O CINEMA COMO RECURSO DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Documentos relacionados
No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

RELATO DE EXPERIÊNCIA NO ESTÁGIO PEDAGÓGICO VOLUNTÁRIO NA DISCIPLINA DE NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS A EDUCAÇÃO

O NÚCLEO AUDIOVISUAL DE GEOGRAFIA (NAVG) TRABALHANDO A GEOGRAFIA COM CURTAS: EXPERIÊNCIA DO PIBID SUBPROJETO DE GEOGRAFIA.

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA ENQUANTO POSSIBILIDADE EXTENSIONISTA

Apresentação da Proposta Político-Pedagógica do Curso e Grade de Disciplinas

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

Ministério da Educação Universidade Federal do Ceará Pró-Reitoria de Graduação PROGRAMA DE DISCIPLINA

Education and Cinema. Valeska Fortes de Oliveira * Fernanda Cielo **

4. PRODUÇÃO E CAPTAÇÃO

Formação docente interdisciplinar como espaço de reflexão coletiva acerca da prática docente

FORMAÇÃO DE PROFESSORES O CINEMA NA ESCOLA: TRABALHANDO CONCEITOS COM A UTILIZAÇÃO DE TRECHOS DE FILMES

CINEMA E HISTÓRIA: UMA BIBLIOGRAFIA INTRODUTÓRIA

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL VOLTADA À INCLUSÃO SOCIAL

Materiais e métodos:

Promoção da Saúde na Educação Básica

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO A PARTIR DA AMPLIAÇÃO DAS FONTES HISTÓRICAS: subprojeto PIBID de História, UEG/Câmpus Pires do Rio- Goiás

ANEXO II EDITAL Nº 80/2013/PIBID/UFG PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID

FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES: CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO EM QUESTÃO NO ÂMBITO DO PIBID

ESTÁGIO CURRICULAR DE GESTÃO EM AMBIENTE ESCOLAR: FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

SUGERIDO NOS PCNS E OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. KARPINSKI, Lila Fátima 1,3, NOAL, Rosa Elena 2,3,4

CASOS DE INJÚRIAS RACIAIS NO MEIO FUTEBOLÍSTICO: INTERVENÇÕES ACERCA DO TEMA NO ÂMBITO DO ENSINO ESCOLAR

ENSINO DE QUÍMICA E SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA. (*) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará.

EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS DAS LICENCIATURAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MARANHÃO RESUMO

CONISE 2015 Eixo Temático: Desafios da Educação Básica Tema: Saberes e Práticas Pedagógicas na Educação Fundamental

EDITAL Nº 1/ 2017 Programa UNIVERSIDADE SEM FRONTEIRAS Subprograma INCLUSÃO E DIREITOS SOCIAIS

AUDIOVISUAL PARA A EDUCAÇÃO: discurso e narrativa da televisão aplicados ao ensino a distância

AÇÃO EDUCATIVA DA REDE DE MEDIADORES DA GALERIA DE ARTE LOIDE SCHWAMBACH FUNDARTE

O Som no audiovisual

ANEXO II EDITAL Nº 80/2013/PIBID/UFG PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID

Curso de Capacitação em. Educação Infantil


A participação no PIBID e a formação de professores da Pedagogia experiência na educação de jovens e adultos

EXTENSÃO DE ESPANHOL

Ementas das Disciplinas CURSO DE ESCRITA CRIATIVA

As expectativas dos bolsistas do PIBID Música UFES para atuação na Educação Infantil

DIREITOS E OS DEVERES DAS CRIANÇAS E DO ADOLESCENTE: divulgando o ECA através de vídeo

Universidade Federal do Amapá UNIFAP Pró-Reitoria de Extensão e Ações Comunitárias - PROEAC Departamento de Extensão - DEX

PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA

MAIS RESENHA: UMA PROPOSTA PARA FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO NA ESCOLA

Caracterização do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação CEPAE/ PROGRAD/ UFG

Laboratório de Ensino de Matemática -LEM

REGULAMENTO DO I FESTIVAL REGIONAL DE CINEMA E LITERATURA

LEITURA DE MUNDO E VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS: UMA NOVA VISÃO PARA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

LABORATÓRIO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA: UM AMBIENTE PRÁTICO, DINÂMICO E INVESTIGATIVO

PIBID GEOGRAFIA NA MEDIAÇÃO ENTRE A ESCOLA E A UNIVERSIDADE COMO ESPAÇOS DE FORMAÇÃO DOCENTE

PARTE I - IDENTIFICAÇÃO

PROGRAMA CINEMA E TEATRO À SERVIÇO DA CIDADANIA E DO COMPORTAMENTO SUSTENTÁVEL

DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Vídeo e Cidadania. João Nunes da Silva 1

EDUCAÇÃO INFANTIL E A SEXUALIDADE: O OLHAR DO PROFESSOR

FACULDADE PAULISTA DE ARTES EDITAL PARA O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA SUBPROJETO DE LICENCIATURAS EM ARTES

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Pró-reitoria da Extensão da UFABC. Extensão Universitária Conceitos, Benefícios e Integração

LICENCIATURA EM CINEMA E AUDIOVISUAL

Universidade Federal de Minas Gerais Colégio Técnico Plano de Ensino

Disciplina: ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO ESCOLAR E NÃO-ESCOLAR - PRÁTICA. Código:... Série: 3ª A Turno: noturno. Teórica: Prática: 140

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes Departamento de História

A Prática Profissional terá carga horária mínima de 400 horas distribuídas como informado

CURSO PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTE E EDUCAÇÃO

Código interno: LIS CAPPV IF T1 2017/2018; LIS CAPPV IF T2 2017/2018; Campus: Lisboa Data de aprovação desta versão: 30/05/2017

CINEMA E EDUCAÇÃO: REFLEXÕES A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS

Projeto PIBIC/CNPq Educomunicação e pedagogia de projetos no Programa Mídias na Educação. Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares

Índice. 1. Professor-Coordenador e suas Atividades no Processo Educacional Os Saberes dos Professores...4

Identificação. PROEX - Projeto de Extensão Universitária Página 1. Modalidade: Trâmite Atual: Ano Base: 2014 Título:

RELATOS DE EXPERIÊNCIA: UMA ANÁLISE DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES-PNAIC

MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO Licenciatura em Arte (Teatro Artes Visuais Música - Dança)

O TRIPÉ ENSINO/PESQUISA/EXTENSÃO E OS MINICURSOS INTEGRADOS DO PROJETO CINEMAS E TEMAS, EDIÇÃO 2017

CURSO DE CAPACITAÇÃO

A dança na Educação infantil: construções pedagógicas a partir do Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório

CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí VI Jornada Científica 21 a 26 de outubro de 2013

APRENDENDO SEMPRE RESUMO

USO DO AUDIO-IMAGEM COMO FERRAMENTA DIDÁTICO PEDAGÓGICA EM ATIVIDADES EM SALA DE AULA.

PRÁTICA DE ESCRITA NO ENSINO FUNDAMENTAL I E FORMAÇÃO DO PROFESSOR: DA TEORIA À PRÁTICA PEDAGÓGICA

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão. Objetivo Geral

A GESTÃO ESOLAR EM UMA PRÁTICA DE ENSINO DEMOGRÁTICA E PATICIPATIVA

Formação inicial de professores de ciências e de biologia: contribuições do uso de textos de divulgação científica

Bibliotecários universitários: da guarda de livros ao letramento informacional

O PIBID INCLUSO NA LUTA CONTRA O AEDES AEGYPTI

Currículo Referência em Dança Ensino Médio

Resolução Conjunta SE/SAP 1, de

PALAVRAS-CHAVE: Profissionalização, Aprendizagem, Desenvolvimento.

PLANO DE ENSINO. 3.1 OBJETIVOS GERAIS Problematizar o ensino de História e iniciar a construção de um outro olhar acerca da realidade.

A experiência do Projeto de Iniciação a Docência na Escola Vilma Brito Sarmento: as implicações na formação do professor supervisor

O HIPERTEXTO E A ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR

Desafios e Perspectivas. Rádio Escola: Uma Ferramenta de transmissão de conhecimento 1

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE TEOLOGIA E HUMANIDADES CURSO DE FILOSOFIA

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

5º CONGRESSO NORTE-NORDESTE DE QUÍMICA 3º Encontro Norte-Nordeste de Ensino de Química 08 a 12 de abril de 2013, em Natal (Campus da UFRN)

O DIÁLOGO ENTRE DOIS MUNDOS: O PIBID COMO MEDIADOR DO ESPAÇO ACADÊMCO E DAS INSTIUIÇÕES DE ENSINO BÁSICO

A IMPORTÂNCIA DO PIBID- GEOGRAFIA PARA A INSERÇÃO DO ACADÊMICO NO ENSINO E APRENDIZAGEM

Palavras-chave: Habilidades Sociais Educativas; docência; Pedagogia.

Introdução. Autores: Allan do Carmo Silva 2 Gisele Ramos Duarte 3 Monique Santanna de Faria 4 Orientador: Márcia Denise Pletsch 5

A música volta às escolas brasileiras: o que fazer?

TRABALHANDO O LIVRO DIDÁTICO: Com produção de maquetes no Ensino de História Medieval

Eixo: Práticas para Ensino Fundamental I Texto não Verbal em sala de aula

Universidade Federal de Roraima-UFRR,

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DEPARTAMENTO INTERDISCIPLINAR DE RIO DAS OSTRAS PROJETO DE MONITORIA

Transcrição:

O CINEMA COMO RECURSO DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA Raphael Nunes Nicoletti SEBRIAN, rsebrian@gmail.com DEHIS/G-UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro-Oeste) Aliandra Cristina Mesomo LIRA, aliandra@usp.br DEPED/G-UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro-Oeste) Paulo GUILHERMETI, pauloguilhermeti@ig.com.br DEPED/G-UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro-Oeste) Este estudo tem por objetivo apresentar reflexões acerca das possibilidades de utilização da produção imagética, mais especificamente do cinema, em sala de aula. Trata-se de reflexões desenvolvidas teoricamente e empiricamente a partir das atividades desenvolvidas no projeto O cinema como recurso de ensino na educação básica, vinculado ao programa Universidade Sem Fronteiras, subprograma Apoio às Licenciaturas, em convênio estabelecido entre a UNICENTRO e a SETI/PR. No referido projeto propõe-se a discussão, com professores e alunos da Educação Básica, das possibilidades de análise e de trabalho com filmes. Tal intuito adquire relevância dentro do contexto educativo na medida em que o cinema, como um tipo de mídia, possui espaço fundamental na contemporaneidade e os questionamentos que propicia adentram, direta ou indiretamente, o universo escolar. É importante, pois, que os professores e os alunos estejam preparados para uma análise e utilização crítica da produção cinematográfica, percebendo aspectos positivos e negativos da mesma bem como o papel dessa linguagem na construção dos sujeitos, de suas formas de ver e estar no mundo. Além de tais objetivos, o projeto, como atividade extensionista, objetiva articular efetivamente a universidade e a comunidade, compartilhando o conhecimento acadêmico e assimilando as contribuições que as discussões em âmbitos menos restritos podem proporcionar. Buscaremos expor questões que podem ser relevantes para o profissional que deseja utilizar este recurso (cinema) em suas aulas. O projeto O cinema como recurso de ensino na educação básica é desenvolvido desde outubro de 2007 em escolas estaduais do Paraná, nas cidades de Pitanga, Palmital e Santa Maria do Oeste, ou seja, em municípios sob a responsabilidade do

Núcleo Regional de Educação de Pitanga. A equipe do projeto é composta pelos seguintes membros: Professora Aliandra Cristina Mesomo Lira, do Departamento de Pedagogia da UNICENTRO (DEPED/G), coordenadora geral; Professor Raphael Nunes Nicoletti Sebrian, do Departamento de História da UNICENTRO (DEHIS/G), orientador/coordenador; Professor Paulo Guilhermeti, Departamento de Pedagogia da UNICENTRO (DEPED/G), orientador/coordenador; Roberto Machado Guimarães, graduado em Letras e acadêmico de História da UNICENTRO, Campus Avançado de Pitanga, supervisor (profissional recém-formado); Abel Antonio dos Santos (acadêmico de Pedagogia da UNICENTRO, Campus Avançado de Pitanga), Daniel Ivori de Matos (acadêmico de História da UNICENTRO, Campus Avançado de Pitanga), Maria Fátima de Souza (acadêmica de Pedagogia da UNICENTRO, Campus Avançado de Pitanga), Valderes dos Santos (acadêmica de História da UNICENTRO, Campus Avançado de Pitanga), Viviane Cristina Princival (acadêmica de Pedagogia da UNICENTRO, Campus Avançado de Pitanga), estudantes de graduação. Vivemos em uma época em que a necessidade de uma educação audiovisual se torna indispensável diante da influência que imagem e som têm em nossas vidas, tornando-se um meio de educação informal. Nesse sentido, destacamos a necessidade de educar o olhar do indivíduo dentro da escola, dentro da sala de aula. Utilizar o cinema como recurso de ensino, além de ajudar o aluno a ter uma visão mais crítica sobre os filmes e programas de televisão que ele assiste, permite ao professor levar seus alunos a uma posição em que não sejam simples consumidores de imagens, mas construtores autônomos do conhecimento. Considerando a importância da consciência dos indivíduos quanto à informalidade no ensinoaprendizagem, reconhecemos que o professor poderá buscar diferentes caminhos para seu trabalho em sala de aula, desde que tal busca seja fruto de pesquisa. Várias questões se colocam quando pretendemos analisar produções cinematográficas. Entre elas, talvez a mais premente seja: afinal, o cinema é registro da realidade ou manifestação artística? Qualquer polarização nesta resposta é empobrecedora e estéril. Devemos considerar que os filmes são portadores de uma

tensão entre evidência e representação, pois, ao mesmo tempo, ajudam a compreender acontecimentos ou eventos e, por outro lado, permitem perceber de que maneira as sociedades representam a si mesmas e as outras sociedades, próximas ou distantes temporalmente. Portanto, em qualquer aproximação com o cinema enquanto recurso de pesquisa e ensino há a necessidade de articular a linguagem técnico-estética das fontes audiovisuais e musicais (ou seja, seus códigos internos de funcionamento) e as representações da realidade histórica ou social nela contidas (ou seja, seu conteúdo narrativo propriamente dito). Deve-se considerar a especificidade técnica das linguagens, os suportes tecnológicos e os gêneros narrativos que se insinuam nos documentos audiovisuais, sonoros ou artísticos em geral. Poderíamos dizer que se trata de buscar os elementos narrativos que poderiam ser sintetizados na dupla pergunta: o que um filme diz e como diz?. São várias as questões a serem consideradas a respeito das peculiaridades da linguagem cinematográfica, mas vários são, também, os passos que se deve dar para apresentar um filme em sala de aula, e, neste ponto, coloca-se a necessidade de conhecimento por parte do professor para que isto se desenvolva sem problemas. O objetivo fundamental do projeto O cinema como recurso de ensino na educação básica é, diante deste quadro de questões, dar condições ao professor para que possa utilizar de forma crítica e produtiva o cinema como recurso de ensino, em prol de um uso dos filmes no qual esses não sejam utilizados para substituir a discussão de determinado conteúdo e muito menos para apresentar os fatos tais como aconteceram. A sala de aula não pode ser apenas um local de reprodução de conhecimento, mas deve ser um espaço de produção, e o professor deve estar consciente da importância da reflexão de forma interativa. Levando em consideração as indicações acima, sobre o caráter dos filmes, percebe-se que a utilização em sala de aula como substituição às outras atividades pode acarretar conseqüências desastrosas para a formação dos indivíduos em contato com este tipo de mídia. A identidade cultural de cada sociedade está

intimamente ligada às representações artísticas produzidas e/ou compartilhadas por estes indivíduos, logo, o cinema traz formas de ser, de sentir e de viver a partir de personagens. É preciso preparar o indivíduo para a leitura dessas imagens. Os resultados do projeto, diante de tantas questões a serem enfrentadas, têm sido muito relevantes. Operacionalmente, cada bolsista, em consenso com o colégio no qual atuou e depois de realizadas reuniões com a equipe pedagógica, escolheu neste primeiro ano de atividades apenas um professor e teve com este, por sua vez, encontros semanais ou quinzenais, dependendo do calendário do colégio. No desenvolvimento do projeto vimos que além da capacitação do professor no trabalho com o cinema como recurso de ensino, destaca-se também a educação do aluno frente aos recursos imagéticos que hoje estão presentes no seu dia-a-dia. Outro ponto importante é a integração da universidade com a comunidade. Ainda com relação ao desenvolvimento do projeto, a parceria com o Núcleo de Educação solidificou relações e ofereceu oportunidades de interlocução, que culminarão na elaboração de um caderno pedagógico com informações dos filmes e com os roteiros trabalhados no primeiro ano do projeto. Este será distribuído aos professores, aumentando a abrangência do projeto, mesmo que indiretamente. Além disso, para toda a equipe envolvida no projeto, os momentos prático-reflexivos envolvidos com a temática trabalhada têm oferecido excelente oportunidade de crescimento como profissionais, ampliando o conhecimento sobre cinema, formação de professores, ensino público, recursos de ensino, temas afeitos à área de licenciatura e de extrema relevância no âmbito da universidade. Como o próprio nome sugere, o projeto Universidade Sem Fronteiras tem como intuito expandir a Universidade para além de seus portões, levando-a a se integrar à comunidade. E em nosso projeto observamos que todos os bolsistas que tiveram a oportunidade de atuar em sala de aula com certeza alcançaram muito mais do que o objetivo inicial, pois puderam produzir conhecimento que proporcionou a eles, aos professores e aos alunos das escolas, preparação para a análise e utilização crítica da produção cinematográfica, percebendo aspectos positivos e negativos da mesma bem como o papel dessa linguagem na construção dos sujeitos, de suas formas de

ver e estar no mundo. Referências bibliográficas FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003. MORETTIN, Eduardo Victorio. O cinema como fonte histórica na obra de Marc Ferro. In: MORETTIN, E.; NAPOLITANO, M.; CAPELATO, M. H.; SALIBA, E. T. (orgs.). História e cinema: dimensões históricas do audiovisual. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2007, p. 39-64. NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003.. Fontes audiovisuais: a história depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. São Paulo: Editora Contexto, 2005, p. 235-289. PILETTI, Nelson. História da Educação no Brasil. São Paulo: Ática, 2002. XAVIER, Ismail. Cinema: revelação e engano. In: NOVAES, Adauto (org.). O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 367-383.