9º Congresso de Pesquisa ASSESSORIA FONOAUDIOLÓGICA EDUCACIONAL DESENVOLVENDO A ESCRITA PENSANDO O AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE.



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Transcrição:

9º Congresso de Pesquisa ASSESSORIA FONOAUDIOLÓGICA EDUCACIONAL DESENVOLVENDO A ESCRITA PENSANDO O AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE. Autor(es) RENATA CHRYSTINA BIANCHI DE BARROS Co-Autor(es) KELLY CRISTINA DOS SANTOS COSTA 1. Introdução A atualidade dos estudos sobre fonoaudiologia educacional, especialmente com as pesquisas de Berberian (2001, 2007) fomentam um excepcional ganho na construção do arquivo da Fonoaudiologia de forma geral. A fonoaudiologia enquanto profissão foi reconhecida oficialmente no ano de 1981 com a Lei 6965, porém já se desenhava como uma disciplina prática com motivação reabilitadora na união da medicina, da psicologia e da linguística num espaço singular, a Escola (cf. BERBERIAN, 2007; BARROS, 2011a). Não cabe, neste trabalho, aprofundarmo-nos no processo de constituição da Fonoaudiologia, mas é importante saber que esta disciplina faz movimentos de idas e vindas à Instituição Escola, da qual depende inclusive para pensar suas condições identitárias. Ao sabermos da origem da fonoaudiologia na escola podemos compreender a força que sua condição de disciplina pedagógica-reabilitadora exerceu na construção da sua mais forte morada a clínica. E é pensando a clínica, seus sujeitos e objeto de intervenção que a fonoaudiologia reflete sobre as condições de produção da sua práxis na Escola. Historicamente, em períodos anteriores a elaboração de uma área de atuação oficializada, como ocorrido no ano de 2010 pela Resolução nº387 do CFFa (Conselho Federal de Fonoaudiologia), a fonoaudiologia vem transferindo sua práxis clínica para a Escola, atuando novamente em função de detectar e reabilitar alterações fonoaudiológicas, contribuindo para a manutenção de uma prática higienista do falante. Foi mais uma vez repensando o seu lugar científico e considerando a existência de um objeto e de sujeitos e pensando os diferentes espaços de atuação possíveis na contemporaneidade para a sua práxis que a fonoaudiologia vem construindo fundamentos teóricos, transportando conhecimentos da área da educação e da saúde coletiva, para fundamentar uma ação fonoaudiológica que se volte para a Escola, fortalecendo a sua práxis comprometendo-a com os fundamentos da educação e da constituição da subjetividade. Ao passo que promove a construção de um saber voltado para a escola, no espaço singular da Instituição Escolar, deixando de transferir as ações da clínica fonoaudiológica para a escola, é que a fonoaudiologia passa a integrar a equipe escolar. Estudos da fonoaudiologia na área da saúde coletiva incrementam os conhecimentos fonoaudiológicos, contribuindo para uma nova compreensão e representação de saúde, considerando os aspectos dinâmicos e processuais da condição de viver (PENTEADO e SEVILHA, 2004 p.109) desvelando as contradições da dicotomia saúde-doença, acompanhando as transformações na área, em especial da ampla representatividade do conceito de Promoção da Saúde (cf. op cit). Conforme apresentamos na figura 1, a fonoaudiologia atua nos diferentes níveis de prevenção à saúde humana e também em promoção à saúde e é imprescindível compreender que o seu olhar se transforma quando a sua práxis é edificada sobre um paradigma ou outro. Assumir a perspectiva da Promoção da Saúde implica desvencilhar-se dos pressupostos higienistas e rever as concepções subjacentes às ações educativas (PENTEADO, CHUN e SILVA, 2005 p.16). É possível e importante que haja possibilidade de atuação na área da Fonoaudiologia Educacional tanto sob o paradigma da dicotomia saúde-doença (níveis de prevenção) quanto sob o paradigma da promoção da saúde. Isto que é próprio da historicidade da

fonoaudiologia, a prática pedagógica-reabilitadora (cf. BARROS, 2011a), é necessária e se movimenta inclusive no imaginário daqueles que esperam por essa ação. Porém, há que se transformar em função disto que é hoje realidade nos estudos fomentados pela fonoaudiologia, construído no interior dessa disciplina. Se anteriormente a fonoaudiologia pautava-se apenas numa classificação que privilegiava ações voltadas para a detecção e intervenção precoce de alterações da comunicação, conforme modelo construído por Andrade (1996), hoje há quem inicie discussões no sentido de desenvolver, na área da Fonoaudiologia Educacional, a noção de Promoção da Saúde Fonoaudiológica, que pressupõe a adoção de um conjunto articulado de noções teórico-filosóficas que compreende que o sujeito é homem-sempre-em-formação (BARROS, 2011b). Conforme Westphal (1998) e Buss (2003), "a perspectiva da Promoção da Saúde sugere abordagens educativas democráticas, participantes, problematizadoras e transformadoras, que desempenhem um papel conscientizador e libertador e contribuam para o fortalecimento da capacidade individual e coletiva na conquista da cidadania" (apud PENTEADO e SEVILHA, 2004 p.113). A práxis fonoaudiológica na escola hoje pode e deve orientar-se por condições singulares dos sujeitos e da própria Instituição Escolar de forma a elaborar e executar ações que não estejam simplesmente voltadas para a manutenção da saúde ou da detecção e intervenção precoce no nível primário de atenção à saúde. Encontramos, no corpo teórico-prático da fonoaudiologia, conhecimentos consistentes acerca de linguagem, dos processos de aprendizagem e desenvolvimento da língua, dos processos de alfabetização e letramento que lhe permitem atuar e fortalecer os construtos educacionais em prol do desenvolvimento escolar de alunos em diferentes faixas etárias, atuando sob o conceito de promoção da saúde. Assim, pensamos ser necessário que o fonoaudiólogo conheça e compreenda a área da Educação para então compartilhar da sua práxis. É necessário também que o profissional compreenda o papel e a função da escola e que saiba dos sujeitos para os quais ela existe, pensando sobre quem é o educador atuante na escola da atualidade e a que se presta a Fonoaudiologia na relação com a Educação. Percebemos que nesta linha de atuação não basta o conhecimento anátomo-funcional, das doenças e da sua profilaxia. É necessário embrenhar-se pelas condições do Ser Humano, voltado para as necessidade e condições de vida das pessoas (cf. PENTEADO e SEVILHA, 2004). 2. Objetivos Este trabalho tem por objetivo apresentar uma ação bem sucedida na área da Fonoaudiologia Educacional em assessoria a professores de um Centro de Educação Infantil privado na cidade de Campinas (SP). 3. Desenvolvimento O trabalho de assessoria fonoaudiológica é voltado às proposições da pedagogia através de um projeto que denominamos Projeto Horta que tem o objetivo de dinamizar o ensino interdisciplinar alçando conteúdos do ensino escolar sensibilizando os alunos e iniciando o ensino institucional para a compreensão e cuidados com meio ambiente (Ecologia), aplicando praticamente os conceitos de sustentabilidade, como o plantio de alimentos para o próprio consumo. Objetivamos com este projeto envolver os alunos para a ideia maior de meio ambiente, desenvolvendo o exercício da cidadania e a aprendizagem de conhecimentos de grandes áreas como ecologia, geografia, ciências e português, além da atuação direta para adequação de comportamento interpessoal, de rotina diária e cuidado com instrumentos de estudo e de trabalho. A assessoria fonoaudiológica vem acontecendo através de encontros com 8 professores da equipe escolar para formação docente e aprofundamento de estudo sobre desenvolvimento da linguagem infantil (fala, leitura e escrita) com duração de 2 horas a cada 15 dias e neste Projeto auxilia, efetivamente, para a escolha do tema, considerando a sua abertura para a elaboração e execução de diferentes atividades que permitem o desenvolvimento da fala e da escrita e, assim, o efetivo trabalho para o desenvolvimento institucional de pensamento, linguagem e criatividade baseados nos estudos de L. S. Vigotski (cf. VIGOTSKI, 2009; LA TAILLE, OLIVEIRA E DANTAS, 2009). O registro deste trabalho é realizado por meio de diário de campo da profissional e atrabés da elaboração dos planos e planejamentos e anotações de aula das professoras participantes. Sob a luz da teoria sócio-histórica, por meio de encontros e apresentação prévia dos objetivos, auxilia para o desenvolvimento do

método e dos procedimentos de ensino, como segue: apresentação do projeto e orientação aos pais; solicitação de plantio de uma muda/semente de hortaliça em uma jardineira e registro com fotos, colagem ou desenhos dessa atividade com a família e o que utilizaram de recursos; em data previamente determinada todas as crianças levaram sua hortaliça para a escola onde suas mudas foram catalogadas juntamente com os nomes dos alunos; as jardineiras foram cultivadas na área de luz da própria sala de aula quando foi combinado que todos os dias teria um jardineiro (ajudante do dia), determinado por ordem alfabética, responsável pela rega das plantas; um portfólio (livro da vida) foi construído em conjunto com a professora e alunos durante todo o projeto (um ano letivo) que deverá ser apresentado aos pais durante as reuniões e ao final do ano letivo; ao final do projeto cada aluno deverá presentar um colega com a sua planta. Os conteúdos teóricos-disciplinares trabalhados durante o desenvolvimento do projeto são expostos com auxílio de livros didáticos através de esquemas, desenhos e fotos, aulas expositivas e complementares, relatórios escritos (desenhos e apoio de um escriba) e depoimentos em sala de aula abrindo espaço para esclarecimentos. Conforme o desenvolvimento da horta na sala de aula poderão ser trabalhadas receitas de culinária e voltar o projeto para as famílias através de feiras, concursos ou festivais culinários, possibilitando a valorização e democratização da escola como um espaço inclusive de desenvolvimento do vínculo familiar. 4. Resultado e Discussão Com o tema ambiente e sustentabilidade, o trabalho da professora responsável pelo projeto pode contribuir para o desenvolvimento, sensibilização e construção de espaços e atividades sociais permeados pela escrita, possibilitando a compreensão da função da escrita e da leitura através da pesquisa-ação (cf. DEMO, 2008), fortalecendo vínculos de significação entre as atividades e a vida cotidiana. Pelo fato do Projeto Horta ser desenvolvido em uma sala de aula com crianças de 5 a 6 anos de idade, é preciso considerar que a grande maioria dos alunos ainda não domina o sistema gráfico da escrita, fortalecendo a ideia da práxis fonoaudiológica em promoção de saúde na área da linguagem, priorizando as condições de produção e o vínculo institucional e familiar para o desenvolvimento da aprendizagem. Este projeto e o trabalho em assessoria fonoaudiológica não foram ainda finalizados, e estão no aguardo de coleta de resultados finais e análise comprometida que permita compreensão da real importância dessa atuação para um grupo de alunos, sua família e para a própria prática pedagógica. Como resultado parcial, podemos afirmar que a práxis fonoaudiológica na escola deve ser contínua, uma vez que as orientações fonoaudiológicas na prática pedagógica se transformam cotidianamente em função de pessoas-sempre-em-formação (cf. BARROS, 2011b) e essa transformação deve ser analisada e compreendida para que novas ações sejam realizadas de forma a acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem infantil. Como resultado há o dado perceptual de que esta ação vem transformando não somente os alunos através da prática pedagógica, mas inclusive a professora e seus pares na escola, uma vez que os encontros para assessoria são baseados em leituras teóricas prévias e conjuntas que fomentam a elaboração das atividades. 5. Considerações Finais Esta é uma ação fonoaudiológica que aguarda ainda por ser finalizada e exige novas produções teóricas para apresentação de resultados concretos e análises metodologicamente organizadas, a serem feitas num futuro próximo porém, mesmo ainda sem a conclusão do Projeto Horta, este trabalho indicia a importância da práxis da assessoria fonoaudiológica na formação continuada de professores e no auxílio da elaboração e execução de atividades que promovam o desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem de conteúdos institucionais, próprios da escola. Com este trabalho indicamos ainda a urgência de se compreender as diferentes ideias que fundamentam a prática fonoaudiológica sob o paradigma da prevenção e sob o paradigma da promoção da saúde, sem minimizar a importância de uma ou outra forma de atuação. Porém, é preciso que as ações apontem a escolha do profissional. Referências Bibliográficas

ANDRADE, C.R.F. Fonoaudiologia Preventiva. Teoria e vocabulário técnico e científico. São Paulo: Lovise, 1996. BARROS, R.C.B de. A singularidade da clínica fonoaudiológica: sobre o sujeito e o objeto de intervenção do espaço clínico fonoaudiológico. Tese (doutorado) Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Campinas, SP: [s.n], 2011a. BARROS, R.C.B de. O portifólio como instrumento de avaliação. Artigo no prelo, 2011b. BERBERIAN, A.P. Linguagem e fonoaudiologia: uma análise histórica. Revista Distúrbios da Comunicação. São Paulo, 12(2): 265-278, jun., 2001. BERBERIAN, A.P. Fonoaudiologia e Educação. Um encontro histórico. São Paulo: Plexus, 2007. BUSS, P. M. (2003). Uma introdução ao conceito de Promoção da Saúde. In: CZERESNIA, D. e FREITAS, C. M. Promoção da Saúde conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro, Fio Cruz, 2003. p. 15-38. Apud PENTEADO, R.Z; SEVILHA, E.A.M. Fonoaudiologia em saúde pública/coletiva: compreendendo prevenção e o paradigma da promoção da saúde. Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 16(1): 107-116, abril, 2004. DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. Col. Polêmicas do nosso tempo (25). 9ed. Campinas: Autores Associados, 2008. PENTEADO, R.Z; SEVILHA, E.A.M. Fonoaudiologia em saúde pública/coletiva: compreendendo prevenção e o paradigma da promoção da saúde. Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 16(1): 107-116, abril, 2004. PENTEADO, R.Z.; CHUN, R.Y.C.; SILVA, R.C. Do higienismo às ações promotoras de saúde: a trajetória em saúde vocal. Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 17(1): 9-17, abril, 2005. LA TAILLE, Y de; OLIVEIRA, M.K; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 2009. VIGOTSKI, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2009. WESTPHAL, M. F. (1998). Recursos educativos e métodos de avaliação em promoção de saúde. São Paulo, Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública (mimeo). Apud PENTEADO, R.Z; SEVILHA, E.A.M. Fonoaudiologia em saúde pública/coletiva: compreendendo prevenção e o paradigma da promoção da saúde. RevistaDistúrbios da Comunicação, São Paulo, 16(1): 107-116, abril, 2004. Anexos