Método Pontual e questões afetivas Ivana Mihanovich
É possível amar um idiota? Sim, é. O amor não é um escudo. Se amamos, automaticamente quer dizer que o outro é ok, mesmo quando suas ações dizem o contrário? Não. É possível amar a vida toda - alguém folgado, burro, trapalhão, incompetente, limitado, sem iniciativa, teimoso, birrento etc. Já amar um criminoso, um corrupto/corruptor, um perverso, mau caráter etc, sim, pode acontecer, mas se a pessoa ali permanece, há algo a ser visto nela, antes de tudo. O que vai por trás de amar alguém diz muito sobre como a pessoa vê a si mesma. Porém, temos que lembrar, também, que o que ouvimos ali é uma parte pequena e parcial da relação real.
Quando alguém busca o tarô para questões afetivas, a primeira conexão importante aparece em como essa pessoa coloca a questão. Eu queria saber se ele me ama. Eu quero saber se vai dar certo. A gente vai ficar junto? Ele é tudo que sempre sonhei. Vai rolar? O que ele pensa de mim? O que ele espera de mim?
A meu ver, a menos que você use um método que responde sim ou não, a melhor forma de perguntar sobre um relacionamento é pedir ao tarô um olhar mais amplificado sobre o assunto, porque, em geral, a pessoa está meio obtusa naquele momento. Em geral, a melhor forma é colocar: O que eu preciso saber sobre essa relação? Assim, você abre a ótica e aponta lados que os apaixonados e os amantes costumam esquecer de ver (ou descaradamente rejeitam mesmo).
Para o tarólogo é importante ter em mente que quem vem ler só sobre amor está fragilizado. Brinco muito com a persona humorística do ah, pergunta pra ele..., mas na verdade sou compassiva quando respondo sobre amor, porque sei que ele só não dói quando é recíproco, é vivido em sintonia e não há dúvidas sobre a reciprocidade. E esses não costumam perguntar nada ao tarô...rs. Considero importante, também, que o tarólogo conheça a si mesmo em relação aos sentimentos pessoais sobre paixão e amor. Saiba quem é você nesse assunto.
A relevância disso está no fato de que ao mesmo tempo em que saber isso te dá empatia com o consulente ou leitor, também te mantém alerta para manter a imparcialidade. Se tenho ciência de que sou uma eterna romântica, entenderei a romantização do consulente, mas não permitirei que isso invada minha leitura e que julgamentos pessoais se escondam naquilo que interpreto. Um romântico tende a querer que a tal relação seja boa e pode desprezar respostas que avisam que ela não é, por exemplo. Se traí ou fui traído, e não mantenho em mente que isso, pra mim, faz parte de toda relação, tenderei a ver amantes e traições em toda resposta. E, pior, se isso me deixou descrente no amor, tenderei a ser descrente na leitura, mesmo que o tarô aponte que há, ali, uma excelente relação.
Homem, 48, a namorada terminou com ele. Ele quer saber como agir, se deve procurá-la, porque quer ela de volta.
Mulher, 47, apaixonada por um homem de 41. Ele alimenta o romance fomentando a proximidade e a intimidade mental, mas não se coloca. Porém, pede a ela ajuda em questões profissionais, algo que os aproxima ainda mais. A pergunta dela é: Ele me pedir essa ajuda é porque ele quer se aproximar mais?
Mulher, 36, casada, pergunta sobre um flerte com colega de trabalho (mas ela anda pensando em mudar de empresa).