÃO DEFINIDO Para dirigente, viajante ou qualquer outro empregado sujeito a horário de trabalho não definido, deve ser considerado no computo das horas de exposição, a média diária de 8 horas; 3.2.6 HORAS DE TRABALHO DE PLANTONISTA Para empregados de plantão nas instalações do empregador devem ser consideradas as horas de plantão; 3.3 DIAS PERDIDOS... 3.3.1 DIAS PERDIDOS POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA TOTAL São considerados como dias perdidos por incapacidade temporária total os seguintes: Os dias subseqüentes ao da lesão, em que o empregado continua incapacitado para o trabalho (inclusive dias de repouso remunerado, feriados e outros dias em que a empresa, entidade ou estabelecimento estiverem fechados); e Os subseqüentes ao da lesão, perdidos exclusivamente devido à não disponibilidade de assistência médica ou recursos de diagnósticos necessários; Não são computáveis o dia da lesão e o dia em que o acidentado é considerado apto para retornar ao trabalho. 3.4 DIAS A DEBITAR Devem ser debitados por morte ou incapacidade permanente, total ou parcial, de acordo com o estabelecido no Quadro I: 3.4.1 MORTE ------------------------------------------------------------ 6.000 dias debitados 3.4.2 INCAPACIDADE PERMANENTE TOTAL --------------- 6.000 dias debitados 3.4.3 INCAPACIDADE PERMANENTE PARCIAL ------Tabela 1 dias debitados

(Portaria N o. 33, de 27.10.1983 do M T E) QUADRO 1-A TABELA DE DIAS DEBITADOS Natureza Avaliação Percentual Dias Debitados Morte 100 6.000 Incapacidade total e permanente 100 6.000 Perda da visão de ambos os olhos 100 6.000 Perda da visão de um olho 30 1.800 Perda do braço acima do cotovelo 75 4.500 Perda do braço abaixo do cotovelo 60 3.500 Perda da mão 50 3.000 Perda 1º. quirodátilo (polegar) 10 600 Perda de qualquer outro quirodátilo (dedo) 5 300 Perda de dois outros quirodátilos (dedos) 12 ½ 750 Perda de três outros quirodátilos (dedos) 20 1.200 Perda de quatro outros quirodátilos (dedos) 30 1.800 Perda 1º. quirodátilo (polegar) e qualquer outro quirodátilo (dedo) 20 1.200 Perda 1º. quirodátilo (polegar) e dois outros quirodátilos (dedos) 25 1.500 Perda 1º. quirodátilo (polegar) e três outros quirodátilos (dedos) 33 ½ 2.000 Perda 1º.quirodátilo (polegar) e quatro outros quirodátilos (dedos) 40 2.400 Perda da perna acima do joelho 75 4.500 Perda da perna no joelho ou abaixo dele 50 3.000 Perda do pé 40 2.400 Perda do pododátilo (dedo grande) ou de dois outros ou 6 300 mais pododátilos (dedos do pé) Perda 1º. pododátilo (dedo grande) de ambos os pés 10 600 Perda de qualquer outro pododátilo (dedo do pé) 0 0 Perda da audição de um ouvido 10 600 Perda da audição de ambos os ouvidos 50 3.000 3.4.3.1 POR PERDA DE DEDOS E ARTELHOS Os dias a debitar, em caso de perda de dedos e artelhos, devem ser considerados somente

pelo osso que figura com maior valor, conforme quadro I; 3.4.3.2 POR REDUÇÃO PERMANENTE DE FUNÇÃO Os dias a debitar, em casos de redução permanente de função do membro ou parte de membro, devem ser uma percentagem do número de dias a debitar por amputação, percentagem essa avaliada pela entidade seguradora; Ex: Lesão no indicador resultante da perda da articulação da 2 a falange com a 3 a falange, estimada pela entidade seguradora em 25% da redução da função: os dias a debitar devem ser 25% de 200 dias, isto é, 50 dias. 3.4.3.3 POR PERDA PERMANENTE DA AUDIÇÃO A perda da audição só deve ser considerada incapacidade permanente parcial quando for total para um ou ambos os ouvidos; 3.4.3.4 POR REDUÇÃO PERMANENTE DA VISÃO Os dias a debitar, nos casos de redução perman. da visão, devem ser uma percentagem dos indicados no quadro I, correspondente à perda da visão, percentagem essa determinada pela entidade seguradora. A sua deterterminação deve basear-se na redução, independentemente de correção; 3.4.3.5 POR INCAPACIDADE PERMANENTE QUE AFETA MAIS DE UMA PARTE DO CORPO O total de dias a debitar deve ser a soma dos dias a debitar por parte lesada. Se a soma exceder 6.000 dias, deve ser desprezado o excesso; 3.4.3.6 POR LESÃO NÃO CONSTANTE NO QUADRO I DIAS PERDIDOS Os dias a debitar por lesão permanente não constante no quadro I (tal como lesão de órgão interno, ou perda de função) devem ser uma percentagem de 6.000 dias, determinada de acordo com parecer médico, que se deve basear nas tabelas atuariais de avaliação de incapacidade utilizadas por entidades seguradoras; 3.4.4 DIAS A DEBITAR A incapacidade permanente parcial é incluída nas estatísticas de acidentados com lesão com afastamento, mesmo quando não haja dias perdidos a considerar. Não devem ser consideradas como causadoras de incapacidade permanente parcial, mas de incapacidade temporária total ou inexistência de incapacidade (caso de lesões sem afastamento), as seguintes lesões: a) Hérnia inguinal, se reparada; b) Perda da unha; c) Perda da ponta de dedo ou artelho, sem atingir o osso; d) Perda de dente; e) Desfiguramento; f) Fratura, distensão, torção que não tenha por resultado limitação permanente de movimento ou função normal da parte atingida;

3.5 DIAS A COMPUTAR POR INCAPACIDADE PERMANENTE E INCAPACIDADE TEMPORÁRIA DECORRENTES DO MESMO ACIDENTE Quando houver um acidentado com incapacidade permanente parcial e incapacidade temporária total, independentes, decorrentes de um mesmo acidente, contam-se os dias correspondentes à incapacidade de maior tempo perdido, que será a única incapacidade a ser considerada; 3.6 MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE FREQÜÊNCIA E GRAVIDADE 3.6.1 TAXAS DE FREQÜÊNCIA TAXA DE FREQUÊNCA: ÍNDICE DE AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE: 3.6.1.1 TAXA DE FREQÜÊNCIA DE ACIDENTES Deve ser expressa com aproximação de centésimos e calculada pela seguinte expressão: N o. de Acidentes X 1.000.000 T F = ---------------------------------------------------------- Total de homens-horas trabalhadas Onde: F A taxa de freqüência de acidentes N número de acidentes H horas-homem de exposição ao risco 3.6.1.2 TAXA DE FREQÜÊNCIA DE ACIDENTADOS COM LESÃO COM AFASTAMENTO Deve ser expressa com aproximação de centésimos e calculada pela seguinte expressão: N o. de Acidentes X 1.000.000 T F = ---------------------------------------------------------- Total de homens-horas trabalhadas Onde: F L taxa de freqüência de acidentados com lesão com afastamento N número de acidentados com lesão com afastamento H horas-homem de exposição ao risco 3.6.1.3 TAXA DE FREQÜÊNCIA DE ACIDENTADOS COM LESÃO SEM AFASTAMENTO Deve-se fazer o levantamento do número de acidentes vítimas de lesão, sem afastamento, calculando a

respectiva taxa de freqüência; Apresenta a vantagem de alertar a empresa para acidentes que concorram para o aumento do número de acidentes com afastamento; O cálculo deve ser feito da mesma forma que para os acidentados vítimas de lesão com afastamento. Auxilia os serviços de prevenção, possibilitando a comparação existente entre acidentes com afastamento e sem afastamento. 3.6.2 TAXA DE GRAVIDADE Deve ser expressa em números inteiros e calculados pela seguinte expressão: (N o. de Dias Perdidos + Dias Debitados ) X 1.000.000 I A G = -------------------------------------------------------------------------------------- Total de homens-horas trabalhadas Onde: G taxa de gravidade T tempo computado H horas-homem de exposição ao risco A taxa de gravidade visa exprimir, em relação a um milhão de horashomem de exposição ao risco, os dias perdidos por todos os acidentados vítimas de incapacidade permanente não devem ser considerados os dias perdidos, mas apenas os debitados, a não ser no caso de o acidentado perder número de dias superior ao a debitar pela lesão permanente sofrida. 3.7 REGRAS PARA A DETERMINAÇÃO DAS TAXAS... 3.7.1 PERÍODOS O cálculo das taxas deve ser realizado períodos mensais e anuais, podendo-se usar outros períodos quando houver conveniência; 3.7.2 ACIDENTES DE TRAJETO Devem ser tratado à parte, não sendo incluído no cálculo usual das taxas de freqüência e de gravidade; 3.7.3 PRAZOS DE ENCERRAMENTO Para determinar as taxas relativas a acidentados vítimas de lesões com perda de tempo, deve ser observado: As taxas devem incluir todos os acidentados vítimas de lesões com afastamento no período considerado (mês, ano), devendo os trabalhos de apuração serem encerrados, quando necessário, após decorridos 45 dias do fim desse período;

Em caso de incapacidade que se prolongue além do prazo de encerramento previsto (45 dias do período considerado), o tempo perdido deve ser previamente estimado com base em informação médica; Quando se deixar de incluir um acidentado no levantamento de determinado período, o registro respectivo deve ser incluído, posteriormente, com as necessárias correções estatísticas; 3.7.4 DATA DE REGISTRO O número de acidentados e o tempo perdido correspondente às lesões por eles sofridas devem ser registrados com data da ocorrência dos acidentes; Os casos de lesões mediatas (doenças do trabalho) que não possam ser atribuídas a um acidente de data perfeitamente fixável devem ser registrados com as datas em que as lesões forem comunicadas pela primeira vez. 3.8 REGISTROS E ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES 3.8.1 ESTATÍSTICAS POR SETOR DE ATIVIDADE Além das estatísticas globais da empresa, entidade ou estabelecimento, é de toda conveniência que sejam elaboradas estatísticas por setor de atividade, o que permite evitar que a baixa incidência de acidentes em áreas de menor risco venha a influir nos resultados de qualquer das demais, excluindo, também, das áreas de atividade específica os acidentes não diretamente a elas relacionadas; 3.8.2 ELEMENTOS ESSENCIAIS Para estatísticas e análise de acidentes, consideram-se elementos essenciais: espécie de acidente impessoal (espécie); tipo de acidente pessoal (tipo); agente do acidente; fonte da lesão; fator pessoal de insegurança (fator pessoal); ato inseguro; condição ambiente de insegurança; natureza da lesão; localização da lesão; prejuízo material. Atividade complementar; Pesquisa: SITUAÇÔES ESPECIFICAS DE ACIDENTES A SEREM CONSIDERADOS.

LEITURA COMPLEMENTAR ULTIMOS CONCEITOS E COMENTÁRIOS SOBRE ACIDENTES DO TRABALHO I. CONSEQÜÊNCIAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO Os Acidentes do Trabalho só trazem prejuízos, nenhum benefício. Os empregados, empregadores, governo, que é o legítimo representante da nação, profissionais de segurança e saúde do trabalho, enfim, os atores sociais sabem dessa realidade. O que falta é conscientização. As perdas, conseqüências dos acidentes do trabalho, podem ser: Humanas: lesão imediata (ex.: queimaduras, cortes, contusões, etc.); lesão mediata (ex.: surdez, tendinites, lombalgias, silicose, etc.); Materiais: matéria-prima, equipamentos, máquinas, instalações, etc.); Tempo: paralisação do processo produtivo. As conseqüências dos acidentes podem ser: PARA O TRABALHADOR: Sofrimento físico (dor, ferimentos, doenças, etc.); incapacidade para o trabalho; desamparo para a família; redução do seu salário, quando afastado por mais de 15 dias, visto que o auxílio doença do INSS corresponde a 91% do seu salário; impossibilidade de realizar horas extras; prejuízos morais; traumas psicológicos; seqüelas ou invalidez; morte, mesmo após meses ou anos de ocorrido o acidente; distúrbios familiares. PARA A EMPRESA: substituição do acidentado e para comentar o fato; tempo perdido no trabalho, para a análise do acidente por parte da CIPA e do SESMT; danificação ou perda de máquinas, ferramentas, matéria prima, etc; atraso na prestação de serviços ou na produção, que poderá causar possível descontentamento dos clientes ou multas contratuais; pagamento do salário do acidentado nos primeiros 15 dais sem o funcionário produzir; salários pagos a outros trabalhadores, na hora do acidente e após o mesmo; salários adicionais pagos por trabalhos de horas extras em razão do acidente; diminuição da eficiência do acidentado ao retornar ao trabalho; despesas com treinamento do substituto; perda de lucros por serviços paralisados / interrompidos; reflexos negativos no ambiente de trabalho; diminuição da produtividade dos trabalhadores devido ao imposto emocional (risco psicológico); prejuízos para a imagem da empresa perante a sociedade; problemas com o meio ambiente; problemas com o sindicato; problemas com a família; espantam os consumidores; atraem a atenção das autoridades que têm a responsabilidade de zelar pelo cumprimento dos padrões de segurança. PARA A NAÇÃO: acúmulo de encargos assumidos pela Previdência Social; despesas médicas, hospitalares e farmacêuticas; despesas com reabilitação profissional através de fisioterapia e equipamentos, se necessários; possíveis aumentos das taxas de seguros e impostos para cobrir os gastos do governo; aumento do custo de vida; pagamentos

de benefícios ao trabalhador acidentado ou a seus dependentes, como: auxílio - doença, auxílio acidente, aposentadoria por invalidez e pensão por morte.

II. CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO Um indivíduo é lesionado ou lesiona outro durante a execução de uma tarefa com certo material em determinado ambiente (meio). O conjunto, composto dos quatro elementos, ou componentes: indivíduo-tarefa-material-meio, define uma unidade de análise denominada atividade. A atividade corresponde à parte do trabalho desenvolvida por um indivíduo no sistema de produção considerado (uma fábrica, uma oficina ou um canteiro de obras), e a cada indivíduo corresponde uma atividade. Assim, um acidente pode envolver várias atividades, desde que elas estejam estreitamente ligadas. Isso se dá particularmente no caso de trabalho em equipe (BINDER et al, 1996). Então, para que ocorra um acidente, quatro coisas são necessárias: a) o indivíduo; b) a tarefa (atitudes do indivíduo); c) o material (matéria-prima, peças, produtos, máquinas, equipamentos, ferramentas ou outro objeto; d) o meio (meio ambiente de trabalho). No Brasil, durante muito tempo as causas de acidentes eram tão somente atos inseguros ou condições inseguras, principalmente depois de estudiosos americanos terem analisado 75.000 acidentes industriais e concluído que 88% estavam ligados a fatores humanos e 10% a fatores materiais, ou seja, às condições ambientais (CAMPOS, 2001). Tecnicamente, de acordo com a Norma Brasileira NB-18 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), já substituída, existiam três causas de acidentes: atos inseguros, condições inseguras e o fator pessoal de insegurança, ou fator pessoal causa relativa ao comportamento humano, que leva à prática do ato inseguro. De acordo com a NB-18, existem vários aspectos que decorrem dessas causas. Mas poderíamos dizer que o acidente ocorre como resultado da soma das condições inseguras e dos atos inseguros, em que ambos são oriundos de aspectos psicossociais denominados Fatores Pessoais de Insegurança, que é o nome dado às falhas

humanas decorrentes, na maior parte das vezes, de problemas de ordem psicológica (depressão, tensão, excitação, neuroses, etc), social (problemas de relacionamento, preocupações com necessidade sociais, educação, dependências químicas, etc), congênitos ou de formação cultural que alteram o comportamento do trabalhador, permitindo que ele cometa atos inseguros. Em fevereiro de 1999, a ABNT cancelou e substituiu a NB-18 pela NBR 14.280, mas manteve as três causas de acidentes: fator pessoal de insegurança (causa relativa ao comportamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do ato inseguro), ato inseguro (ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar ou favorecer a ocorrência do acidente) e condição ambiente de insegurança (condição ambiente do meio que causou o acidente ou contribuiu para sua ocorrência) (CAMPOS, 2001). A partir de 1994, quando a Portaria nº 5 do Ministério do Trabalho, relativo à CIPA, introduziu a metodologia da árvore de causas, é que o uso do termo ato inseguro ficou obsoleto. Hoje, alguns autores falam em atos inadequados, dentre outras terminologias. Constatar ato inseguro sempre foi um meio, no Brasil, de se achar um culpado pelo acidente (CAMPOS, 2001). Por essa razão é que, durante uma investigação e análise de acidentes, os profissionais envolvidos não devem utilizar os termos atos inseguros ou condições inseguras. Ou seja, na busca das causas dos acidentes, não procurem classificá-los em atos inseguros ou condições inseguras, mas descrever o risco sem que haja essa necessidade de classificação (PIZA, Informações básicas sobre saúde e segurança no trabalho, 1997). Deve-se, portanto, procurar falhas no processo de trabalho e não identificar se o acidente foi causado por um ato inseguro ou por condições inseguras. O ato inseguro não deixou de existir. Ele é a ponta do processo, e neste existem muitas variáveis. Todo acidente tem causas imediatas, causas básicas (ou raiz) e, principalmente, causas gerenciais. As imediatas são o ato inseguro e as condições inseguras. As

básicas têm, em geral, origem administrativa e, quando corrigidas, previnem por um longo período um acidente similar. Exemplos de causas básicas: falta de conhecimento ou de treinamento; posto de trabalho inadequado; falta de reforço em práticas seguras; falhas de engenharia (projeto e construção); uso de equipamento de proteção individual inadequado; verificações e programas de manutenção inadequados; compra de equipamentos de qualidade duvidosa; sistema de recompensa inadequado; métodos ou procedimentos inadequados (CAMPOS, 2001). Segundo CAMPOS (2001), as causas gerenciais existem porque segurança deve ser encarada de forma sistêmica contingencial, ou seja, como conjunto ordenado de meios de ação visando um resultado, sempre pronto para prever ou atender eventos indesejáveis, tais como acidentes ou doenças ocupacionais. Afinal, segurança não é prioridade, pois ela não acaba nunca, mas ela faz parte do negócio da empresa. Em outras palavras, se ações gerenciais que possam prever ou atender eventos indesejáveis não existem na empresa, então fatalmente há causas de acidentes ou doenças ocupacionais. Vale ressaltar que a maioria dos acidentes do trabalho ocorrem não por falta de legislação, mas devido ao não cumprimento das normas de segurança, as quais visam a proteção da integridade física do trabalhador no desempenho de suas atividades, como também o controle de perdas. Somem-se ao descumprimento das normas a falta de fiscalização e a pouca conscientização do empresariado (VENDRAME, 2001). Está nas mãos do homem a redução dos infortúnios, não só através de atitudes individuais, mas também por uma solução coletiva de mudanças das regras do sistema capitalista que impera no mundo de hoje. A globalização, o aumento da competição, a aceleração da produção, a conseqüente redução do tempo do processo produtivo, ou seja, a diminuição do tempo entre a concepção do produto e a sua colocação no mercado como necessidade capitalista de competitividade, são causas inequívocas dos acidentes do trabalho e doenças do trabalho, em detrimento do próprio homem e do meio ambiente.

I. A corrida capitalista por maiores lucros direciona os esforços para o componente que a curto prazo traz maior retorno: a criação de novas tecnologias, esquecendo o homem ou procurando diminuir a sua interferência no processo produtivo, transformando-o num mero coadjuvante e, enquanto não for possível eliminá-lo do processo, deixando-o exposto aos riscos que, na maioria das vezes, a introdução de novas tecnologias traz, pelo falta de conhecimento ou de treinamento necessário para realização das tarefas. III. CUSTOS DOS ACIDENTES DO TRABALHO São compostos por: Custo Direto (ou Custo Segurado): são: o SAT Seguro de Acidentes do Trabalho; despesas ligadas diretamente ao acidente, como despesas médicas, hospitalares e farmacêuticas com a recuperação do acidentado; pagamento do salário relativo aos primeiros 15 dias após o acidente; outras despesas, como transporte do acidentado, assistência à família, etc. Em outras palavras, o custo direto é a parcela do custo cuja responsabilidade é de uma empresa seguradora (no caso do Brasil, o INSS) contratada por imposição legal. O Custo Direto é, em grande parte, caracterizado pelo importe pago ao INSS, representado por contribuições e seguro de acidentes do trabalho SAT. O SAT representa uma alíquota incidente na folha de salários da empresa em valores de 1%, 2% ou 3%, respectivamente, para grau leve, médio ou grave, dependendo do tipo de empresa, ou seja, dependendo do risco de acidente que a empresa oferece, listado em tabela própria e que foi majorado recentemente para alguns tipos de empresas, em virtude da existência ou não de trabalhadores com direito à aposentadoria especial. Custo Indireto (ou Custo Não Segurado): despesas não atribuídas aos acidentes, ou seja, custo que não se manifesta pelo acidente, mas sim como conseqüência indireta deste, como: salário pago ao acidentado não coberto pelo INSS, relativo aos pequenos acidentes, enquanto o trabalhador se encontra no ambulatório da empresa; salários pagos a outros funcionários no atendimento ao acidentado; perda de lucros; danos materiais; despesas com treinamento do substituto; horas extras pagas a outros funcionários; despesas com a investigação do acidente, etc. É de responsabilidade exclusiva do empregador, não havendo cobertura em tal circunstância.

HEINRICH, in PIZA (1998), evidenciou, em 1930, a relação 4 : 1 entre os custos não segurados (indiretos) e segurados (diretos) de um acidente, demonstrando assim que apenas pequena parcela dos prejuízos com acidentes são reembolsáveis pelas empresas. Esta relação, aceita pelos especialistas, é baseada no fato de que a cada dólar gasto com indenização e assistência às vítimas do acidente (custo segurado), correspondem 4 dólares de custo não segurado. Ainda nessa época, H. W. Heinrich enunciou, em sua pesquisa publicada no livro intitulado Prevenção de acidentes industriais, em 1931, que contra cada lesão incapacitante (com afastamento) havia 29 lesões não incapacitantes (sem afastamento) e 300 acidentes sem lesão, mas com danos à propriedade. Então, já estava provado ao mundo que os acidentes que geram lesões e afastam o trabalhador do ambiente de trabalho para tratamento médico são apenas a ponta do iceberg (PIZA, 1998). Na prática, calcula - se desta forma: Custo Indireto = 4 x Custo Direto Custo Total do Acidente = Custo Direto + Custo Indireto Custo Total do Acidente = Custo Direto + 4 x Custo Direto Estudos mais recentes apontam para uma relação entre custos indiretos e diretos variando de 8 : 1 até 10 : 1 (PIZA, 1998), o que mostra o alto custo indireto do acidente do trabalho e que não é indenizável. Essa estimativa deve-se ao fato de que o custo privado é sempre mensurável, mas o custo social nem sempre o é. No entanto, o custo do acidente é função da característica de cada empresa. Será mais preciso se tiver um inventário permanente e não periódico, e deve seguir a convenção da uniformidade ou da consistência dos lançamentos contábeis da empresa. FRANK BIRD JR., in PIZA (1998), apoiado numa análise de 90.000 acidentes realizada em 1966, formou sua teoria de Controle de Danos, chegando à conclusão que contra cada lesão incapacitante ocorriam 100 lesões não incapacitantes e 500 acidentes com danos à propriedade.

Vários fatores dificultam a exata mensuração dos custos dos acidentes do trabalho, como a dificuldade na obtenção de todos os custos associados ao acidente pela fragmentação das informações, como também das responsabilidades referentes às conseqüências dos acidentes. Segundo CICCO (1983), uma sugestão para o cálculo dos custos dos acidentes do trabalho pode ser apresentada conforme segue: Ce = C i Ce = custo efetivo do acidente C = custo do acidente i = indenizações e ressarcimentos recebidos através de seguro ou de terceiros (valor líquido), onde: C = C 1 + C 2 + C 3 C 1 = custo correspondente ao tempo de afastamento (até os primeiros quinze dias) por acidente com lesão, C 2 = custo referente ao reparo e reposição de máquinas, equipamentos ou materiais danificados (danos à propriedade), C 3 = custos complementares (assistência médica e primeiros socorros) e aos danos à propriedade (outros custos, como paralisação, manutenção e lucros cessantes). Vê-se que, para Cicco (1983), as indenizações e os ressarcimentos recebidos através de seguro ou de terceiros são um coeficiente de segurança econômico que pouco tem a ver com o custo efetivo dos acidentes, mas se constitui numa parcela necessária de financiamento de risco para que a empresa não venha a arcar com o ônus de seu caixa efetivo. Não nos colocaremos aqui numa posição contrária ou a favor da adoção desse critério de Cicco, mas a transferência de riscos de acidentes a terceiros é um caso a se pensar, pois a redução do número de acidentes passa, antes de tudo, pela melhorias do processo no âmbito da empresa. Para determinarmos exatamente as parcelas C2 e C3, dependemos fundamentalmente da organização interna da empresa. A parcela I, que deve ser

subtraída das demais, foi incluída apenas para que se identifique o total líquido do custo efetivo dos acidentes. PASTORE (2001), professor da Universidade de São Paulo-USP, em recente estudo constatou que o Brasil gasta R$ 20 bilhões por ano com acidentes e doenças ocupacionais. Destes R$20 bilhões, 12,5 bilhões são gastos pelas empresas; 2,5 bilhões pelas famílias e 5 bilhões pelo governo. Portanto, é uma fortuna o que se gasta com acidentes, enquanto os investimentos na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais refletem diretamente na redução do custo com acidentes, no aumento da produtividade e na melhoria da qualidade dos produtos e processos. No entanto, estamos mais preocupados em somente arrecadar recursos públicos para cobrir essas despesas, os quais na realidade, se esvaem em indenizações, perda de capital humano, desestruturação de famílias, perda de competitividade, dentre outros prejuízos. Segundo a OIT, o mundo gasta 4% do PIB com acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. Os custos econômicos com acidentes do trabalho estão crescendo aceleradamente. No mundo ocorrem cerca de 250 milhões de acidentes ao ano, ou seja, 685 mil por dia, 475 por minuto, ou 9 por segundo. Tais acidentes resultam em 1,1 milhão de mortes por ano. (VENDRAME, 2000).