Informações sobre a Organização. Nome: MOC - Movimento de Organização Comunitária



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Transcrição:

Centro Brasileiro de Referência em Tecnologia Social Instituto de Tecnologia Social Curso: Tecnologia Social: Desenvolvimento Local, Participativo e Sustentável nos Municípios Resumo a partir de fontes secundárias da Experiência do Programa de Educação Rural da ONG Movimento de Organização Comunitária Martina Rillo Otero Informações sobre a Organização Nome: MOC - Movimento de Organização Comunitária Endereço: R. Pontal, 61, Bairro Cruzeiro, CEP 44017-170, Feira de Santana - BA. Breve histórico da organização O MOC - Movimento de Organização Comunitária, criado em 1970 pela Igreja Católica, teve como objetivo inicial o fomento de ações de desenvolvimento comunitário, criando melhores condições de vida para a população rural do semi-árido baiano de modo a evitar o êxodo rural. O início de sua atuação se deu em alguns bairros da cidade de Feira de Santana (BA). Hoje, o MOC opera em dezenove municípios, com a participação dos governos federal, estadual e municipal. A sede do MOC fica em Feira de Santana, mas sua atuação se dá em mais de 40 municípios da região sisaleira, considerada uma das mais pobres do Brasil. Tal região também é marcada por um clima seco, com distribuições desiguais das chuvas, e longos períodos de estiagem. A missão do MOC é: Contribuir para o desenvolvimento integral, participativo e ecologicamente sustentável da sociedade humana, através de capacitação, assessoria educativa, incentivo e apoio a projetos referenciais, buscando o fortalecimento da cidadania, a melhoria da qualidade de vida e a erradicação da exclusão social (página da organização). O movimento desenvolve diversas ações em parceria com a sociedade civil organizada, em torno de projetos que dêem autonomia e independência às comunidades na busca de contribuir para o desenvolvimento integral, participativo e ecologicamente sustentável da sociedade humana. Atualmente o MOC atua em quatro programas básicos: Programa de Educação Rural, Programa de Fortalecimento da Agricultura Família no Semi-árido, Programa de Políticas Públicas e o Programa de Gênero, além de Projetos Especiais. A atuação através dessas iniciativas tem contribuído para a busca do desenvolvimento integrado e sustentável da Região Sisaleira. Financiamento: O MOC é financiado por agências de cooperação internacional, poder público e outros. O programa de educação é financiado, principalmente, pelas prefeituras locais (Dantas, 1996).

Informações sobre a intervenção/ experiência Características gerais da Experiência O Programa de Educação Rural atua a partir de três linhas: Formação de Professores/as Rurais - CAT (Conhecer, Analisar e Transformar a Realidade Rural); Formação de Coordenadores/as e monitores/as da Jornada Ampliada do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e na Formação de Educadores/Leitores para atuarem com os Baús de Leitura. O projeto CAT Conhecer, Analisar e Transformar foi iniciado em 1994 e tem, como objetivo específico a melhoria da qualidade do ensino no semi-árido baiano, através da formação de professores das escolas municipais rurais. O trabalho é realizado em diversos municípios em parceria com as prefeituras locais e a Universidade Estadual de Feira de Santana. O projeto da Jornada Ampliada é uma atividade específica do Programa Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) desenvolvida no turno complementar às aulas regulares. O MOC atua na formação inicial dos monitores que trabalham na Jornada Ampliada com o intuito de trabalhar a elaboração criativa de atividades lúdicas que trabalhem a afetividade das crianças, assim como estimular a formação de uma consciência crítica. O projeto é realizado em parceria com o Projeto Axé e o IRPAA. Finalmente, o projeto Baú de Leitura trabalha com a formação de profissionais da educação em mediação e facilitação de leitura e a circulação de baús de sisal com livros infanto-juvenis que circulam nas escolas da região. O projeto é realizado em parceria com a UNICEF, a SETRAS (Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social) e Prefeituras Municipais do PETI. Alguns princípios norteadores da atuação do MOC com relação ao programa são: de que a educação rural deve ser adequada à realidade do semi-árido, a educação rural deve valorizar o homem do campo, a educação rural deve resgatar os elementos da realidade do campo como base da prática pedagógica. Introdução Trabalhar a questão da educação rural implica em lidar com uma série de representações e significados acerca da Educação, do homem do campo e das escolas nas regiões rurais. Lidar com a Educação rural exige que sejam contempladas algumas especificidades, que muitas vezes não são contempladas. Segundo Dantas (1996) "A educação dada aos filhos dos agricultores não correspondia à experiência de vida e o conhecimento deles não tinha nenhum valor na escola, como se tivessem que aprender tudo ali. Agora estamos dando treinamento para que as professoras respeitem e partam desse conhecimento" (pp.66). Além da questão da falta de adequação com relação às especificidades do campo, há muito preconceito com relação às escolas rurais: "O currículo oculto passa a idéia de que o mundo rural precisa ser deixado por quem quer vencer na vida, uma vez que ali não há chance de progredir. Argumentam que os pais são pobres porque são agricultores e não por outras razões. O papel que a escola exerce é destruidor da auto-estima do agricultor" (Baptista, 2003, p.36). Diante das dificuldades que a Educação Rural enfrenta, normalmente os programas que visam modificar a escola rural o fazem a partir de proposições de melhoras na infraestrutura e outras carências materiais. Dificilmente são trabalhadas outras demandas, como a transformação da proposta pedagógica e a reflexão sobre o papel da escola como

espaço de construção de modelos de desenvolvimento e cultura. Diante desse desafio, o MOC criou o seu programa de Educação Rural. Objetivos O objetivo geral do Programa é o de contribuir para a implementação de projetos ligados à educação, vivenciados nos municípios de sua área de atuação, potencializando as experiências já desenvolvidas pelos grupos e a partir delas contribuir para a implementação de políticas públicas educacionais, especialmente na área rural (página da organização). Atores envolvidos O programa é desenvolvido a partir de uma diversidade de diversidade de parcerias: O projeto CAT Conhecer, Analisar e Transformar é realizado em diversos municípios em parceria com as prefeituras locais e a Universidade Estadual de Feira de Santana. O projeto da Jornada Ampliada é realizado em parceria com o Projeto Axé e o IRPAA. O projeto Baú de Leitura é realizado em parceria com a UNICEF, a SETRAS (Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social) e Prefeituras Municipais do PETI. Além dos parceiros formais, outros atores são a própria população da região, os professores da rede pública de Educação e outras ONGs que atuam na região sisaleira e semi-árido. Funcionamento da experiência descrição do modelo da intervenção. Frentes de trabalho: 1) Formação de Professores Rurais Busca por transformar educação rural de qualidade em política pública. O projeto CAT - Conhecer, Analisar e Transformar foi iniciado em 1994 na busca da melhoria da qualidade do ensino no semi-árido baiano, através da formação de professores das escolas municipais rurais. O trabalho é desenvolvido dentro de uma proposta que valoriza o homem e a mulher do campo, sua cultura, seu trabalho, trazendo estes elementos como base da prática pedagógica dos professores em sala de aula e produz conhecimento capaz de gerar a transformação da realidade rural. A iniciativa demonstra a possibilidade de sociedade civil, prefeituras e universidade atuarem juntas na construção de uma política de Educação Rural de qualidade que contribua para a construção do desenvolvimento sustentável. 2) Formação de Monitores e Coordenadores da Jornada Ampliada do PETI Produtos de atividades artísticas desenvolvidas nas jornadas ampliadas. A Jornada Ampliada é uma atividade específica do Programa Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) desenvolvida no turno complementar às aulas regulares. O monitor é um profissional selecionado pelo Programa, entre candidatos inscritos no próprio município para coordenar as ações da Jornada Ampliada, como reforço escolar, atividades culturais e práticas esportivas, buscando contribuir para a construção do Desenvolvimento Sustentável.

O MOC realiza a formação inicial dos monitores, em parceria com o Projeto Axé. Em 2002, o IRPAA (Instituto da Pequena Agricultura Apropriada), entidade da sociedade civil de Juazeiro, também passou a acompanhar as ações junto aos monitores e coordenadores das Jornadas Ampliadas. A intenção é dar suporte ao desenvolvimento de atividades que exploram o universo lúdico e afetivo da criança, bem como estimular a formação da consciência crítica sobre o mundo, aliados ao desenvolvimento de habilidades como leitura, escrita, capacidade de se expressar e de lidar com a matemática no cotidiano. Estas são atividades, por seu turno, que devem se relacionar com a escola regular, num processo mútuo de complementação. Num acompanhamento mais intenso, 56 municípios são envolvidos, com mais de 3.300 monitores preparados em cursos com 88 horas de formação. Além das atividades específicas sobre temas como Direitos da Infância e Adolescência, Participação Política, Gênero e Sexualidade e ainda, com Reforço Escolar e Planejamento, os cursos têm enfatizado a importância da construção de um planejamento pedagógico centrado em direcionar a escola para o desenvolvimento. A avaliação das atividades é processual, através de encontros mensais com coordenadores de monitores e tem buscado a construção coletiva do conhecimento e de uma proposta de trabalho voltada para as questões de desenvolvimento das comunidades. As crianças e adolescentes são estimulados a perceber e transformar a realidade, através de atividades práticas adequadas ao dia-a-dia da região, a exemplo de uma pesquisa sobre a água. Os meninos e meninas entrevistaram mais de 28.000 famílias e identificaram que menos de 40% consomem água filtrada. A partir dali, meninos e meninas estão pressionando o poder público para a melhoria da qualidade da água, trabalhando também o reforço escolar (matemática, ciências, geografia, língua portuguesa) com e a partir da questão da água. 3) Baú de leitura Incentivar a prática da leitura crítica e prazerosa entre crianças e adolescentes da Região Sisaleira é o grande desafio do Projeto Baú de Leitura, uma das mais bem-sucedidas experiências do MOC e Unicef dentro do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, em parceria com a SETRAS (Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social) e Prefeituras Municipais do PETI. O objetivo é garantir a formação de educadores/leitores para desenvolver, no espaço escolar (da Jornada Ampliada e/ou na Jornada Regular) atividades de leitura de forma consciente, crítica e prazerosa com as crianças. O projeto consiste na circulação de um baú feito de sisal, símbolo da região, repleto de livros de histórias infanto-juvenis e materiais didáticos de apoio para o trabalho do educador. Os baús com diferentes livros possibilitam que professores e crianças desenvolvam a reflexão e o aprofundamento dos temas orientadores (identidade, cultural e local, relação com a natureza e o meio ambiente e relações entre família e sociedade). Monitores, professores e alunos são estimulados a exercitar a leitura prazerosa como forma de fortalecer a própria identidade, conhecer melhor a história da região e do mundo em que vivem e se expressarem posteriormente em textos, poesias, apresentações teatrais sobre os resultados do processo de leitura. Estes baús são itinerantes, passam um período numa determina localidade, depois são trocados por outro, com livros diferentes, possibilitando aos alunos ler um número maior de histórias. AGRICULTURA FAMILIAR: O Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar no Semiárido trabalha com os agricultores familiares e suas organizações na região semi-árida da Bahia. Num contexto em que falta chuva, a terra é árida, falta crédito e assistência técnica, o MOC atua objetivando a viabilização da agricultura familiar. Para isso, desenvolve um processo de capacitação para que agricultores e agricultoras possam se

apropriar de metodologias e processos que possam garantir o planejamento e exploração da propriedade agrícola com base em princípios de convivência com a seca, enfatizando os seguintes elementos: utilização racional e ecológica da propriedade. Para viabilizar todo este processo, o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar no Semi-árido desenvolve ações em quatro vertentes básicas: Assistência Técnica, Recursos Hídricos, Crédito Agrícola e Acesso à Terra. Está em curso, também, o processo de debates e organização sobre beneficiamento da produção e acesso mais sistemático ao mercado. Institucionalização da prática descrição do processo e do estado atual de formalização da experiência. O MOC é uma associação sem fins lucrativos e o Programa Educação Rural é um dentre outros que desenvolve. Dicas estratégicas/ aspectos fundamentais - Elaborar um planejamento das atividades:..."na nossa maneira de enxergar, o planejamento é um instrumento que serve para orientar uma intervenção-ação, ajudar a identificar onde estamos e para onde precisamos e queremos ir... Assim entendido, trata-se de instrumento de combate à improvisação das ações. Uma ação planejada é uma ação não improvisada e uma improvisada é uma ação não planejada. Dessa forma, não improviso quando tenho um objetivo em vista e estou interessado em realiza-lo e oriento minhas atividades pelo objetivo que me fixei" (Paixão, 2004). - A realização de diagnósticos participativos, com inclusão das crianças é aspecto fundamental para que elas aprendam a observar de maneira diferente a sua própria realidade. Esse também é um aspecto estreitamente vinculado à Tecnologia Social. Especificamente no caso da formação dos monitores e coordenadores da Jornada Ampliada do PETI, eles são orientados para ensinar as crianças a aplicar questionários em pesquisas de campo - desse modo, elas entram em contato com a realidade e aprender alguns aspectos do método científico de trabalho. Parcerias estratégicas Com as prefeituras, já que os programas em que o MOC atua são programas públicos. Avaliação dos resultados pelos responsáveis 1) O CAT já formou mais de mil professores e, atualmente, envolve mais de 200 educadores. O processo de formação é desenvolvido com base no trinômio (conhecer, analisar e transformar), que leva as crianças a conhecerem a realidade do seu entorno, aprofundando-a e buscando formas de transformá-la. Os professores são formados através dos Encontros Intermunicipais de Avaliação e Planejamento das unidades letivas, oficinas e seminários temáticos nos municípios envolvendo professores e coordenadores, em que os mesmos produzem o próprio material didático, adequado à realidade do município e da região. São realizadas, ainda, visitas de acompanhamento e monitoramento do trabalho do professor em sala de aula. Mais de oito mil alunos de mais de 150 escolas públicas estão envolvidos neste processo. 2) Formação de Monitores e Coordenadores da Jornada Ampliada do PETI

Toda essa metodologia está em fase de sistematização e expansão. Adicionalmente, os resultados dos trabalhos nas Jornadas Ampliadas vão compor um guia pedagógico com textos, orientações e relatos de experiências. 3) Baú de leitura A iniciativa que começou com 30 baús está presente em 42 municípios baianos e já está sendo adotada pelo estado vizinho de Sergipe. Na Bahia, já são mais de 540 baús em circulação. E 60 baús já estão circulando em 17 municípios de Sergipe. Após três anos de experiência, o Baú de Leitura caminha para se transformar em uma proposta de política pública, uma vez que a experiência hoje se desenvolve em parceria com a SETRAS (que disponibiliza os monitores e os coordenadores dos monitores), as Prefeituras Municipais (que adquirem os livros e baús) e o MOC e o UNICEF (que antes eram responsáveis por tudo, assumem a responsabilidade da capacitação e monitoramento pedagógico das ações dos monitores). Cerca de vinte mil crianças estão envolvidas neste processo e os resultados são concretos: demonstram maior interesse pela leitura, melhor capacidade de expressão oral e escrita e também incentivam a participação dos pais e da comunidade nos Núcleos de Leitores, grupos de discussão e leitura monitorados pelos educadores capacitados. (página da organização) Além dos resultados indicados na página da organização, Baptista (2003) aponta alguns outros de cunho mais abrangente, como a melhora na aprendizagem dos alunos, nas suas habilidades sociais, valorização da realidade local e em conseqüência, melhora na "autoestima" das crianças que vivem nessa realidade. Por parte dos educadores há um aumento no comprometimento com a realidade local e a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos e maior interesse na participação dos mesmos. Na comunidade, de maneira geral, há uma valorização da escola e do estudo, além de mais cuidados com o meio ambiente. Tecnologias Sociais envolvidas Elaboração de uma metodologia educacional baseada na realidade local. Isso implica em gerar um processo educacional no qual os alunos compreendam melhor a sua própria realidade. Além disso, a valorização do conhecimento prévio dos alunos também implica em proporcionar um espaço para que eles reflitam sobre o seu olhar sobre a realidade e possam desenvolve-lo melhor. A metodologia construída pelo MOC também implica no aperfeiçoamento do processo de produção no semi-árido. Há o trabalho com a população, de produtos e meios de produção mais adequados ao semi-árido. Discussões no Seminário Foi discutida a importância do processo de realização de diagnósticos participativos (ver dicas estratégicas). Além disso, o MOC promove encontros periódicos entre os educadores, monitores e coordenadores de cada um dos projetos, com o objetivo de avaliar as práticas e trocar experiências. Desse modo, estimula a reflexão sobre a prática e torna mais provável uma prática não meramente reprodutora, mas criativa. Finalmente, um aspecto que vale ressaltar é que uma das questões que orientam todo o tempo a prática dos formadores é "como a comunidade se apropria destes

conhecimentos?". O conceito de Tecnologia Social se estrutura em larga medida em torno desta questão. A solução encontrada até agora pelo MOC é apresentar a todos os atores envolvidos (pais, crianças, educadores) a metodologia de trabalho, em diversos espaços, apostando na transparência como a melhor forma de estabelecer canais de diálogo. OBS Em 2002, o Banco Mundial premiou uma das experiências desenvolvidas pelo MOC em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Prefeituras Municipais, como uma das melhores Experiências Sociais Inovadoras do país devido a suas ações na área de Educação Rural. Em 1995, a instituição recebeu, pela mesma experiência, o Prêmio Itaú/Unicef de Educação e Participação. Fontes de informação Carneiro, Francisca Maria e Baptista, Naidison de - Quintella (orgs) (2003) Educação Rural: Sustentabilidade do Campo. Feira de Santana: Ed. MOC/UEFS/SERTA. Baptista, Francisca Maria Carneiro (2003) Educação Rural: das Experiências à Política Pública. Ed. Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural - NEAD. Paixão, Clodoaldo Almeida da (2004) Conversando sobre Planejamento Estratégico, http://www.moc.org.br/09/031029/0002.htm, em 30/06/2004. site da organização: www.moc.org.br Dantas, Therezinha (1996) Movimento de Organização Comunitária - MOC - BA. In Ação Local e Desenvolvimento Sustentável. Konrad-Adenauer-Stiftung. Série Debates, n. 11.