A EURITMIA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA PRÁTICA DE CORAL INFANTIL. Pôster

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Transcrição:

A EURITMIA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA PRÁTICA DE CORAL INFANTIL Pôster Ederson Marques de Góes Valéria Lüders Universidade Federal do Paraná Edersonmarx@gmail.com Resumo: A presente pesquisa, em andamento, está direcionada ao estudo da relação música/corpo no contexto de ensino/aprendizagem. Tem como objetivo geral investigar o uso do movimento corporal, por meio da euritmia como recurso pedagógico na formação coral infantil. O estudo está referenciado nas contribuições teóricas de Alberto Grau (2005), da Psicologia Histórico-cultural de Vigotski (2010, 2014) sobre a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem, e de Rudolf Laban (1978, 1990), que compreende estudo sobre o movimento corporal. Especificamente tem como objetivos: a) estudar a euritmia aplicada ao repertório musical de canto coral infantil; b) estudar como ocorre a apropriação do conteúdo musical por meio da prática eurítmica; e c) investigar o movimento corporal associado à prática coral. A opção metodológica é a da pesquisa-ação, e os dados serão coletados em um coral infantil formado por crianças entre 7 e 12 anos de idade, alunos de uma escola da rede municipal de ensino de Curitiba/PR. Palavras chave: Canto Coral Infantil, Euritmia, Educação Musical. Apresentação O estudo apresentado tem com objetivo geral estudar o emprego da movimentação corporal associado à euritmia, como recurso pedagógico na prática de coral infantil. Especificamente, têm-se como objetivos: a) estudar o processo ensino/aprendizagem na perspectiva histórico cultural; b) investigar e adaptar a proposta do Sistema Laban para a prática coral infantil; c) compreender a relação da criação de movimentos corporais e o processo ensino/aprendizagem de conteúdos musicais; e por fim d) elaborar atividades pedagógico-musicais em consonância com o Sistema Laban e a proposta eurítmica envolvendo o cantar, perceber e criar.

O pesquisador deste estudo realizará a investigação com a formação de um coro infantil em uma Escola Municipal da Cidade de Curitiba-PR, tendo como opção metodológica a pesquisa ação. A prática coral associado à euritmia pode contribuir para o desenvolvimento global da criança e, consequentemente, para sua educação musical, com maior domínio rítmico e expressivo/ corporal. Da mesma maneira, buscamos contribuir com a comunidade acadêmica no sentido de apresentar adaptações, possibilidades e discussões a respeito da prática dos alunos à experiência musical. O canto coral infantil A prática coral infantil adquire sua constituição por vários olhares, desde como proposta de processo musicalizador por poder abranger um número considerável de crianças e trabalhar conceitos musicais, busca por motivação pessoal, oportunidades de lazer e divulgação de uma instituição, entre outros. Para Vertamatti (2008), usando prioritariamente a voz como instrumento, a prática coral é um recurso que aproxima as pessoas da música de maneira simples, espontânea e pouco dispendiosa (p. 25). Apesar desta atividade, que tem sido ampliado na vida da criança e do jovem, o referido autor acima aponta uma restrição na escolha do repertório nas praticas corais brasileiras, em geral limitadas a canções da música popular brasileira (MPB). Diante deste cenário, o regente de coro infantil se compreendendo como músico e pedagogo, necessita ampliar sua percepção da prática pedagógico-musical. A profissão de regente de coro infantil é uma tarefa de permanente exigência. Sua compreensão como profissional deve envolver a concepção de um músico capaz de abordar uma ampla gama de linguagens que possibilite a execução do repertório ao qual se propõe. Necessita adquirir capacidade de análise musical, interpretação e técnica de regência, além da formação pedagógica vocal e coral à luz de desenvolver o repertório coral com crianças na intenção de mediar o desenvolvimento musical do grupo e dos integrantes do coro (JARAMILLO, 2004).

Euritmia na concepção de Alberto Grau O conceito de euritmia proveniente do latim, Eu: bom, ritmus: ritmo. Manifesta-se desde a Época Clássica da Grécia Antiga. No início do século XX o termo euritmia foi interpretado e entendido de forma diferenciada por diversos autores, entre eles, o antroposófico Rudolf Steiner, o coreógrafo Rudolf Laban e os músicos Émile Jaques-Dalcroze e Alberto Grau. Para Grau (2005) a Euritmia É muito importante para sentir a música integralmente com a participação de todo o corpo. Devem-se praticar exercícios rítmicos em que se combinem formulas efetuadas principalmente com mãos e pés, simultaneamente com a participação da voz, para alcançar uma expressão corporal que contribua à interpretação musical (GRAU, 2005, p. 131). Neste estudo, será fundamentado a euritmia como prática que auxilia a criança a desenvolver-se musicalmente, por meio da movimentação corporal. Assim, compreende-se que o coralista mediante esta prática, poderá aumentar sua capacidade de dissociação de dois ou mais compassos rítmicos, de uma melodia cantada ou falada. Domínio do Movimento Laban Todo ato de mover-se acontece quando o corpo, ou parte dele, passa de uma posição espacial a outra (LABAN, 1990, p.85). Para observar e compreender os detalhes motores do movimento, Laban estabelece um sistema composto pela combinação de quatro fatores básicos: peso, espaço, tempo e fluência. Na ação do movimento, o peso inerente ao corpo ou parte dele permanece suspenso ou conduzido a um determinado espaço, dentro de um tempo com certo fluxo, que irá determina as qualidades do movimento (SCARPATO, 1999, p. 16). Para Laban estas propriedades do movimento, por meio de atividades que visam vivências conscientes destas ações, podem acarretar ao desenvolvimento de atenção, intenção e decisão, pois:

O indivíduo que aprendeu a relacionar-se com o Espaço, dominando-o fisicamente, tem Atenção. Aquele que detém o domínio de sua relação com o fator Esforço-Peso tem Intenção; e quando a pessoa se ajustou no Tempo, tem Decisão. (LABAN, 1978, p. 131) A proposta do Sistema Laban, busca elaboração de princípios à discussão criativa. Esses princípios procuram abrir o campo de estudo ao invés de fechá-los em determinismos. Portanto, ao tentarem estabelecer relações entre as experiências indivíduo/corpo e processo criativo, pode promover a abertura a outras possibilidades de percepção, compreensão, vivências, experimentação seja ela espacial, afetiva, sensorial, entre outras. Este estudo não busca reduzir significados, por meio de definições singulares de termos, já que a proposta do Sistema Laban pode ser capaz de possibilitar ferramentas para o aluno construir seu próprio caminho à organização corpo/mente, auxiliando na construção de seu conhecimento. Desenvolvimento e Aprendizagem em Vigotski, processos criativos O comportamento do homem é estabelecido por traços e condições sociais e biológicas do seu crescimento. O fator biológico determina a base, o fundamento das reações inatas, e o organismo não tem condição de sair dos limites desse fundamento, sobre o qual se erige um sistema de reações 1 adquiridas (VIGOTSKI, 2010, p. 63). Neste entendimento estes sistemas de reações são estabelecidos pelas condições do meio onde cresce e desenvolve o indivíduo. Para Vigotski (2010), a experiência da criança apresenta-se como único educador capaz de elaborar novas reações no organismo, por isso, a experiência se torna base principal para o trabalho pedagógico. Em sua concepção o professor é o organizador do meio social, onde regula e controla a sua interação com o educando. Diante desta perspectiva em que as modificações ocorrem por meio das experiências do próprio ser, o conhecimento passa pela experiência pessoal, exigindo do aluno não só perceber, 1 Reações são elementos essenciais para a formação do comportamento do homem e do animal, seja na forma mais simples ou complexa. Costuma-se denominar reação em psicologia a ação responsiva do organismo suscitada por um estímulo qualquer. (Vigotski, 2010, p. 15)

mas também reagir. Para Vigotski educar significa, antes de mais nada, estabelecer novas reações, elaborar novas formas de comportamento (2010, p. 65). Com tal característica o educador influencia diretamente na educação da criança por intermédio de mudanças correspondentes ao meio. Assim nos deparamos com a seguinte fórmula educacional: A educação se faz através da própria experiência do aluno, a qual é inteiramente determinada pelo meio, e nesse processo o papel do mestre consiste em organizar e regular o meio. (VIGOTSKI, 2010, p. 67). Em Vigotski (2014), a função imaginaria é vital e necessária no processo de criativo, nele apresenta-se quatro formas de vincular a fantasia à realidade. A primeira vinculação está contida no fato de qualquer ato imaginativo se compor sempre de elementos tomados da realidade e extraídos da experiência humana pregressa. (VIGOTSKI, 2014). A segunda associação da fantasia com a realidade se dá entre o produto final da fantasia e determinados elementos complexos da realidade (VIGOTSKI, 2014, p. 13). Nesta continuidade ela submete-se inteiramente à primeira descrita. E esses produtos da imaginação constroem-se a partir desses elementos elaborados e transformados da realidade, sendo necessário dispor de grande reserva de experiência acumulada para podermos construir com esses elementos as imagens de que falamos (VIGOTSKI, 2014, p. 14). A terceira forma de vinculação ocorre por meio do enlace emocional, (...) toda emoção se manifesta em imagens concordantes com ela, de tal forma que as reações corpóreas, impressões, idéias e imagens constituem um todo que se unifica a ela (MAHEIRIE, 2003, P. 151). Por último, a quarta forma de ligação entre realidade e fantasia, esta acontece pelo produto da fantasia evidenciando-se como algo completamente novo, inexistente no mundo real que, quando objetivado, passa a existir neste plano e a modificar as pessoas e outros objetos (MAHEIRIE, 2003, P. 151). O processo criativo constitui-se em um procedimento de composição muito complexo, em que encontramos percepções externas e internas que são o fundamento de nossa

experiência. O que a criança vê ou ouve constitui desse modo os primeiros pontos de apoio para sua criatividade futura (VIGOTSKI, 2014, p. 25). Assim, a experiência por meio do acúmulo das mais variadas vivências irá construir as fantasias, e, por conseguinte o processo criativo das crianças.

Referências GRAU, Alberto. Dirección Coral: La forja del director. (1ra ed.). Caracas, Venezuela. GGM Editores. 2005. 223 p. JARAMILLO, Alejandro Zuleta. Programa básico de dirección de coros infantiles. Ministério de Cultura, República de Colombia, 1. ed. 2004. LABAN, Rudolf. Domínio do Movimento. Edição organizada por Lisa Ulmann. São Paulo: Summus 1978. 268 p. LABAN, Rudolf. Dança Educativa Moderna. (Tradução Maria da Conceição Parayba Campos). São Paulo: Ícone, 1990. 128 p. MAHEIRIE, Kátia Processo de criação no fazer musical: uma objetivação da subjetividade, a partir dos trabalhos de Sartre e Vygotsky. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 2, p. 147-153, 2003. SCARPATO, Marta T. O corpo cria, descobre e dança com Laban e Freinet. Campinas, SP: UNICAMP, 1999. Originalmente apresentado como dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas. VERTAMATTI, Leila Rosa Gonçalves. Ampliando o repertório do coro infanto-juvenil: um estudo de repertório inserido em uma nova estética. São Paulo: Editora: UNESP; Rio de Janeiro: Funarte, 2008 VIGOTSKI, Lev S. Psicologia Pedagógica. (Tradução do russo Paulo Bezerra). 3 a ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. 561 p. VIGOTSKI, Lev S. Imaginação e criatividade na infância. (Tradução do russo João Pedro Fróis; revisão técnica e da tradução Solange Affeche). 1 a ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2014. 125 p.