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Transcrição:

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O principal discípulo de Smith, David Ricardo, sofisticou um pouco mais essa teoria. Segundo ele, ainda que uma economia fosse mais eficiente em todos os produtos, o comércio internacional seria possível e vantajoso para todos.

Na sua opinião, num sistema de comércio perfeitamente livre, cada país consagra o seu capital e trabalho às atividades que lhe são mais rendosas. Esta procura de vantagem individual junta-se admiravelmente com o bem-estar universal

O exemplo que Ricardo utiliza para demonstrar sua tese encontra-se na tabela a seguir:

Em lugar de adotar como medida do valor e, portanto, dos custos as horas de trabalho, Ricardo usa a quantidade de trabalhadores por produção anual de cada produto. No caso de Portugal, seriam necessários 80 trabalhadores para produzir o vinho e 90 para o tecido; na Inglaterra, 120 trabalhadores para vinho e 100 para tecido.

Se esse exemplo fosse aplicado à versão mais simples de Smith, Portugal, com menor custo nos dois produtos (vinho: 80 homens contra 120; tecido: 90 contra 100), teria vantagem absoluta em ambos e, assim, não haveria possibilidade de intercâmbio entre os dois países.

No entanto, segundo Ricardo, o que determinaria as relações comerciais internacionais seria a vantagem relativa ou comparativa, e não a vantagem absoluta.

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O funcionamento de uma espécie de zona de livre comércio entre os dois países teria beneficiado a Inglaterra e prejudicado Portugal. Isso porque: a indústria nascente neste último teria sido destruída pela concorrência inglesa, que possuía uma indústria mais madura e mais eficiente; por isso, Portugal teria se transformado numa espécie de armazém comercial dos produtos industriais ingleses; a balança comercial portuguesa se teria tornado deficitária; Portugal, em consequência desse déficit, teria transferido para a Inglaterra o ouro que recebia do Brasil e, além disso, se teria endividado com aquele país.

A causa dessa deterioração econômica de Portugal teria sido a prática do livre comércio com uma nação mais desenvolvida economicamente e, portanto, com maior capacidade competitiva.

Pouco depois, esse debate seria retomado na jovem nação estadunidense que coincidentemente proclamou sua independência no ano em que Smith lançou seu livro: 1776.

Foi nomeado como o Secretário do Tesouro do primeiro governo dos EUA, presidido por George Washington, o jovem Alexander Hamilton, que lutara na Guerra de Independência como ajudantede-ordens de Washington. Na sua nova função, apresentou à Câmara dos Deputados do país, em 5 de dezembro de 1791, um documento intitulado Relatório sobre as manufaturas, cujo objetivo era traçar os rumos econômicos do país que acabava de nascer.

Propugnava o pensador estadunidense que, para produzir-se o quanto antes as mudanças desejáveis [para garantir a industrialização], são necessários, pois, o estímulo e o patrocínio do governo. Isto porque, sem o Estado, estas mudanças tendem a ocorrer mais tarde do que o que conviria ao interesse tanto da sociedade como do indivíduo.

Portanto, a ação do Estado com vistas à industrialização significaria, de um lado, a adoção de medidas de proteção à indústria nascente e, de outro, a intervenção interna visando à criação de condições que favorecessem a industrialização.

O programa proposto por Hamilton constava das seguintes medidas: 1. tarifas alfandegárias protecionistas, quer dizer, tarifas sobre os artigos estrangeiros rivais dos produtos nacionais que se pretendem fomentar; 2. proibição de artigos rivais ou tarifas equivalentes a uma proibição; 3. veto à exportação de matérias-primas necessárias às manufaturas; 4. subsídios pecuniários à produção local; 5. prêmios para recompensar alguma superioridade ou excelência especial, alguma aptidão ou esforço extraordinários ; 6. isenção tarifária para a importação de matérias-primas necessárias às manufaturas locais;

7. reintegração das tarifas cobradas sobre as matérias-primas para as manufaturas; 8. fomento a novos inventos e descobertas no próprio país e introdução dos que sejam feitos em outros países, particularmente os referentes à maquinaria; 9. normas prudentes para a inspeção de bens manufaturados a fim de garantir a qualidade; 10. agilização das remessas monetárias de um lugar a outro do país por meio de um sistema bancário e creditício ágil e generalizado em nível nacional; 11. agilização do transporte de mercadorias.

Duas conclusões importantes se impõem a partir do pensamento de Hamilton: o livre comércio com as nações industriais inviabilizaria a industrialização das nações agrícolas, sendo necessária a adoção de medidas protecionistas para que essas nações pudessem seguir a senda industrial; enquanto o protecionismo mercantilista, ainda que pudesse favorecer a industrialização, tinha como objetivo básico a obtenção dos superávits comerciais necessários à acumulação de metais preciosos que condensaria a riqueza, para eles, o protecionismo de Hamilton tinha como seu principal objetivo favorecer a industrialização e, dessa forma, aumentar a produtividade e a produção de mercadorias que condensaria a riqueza, na sua definição.

O que era a riqueza para os mercantilistas? Quais os mecanismos por eles propostos para uma nação obter e acumular riqueza? Exponha a teoria do livre comércio baseada nas vantagens absolutas, apresentando exemplos numéricos. Exponha a teoria do livre comércio baseada nas vantagens comparativas, apresentando exemplos numéricos. Exponha e comente o programa proposto por Hamilton para viabilizar a industrialização.