COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS José Filipe Farela Neves Funchal, Outubro 2012
Comunicação de más notícias Tarefa complexa, difícil. Em intensivos, frequentemente inesperada. Pouco tempo para estabelecer relação c/ familiares. Expectativas excessivas das famílias e da sociedade nas potencialidades actuais da medicina e da tecnologia. Conceito de morte.
Formação específica pré e pósgraduada, em geral, inexistente.
A forma como a notícia é dada é extremamente importante: - Pais (familiares e amigos). - Equipa de saúde. - Sociedade (doação).
Preparação da comunicação Promover a presença dos pais junto da criança. Sempre que possível e em momentos oportunos, promover entrevistas com os pais preparando-os para as más notícias. Ser objectivo e claro, não dando falsas esperanças ou o inverso de forma destrutiva. Evitar dar informações contraditórias
Facilita a compreensão dos factos pelos pais. Aumenta a confiança dos pais na equipa de saúde. Previne sentimentos de isolamento, abandono, angústia.
Preparação das entrevistas O que não se deve fazer
Preparação da comunicação Escolha do mensageiro O médico que esteve mais próximo da família. O médico melhor habilitado a responder a todas as dúvidas e questões colocadas pelos pais. Entrevista planeada, estruturada, conteúdos e objectivos identificados.
Local e forma Sala acolhedora, simples Cadeiras em nº suficiente Mesas de apoio baixas Disponibilidade água, lenços papel... Privacidade, sem interrupções do exterior Após apresentação Sentar próximo Mesmo nível, sem barreiras Postura de respeito e de ajuda Olhar nos olhos com afecto Mostrar disponibilidade
O que não se deve fazer Atitude não adequada Ser interrompido Linguagem muito técnica Telefone ligado com som Mostrar impaciência, falta de tempo Olhar para o relógio
A entrevista - Relação de ajuda Primeiro: Avaliar informação que os pais já possuem. Segundo Fazer um relato claro, verdadeiro e objectivo desde o início da doença, investigação e tratamentos realizados. Terceiro As más notícias
A entrevista - Relação de ajuda Os relatos devem ser feitos de forma pausada, intervalada, permitindo entre cada informação relevante que os pais a possam compreender, digerir e colocar questões para melhor esclarecimento. Evitar termos médicos ou quando necessários explicar o seu significado.
A entrevista - Relação de ajuda Estabelecer uma relação de empatia. Mostrar disponibilidade e tempo. Saber ouvir e mostrar atenção. Momentos de silêncio. Contacto físico.
A má notícia, comunicação verbal Iniciar com uma frase de aviso: lamento... ; tenho muita pena... ; Uma pequena quantidade de informação Usar uma linguagem directa, clara, pausada. Explicar o contexto : De forma simples, concisa, coerente Se necessário usar metáforas Facilitar questões que permitam diálogo: como, quando, o quê, onde
Reconhecer a resposta emocional e permitir que os pais expressem as suas emoções (tristeza, negação, raiva, dúvida, depressão ) Identificar essa emoção e responder nomeando-a ( compreendo a sua tristeza, mas é tempo para ; entendo a sua raiva, também sentiria o mesmo ) Responder a todas as questões
Planeamento e acompanhamento Resumir o que foi comunicado Planear os passos seguintes Preparar o seguimento Identificar meios de apoio psicológico, religioso, social, Propor uma consulta a curto/médio prazo
Planeamento e acompanhamento Morte de uma criança Explicar os passos seguintes: Preparativos para o funeral Autópsia Doação de órgãos e tecidos Oferecer suporte psicológico, apoio religioso... Proporcionar última visita na Unidade
Finalmente Presença nos serviços fúnebres. Envio de carta de condolências. Oferecer entrevista a marcar pelos pais. Não esquecer marcar entrevista para dar informações que ficaram pendentes. Não esquecer os irmãos.
Parents perspectives regarding a physician-parent conference after their child s death in the pediatric intensive care unit. Importância (%) Elevada Média Baixa Atitude 72 19 2 Clareza mensagem 70 9 4 Privacidade 65 11 7 Respostas questões 57 13 7 Empatia 48 24 7 Tempo p/ perguntas 48 15 15 Informação autópsia 47 15 12 Serviços religiosos 39 13 9 Orientações 33 15 15 Local da entrevista 32 24 9 Tempo da conversa 32 26 7 Titulo do mensageiro 24 22 19 Contacto de follow-up 20 26 13 Apresentação do mensageiro 4 15 44 J Trauma 2000;48:865
Parents perspectives on physician-parent communication near the time of a child s death in the pediatric intensive care unit. médicos acessíveis e disponíveis, fornecendo informações completas e verdadeiras, de forma afectuosa, com linguagem comum, de forma pausada e de acordo com a sua capacidade de a compreender. Esconder informações aos pais frequentemente leva a falsas esperanças e sentimentos de raiva, falta de confiança ou de traição Pediatr Crit Care Med 2008;9:2
Síntese (proposta de 6 etapas de Buckman) 1. Dar notícias em privado, com tempo e sem interrupções. 2. Identificar informação já conhecida pelos pais / doente. 3. Perceber a informação desejada. 4. Dar um sinal de alerta, seguido de uma pequena informação, simples, clara, pausada, com uma atitude afectuosa e honesta. Ouvir e responder às dúvidas e receios. 5. Identificar a resposta emocional, reconhecendo-a e valorizando 6. Planear os passos seguintes e o acompanhamento futuro.
Obrigado!