PROPOSTAS PARA APRIMORAMENTO DA PROTEÇÃO DOS CONSUMIDORES DE PRODUTOS E SERVIÇOS FINANCEIROS



Documentos relacionados
PUBLICADO EM 01/08/2015 VÁLIDO ATÉ 31/07/2020

O Dever de Consulta Prévia do Estado Brasileiro aos Povos Indígenas.

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

Promover um ambiente de trabalho inclusivo que ofereça igualdade de oportunidades;

1.4. Seu conteúdo e aprovação são de responsabilidade da Comissão de Certificação de Correspondentes do Instituto Totum.

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

POLÍTICA GERAL PARA CORRESPONDENTES BANCÁRIOS (COBANS)

Código de Fornecimento Responsável

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

COMPLIANCE FUNÇÃO, CONSOLIDAÇÃO E. Vanessa Alessi Manzi 19/09/08

Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental

COMPLIANCE NO BRASIL

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 2015

PROJETO DE LEI Nº, DE (Do Sr. Luciano Zica)

1º Seminário Suitability. 27 de Abril de 2015 São Paulo SP

MJ ORIENTA CONSUMIDOR PARA COMPRAS PELA INTERNET

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO 30 FORTALECIMENTO DO PAPEL DO COMÉRCIO E DA INDÚSTRIA INTRODUÇÃO

F n i a n n a c n i c a i m a en e t n o Foco: Objetivo:

ECONOMIA E GESTÃO DO SETOR PÚBLICO MÓDULO 16 A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Política de Responsabilidade So cio Ambiental

49 o CONSELHO DIRETOR 61 a SESSÃO DO COMITÊ REGIONAL

Comunidade de Prática Internacional para apoiar o fortalecimento e liderança da BIREME OPAS/OMS Fortalecimento institucional da BIREME OPAS/OMS

6º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento (CMEP) Relações com o Consumidor: O que já foi feito e o que precisa ser feito

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE

CRIAÇÃO DA DISCIPLINA SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Parte V Financiamento do Desenvolvimento

Segurança e Auditoria de Sistemas

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

Objetivos e Riscos. ...todo investimento envolve uma probabilidade de insucesso, variando apenas o grau de risco.

Código de Ética. Diante dos Consumidores Diante dos Vendedores Diretos e entre Empresas

CHECK - LIST - ISO 9001:2000

Princípios de Manila Sobre Responsabilidade dos Intermediários

RELATÓRIO SOBRE A GESTÃO DE RISCO OPERACIONAL NO BANCO BMG

OIT DESENVOLVIMENTO DE EMPRESA SOCIAL: UMA LISTA DE FERRAMENTAS E RECURSOS

F.1 Gerenciamento da integração do projeto

DECLARAÇÃO DE POLÍTICA DE DIREITOS HUMANOS DA UNILEVER

CARTA DE AUDITORIA INTERNA GABINETE DE AUDITORIA INTERNA (GAI)

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Padrão de Gestão e Transparência do Terceiro Setor

Gerenciamento de capital e ICAAP

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada PROJETO BÁSICO

CESA Comitê de Advocacia Comunitária e Responsabilidade Social Questões de Consumidores Junho, 2010.

, 3.919, 2011, 15% 1) O

COOPERATIVAS DE TRABALHO

1. Esta Política Institucional de Gestão de Continuidade de Negócios:

TABELA DE CAPTAÇÃO DAS TAXAS DE JUROS PARA PESSOA FÍSICA PRATICADAS PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS EM 02/05/12

2 O Novo Modelo e os Leilões de Energia

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS BB SEGURIDADE PARTICIPAÇÕES S.A.

SISTEMA DE AUTORREGULAÇÃO BANCÁRIA (SARB)

Por que criar Ouvidorias nos Tribunais de Contas?

Alvir Alberto Hoffmann

nas técnicas de trabalho desenvolvidas no âmbito do Controle Interno do Poder Executivo, denominadas de auditoria e fiscalização.

Inclusão bancária: bancos públicos efetivam seu papel social

Sistemas de monitoramento

Política de Responsabilidade Socioambiental

Descrição da Estrutura de Gerenciamento Risco de Mercado -

O fornecimento de senhas e caracteres de acesso à terceiros, causa negativa em indenização

Atualizações das Leis Municipais Encontro Estadual dos Gestores e Técnicos da Assistência Social da Bahia

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

DECRETO Nº 6.617, DE 23 DE OUTUBRO DE

Pequenas e Médias Empresas no Chile. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

REGULAÇÃO DA PUBLICIDADE NOS CONTRATOS DE CONCESSÃO DE CRÉDITO AO CONSUMIDOR ADALBERTO PASQUALOTTO BRASÍLIA, 23/5/2013

Reunião de Abertura do Monitoramento Superintendência Central de Planejamento e Programação Orçamentária - SCPPO

São Paulo, 16 de setembro de Ilmo. Sr. Ronaldo Mota Sardenberg Presidente ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações.

SINAPIR: SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

NBA 10: INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. INTRODUÇÃO [Issai 10, Preâmbulo, e NAT]

Ministério da Justiça Conselho Administrativo de Defesa Econômica CADE

INTRODUÇÃO. Apresentação

O Impacto das Novas Regras de Tarifas Bancárias para o Consumidor

Introdução Visão Geral Processos de gerenciamento de qualidade. Entradas Ferramentas e Técnicas Saídas

Última atualização em: 23/4/2014 Resolução Sicoob Confederação ª edição em 14/6/2012 Resolução Sicoob Confederação 031 1/5

Indicadores Gerais para a Avaliação Inclusiva

Seminário O controle interno governamental no Brasil Velhos Desafios, Novas Perspectivas. 14 a 16 de Maio Iguassu Resort Foz do Iguaçu - Paraná

Análise do Ambiente estudo aprofundado

META NACIONAL 20- ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto

1.2 Glossário de termos Para os objetivos deste Código, os termos usados têm os seguintes significados:

ORIENTAÇÕES PARA A SELEÇÃO E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSULTORIA, TREINAMENTO E CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Comemorações do 35º Aniversário do Banco de Cabo Verde. Conferência internacional sobre A mobilização de oportunidades no pós-crise

Portaria n.º 510, de 13 de outubro de 2015.

Treinamento de Prevenção a Fraudes BTG Pactual Resseguradora e BTG Pactual Vida e Previdência

Metodologia de Gerenciamento de Projetos da Justiça Federal

Technology and Security Risk Services. Novembro, 2003

REFERÊNCIA Transporte Rodoviário Agenda Setorial 2012 Acompanhamento/Monitoramento da política pública de transporte rodoviário

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA REVISÃO ORDINÁRIA DA PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA FIRMADA ENTRE O MUNICÍPIO DE RIO CLARO E A FOZ DE RIO CLARO S/A.

INSTITUCIONAL E JURÍDICO ATUAÇÃO A PARTIR DOS RESULTADOS DOS TESTES. PRO TESTE Associação Brasileira de Defesa do Consumidor

FACULDADE BARÃO DE RIO BRANCO UNINORTE CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA - TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO 1 (AULA

Discurso do Sr. Governador do BCV, Dr. Carlos Burgo, no acto de abertura do Seminário sobre Bureau de Informação de Crédito

MÓDULO 14 Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9000)

A FORMALIZAÇÃO COMO TENDÊNCIA

Proposta para Formataça o de Franquia

Transcrição:

PROPOSTAS PARA APRIMORAMENTO DA PROTEÇÃO DOS CONSUMIDORES DE PRODUTOS E SERVIÇOS FINANCEIROS O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Idec, organização sem fins lucrativos e independente de empresas, governos e partidos políticos e membro da Consumers International federação internacional de organizações de consumidores com mais de 220 organizações-membro em 115 países ao redor do mundo, acompanha os assuntos relativos à proteção dos consumidores de produtos e serviços financeiros e realiza pesquisas e estudos periódicos para avaliar a oferta, a publicidade, o fornecimento, a contratação de produtos e serviços financeiros, avaliando práticas das instituições financeiras junto aos consumidores, assim como o cumprimento de sua responsabilidade socioambiental. Tais pesquisas e estudos concluem que o acesso aos serviços financeiros ainda é ofertado de forma desigual, precária e desprovida da informação indispensável à mínima compreensão sobre a sua complexidade pelos consumidores. De acordo com o Banco Mundial, há contas correntes abertas na mesma quantidade de adultos do mundo 1. Ainda assim, mais da metade dos adultos não tem conta aberta em bancos, o que denota a desigualdade na bancarização, fenômeno também vivenciado no Brasil. Sem dúvida, esse acesso precisa ser melhorado. Por outro lado, a expansão do crédito com ênfase em modalidades cujas características essenciais são a complexidade, o alto risco e, não poucas vezes, a contratação de longo prazo mostram a necessidade de proteção com vistas a evitar a exposição dos consumidores aos riscos consideráveis decorrentes do crédito. Na esteira das iniciativas da Consumers International (CI) junto ao G20 e como representante da referida federação no Brasil, o Idec apresenta propostas avaliadas como fundamentais ao aprimoramento da oferta e contratação de produtos e serviços financeiros, visando à proteção do consumidor, em consonância com as recomendações feitas pela CI ao G20, contando com o apoio do governo brasileiro não só para corroborar tais recomendações, mas para efetivá-las em território nacional. PROPOSTAS 1. Informação clara e adequada. Além do pedido de informação clara, suficiente, confiável, oportuna e 1 CGAP Financial access 2009, measuring access to financial services around the world. CGAP/World Bank 2009. p.2 1

que propicie a comparação dos serviços sob pena de anulação dos contratos, pontua-se que a qualidade e a compreensibilidade das informações ofertadas sofram fiscalização conduzida pelos entes reguladores nacionais. Assim, é fundamental: i) que o Estado brasileiro exerça o seu papel regulatório e fiscalizatório das atividades bancárias voltadas à oferta e contratação de produtos e serviços aos consumidores por meio do ente regulador já existente, qual seja, o Banco Central do Brasil. É imprescindível ao equilíbrio das relações de consumo que o Banco Central do Brasil destine parte da sua estrutura para avaliação e regulamentação de políticas públicas que visem à proteção dos consumidores e reduzam as reclamações que os mesmos têm contra as instituições financeiras e que se concentram em cobranças indevidas, saques não autorizados, fornecimento de serviços não solicitados e falta de informação a respeito dos produtos e serviços ofertados; e, ii) que o Banco Central do Brasil introduza ferramenta de consulta e comparação da oferta e do valor cobrado de produtos e serviços financeiros pelos consumidores, de modo a garantir o adequado exercício do direito de escolha consciente do consumidor, assim como empreenda a iniciativa de divulgação detalhada das reclamações dos consumidores que chegam à instituição a fim de oferecer subsídios para a avaliação da qualidade dos produtos e serviços ofertados pelas instituições financeiras. 2. Contratos, cobranças e práticas Dada a complexidade de determinados produtos e serviços financeiros, destaca-se a necessidade dos entes reguladores introduzirem um requisito de compreensibilidade aos produtos, bem como determinar a disponibilidade de produtos financeiros básicos para propiciar padrões mínimos de proteção do consumidor. O aconselhamento dos consumidores em serviços financeiros não pode estar atrelado ao incentivo a cumprimento de metas, assim como deve haver proteção contra métodos de marketing inapropriados. Pesquisa do Idec demonstrou que de 10 bancos pesquisados (2008/2009) nenhum cumpria 100% da legislação consumerista e que, na concessão de crédito, nenhum dos bancos cumpriu, ao menos, metade da legislação. O melhor índice de cumprimento foi de 43%. Além disso, como já destacado, uma das maiores reclamações contra o setor financeiro é a cobrança indevida e saques não autorizados. 2

Tais condutas denotam o descaso das instituições financeiras com os consumidores, valendo-se insistentemente de práticas violadoras dos seus direitos e colocando o consumidor em grau de extrema vulnerabilidade na contratação de produtos e serviços financeiros. Assim, o Idec, como a CI, entendem que tais práticas deveriam ser penalizadas com a anulação dos contratos. Seriam práticas que deveriam levar à anulação de contratos: i) falha em obter o consentimento informado do consumidor; ii) taxas e custos injustos ou injustificados cobrados dos consumidores ou incluídos em contratos de produtos e serviços financeiros; iii) cláusulas em contratos que resultam na renúncia de direitos fundamentais dos consumidores; e, iv) a comercialização de serviços financeiros que sejam inadequados ao consumidor. 3. A estrutura e funções dos órgãos nacionais de proteção dos consumidores de serviços financeiros O Banco Central do Brasil deve ter a defesa dos consumidores como um objetivo explícito da regulação com total autoridade para investigar, impedir e tratar das violações às leis consumeristas, incluindo a possibilidade de julgar práticas e produtos como injustos, enganosos ou de outro modo ilegais. É essencial, portanto, que o Banco Central do Brasil empreenda esforços no sentido de desenvolver fiscalização perene e efetiva das instituições financeiras sob o ponto de vista e de interesse dos consumidores, elaborando códigos de conduta respaldados na legislação nacional aplicável à proteção dos consumidores (essencialmente, o Código de Defesa do Consumidor) com a clara previsão de penalidades que desencorajem as instituições financeiras da reincidência no descumprimento da legislação consumerista. Mostra-se, ainda, fundamental que o Banco Central do Brasil, como autarquia reguladora do sistema financeiro e como representante do Estado brasileiro, assuma a sua missão constitucional de defesa do consumidor (artigo 5º, XXXII da Constituição Federal de 1988) e efetivamente regule mercados de significativa participação na economia nacional e que exercem atividades financeiras exclusivamente autorizadas pela referida autarquia, porém, mal ou timidamente são por ela regulados, tais como o setor de cartões de crédito, que conta com práticas excessivamente abusivas e enganosas contra os consumidores, merecendo especial atenção no desenvolvimento de ferramentas que identifiquem a qualidade dos serviços ofertados e permitam a 3

comparação para o adequado exercício do direito de escolha do consumidor. É importante que a sua atuação paute-se na transparência e preze pela divulgação das ações contra práticas e ofertas enganosas, assim como é relevante manter firme ligação com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor para garantir o compartilhamento de dados, experiências e conhecimento na defesa do consumidor. Os representantes dos interesses dos consumidores devem ter garantida a sua representatividade, mediante participação ativa na regulação do setor financeiro em nível nacional. Audiências e consultas públicas devem ser melhor exploradas e multiplicadas para a obtenção de subsídios abalizados nos assuntos de interesse direto e indireto dos consumidores. 4. Reparação e sistemas de solução de disputas O governo deve garantir aos consumidores o adequado acesso a mecanismos de reparação que devem ser rápidos, justos, de baixo custo e acessíveis. Também deve criar mecanismos de reparação coletivos, a fim de reduzir as demandas por procedimentos individuais. Os resultados obtidos na aplicação dos mecanismos de reparação devem ser compilados e relatados aos entes reguladores a fim de promover futuras regulações. Nesse sentido, os números de reclamações que alcançam os Serviços de Atendimento ao Consumidor SAC e as Ouvidorias das instituições financeiras devem ser compilados, relatados e divulgados e, complementando as informações fornecidas pelo SINDEC (Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor), devem servir de ferramenta para desenvolvimento de políticas específicas que visem à melhoria na qualidade dos produtos e serviços oferecidos. 5. Promover a competitividade nos serviços financeiros A crise financeira levou a uma significativa redução da competitividade no setor de serviços financeiros que já sofria com a alta concentração do mercado. Adotar medidas para promover a competitividade é uma forte recomendação da CI ao G20 com o fim de aumentar a proteção dos consumidores de serviços financeiros. Recomenda-se que o governo incentive controles de interesse público na alienação das participações no setor bancário, incluindo objetivos específicos para fortalecer a competitividade a fim de reverter o aumento da concentração do mercado. Por fim, no intuito de encorajar novos operadores, governo e entes reguladores devem adotar medidas que possibilitem o comparativo de produtos, portabilidade do número de contas e outras iniciativas que facilitem a mudança de contas pelos consumidores, assim como exerçam influência sobre as altas taxas de juros que assolam os empréstimos e financiamentos tomados pelos consumidores brasileiros. 4

6. Acesso a serviços financeiros básicos e o papel das novas formas de serviços O acesso universal a serviços financeiros básicos gratuitos ou mais baratos deve ser um objetivo específico da política governamental em serviços financeiros. Os governos devem procurar encorajar a inovação por métodos seguros, efetivos e de baixo custo a fim de permitir a inclusão bancária enquanto apoio ao desenvolvimento da proteção do consumidor, sem que estas iniciativas levem à precarização das relações com os consumidores e das relações de trabalho dos trabalhadores do ramo financeiro. 7. Conclusão: contínua cooperação internacional na proteção do consumidor de serviços financeiros incluindo revisões na implementação A dimensão global dos serviços financeiros significa que a conduta dos reguladores dos mercados financeiros ao redor do mundo encara questões e desafios semelhantes. Recomenda o relatório da CI o apoio do G20 ao estabelecimento de uma organização internacional permanente para permitir que órgãos de proteção dos consumidores do sistema financeiro comparem notas, dividam boas práticas e desenvolvam padrões internacionais mínimos e orientações baseadas nas recomendações do relatório apresentado, e revejam sua implementação. A nova organização deve ter um status consultivo com a participação de outros órgãos reguladores internacionais do sistema financeiro e ativamente cooperar com essas organizações e com organizações de consumidores no desenvolvimento de pesquisas, orientações e acordos, monitoramento de fraudes e controle das práticas do mercado. Espera-se que o governo brasileiro mostre apoio e disponibilidade para dar efetividade dessa medida no sentido de possibilitar revisões periódicas dos esforços empreendidos pelos Estados, discutindo experiências, realizando avaliações e análises, estabelecendo metas, com o fim de propiciar a proteção efetiva dos consumidores de serviços financeiros. 5