GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO DO INGLÊS NO 1.º e 2.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO RELATÓRIO Agrupamento de Escolas da Nazaré Distrito de Leiria Concelho de Nazaré Data da intervenção: de 28-02-2018 a 05-03-2018 Área Territorial de Inspeção Sul
ENQUADRAMENTO DA AÇÃO As políticas educativas nacionais espelham a relevância conferida à língua inglesa e o forte investimento na melhoria das competências linguísticas dos alunos no que concerne a esta língua estrangeira. Após a implementação do ensino do Inglês no 1.º ciclo do ensino básico (CEB), através das atividades de enriquecimento curricular, generalizadas aos quatro anos, seguindo a tendência dos sistemas educativos na Europa, a disciplina de Inglês foi integrada no currículo do 1.º CEB. Assim, o Decreto-Lei n.º 176/2014, de 12 de dezembro, introduz o ensino da língua inglesa com carácter obrigatório para todos os alunos que ingressaram no 3.º ano de escolaridade no ano letivo de 2015/2016, e, a partir de 2016/2017, para o 3.º e 4.º anos, estabelecendo ainda a possibilidade de as escolas poderem proporcionar o complemento ou a iniciação anterior do estudo desta língua. A Portaria n.º 197/2017, de 23 de junho, que repristina a Portaria n.º 260-A/2014, de 15 de dezembro, redefine a correspondência entre os níveis de proficiência do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas e os anos de escolaridade para a aprendizagem do Inglês entre o 3.º e o 12.º anos. O Despacho n.º 9442/2015, de 19 de agosto, homologa as Metas Curriculares para o 1.º, 2.º e 3.º CEB. Tais iniciativas traduzem o reconhecimento da importância da iniciação precoce do ensino da língua inglesa, patente ainda no investimento que tem vindo a ser realizado ao nível da formação dos docentes e da criação de um grupo de recrutamento específico para o 1.º CEB, o 120. Em maio de 2017, um estudo da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, centrado no 2.º CEB e no ano letivo de 2014/2015, destaca as disciplinas de Inglês e de Português como ocupando o segundo e terceiro lugares, respetivamente, de maior número de classificações negativas a nível nacional entre os alunos matriculados no 5.º e 6.º anos de escolaridade. Tais resultados afiguram-se preocupantes, atendendo às políticas educativas anteriormente descritas, implementadas no sentido da melhoria das competências linguísticas dos alunos. Com esta atividade, a IGEC procura conhecer e acompanhar o desenvolvimento do ensino do Inglês no 1.º e 2.º CEB e pretende contribuir para a construção de uma atuação estratégica orientada para o sucesso da disciplina de Inglês. OBJETIVOS Apreciar o planeamento, o desenvolvimento e a avaliação da ação educativa, no âmbito do ensino do Inglês curricular no 1.º e 2.º ciclos do ensino básico. Promover práticas pedagógicas e didáticas, com vista a adequar a ação educativa às finalidades do perfil de competências dos alunos. 2
Incentivar a reflexão crítica, o trabalho colaborativo, a supervisão da prática pedagógica, a implementação de diversificadas estratégias de ensino ajustadas aos ritmos de aprendizagem dos alunos, bem como a autoavaliação das práticas. Contribuir para uma gestão do currículo mais eficaz, promovendo a articulação e a sequencialidade entre os diversos níveis de ensino, de modo a garantir a melhoria das experiências de aprendizagem com impacto nos resultados dos alunos. Identificar boas práticas no âmbito do ensino da língua inglesa. O presente relatório apresenta à escola as conclusões relativas aos aspetos mais positivos e aqueles a melhorar, no que concerne a três domínios e tem como finalidade contribuir para uma gestão do currículo mais eficaz ao nível do ensino do Inglês, com impacto positivo nas aprendizagens e nos resultados dos alunos. PLANEAMENTO CURRICULAR NO ÂMBITO DA DISCIPLINA DE INGLÊS NO 1.º e 2.º CEB Aspetos mais positivos - A definição, no Plano de Ação Estratégica, de uma medida que abrange a generalização do trabalho colaborativo, designadamente a construção de materiais pedagógicos, a realização de uma reunião de articulação vertical trimestral, a observação de aulas/atividades entre pares pelo menos uma vez por período, a avaliação formativa e a análise de grelhas de correção dos testes. - A conceção, no corrente ano letivo, pela equipa de autoavaliação do Agrupamento, de uma projeção de taxas de sucesso por turma/ano de escolaridade, tendo em consideração diferentes indicadores e cuja monitorização é feita trimestralmente através da análise dos resultados dos alunos e identificação de desvios face às metas delineadas. - O trabalho colaborativo entre os docentes para a aferição da avaliação das aprendizagens. Aspetos a melhorar - A identificação clara de fatores de insucesso e de sucesso no Inglês, tendo em vista, respetivamente, uma melhor definição de estratégias de intervenção face às dificuldades específicas dos alunos, e o desenvolvimento das aprendizagens dos alunos com melhores desempenhos. - O planeamento colaborativo interciclos, que possibilite uma sequencialidade das aprendizagens, com utilização de uma maior variedade de recursos e de estratégias centradas nos alunos e de um grau de exigência que atenda ao trabalho e às 3
aprendizagens realizadas no ciclo anterior, indo ao encontro das implicações práticas constantes no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. - A instituição de mecanismos de supervisão da prática letiva, nomeadamente a observação de aulas entre pares, já prevista, mas não implementada, e que pode constituir uma mais-valia ao nível da organização e gestão da sala de aula, no âmbito da utilização dos recursos didático-pedagógicos, da metodologia e gestão do processo de ensino e aprendizagem e ainda na relação pedagógica professor-aluno. - A proposta ao Centro de Formação de Associação de Escolas Centro Oeste de ações de formação direcionadas para o processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa, perspetivando a auto proposta de professoras do Agrupamento para integrar a bolsa do Centro de Formação como formadoras internas. DESENVOLVIMENTO CURRICULAR NO ÂMBITO DA DISCIPLINA DE INGLÊS NO 1.º e 2.º CEB Aspetos mais positivos - A articulação interdisciplinar, o que enriquece e consolida o processo de ensino aprendizagem ao criar condições para que os alunos trabalhem os mesmos conteúdos em diferentes disciplinas, de formas variadas e com materiais distintos. - A realização de apresentações orais por parte dos alunos, o que está contemplado nos critérios de avaliação, e tem as funcionalidades de aplicação de conhecimentos, de desenvolvimento da competência de produção oral e também de trabalho de competências intersociais. - A discriminação, nos sumários das aulas, não só dos conteúdos tratados, mas também das estratégias e dos recursos usados e das atividades desenvolvidas. - A utilização do Inglês na sala de aula como língua de comunicação privilegiada, usando a língua materna apenas quando necessário. Aspetos a melhorar - A dinamização de atividades centradas nos alunos, que permitam a interação entre eles, e, desta forma, o desenvolvimento da competência da oralidade, assim como a diferenciação pedagógica, atendendo não só aos alunos com mais dificuldades, mas também àqueles que revelam um melhor desempenho e boa aplicação das estruturas linguísticas. - A diversificação de estratégias na abordagem e desenvolvimento dos conteúdos, designadamente o maior recurso a trabalho em pares e em grupo, tendo em consideração que todos devem participar, por sua iniciativa ou não, de forma equitativa e organizada. 4
- A atenção prestada aos cadernos dos alunos, instrumento de suporte do estudo e organização das aprendizagens, designadamente para minimizar os erros ortográficos. - O trabalho com os alunos relativamente ao cumprimento das regras estabelecidas, de modo a que comportamentos incorretos não tenham uma influência negativa nas aprendizagens e no bom ambiente educativo. -A integração, sempre que os conteúdos permitem, de aspetos interculturais em que se abordem realidades distintas do contexto vivenciado e conhecido pelos alunos. - A organização do ambiente educativo, de forma a que a luz natural entre na sala e a disposição do mobiliário permita a realização de atividades diferenciadas e contribua para o bem-estar e a motivação dos alunos. AVALIAÇÃO CURRICULAR NO ÂMBITO DA DISCIPLINA DE INGLÊS NO 1.º e 2.º CEB Aspetos mais positivos - O tratamento dos resultados dos alunos, sendo avaliado o grau de consecução das metas previamente estabelecidas. Aspetos a melhorar - A consolidação da aferição, entre docentes, para a avaliação dos progressos dos alunos tendo em conta as aprendizagens adquiridas. - A ponderação do alargamento, a todas as docentes, da prática de permuta de testes do mesmo ano para corrigir, de modo a aferir a aplicação dos critérios de correção estabelecidos. - A frequência de formação interna e/ou externa no âmbito da disciplina de Inglês, sendo que as docentes do 1.º CEB já o fazem, como contributo para o alargamento de horizontes e uma atualização das metodologias e práticas de trabalho, com reflexos positivos na qualidade das aprendizagens e resultados dos alunos, assim como o estabelecimento de mecanismos que permitam avaliar o impacto da formação nas práticas pedagógicas. - O fomento de momentos quotidianos de autoavaliação e de reflexão com os alunos sobre as aprendizagens realizadas, que possibilitem uma reorientação da ação educativa. 5
Data: 05-03-2018 A Equipa Inspetiva: Ana Márcia Pires Eugénia Ferrão Concordo. À consideração do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência, para homologação. A Chefe da Equipa Multidisciplinar de Acompanhamento, Controlo e Avaliação - Sul Maria Teresa de Jesus 2018-07-19 Homologo. O Subinspetor-Geral da Educação e Ciência Por subdelegação de competências do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência nos termos do Despacho n.º 10918/2017, de 15 de novembro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 238, de 13 de dezembro de 2017 6