Secretaria Municipal de Política para Mulheres de São Paulo Secretária Denise Motta Dau

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Transcrição:

1

Prefeitura de São Paulo Prefeito Fernando Haddad Secretaria Municipal de Política para Mulheres de São Paulo Secretária Denise Motta Dau Elaboração Maria Cristina Corral Regina Stela Corrêa Vieira Sarah de Roure

São Paulo - 2014

INTRODUÇÃO A cada ano as mulheres paulistanas assumem posições de maior destaque no dia a dia e no comando da cidade. Assim, é mais do que natural a crescente presença das mulheres como elaboradoras e foco das políticas públicas do município de São Paulo. A Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM) é peça chave desse movimento e tem atuado na ampliação da cidadania das mulheres, apostando no diálogo com a sociedade e com o conjunto da gestão. Tratar-se de uma vitória para toda a cidade e a justa representação dessa parte tão importante dos cidadãos paulistanos. Discutir a igualdade como parte da agenda da Prefeitura qualifica nossa ação e redimensiona os desafios da administração pública e da sociedade. O tema da autonomia econômica das mulheres ajuda a identificar os nós que ainda impedem uma cidadania plena e as implicações disso para a elaboração de políticas públicas que considerem a contribuição das mulheres. A superação da persistente desigualdade é um objetivo para essa gestão que está expresso no nosso Plano de Metas e o nosso compromisso é com a promoção da dignidade e da autonomia de mulheres e homens na construção de uma cidade plural e mais democrática. Fernando Haddad Prefeito

APRESENTAÇÃO A construção de políticas públicas para as mulheres da cidade é um compromisso da atual gestão da Prefeitura de São Paulo. O primeiro passo foi dado em 2013, com a criação da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SMPM), que tem como responsabilidade debater e construir os caminhos de uma política geradora de igualdade (Lei Municipal nº. 15.764/2013). Segundo o Censo de 2010 (IBGE), dentre os 11.485 milhões de habitantes do Município de São Paulo, 52,7% são mulheres, ou seja, são 5.924.871 mulheres que andam, trabalham e vivem na cidade. Uma São Paulo democrática e justa é feita com a participação ativa das mulheres e o reconhecimento do seu trabalho dentro e fora de casa. Nesse material nos propomos a apresentar como a SMPM entende o tema da Autonomia Econômica em suas várias dimensões. São dados, conceitos, informações e, sobretudo, uma apresentação do nosso empenho em construir políticas públicas para as mulheres capazes de gerar igualdade também no mundo do trabalho. Boa leitura! Denise Motta Dau Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres 5

AUTONOMIA ECONÔMICA Na vida das mulheres, autonomia significa a capacidade de escolher seu próprio horizonte. Ou seja, poder construir expectativas de uma vida de qualidade e ter as condições para isso. A autonomia só é real se for para o conjunto das mulheres e, por isso, é fundamental a construção de políticas publicas que criem a base necessária para o desenvolvimento de suas capacidades. Assim, a autonomia das mulheres passa pela geração de renda e pelo emprego formalizado e remunerado de forma digna. O acesso a serviços públicos e o direito a ter compartilhadas as tarefas que são desenvolvidas no âmbito doméstico também são parte da autonomia. Isso porque a desigualdade entre homens e mulheres, sustentada pela divisão sexual do trabalho, se expressa nas diferenças salariais, no nível de formalização do trabalho e também na sobrecarga de horas dedicadas ao trabalho doméstico. Divisão sexual do trabalho A Divisão Sexual do Trabalho é a forma de organizar o trabalho que separa as atividades entre masculinas e femininas, considerando erroneamente que o trabalho dos homens é superior ao das mulheres. O desafio de construir autonomia econômica vai além de afirmar a independência financeira. Ele passa por um conjunto de atividades essenciais à vida e que nem sempre são reconhecidas pelas políticas de desenvolvimento. A ampliação dessa fronteira, de forma a incluir toda a dimensão da reprodução da vida e do cuidado com pessoas, é central para pensar políticas publicas sensíveis à relação entre trabalho fora e dentro de casa, que valorizem a contribuição das mulheres. TRABALHO DOMÉSTICO E USO DO TEMPO Os trabalhos com a casa e a família normalmente recaem sobre as mulheres, uma vez que a sociedade ainda trata estas tarefas como naturalmente femininas. Nessa visão, aos homens caberia o papel de sustentar a casa por meio do trabalho produtivo e tarefas que supostamente exigem força física ou raciocínio lógico. Essa divisão de trabalhos tidos como femininos e masculinos impõe às mulheres uma dupla jornada de trabalho: como profissionais e como donas de casa, gerando sobre elas grande sobrecarga. Hoje, 68% das mulheres declara realizar afazeres domésticos, em oposição a apenas 32% dos homens. 6

Considerando apenas as pessoas que trabalham fora de casa, as mulheres dedicam 22,3 horas semanais para a execução de tarefas domésticas, enquando os homens dedicam apenas 10,2 horas semanais. Ou seja, o tempo que as mulheres gastam com trabalho no interior da casa é quase o dobro do masculino. Somando as duas jornadas, tanto o tempo de trabalho externo remunerado quanto o de trabalho doméstico não remunerado, as mulheres trabalham em média 58,5 horas semanais, enquanto os homens trabalham 52,7 horas por semana (SPM, 2013). O que é socialização do trabalho doméstico? É a divisão das atividades feitas no ambiente doméstico, por meio do compartilhamento dessas tarefas entre os membros da família e da comunidade, e pelo Poder Público, que assume parte desta responsabilidade, garantindo creches, escolas infantis, lavanderias, restaurantes e outros serviços públicos. A conquista da autonomia econômica das mulheres passa pela necessidade de elaboração e implementação de políticas de socialização do trabalho doméstico e de cuidados, favorecendo o aumento do tempo disponível das mulheres e a sua autonomia econômica. DISCRIMINAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO A participação das mulheres no mercado de trabalho cresceu ao longo das últimas décadas. Em 1950 as mulheres representavam somente 13,6% da População Economicamente Ativa, número que passou para 48,9% no ano de 2010 (Censos Demográficos do IBGE). O país vive atualmente uma das maiores taxas de geração de empregos formais das últimas décadas e, com isso, também tivemos o aumento da presença feminina no mercado de trabalho formal. Prova disso é a desigualdade salarial entre homens e mulheres que ainda é marcante. Desigualdade Salarial Pessoas do sexo masculino têm rendimento médio de R$ 11,10 por hora, enquanto as do sexo feminino recebem em média R$ 9,20 por hora. O impacto da desigualdade em relação à raça é ainda maior: o rendimento das mulheres negras é de R$ 7,20 por hora de trabalho. (SPM, 2013). 7

Mesmo com uma escolaridade mais elevada entre as mulheres, que estudam em média 1 ano a mais que os homens (IPEA/SPM, 2011), elas continuam com menores rendimentos. Aliás, quanto maior a escolaridade, maior a diferença salarial: Mulheres com mais de 12 anos de estudos recebem apenas 65% do salário de homens neste mesmo patamar de formação (SPM, 2013). A dificuldade de promoção e de conquista de cargos de chefia e liderança também comprovam a discriminação. Mulheres em cargos de chefia A média de mulheres em cargos de chefia no Brasil é de 5%. Além disso, essas que conseguem atingir o topo do carreira recebem somente 73% do que recebem os homens na mesma condição (IBGE, 2013). Outro exemplo de preconceito contra as mulheres trabalhadoras é que elas ainda estão concentradas em determinadas profissões, consideradas femininas e que justamente por isso, são menos valorizadas e mal remuneradas. Emprego Doméstico 92% das pessoas ocupadas no trabalho doméstico remunerado são mulheres, ou seja, são 6,1 milhões de mulheres em todo o país (PNAD-IBGE, 2011). Dentro do ambiente de trabalho, a discriminação contra a mulher vem também em forma de violência. A violência psicológica, conhecida como Assédio Moral, é uma realidade para trabalhadores e trabalhadoras, mas a maioria das vítimas no Brasil são as mulheres negras, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE, 2013). O Assédio Sexual, outra forma de violência contra a mulher no trabalho, decorre da idéia preconceituosa de que o corpo da mulher é um objeto à disposição dos homens. Conseqüência disso é que 52% de todas das trabalhadoras do mundo já foram assediadas sexualmente (OIT, 2013). O que é Assédio Sexual no trabalho? É a atitude de fundo sexual que, mesmo não desejada, se repete e gera constrangimento para a vítima. Podem ser cantadas, gestos ou insinuações de teor sexual, mas também chantagens e ameaças, como quando o chefe busca vantagens sexuais em troca da promoção da empregada. (MTE, 2013) 8

Box: O que é Assédio Moral no trabalho? É todo tipo de ação, gesto ou palavra que, pela repetição, atinge a auto-estima ou o psicológico da vítima. Exemplos: marcar tarefas com prazos impossíveis, ignorar ou excluir a pessoa no ambiente de trabalho, sonegar informações, espalhar rumores maliciosos, criticar com persistência, subestimar esforços. (Lei Municipal 13.288/2002) INCENTIVO À ATIVIDADE PRODUTIVA Em resposta à discriminação contra as mulheres trabalhadoras, é importante que existam políticas de incentivo à inserção no mercado de trabalho formal ou em atividades produtivas auto-organizadas. Também são importantes investimentos na formação e qualificação profissional, com o objetivo de superar a desigualdade entre mulheres e homens no trabalho. Faz parte disso o combate ao preconceito dos empregadores. Por exemplo, muitas empresas preferem contratar homens, por equivocadamente acharem que as mulheres se dedicam menos ao trabalho, são menos competentes ou que gerariam prejuízos se engravidassem. O preconceito é ainda maior no caso das mulheres negras, as deficientes ou com mobilidade reduzida e as mulheres lésbicas, travestis e transexuais. Não podemos esquecer que as políticas de incentivo à atividade produtiva tem como base a promoção do trabalho decente das mulheres, conforme as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que em parceria com a Prefeitura de São Paulo definiu a criação da Agenda Municipal do Trabalho Decente (Decreto Municipal nº. 54.433/2013) Isso significa que essas iniciativas devem promover a igualdade de remuneração entre homens e mulheres, eliminar a discriminação no emprego, o compartilhamento das responsabilidades familiares de trabalhadoras e trabalhadores e a proteção da maternidade, como prevêem diversas Convenções Internacionais O que é Trabalho Decente? É o trabalho remunerado de forma justa e adequada, exercido em condições de liberdade, igualdade e segurança, que garanta uma vida digna aos trabalhadores e trabalhadoras. Um de seus focos principais é a eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação. 9

O Plano Nacional de Políticas para as Mulheres 2013-2015, elaborado pela Secretaria de Políticas Para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), prevê diversas iniciativas dirigidas à igualdade no mundo do trabalho, tendo como objetivo a construção da autonomia econômica das mulheres. São 7 linhas de ação que orientam as ações de diversos ministérios e governos locais que devem se comprometer a apoiar na promoção e acesso a direitos e oportunidades. Dentro do Plano, a ampliação e regulamentação dos direitos das empregadas domésticas é considerada central para valorizar o trabalho das mulheres. Esta ação que deve vir acompanhada de uma campanha de formalização dessas trabalhadoras e do reconhecimento da importância de seu trabalho para toda a sociedade MULHERES NA ECONOMIA INFORMAL Apesar de o número de mulheres no mercado de trabalho ter crescido bastante nos últimos anos, muitas mulheres ainda permanecem excluídas desse espaço. Mesmo com a diminuição da taxa de desemprego entre as mulheres, ela ainda é maior que a dos homens. Em 2012, na Região Metropolitana de São Paulo, o desemprego feminino era de 12,5%, enquanto o desemprego masculino representava 9,4%. Uma parte das mulheres excluídas do trabalho formal busca outros meios de conseguir renda para seu sustento ou de sua família, mas ainda uma grande parte delas não possui nenhum rendimento. Responsáveis pelo domicílio 44% dos domicílios paulistanos são chefiados por mulheres, número que representa um crescimento de quase 50% em uma década. Mulheres sem rendimento Cerca de 40% das mulheres de São Paulo em idade ativa não podem ou não conseguem ter renda. (SEADE-DIEESE, 2012) O número de mulheres sem renda no município comparado com quantidade de mulheres chefes de família mostra que a pobreza está relacionada com a desigualdade entre os sexos de modo amplo e está além da formalização do emprego. 10

Por isso, o desafio para a construção da autonomia econômica das mulheres em uma grande cidade como São Paulo deve ser da gestão pública como um todo, conseguindo alcançar mesmo as mulheres excluídas da lógica do mercado. Mulheres Empreendedoras No Brasil, a maioria dos novos empreendedores é de homens, mas a participação feminina cresceu, chegando em 30,8% desse total. Dentre essas mulheres empreendedoras, 87,2% trabalha por conta própria, permanecendo nos empreendimentos de menores rendimentos. (SEBRAE/DIEESE, 2013). ALTERNATIVA DE RENDA Todas as dificuldades de entrar e permanecer em empregos formais significam que há um público enorme de mulheres que necessitam e lutam para ter algum rendimento. A geração de renda para mulheres é uma política de enfrentamento à pobreza e promoção de melhores condições de vida, que deve se basear na promoção do associativismo, do cooperativismo e de outras relações de trabalho digno. Para gerar renda, as mulheres buscam alternativas e se organizam coletivamente, para produzir e comercializar. A Economia Solidária é uma dessas formas de organização e já é uma realidade na vida de muitas mulheres que vivem em São Paulo Economia Solidária, o que é? A Economia Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o meio ambiente. Ela é a experiência de uma nova lógica para o desenvolvimento com geração de trabalho e distribuição de renda, mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. Por ser uma experiência dinâmica, a Economia Solidária abre uma porta importante para pensar uma nova forma de produzir, contribuindo para a autonomia econômica das mulheres. Isso porque é parte de seus princípios que todos os resultados econômicos, políticos e culturais sejam compartilhados pelos/ as participantes dos grupos, sem separação de gênero, idade e raça. Na prática, significa que a Economia Solidária considera mulheres e homens como agentes e ao mesmo tempo como a finalidade da atividade econômica. 11

Sócias/os dos Empreendimentos Econômicos Solidários Mulheres: 43,6% Homens: 56,4% (Base de Dados SIES 2013) São 1.423.631 trabalhadoras e trabalhadores da Economia Solidária no Brasil. Entre esses, as mulheres são praticamente a metade. Entretanto, elas ainda enfrentam muitas dificuldades no interior dos grupos, na hora de dividir e organizar o trabalho, nas oportunidades de comercializar seus produtos e, também, pela falta de acesso ao crédito solidário. O poder público deve promover políticas de incentivo aos empreendimentos econômicos solidários de mulheres além de fortalecer suas redes de participação, apoiar seus projetos favorecendo meios para a comercialização de sua produção e o acesso ao credito solidário. 12

SAIBA MAIS EM: Secretaria Municipal de Políticas Para as Mulheres www.prefeitura.sp.gov.br/politicasparaasmulheres Secretaria de Políticas Para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) www.spm.gov.br Plano Nacional de Políticas Para as Mulheres - 2013 www.spm.gov.br/pnpm/pnpm Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) www.ibge.gov.br Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) www.ipea.gov.br Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (DIEESE) www.dieese.org.br Observatório Brasil de Igualdade de Gênero www.observatoriodegenero.gov.br 13

CONTATOS Centros de Cidadania da Mulher Os Centros de Cidadania da Mulher (CCM) são espaços de qualificação e formação em cidadania ativa, responsáveis por levar para diferentes regiões da cidade atividades centradas na autonomia econômica e no empoderamento das mulheres, por meio de ações e projetos que estimulem a implantação de políticas de igualdade. Zona Leste CCM Itaquera: Rua Ibiajara, 495 Itaquera. Fone: (11) 2073-5706 / (11) 2073-4863 Zona Oeste CCM Perus: Rua Joaquim Antonio Arruda, 74 Perus. Fone: (11) 3917-5955 / (11) 3917-7890 Zona Sul CCM Capela do Socorro: Rua Professor Oscar Barreto Filho, 350 Parque América Grajaú. Fone: (11) 5927-3102 / (11) 5929-9334 CCM Parelheiros: Rua Terezinha do Prado Oliveira, 119 Parelheiros. Fone: (11) 5921-3935 / (11) 5921-3665 CCM Santo Amaro: Rua Mário Lopes Leão, 240 Santo Amaro. Fone: (11) 5524-4782 / (11) 5521-6626 Centros de Atendimento para Mulheres Vítimas de Violência Centro de Referência da Mulher: Rua 25 de Marco, 205 Centro. Fone: (11) 3106-1100 Casa Brasilândia: Rua Silvio Bueno Peruche, 538 Brasilândia. Fone: (11) 3983-4294 / 3984-9816 Casa Eliane de Grammont: Rua Doutor Bacelar, 20 Vila Clementino. Fone: (11) 5549-9339 / 5549-0335 Casa Ser Dorinha: Rua Dr. Guilherme de Abreu Sodré, 485 Cidade Tiradentes. Fone: (11) 2555-7090 / 2555-4806 14

Viver a cidade que a gente ama. Fazer a São Paulo que a gente quer.