Experiências promissoras entre o fretamento

NO 9 N 102 fevereiro 2010 Diálogo Em Campinas, fretamento e Poder Público somam esforços E Experiências promissoras entre o fretamento e o Poder Público serão contadas numa série denominada: O Fretamento e o Poder Público. intenção é abordar como trabalhando em conjunto iniciativa privada e órgãos públicos podem desenvolver ações, legislações e alternativas que contemplem principalmente o usuário do transporte coletivo. matéria de início conta a experiência de Campinas. Lá o fretamento e a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (EMDEC) atuam de maneira organizada integrando soluções entre o fretamento e o urbano. Confira entrevista com o Secretário Municipal de Transporte de Campinas, Gerson Bittencourt. (foto à direita). P. 3 e 4 Desburocratização rtesp passa a aceitar vistoria da EMTU pós um longo processo de diálogo, a rtesp passa a aceitar a vistoria da EMTU com validade de um ano após a apresentação de documentação em anexo. Segundo a Diretora-executiva da Fresp, a advogada Regina Rocha a medida representa mais uma vitória da categoria. vistoria da EMTU checa mais de 600 itens e é uma das mais minuciosas do país, atendendo a um amplo controle de qualidade. P. 6 Organização Reunião ampliada atrai 30 empresários primeira reunião ampliada de Diretoria, nova estratégia do Presidente do Transfretur e da Fresp, Claudinei Brogliato teve a participação de 30 empresários, expressando o interesse da categoria por debater e deliberar as ações que o sindicato deve implementar. P. 5 Página 2 Projeto EMTU Página 5 EMDEC aceita vistoria da EMTU Página 6 Fórum Paulista de Transportes

Legislação S Há risco de faltarem assentos na Região Metropolitana de São Paulo Se retirarem os veículos com mais de 15 anos de idade, que são os ônibus, o número de assentos se reduzirá, porque a frota até 12 anos é composta majoritariamente por vans. Com esta informação teve início o debate sobre a idade média dos veículos, discussão que faz parte da nova legislação do fretamento para a região metropolitana de São Paulo que está sendo elaborada pela EMTU. tualmente já existe um indicativo de 15 anos. O assunto foi um dos temas da primeira reunião ampliada de diretoria (veja página 5). Constatações Considerando que os 2.490 veículos sejam vendidos as empresas arrecadariam cerca de R$ 160 milhões. Entretanto, a preços de mercado com descontos de 56%a arrecadação é de cerca de R$ 71,1 milhões. O mercado já trabalha com 20% de sobre-preço e um veículo equivalente de 10 anos já custa R$ 165 mil. s empresas terão de investir R$ 360 milhões, considerando o valor de venda da frota com mais de 15 anos o investimento líquido será de R$ 289 milhões. Constatações Outro dado importante é que haverá uma super oferta de veículos com mais de 15 anos e uma falta de veículos com até 14 anos de idade. Não haverá veículos suficientes para atender a procura, mesmo considerando que parte desta frota não será sequer substituída. Outro aspecto importante é a capacidade de transporte desta frota de veículos com mais de 15 anos. té 1995 a quantidade de vans nas regiões metropolitanas não era significativa. Hoje o quadro é diferente, os 2.490 veículos que deverão ser substituídos representam 16% do total da frota, mas significam 55% da frota de ônibus e microônibus, ou seja, a frota restante não tem, proporcionalmente, a mesma capacidade de transporte. Portanto, o impacto não é só econômico, mas também operacional. Reversão do veto é pouco provável Mesmo sabendo que a possibilidade de reverter o veto é mínima, o Presidente do Transfretur, Claudinei Brogliato e dos demais sindicatos ligados à Fresp receberão o deputado estadual autor do projeto acompanhado de outros U parlamentares. O Projeto possuía pontos favoráveis que iam ao encontro das reivindicações do segmento, como: a constituição da empresa que atua no fretamento deveria ser exclusivamente no fretamento. Ou seja, um veículo de empresa de outro segmento não poderia atuar no fretamento. idade média seria de 10 anos com prazo para adequação; por exemplo, empresas já constituídas poderiam ficar de 15 a 20 anos. Mas apresentava também um problema grave ao exigir substituição de todos os veículos vans por microônibus em 2 anos. i sempre pode-se perguntar se há ou não contradição entre documento do veículo ou resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), avalia Regina Rocha. Na opinião quase que unânime dos empresários não adianta apoiar o prazo para adequação da frota se não expurgarem as locadoras. Não é possível investir em patrimônio com as locadoras tomando serviço, assinala o Presidente da Fresp e do Transfretur, Claudinei Brogliato. Para a Diretora-executiva da Fresp, Regina Rocha há outro agravante a esta situação. Existe uma Lei federal que não permite a atuação de empresas no Simples (regime de tributo simplificado) para o transporte. Num levantamento de dados realizado junto ao sistema de cadastro do próprio site da EMTU, os empresários chegaram a números que impressionam. Hoje, 65,2% dos veículos tem 10 anos, e cerca de 2400 tem entre 20 e 30 anos. Para que seja renovada a frota que deve sair de circulação são necessários investimento da ordem de 360 milhões de reais. gora um impacto desse no segmento, faz com que de imediato haja prejuízo para o setor de veículo usado, pois, os valores seriam rebaixados, destaca o Diretor-executivo do Transfretur, Jorge Miguel dos Santos.

Diálogo Em Campinas, mantemos um frase acima não é a declaração entre namorados, mas sim do Presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (EMDEC) e Secretário Municipal de Transportes, Gerson Bittencourt sobre o diálogo entre o empresariado de fretamento e o Poder Público campineiro. O fretamento não precisa de uma imagem contrária ao que é. Precisa mostrar o quanto é importante na mobilidade urbana. experiência da Prefeitura de Campinas, que reformulou o transporte público na cidade, assim como ocorreu na cidade de São Paulo à época da Prefeita Marta Suplicy, é que a melhor forma de implementar as transformações necessárias é chamando todos para discutir. Nunca deixei de atender ninguém. Não precisa ter agenda. Minha porta está sempre aberta. Inclusive, incorporamos o programa Motorista Nota 10, que o sindicato de Campinas (SinfreCar) desenvolveu, conta o Secretário. qui em Campinas o fretado acabou servindo como transporte complementar, completa. Recuperação - O sucesso da empreitada em Campinas se reflete na reversão da queda de número de usuários-mês do transporte público. Tivemos em 1991 14 milhões e 600 mil passageiros/ mês; depois entre 1999/2000 passamos para 9 milhões de Empresários de Campinas reunidos com o Secretário, Gerson Bittencourt para discutir legislação passageiros/mês. E no final de 2008 recuperamos e ampliamos um pouco o volume de usuários de quase 20 anos atrás com 14 milhões e 900 mil usuários/mês. Esse é o segredo. Melhorou o transporte público, o fretamento como sistema complementar também ganha. partir da reestruturação do sistema de transporte de Campinas a velocidade média aumentou de 13 quilômetros para 17 Km/h; representando 25% de aumento de fluidez com a criação de faixas exclusivas e preferenciais. Na faixa exclusiva o fretamento pode rodar e parar, mas esta último apenas entre às 20 e às 7h. Na faixa preferencial, o ônibus de fretamento trafega livremente, mas não pode parar para desembarque. Calculamos que 90% dos ônibus saem antes das 7h. e podem parar na Estação de transferência. Já no retorno, geralmente de São Paulo, os ônibus chegam após às 20h. Não é correto dizer que restringimos. Nós até ampliamos, pois abrimos as estações de embarque, argumenta o Secretário quando perguntado sobre a restrição nas faixas e em determinados horários. Para Secretário, se transporte urbano melhora; fretamento também cresce no Nº passageiros transporte urbano/mês 1991 14 milhões e 600 mil 1999/2000 9 milhões 2008 14 milhões e 900 mil Fonte: Secretaria Municipal de Transportes de Campinas

a relação aberta e constante tualmente os ônibus de fretamento não utilizam os corredores, inaugurados em dezembro de 2009, porém, se resolver o problema de parar em qualquer lugar e o de reduzir a velocidade dos urbanos, vai poder rodar também, garante Bittencourt. cidade de Campinas conta hoje, segundo o Secretário Municipal de Transportes e Presidente da EMDEC, Gerson Bittencourt com 3 mil veículos credenciados que prestam serviço de fretamento. legislação de fretamento ainda não dá conta do problema das locadoras e da fiscalização de empresas que se utilizam dos benefícios de um registro mas praticam outra atividade. EMDEC passa a aceitar vistoria da EMTU té o final de março, a EMDEC passa a aceitar a vistoria da EMTU, e segundo o Secretário Municipal de Transporte de Campinas, Gerson Bittencourt também está em negociação a aceitação da vistoria da EMDEC pela EMTU. Esse processo é mais lento, mas está em andamento. ntiga reivindicação dos empresários do fretamento, o próprio secretário reconhece que não se trata de custo, mas apenas de evitar que o veículo fique parado. Uma vez aceitando a vistoria, o empresário teria apenas de realizar a renovação de autorização, antecipa Bittencourt. conversa é difícil, mas tudo sempre é negociado Ponto exclusivo de ônibus de fretamento implantado pelos empresários de fretamento O empresário Maurício Marques Garcias, da Brasil Real Turismo Ltda., empresa de Campinas, acredita que o importante é que sempre há negociação, mas que deve ser lembrado que a conversa é difícil. grande diferença é que dificilmente a Secretaria toma uma decisão sem nos chamar, avalia. Para Garcias, o fato de o Secretário ter vindo de uma experiência em São Paulo foi muito favorável para os empresários de Campinas. Chegou aqui e já tinha dimensão que o fretamento ajuda e que não compete com o urbano, e ao contrário retira o carro da rua. Isso é uma visão muito diferente do administrador público e que coloca a discussão em outro patamar. Outro aspecto que Garcias salienta é que quase toda vez que estivemos com o Secretário havia a presença dos técnicos da Prefeitura que estavam munidos de informações como embarques, desembarque, como foi o caso do Terminal Central onde o fretamento dispõe de uma plataforma. No início nos procuraram pois havia um número superior de paradas ao previsto. Logo readequamos. O fretamento acaba de instalar um ponto de ônibus exclusivo numa iniciativa inédita e o próprio secretário recordou também a reforma de um gradil de cerca de 600 metros.

Organização Reunião ampliada atrai 30 empresários primeira reunião ampliada de Diretoria, nova estratégia do Presidente do Transfretur e da Fresp, Claudinei Brogliato teve a participação de 30 empresários, expressando o interesse da categoria por debater e deliberar as ações que o sindicato deve implementar. O principal ponto da pauta foi o veto do Governador José Serra (PSDB) ao projeto de Lei 548/2004 de autoria do deputado estadual, José Zico Prado que trata de uma legislação substitutiva ao Decreto Estadual 29912/89, um dos principais na sistematização do transporte de pessoas por fretamento. Na opinião da Diretora-executiva da Fresp, a advogada Regina Rocha é pouco provável que se consiga derrubar o veto. Primeiro porque a alegação é que se é competência do Executivo, o legislativo não pode interferir. São, como está expresso, competências privativas do governador. (Veja página 2) Outro ponto foi a idade média Vejo necessidade de uma reunião destas acontecer, avalia empresário Participando da primeira reunião ampliada de diretoria, o empresário Dimas José da Silva elogiou a iniciativa, e disse que além de excelente, as reuniões ampliadas acabam aglutinando os empresários. Vejo a necessidade porque os empresários, às vezes, estão dispersos. Precisamos falar a mesma língua. Quantos mais eventos deste tipo, mais estaremos alinhados com um pensamento, opina o empresário da uxiliar Transportes e Fretamento Ltda. pesar de considerar excelente, Dimas José também acredita que os assuntos pautados estão interferindo diretamente no dia-adia. São assuntos emergenciais. O empresário foi além da opinião e sugeriu outros pontos a serem abordados seja na reunião de diretoria ou na indicação de futuros cursos. Por exemplo, o motorista precisa saber da fiscalização. O que pode ou não ser cobrado. Falta muito esclarecimento, principalmente porque a dinâmica do fretamento é muito rápida. Um e-mail não diz nada se você ficar trancado na empresa, criticando a não participação. Há uma necessidade das pessoas de atualizar os conhecimentos de acordo com as regras que surgem rapidamente. da frota para o transporte intermunicipal, gerenciado pela EMTU através da Secretaria de Transportes Metropolitanos (STM) (veja matéria na página 6). Finalmente o tópico mais aguardado: a implantação do Sistema de Posicionamento Global (GPS) nos ônibus de fretamento eventual (nãorotineiro) para os veículos que adentram a Zona de Máxima Restrição ao Fretamento (ZMRF). lém disso, também foi considerada a interpretação da Prefeitura sobre os veículos que fazem fretamento eventual não poderem realizar o fretamento contínuo (rotineiro) e vice-versa. Isso é desqualificar a operação e a logística que as empresas têm para utilizar a frota que é privada. Pretendemos continuar conversando sobre isso, se a prefeitura nos receber, avisa o Presidente do Transfretur e da Fresp, Claudinei Brogliato. reunião foi caracterizada por Brogliato como exitosa pela quantidade de empresários que atraiu e pelo bom nível de debate.

Debate Transfretur participa de Fórum Paulista de Secretários de Transportes C Com a participação de 246 representantes de 50 cidades do Estado de São Paulo e Brasília, o 45º Fórum Paulista de Secretários e Dirigentes de Transporte contou com a participação do Transfretur através da presença do Diretor-executivo da entidade, Jorge Miguel dos Santos que fez uma exposição na mesa Fretamento: Circulação e Legislação cujo coordenador foi Eduardo Pacheco Gianetti, Diretor de Transporte de São Carlos, e o debatedor foi o Diretor de Operações da EMDEC, tílio ndré Pereira. Participar destas atividades é sempre muito importante, porque é uma oportunidade de expor dados atualizados sobre o fretamento, além de apontar os problemas de legislação conforme o tema da mesa indicava, aponta o Diretor-executivo do Transfretur, Jorge Miguel dos Santos. Enquanto o Diretor da EMDEC manifestava a boa relação vivida entre o empresariado do fretamento, o Diretor do Transfretur por sua vez apenas falava das contradições e imposições de uma legislação marcada exatamente pelo não diálogo. Existe um grupo de pessoas que tem interesse em usar o fretamento e que já abandonou o transporte público. gora não se pode reprimir uma demanda que existe, da empresa que quer um serviço de transporte especializado. Quem e como vai se regulamentar a atividade é importante definir. Há mercado para todos. O mercado demanda para toda a modalidade de Desburocratização rtesp passa a aceitar vistoria da EMTU pós um longo processo de diálogo, a rtesp passa a aceitar a vistoria da EMTU com validade de um ano após a apresentação de documentação em anexo. Segundo a Diretora-executiva da Fresp, a advogada Regina Rocha a medida representa mais uma vitória da categoria. partir de agora os empresários poderão atuar em sincronia para que haja um melhor aproveitamento da vistoria da EMTU durante seu período de vigência convergindo com o Considerando as respostas dos entrevistados e a média de passageiros por Ônibus de Fretamento... limite de um ano da vistoria da rtesp. De acordo com Edson Cunha, responsável pela inserção de veículos e renovação de cadastro nos órgãos fiscalizadores e regulamentadores, a aceitação da vistoria melhora em muito a agilidade dos processos, além de gerar economia para as empresas. No entanto, é preciso notar que para que a economia se concretize deve haver uma sincronia grande entre a vistoria da EMTU e a entrega da documentação para a rtesp, explica Cunha. Total Ônibus FE Ônibus FG Média de passageiros por Ônibus de Fretamento: 35,61 33,52 40,18...s tendências de migração entre modos na falta do Fretamento seriam (número de passageiros por veículo com cada atitude): 1. Opção por algum transporte individual 14,24 12,07 19,69 2. Opção por transportes públicos 20,65 21,45 18,08 3. Outros meios e soluções 0,71 0,34 2,01 transporte. É preciso regulamentar sem destruir a atividade. final, se o passageiro é a prioridade, acabar com a prestação de serviço não o fará ser beneficiado, explica Santos. O próximo Fórum acontece nos dias 27 e 28 de maio, em Piracicaba. empresa deve solicitar uma declaração da EMTU, via internet, do veículo vistoriado. Esta declaração é que será validada pela rtesp com a anexação dos documentos de renovação (nexo V) e de inclusão (nexo VI), que deverá ser protocolada nas regionais da rtesp para a emissão do Cartão de Vistoria do Veículo. vistoria da EMTU checa mais de 600 itens e é uma das mais minuciosas do país, atendendo a um amplo controle de qualidade. Expediente Novos Caminhos é o órgão de divulgação do Transfretur Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento e para Turismo de São Paulo e Região - e da ssocitur - ssociação dos Transportadores de Turistas, Industriários, Colegiais e Similares do Estado de São Paulo. www.transfretur.org.br Cartas, dúvidas e sugestões: Rua Marquês de Itú, 95-1 andar cjs. /B - CEP 01223-001 - Tel.: (0xx11) 3331-8022 e-mail: transfretur@transfretur.org.br Jorge Miguel dos Santos - Diretor-executivo Diretoria: Silvio Valdemar Tamelini, Claudinei Brogliato, Marcelo Laurindo Félix, José Parada Garcia, José Boiko, Jerônimo rdito, Ricardo Luiz Gatti Moroni, José Martinho, Eidi Shiguio, Iutaka Soyama Editoração e produção: Stilo rte Jornalista Responsável: Gislene Bosnich - MTb. 26610 imprensa@transfretur.org.br Tiragem: 2000 exemplares