Direito Previdenciário Processo administrativo previdenciário Parte 1 Prof. Bruno Valente
Previsão legal: Art. 103 a 104 da Lei 8.213/91 Art. 345 a 349 do Decreto nº 3.048/99
Estes institutos se aplicam a diversos ramos do direito, inclusive o direito previdenciário. Têm como finalidade criar regras de estabilização das relações jurídicas e sociais, buscando garantir segurança jurídica.
Prescrição
Prescrição: A prescrição é a perda da ação atribuída a um direito. Este instituto incide sobre a pretensão não exercida em certo espaço de tempo. A prescrição pode ser analisa em matéria de benefício e em matéria de custeio.
Prescrição: Prescrição em matéria de benefício O direito ao benefício previdenciário é reconhecido como direito indisponível, não ocorrendo a prescrição sobre ele, mas tão somente sobre as prestações decorrentes deste e não pleiteadas dentro de certo tempo.
Prescrição: Prescrição em matéria de benefício Diante da inércia do beneficiário, as prestações decorrentes do direito ao benefício vão prescrevendo mês a mês pelo decurso do tempo.
Prescrição em matéria de benefício O prazo de prescrição é de 05 (cinco) anos. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela previdência social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes.
Direito de incapazes e ausentes: Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Direito de incapazes e ausentes: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. Redação dada pela Lei 13.146/2015 Demais dispositivos foram revogados a partir de 180 dias da publicação da lei.
Prescrição em matéria de benefício Súmula nº 85 do STJ (1993) Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.
Prescrição em matéria de benefício Desde a edição da Lei 11.280/2006 que alterou em parte o Código de Processo Civil, o juiz deverá decretar de ofício a prescrição. Art. 219 (CPC): 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.
Prescrição em matéria de benefício A prescrição incide sobre a pretensão de receber prestações decorrentes do direito. Mas o direito precisa ser exercido, na forma da lei. Ex. O benefício de pensão por morte somente é devido a partir do óbito, quando requerida em até 30 dias deste, ou do requerimento, após o 30º dia.
Prescrição em matéria de benefício As ações referentes à prestação por acidente do trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos, observado o disposto no art. 103 desta Lei, contados da data: I - do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária, verificada esta em perícia médica a cargo da Previdência Social; ou
Prescrição em matéria de benefício As ações referentes à prestação por acidente do trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos, observado o disposto no art. 103 desta Lei, contados da data: II - em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o agravamento das sequelas do acidente.
Decadência para o Segurado
Decadência em matéria de benefício A prazo decadencial foi previsto inicialmente pela Medida Provisória nº 1.523-9/2007, conferindo nova redação ao art. 103 da Lei 8.213/91. Esse prazo é de 10 (dez) anos para todo e qualquer direito de ação para revisão do ato de concessão do benefício.
É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo (art. 103, Lei 8.213/91)
Decadência em matéria de benefício O prazo de decadência atinge o direito (em si) à revisão do benefício (ato concessório). O direito se perde pelo decurso do tempo. Durante muito tempo se discutiu a aplicação do prazo decadencial para os benefícios concedidos anteriormente à criação do instituto pela Lei 9.528/97.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a repercussão geral do tema e proferiu decisão no Recurso Extraordinário (RE) 626489, definindo que o prazo de dez anos para a revisão de benefícios previdenciários é aplicável aos benefícios concedidos antes da Medida Provisória (MP) 1.523-9/1997, que o instituiu.(16/10/2013)
Decadência para rever os próprios atos O prazo decadencial se aplica ao ato concessório, sendo distinto o pleito do segurado para aplicação de índices de reajustes da renda mensal (novos tetos limitadores EC 20/98 e 41/03).
Decadência para o INSS
Decadência para rever os próprios atos O INSS, juntamente com o Ministério da Previdência Social, manterão programa de permanente revisão da concessão e manutenção dos benefícios, a fim de apurar irregularidades e falhas existentes. O ato de revisão somente pode ser praticado dentro do prazo decadencial.
Decadência para rever os próprios atos O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. (Art. 103, Parágrafo Único, da Lei 8.213/91)
Decadência para rever os próprios atos No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.
Decadência para rever os próprios atos Identificada a irregularidade na concessão do benefício, deve ser instaurado processo administrativo, com observância do devido processo legal. O segurado deve ser notificado para apresentar defesa, sendo viabilizada a sede recursal (JRPS).
Prescrição e Decadência no custeio
em matéria de custeio A prescrição e a decadência seguem as regras do direito tributário, sendo reguladas pelos art. 173 e 174 do Código Tributário Nacional (CTN). DECADÊNCIA Prazo de 5 anos PRESCRIÇÃO Prazo de 5 anos
Decadência em matéria de custeio Decadência aplica-se sobre a inércia na constituição do crédito tributário. No caso de pagamento do tributo pelo contribuinte inicia-se o prazo de cinco anos para homologação prevista no art. 150, 4º do CTN.
Decadência em matéria de custeio Decadência: No caso de não pagamento da contribuição social aplica-se o disposto no art. 173, I do CTN e o prazo de decadência de 5 anos inicia-se no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Prescrição em matéria de custeio Prescrição prazo de cobrança do crédito tributário. Constituído o crédito pelo lançamento, este torna-se exigível, sendo que em caso de inadimplemento do sujeito passivo, cabe ao órgão de cobrança ingressar com a ação de execução fiscal, sob pena de extinção do crédito pelo decurso do prazo prescricional.