RELATÓRIO DA ADMINISTRADORA DE INSOLVÊNCIA (elaborado nos termos do art.155º do C.I.R.E.) Notas prévias: Publicação do anúncio no Portal Citius em 14-11-2013 Reunião realizada com o insolvente em 16-12-2013 Inventário de Bens efectuado em 27-12-2013 1. INSOLVENTE: JOÃO MARTINHO AZEVEDO RODRIGUES CONTRIBUINTE FISCAL: 152 012 460 RESIDÊNCIA: Rua da Boavista, nº 260, Geraz do Lima (Santa Maria), Viana do Castelo DATA DE NASCIMENTO: 14-10-1958 ESTADO CIVIL: Divorciado Nº DE DEPENDENTES: 2 SITUAÇÃO FACE AO EMPREGO: Desempregado 2. ACTIVIDADE A QUE SE DEDICOU NOS ÚLTIMOS 3 ANOS E PRINCIPAIS CAUSAS DA SITUAÇÃO ACTUAL - Artigo 155ª, nº 1, alínea a) do CIRE - Análise dos elementos incluídos no documento referido no artigo 24ª, nº 1, alínea c) do CIRE- A Actividade O insolvente é divorciado de Paula Cristina da Silva Rodrigues Azevedo desde 04/05/2010, com quem foi casado catolicamente no regime da comunhão geral de bens. Do seu casamento nasceram dois filhos, actualmente com 12 e 21 anos de idade. A filha, de 12 anos, frequenta o 7º ano de escolaridade e o filho, de 21 anos, frequenta o 2º ano do curso de engenharia mecânica do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Ainda pelo que foi dito pelo insolvente na reunião realizada, os filhos encontram-se à guarda do seu ex-cônjuge, estando o insolvente obrigado ao pagamento de uma pensão de alimentos no valor mensal de 150,00. 1/7
Actualmente o insolvente reside em imóvel da sua propriedade e do seu ex-cônjuge, sito na Rua da Boavista, freguesia Geraz do Lima (Santa Maria), concelho de Viana do Castelo. Pelo que é dito na P.I. apesar de atualmente se encontrar divorciado, o património comum do casal continua por dividir. Quanto à sua situação face ao emprego, vem referido na Petição Inicial o Requerente encontra-se neste momento desempregado, não auferindo qualquer subsídio. Porém, na reunião realizada com o insolvente, este informou a AI que se encontra inscrito como trabalhador independente na área de pintura de construção civil, prestando serviços ao dia a 7,50 à hora. B- Da Declaração de Insolvência A presente declaração de insolvência foi requerida pelo próprio insolvente. C Principais Causas da Situação Actual Por aquilo que foi dado a conhecer à administradora de insolvência, nomeadamente, do teor da Petição Inicial, da reunião realizada com o insolvente bem assim dos elementos acarreados pelo insolvente no cumprimento do disposto no artigo 24º nº 1, alínea c) do CIRE, verifica-se que: Durante vários anos, o requerente geriu, juntamente com a sua ex-mulher, Paula Cristina da Silva Rodrigues Azevedo, uma sociedade por quotas João Martinho, Lda., ligada à indústria da construção civil (prestando serviços de pintura), da qual ambos eram os únicos sócios ( ) o Requerente, tendo em vista a prossecução da atividade que vinha desenvolvendo, tornou-se gerente de uma outra sociedade comercial com o mesmo escopo, a Netrius, Lda., da qual era sócia maioritária a sua ex-mulher. Porém, do que se conseguiu apurar, a Sociedade João Martinho, Lda., NIPC: 505568209, veio a ser declarada insolvente por Douta Sentença proferida a 13-11-2013, cujo processo corre termos no 2º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Viana do Castelo sob o nº 3006/13.6TBVCT. Sabe-se ainda que a Sociedade Netrius, Lda., NIPC: 508 961 980, veio também ela a ser declarada insolvente por Douta Sentença proferida a 13-11-2013, cujo processo corre termos no 1º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Viana do Castelo sob o nº 2995/13.5TBVCT. Face à declaração de insolvência de Netrius, Lda., na qual o insolvente exercia o cargo de gerente e da qual auferia a remuneração mensal base de 545,50, o insolvente deixou de auferir qualquer rendimento. Porém, o requerente contraiu empréstimos, nomeadamente, para a aquisição da casa de morada de família, aquisição de um veículo automóvel e outros de natureza pessoal ( ) à data da constituição dos créditos, o projeto de vida do Requerente era perfeitamente viável e os rendimentos do casal permitiam-lhe até uma vida desafogada ( ) tudo correu com relativa normalidade até ao momento em que, resultado da conjuntura económica que vimos assistindo há alguns anos, a vida do Requerente começou a entrar numa grave situação financeira ( ) ao ponto de os salários do requerente e da sua ex-mulher se revelarem insuficientes para fazer face a todas as despesas do agregado familiar. 2/7
Neste cenário, o insolvente foi contraindo empréstimos para fazer face a despesas correntes, culminando num recurso ao crédito para pagar outros créditos. Conforme vem dito na P.I. esta situação gerou uma bola de neve na condição financeira do casal, pois acabou por contrair débitos para pagar prestações de outros. Pela análise às petições de reclamação de créditos recepcionadas e ainda aos créditos arrolados pelo insolvente na P.I. no cumprimento do disposto na al. a) do nº1 do artigo 24º do CIRE, aferimos que o principal passivo do insolvente decorre de diversos mútuos obtidos, quer junto de particulares (no montante global aprox. de 94.000,00) quer junto da Caixa Geral de Depósitos (no montante global aprox. de 185.000,00), e ainda das reversões contra si instauradas pelo Instituto da Segurança Social I.P. pelo não cumprimento das contribuições devidas pelas Sociedades João Martinho, Lda. e Netrius, Lda. (cujo montante reclamado ascende ao valor aprox. de 80.000,00). Na verdade, face ao exposto e ao rendimento que vinha sendo auferido pelo insolvente por força do cargo de Gerente na Sociedade Netrius, Lda., no valor mensal base de 545,50, verifica-se um claro desequilíbrio entre o montante dos mútuos contraídos e a capacidade financeira do insolvente para solver tais compromissos. PELO QUE SE CONCLUI, Da análise dos elementos constantes na petição inicial, bem como das diligências efectuadas pela administradora de insolvência, esta situação de insolvência adveio, por um lado, como corolário da actividade profissional exercida nas Sociedades João Martinho, Lda. e Netrius, Lda. que, face à declaração de insolvência daquelas sociedades e ao não pagamento das obrigações por si assumidas, veio o insolvente a ser demandado para o seu cumprimento, enquanto responsável subsidiário. No entanto, e por outro lado, a situação de insolvência do insolvente foi agravada pelo excessivo recurso ao crédito, em montantes avultados que, face aos rendimentos por si auferidos, se mostravam ser manifestamente superiores às suas capacidades financeiras e de liquidez, sendo que o recurso desenfreado ao crédito para solver créditos anteriores apenas veio avolumar ainda mais o seu passivo, entrando numa situação de incumprimento generalizado. 3. ANÁLISE ESTADO DA CONTABILIDADE DO DEVEDOR E OPINIÃO SOBRE OS DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA - Artigo 155ª, nº 1, alínea b) do CIRE Não aplicável por força da alínea f) do nº 1 do artigo 24º do CIRE (não tem contabilidade organizada) 3/7
4. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA DO DEVEDOR, NO TODO OU EM PARTE, DA CONVENIÊNCIA DE SE APROVAR UM PLANO DE INSOLVÊNCIA, E DAS CONSEQUENCIAS DECORRENTES PARA OS CREDORES NOS DIVERSOS CENÁRIOS FIGURÁVEIS - Artigo 155ª, nº 1, alínea c) do CIRE Pelo que foi possível apurar, decorrente das diligências efectuadas, inclusive das buscas efetuadas junto da Administração Tributária e Serviços de Registo Predial e Automóvel, verifica-se que: 1. O insolvente actualmente encontra-se inscrito como trabalhador independente, prestando alguns serviços, de modo esporádico, com um valor hora de 7,5 ; 2. Das buscas efectuadas, e sob o ponto de vista da propriedade, apenas é conhecido ao insolvente um bem imóvel correspondente à verba nº1 do inventário de bens, do qual o insolvente é proprietário em comum com a sua ex-mulher. Neste sentido, apenas foi inventariado e, consequentemente, apreendido a favor da massa insolvente o direito à meação do insolvente no referido imóvel; 3. Na reunião realizada com o insolvente, este informou ainda a AI de que não é beneficiário de qualquer contrato de arrendamento ( ) não é detentor de bens móveis em regime de aluguer ou locação financeira ou venda com reserva de propriedade ; 4. O insolvente informou ainda a AI que, na sequência da ausência de rendimentos pela declaração de insolvência da sociedade Netrius, Lda., deixou de pagar a pensão de alimentos aos seus filhos desde Setembro de 2013; 5. Pelo que se verifica que, actualmente, face aos rendimentos (incertos) auferidos pelo insolvente, e ao montante do seu passivo ( 374.593,52) não existe possibilidade de este vir a gerar receitas suficientes para fazer face às suas obrigações. Assim, a única forma de satisfazer (parte) dos créditos que vierem a ser reclamados e apurados é a liquidação célere do seu património. CONCLUINDO: A administradora de insolvência propõe a liquidação do património do insolvente. 4/7
5. EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE Na petição inicial, veio o insolvente requerer ao Tribunal que fosse concedida a exoneração do passivo restante, nos termos do disposto no artigo 235º e ss do CIRE. Para tal, declarou expressamente que preenche os requisitos e se dispõe a observar todas as condições exigidas nos artigos constantes do Capítulo I, do Título XII, do CIRE. Declarando ainda o comportamento do Requerente sempre foi pautado pela licitude, honestidade transparência e boa-fé, quer no que respeita à sua situação económica. Ora a administradora de insolvência não tem conhecimento de que o insolvente se enquadre em nenhuma das situações previstas no artigo 238º n.º 1 do CIRE. - DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES ACTUAIS DE VIDA DA INSOLVENTE A AI, em 27-12-2013, na companhia do insolvente, efectuou uma visita ao imóvel do insolvente, correspondente à sua residência, tendo verificado que: a) O imóvel propriedade do insolvente e da sua ex-mulher, correspondente à sua residência, é uma moradia de construção recente, e encontra-se dotada das infraestruturas necessárias para boas condições de habitabilidade e conforto (nomeadamente ar condicionado e aquecimento central); Relativamente aos rendimentos: b) O insolvente encontra-se inscrito como trabalhador independente, prestando alguns serviços de modo esporádico, conforme declarado à AI pelo próprio insolvente; c) Os filhos do insolvente encontram-se à guarda da sua ex-mulher, estando o insolvente adstrito ao pagamento de uma pensão de alimentos no valor mensal global de 150,00. Do património: d) Apenas é titular de um prédio urbano conjuntamente com a sua ex-mulher. 6. SENTIDO DE PARECER DE QUALIFICAÇÃO DE INSOLVÊNCIA Atenta a nova redação do nº 1 do artigo 188º do CIRE, e dado que a AI não perspectiva, a curto prazo, obter factos novos, deixa, desde já, aqui expressa a sua opinião quanto ao sentido do parecer de qualificação da insolvência. Desde logo, e dado que o insolvente não está obrigado a possuir contabilidade organizada o que dificulta todas as analises que se possam fazer no sentido de apurar responsabilidades na gestão do seu património e negócios efectuados, apenas os elementos juntos aos autos pelo insolvente, bem como os obtidos por indagação, serão aqui atendidos: 5/7
a) Sempre que solicitado, o insolvente colaborou com a Administradora de Insolvência; b) Até à data da declaração de insolvência da Sociedade Nerius, Lda., em 13-11-2013, o insolvente exercia o cargo de Gerente na referida Sociedade mediante um vencimento base de 545,00 euros; c) A situação de insolvência está relacionada com as obrigações contraídas em prol das sociedades João Martinho, Lda. e Nerius, Lda., bem assim do recurso desenfreado aos créditos, em montantes avultados face aos rendimentos auferidos; d) Pelo que não foram encontrados quaisquer factos que pudessem levar, pela dedução de causa efeito, à imputação na pessoa do devedor da sua insolvência como culposa, nomeadamente a ocorrência de quaisquer actos enquadrados no artigo 186º do CIRE. 7. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO - Artigo 155º, nº 1, alínea e) do CIRE Ponto I. Da apreensão do Bem Imóvel: A apreensão do imóvel conhecido como pertencente ao insolvente, foi efectuada sem a entrega efectiva do mesmo, nem mesmo das suas chaves, nos termos do art.º 756º do CPC, em virtude de ter sido declarado pelo aqui insolvente que o mesmo é a sua casa de habitação efectiva. Ponto II. Da liquidação do Bem Imóvel: O bem imóvel apreendido a favor da massa insolvente é um bem comum do insolvente e da sua ex-mulher Paula Cristina da Silva Rodrigues Azevedo. Assim, apenas foi apreendido a favor da massa insolvente o direito à meação do insolvente nesse bem, pelo que, sem mais, somente este direito poderia vir a ser alienado nestes autos. Porém, a ex-mulher do insolvente foi também ela declarada insolvente por Douta Sentença proferida a 29-10-2013, cujo processo corre termos no 1º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Viana do Castelo sob o nº 2869/13.0TBVCT. Assim, e considerando que a venda de meações em momentos distintos se mostrará de difícil alcançe, mormente, no que concerne à obtenção em tempo útil de comprador, que, atendendo ao actual estado do mercado imobiliário, irá resultar na desvalorização do imóvel, e consequentemente, na sua transmissão por valor inferior ao seu actual valor de mercado, é de todo conveniente que a sua venda se efective pela totalidade do imóvel. Nesse sentido, a AI irá providenciar junto do administrador de insolvência de Paula Cristina da Silva Rodrigues Azevedo pela possibilidade de a venda do referido bem imóvel ser efectuada de modo conjunto entre aqueles autos de insolvência e os autos 6/7
de insolvência de João Martinho Azevedo Rodrigues, com posterior repartição do produto da venda em partes iguais entre a massa insolvente de Paula Cristina da Silva Rodrigues Azevedo e a massa insolvente de João Martinho Azevedo Rodrigues. Pede deferimento, Muito atentamente A administradora de insolvência, Anexos: Lista provisória de credores Inventário de Bens 7/7