RELAÇÃO INTERPESSOAL DE PNE (SÍNDROME DE DOWN) NA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL (ESTUDO DE CASO)



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Transcrição:

RELAÇÃO INTERPESSOAL DE PNE (SÍNDROME DE DOWN) NA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL (ESTUDO DE CASO) HOFMANN *, Ana Paula - PUCPR aninhahofmann@gmail.com Resumo Os portadores de necessidades especiais cada vez mais vêm ganhando espaço na sociedade. Hoje em dia é mais fácil vê-los praticando atividades sociais e exercendo seus direitos de cidadão. O estudo de caso realizado entrou neste contexto e buscou identificar a relação existente entre o portador de síndrome de down (nível leve) e as pessoas que estão a sua volta no ambiente escolar durante as aulas de Educação Física, o professor e os colegas de turma. Para isto foram discutidos temas relacionados a estrutura da escola, a preparação do professor que atua com esta deficiência e também as causas e conseqüências da síndrome. O método utilizado para obtenção dos resultados foi a observação do aluno e um questionário aberto para o professor de Educação Física. Com as informações coletadas foi possível considerar que o comportamento da criança especial analisada é muito próximo dos demais, facilitando assim o relacionamento e a aprendizagem. O nível de desenvolvimento apresentou pouca diferença, levando-se em conta que a criança down é motivada e bem estimulada pela professora, e esta o considera e o trata como uma criança normal, dessa forma estabelecendo limites e respeito. Estes resultados foram sustentados pela base teórica e responderam aos objetivos inicialmente propostos. Palavras-chave: Síndrome de Down; Desenvolvimento; Estimulação. Introdução A pesquisa desenvolvida abordou a relação interpessoal de PNE (síndrome de down nível leve) nas aulas de Educação Física na educação infantil. Dessa forma buscou citar as causas da deficiência e como é o desenvolvimento de um indivíduo portador, assim compreendendo as diferenças na aprendizagem e como esta deve ocorrer. Teve como foco também a inclusão da criança com síndrome em uma classe normal, juntamente com a preparação e métodos utilizados pelo professor e os recursos oferecidos pela escola. Através destes conhecimentos, é possível identificar as relações, comportamentos, o nível de desenvolvimento e como estes aspectos são trabalhados. * Aluna pesquisadora do curso de licenciatura em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

639 Referencial Teórico A síndrome de down é uma deficiência com um histórico muito antigo, registra-se por volta de três mil anos. Ao longo do tempo muitas explicações foram dadas à ocorrência da anomalia, mas em 1866, o médico inglês John Langdon Haydon Down comprovou que decorre de uma alteração genética (WERNECK, 1993). A célula humana de um indivíduo normal possui 46 cromossomos, sendo 23 vindos do óvulo e 23 do espermatozóide. Mas na síndrome, somam-se 47 cromossomos, sendo 1 extra no par 21, chamando-se assim trissomia do 21 (MORENO, 1998). Ainda hoje são desconhecidos os fatores que levam a ocorrência da síndrome de down, mas acredita-se que sofre influência de problemas hormonais, infecções virais, algumas drogas e também o fator faixa etária da mãe. Os portadores apresentam características físicas e mentais diferenciadas do considerado normal, as quais interferem no desenvolvimento e crescimento, atrasando-o e dificultando também a relação interpessoal, aspectos psicológicos, variação de comportamento e desordens de conduta. Mas apesar de tudo são indivíduos bem humorados e afetivos. A aprendizagem destes indivíduos corresponde a um processo cumulativo de informações e habilidades armazenadas, assim o desenvolvimento e conhecimento depende do meio em que o indivíduo está inserido e dos estímulos recebidos. Contudo os indivíduos afetados possuem habilidades e muita capacidade, mas eles adquirem tudo isso e assimilam de forma mais lenta, necessitando apenas de estímulos adequados e muita paciência. São poucos os casos que possuem capacidades baixas. Para que ocorra aprendizagem é preciso integração neurofuncional juntamente com o desenvolvimento da linguagem, esquema corporal, lateralidade, percepções temporal e espacial. Mas a criança down possui dificuldades que são acometidas. Para Schwartzman (1999 apud SILVA, 2002, p.12): Entre outras deficiências que acarretam repercussão sobre o desenvolvimento neurológico da criança com síndrome de Down, podemos determinar dificuldades na tomada de decisões e iniciação de uma ação; na elaboração do pensamento abstrato; no cálculo; na seleção e eliminação de determinadas fontes informativas; no bloqueio das funções perceptivas (atenção e percepção); nas funções motoras e alterações da emoção e do afeto. Em se tratando de estimulação, esta não tem data de início, pois desde o nascimento a criança já é estimulada pela mãe. No caso da criança down, a estimulação é de estrema importância e deveria ocorrer desde os primeiros meses de vida. Sabendo que com devidos

640 estímulos estas crianças apresentam futuramente maior facilidade do controle do corpo e execução de seus movimentos (LEFEVRE, 1981). Porém para que se obtenha resultados, é necessário a prática contínua e progressiva, assim quanto mais fácil se tornar a realização é porque se obteve maior eficiência, além de que toda atividade deve ser de forma prazerosa e contar com um ambiente agradável e acolhedor (PUESCHEL, 1995). A escola também tem um papel importante na vida de qualquer indivíduo, pois é um dos meios pelos quais nos integramos ao cotidiano e as regras da convivência social. Mas para os PNE S, ela é ainda mais importante, pois sofre adaptações e conta com métodos diferenciados para promover o processo ensino-aprendizagem. De acordo com Silva (2002, p.12-13) o objetivo da educação especial é: Proporcionar ao portador de deficiência a promoção de suas capacidades envolve o desenvolvimento pleno de sua personalidade, a participação ativa na vida social e no mundo do trabalho, são objetivos principais da educação especial e assim como o desenvolvimento bio-psiquico-social, proporcionando aprendizagem que conduzam a criança portadora de necessidades espaciais maior autonomia. Os objetivos formulados pela política de educação especial são: promover a interação social; desenvolver práticas de Educação física, atividades físicas e sociais; promover direito de escolha; desenvolver habilidades lingüísticas; incentivar autonomia e possibilitar o desenvolvimento social, cultural, artístico e profissional. Por lei as escolas regulares oferecem educação adaptada, mas requer metodologias e procedimentos adequados e o professor deve fornecer a estimulação necessária, valorizar o aluno e considerar a criança um ser inteligente com capacidades para assimilar informações e se desenvolver (SILVA, 2002). O contato do aluno down com as outras crianças é muito importante, porque estes realizam grande parte das atividades por imitação, enriquecendo suas experiências motoras e cognitivas. Além disso, outra vantagem que as escolas normais favorecem é a integração social. As crianças que apresentam a síndrome no nível leve podem ser inseridas numa classe normal ou em escola normal em classe especial, sem que atrapalhem o desenvolvimento das demais, dito que conseguem acompanhar, apenas necessitando de paciência. O down tem um ritmo de aprendizagem diferenciado e a sua evolução pode ser rápida como também muito lenta. Depende do professor identificar a fase de desenvolvimento para promover a aprendizagem. A Educação Física também é fundamental para o desenvolvimento do indivíduo down, considerando que ela propõe a ligação entre corpo e mente utilizando-se de atividades prazerosas, lúdicas e interagindo com a realidade. O trabalho corporal, os movimentos são

641 importantes, pois possibilita o conhecimento através do corpo, sua imagem, expressão etc. Devido ao down apresentar movimentos desarmônicos e estereotipados, a educação física vem compensar e direcionar aspectos psicomotores, proporcionando o desenvolvimento geral e consequentemente específico (SILVA, 2002). Para que crianças com síndrome de down tornem-se indivíduos inseridos na sociedade é necessário que participem ativamente desta. E o ambiente é um fator determinante, pois através dele, identifica-se o nível de qualidade de vida, através da estimulação que sofreu. Por isso é ideal que crianças com necessidade especial freqüente escola regular. É melhor ensinar as crianças diferentes a desenvolver poucas habilidades em ambientes diversos do que ensinálas muitas habilidades em ambientes restritos (BROWN, 1993 apud WERNECK, 1993). As escolas regulares, para receber o aluno especial, é necessário um processo de adequação da instituição as necessidades do aluno, um projeto de inclusão além de capacitar os profissionais e eliminar atitudes preconceituosas (STAINBACK, 1999). Em relação à Educação Física, somente na última década começaram a ser implantados nas grades curriculares do curso os conteúdos referentes as pessoas especiais. Tratando também das relações humanas, em específico a interpessoal, que é caracterizada pela relação que um ser estabelece com os demais em qualquer meio social, considera-se que para ser harmoniosa é necessário compreensão (do que os outros sentem ou pensam), flexibilidade de comportamento e a convivência em grupos, estes são fatores importantes (MINICUCCI, 1992). Os portadores da síndrome de down possuem atitudes e capacidades diversificadas, visíveis desde a infância, porém os meios em que vivem devem ter as mesmas características, como sendo acolhedor e harmonioso. O down não pode ser deixado de lado, mas também não pode ser mimado, o tratamento tem de ser com amor, estabelecendo princípios de educação, limites, atenção, respeito, as regras básicas de convívio e bons modos. Somente deve ter muita paciência, retorno positivo e incentivo (BIBAS, 1999). Metodologia O estudo foi realizado através de pesquisa de campo (estudo de caso), onde as informações foram obtidas por um questionário de questões abertas, aplicado à professora de Educação Física participante, e um relatório de observação do aluno portador de síndrome de down.

642 Discussão e Resultados A criança observada apresenta diferença física e mental dos demais alunos, o que justifica o pequeno atraso no desenvolvimento. O aluno esta inserido num meio com pessoas consideradas normais e recebendo o mesmo tratamento, (apenas nos momentos de dificuldade que recebe orientação e auxílio), dessa forma ele aprende a conviver com isso, se desenvolvendo melhor, principalmente no aspecto social. De acordo com Silva (2002), este contato é muito importante, pois como o down imita gestos, isto também enriquece seu acervo motor. O down em questão tenta realizar todas as atividades, porém quando apresenta dificuldades copia o movimento dos colegas. Por ser portador da deficiência no nível leve e também por ser bem estimulado, motivado e conviver num ambiente normal, o seu padrão de inteligência é próximo de uma criança que não apresenta nenhuma anomalia. O que ele necessita é de paciência, pois é capaz e realiza tudo que é proposto, apenas num ritmo mais lento. As aulas observadas tinham caráter lúdico, onde o down além de participar, recebia atenção quando necessário e era incentivado pela professora e colegas (BIBAS, 1999). O ambiente era favorável, pois além de estimulado, o aluno especial era tratado com amor, respeito e principalmente como as demais crianças. Já as relações entre alunos, professores e funcionários com o down eram harmoniosas e produtivas, porém devido a falta de comunicação verbal deste aluno, em alguns momentos resultou em variações comportamentais. Stainback (1999) coloca que as escolas regulares devem passar por processos de adequação para receber o aluno especial, mas isso não ocorre no caso estudado, porém estes aspectos não interferem no processo ensino aprendizagem do aluno, que apresenta bom desenvolvimento. No entanto, a professora de Educação Física é capacitada e possui 14 anos de experiência com educação especial. Silva (2002) coloca que além do professor ser bem preparado também é necessário criar estratégias de aula, saber estimular e dar a atenção necessária. Assim ocorre com a professora, a qual conhece as dificuldades do down e sabe como tratá-las, tornando assim a aula produtiva, além de estabelecer uma relação de limites e carinho.

643 Considerações Finais Através deste estudo foi possível compreender um pouco mais sobre a síndrome de down e a relação estabelecida entre o indivíduo afetado com os demais, principalmente com a professora (juntamente com a preparação desta). A escola esta cumprindo seu papel, pois recebeu o portador da síndrome de down da melhor forma possível (onde ele é aceito pelos colegas, professores, funcionários, que o tratam com respeito e amor), estimulando e educando este indivíduo, e apesar de não possuir sala especial, nem programas específico, ela realmente inclui o aluno, pois o coloca em contato com as outras crianças e um meio social normal. A professora também esta bem preparada para promover o aprendizado e desenvolvimento do aluno down, ela atende aos requisitos necessários para que este processo obtenha resultados positivos. Portanto conclui-se que a criança down é capaz de acompanhar uma classe de alunos normais, e isto é muito estimulante, pelo ambiente em si e pelas pessoas que fazem parte deste ambiente. Ele realiza tudo que uma criança normal é capaz de fazer, lembrando que muitas vezes através de imitação de gestos, o que muito o incentiva aumentando suas experiências e vivências. REFERÊNCIAS BIBAS, Josiane Mayr. Guia de estimulação para a criança com síndrome de down. Curitiba: Deage Legraf Banestado, 1999. LEFEVRE, Beatriz Helena. Mongolismo estudo psicológico e terapêutico. São Paulo, 1981. MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1992. MORENO, Garcia. Síndrome de Down, um problema maravilhoso. Brasília, 1998. PUESCHEL, Siegfried M. Síndrome de Down: guia para pais e educadores. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995. SILVA, Roberta Nascimento Antunes. A educação especial da criança com Síndrome de Down. In: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/spdslx07.html>. Acesso em: 15 mar. 2006. STAINBACK, Susan; STAINBACK, William. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Atmed, 1999. WERNECK, Cláudia. Muito prazer, eu existo: um livro sobre as pessoas com síndrome de Down. 4 ed. Rio de Janeiro, 1993.