CENTRO BRASILEIRO DE REFERÊNCIA EM TECNOLOGIA SOCIAL INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL
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- Bárbara Klettenberg Carrilho
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1 CENTRO BRASILEIRO DE REFERÊNCIA EM TECNOLOGIA SOCIAL INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL Curso: Tecnologia Social e Educação: para além dos muros da escola Resumo da experiência de Avaliação do Programa "Apoio a Projetos de Educação Complementar para Crianças e Adolescentes de 7 a 16 anos - Estado de São Paulo" Martina Rillo Otero Informações sobre a Organização Promotora Nome: Instituto Fonte para o Fomento Nacional do Terceiro Setor Endereço: Rua Dr. Phidias de Barros Monteiro, 53, CEP: São Paulo - SP Fone: fone: (11) telefax: (11) Breve histórico O Instituto Fonte é uma organização que desenvolve conhecimento sobre processos de desenvolvimento de organizações, pessoas e comunidades. O Instituto realiza prestação de serviços em consultoria de processos, capacitação, projetos e publicações. A Fundação Vitae, que contratou os serviços do Instituto Fonte para realizar a avaliação do seu programa, foi fundada em 1985 e financia projetos de educação, cultura e promoção social em todo o País. A Vitae realiza projetos próprios e financia projetos de instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos, dando prioridade àqueles que tenham função catalisadora, possam servir de modelo a outras organizações, tenham efeito multiplicador e perspectivas concretas de continuidade, uma vez cessado seu patrocínio. Principal financiador da experiência especificamente: A Fundação Vitae Informações sobre a intervenção/ experiência Características gerais da Experiência O programa da Fundação Vitae abrange o Estado de São Paulo e o Instituto Fonte tem sede em São Paulo, apesar de sua atuação abranger projetos nacionais. - O Programa da Vitae foi lançado em 1997, teve 6 edições e contempla tanto a implantação de novas atividades educativas (inclusive salas de leitura e laboratórios de informática), culturais e esportivas. A avaliação do programa iniciou-se, com o intuito de aperfeiçoar tanto o programa da Vitae, como os projetos financiados. O entendimento de avaliação que norteia a ação do Instituto Fonte na assessoria a processos de avaliação é "Um processo de aprendizagem sistemático e intencional que um indivíduo, grupo ou organização se propõe a percorrer para aprofundar a sua compreensão sobre determinada intervenção social, por meio da elaboração e aplicação de critérios explícitos de 1
2 investigação e análise, em um exercício compreensivo, prudente e confiável, com vistas a conhecer e julgar o mérito, a relevância e a qualidade de processos e resultados. A avaliação leva à ampliação de consciência sobre determinado programa ou projeto o que possibilita que escolhas e decisões maduras possam ser feitas" (Brandão e cols, 2004) Alguns princípios que orientam o processo de avaliação para o Instituto: - aprendizagem: avaliação como oportunidade e espaço para aprender - respeito e autonomia: respeito ao contexto cultural, político e estrutural da organização. - participação e colaboração: práticas justas são alcaçadas por caminhos democráticos - felicidade. Contextualização da intervenção/ experiência A Avaliação do programa deveria envolver, tanto informações mais amplas sobre o programa da Vitae como foco, como também, deveria envolver de alguma forma os membros de organizações da sociedade civil e os membros das escolas públicas relacionados com os projetos específicos financiados pela Fundação. Objetivos: O Programa da Vitae tem como objetivo apoiar "Ações complementares à educação fundamental desenvolvidas por instituições sociais em parceria com escolas da rede pública" (site da organização). Os objetivos específicos do programa estão relacionados com "estimular o desenvolvimento de atividades de educação complementar que as crianças e jovens tenham sucesso na escola e na vida". O objetivo da avaliação em si (assim como, o que avaliar, foco, indicadores) dependia do próprio grupo do projeto específico sobre o qual acontecia a avaliação, já que o processo foi pensado para ser participativo. Daí a importância de haverem objetivos definidos conjuntamente e não impostos às equipes dos programas. Atores envolvidos: Instituto Fonte e Fundação Vítae. Além desses atores, estiveram envolvidas mais de 70 organizações da sociedade civil e mais de 70 escolas públicas relacionadas aos projetos específicos. Funcionamento da experiência A Avaliação realizada seguiu como princípio a construção da capacidade avaliatória com os membros das equipes envolvidas. A Fundação Vítae contratou os consultores que tinham um banco de horas para cada projeto financiado. A intenção era avaliar os resultados do próprio programa, por um lado e por outro, dar instrumentos aos projetos individuais para que eles também pudessem avaliar suas próprias ações específicas. Os delineamentos dos processos individuais passaram por diversas etapas, sendo que o próprio grupo gestor do projeto deveria elaborar os objetivos, as questões avaliativas e a metodologia para a avaliação de seu próprio programa. Ao longo do processo, portanto, cada experiência foi desenvolvendo seu próprio processo. No 2
3 caso específico de um dos projetos, por exemplo, o foco das questões avaliatórias mudou radicalmente a partir de um dado momento. Isso evidencia que o processo de apropriação, pelo grupo, de sua própria questão, vai se dando aos poucos e na medida em que vão se inserindo no diálogo. Nesse ponto, por exemplo, esteve evidente que o consultor, apesar de buscar abrir espaço para que os conteúdos específicos do grupo fossem inseridos, ele ainda estava sendo visto como um representante da Fundação Viítae, financiadora do projeto. Institucionalização da prática Tanto o Instituto Fonte como a Fundação Vítae são organizações em fins lucrativos que desempenham uma série de projetos. A Experiência aqui exposta é uma parceria entre as duas instituições. Algumas dificuldades Algumas dificuldades de processos avaliatórios, apontadas por Brandão e cols (2004): - Não especificamente ligada à avaliação neste caso, mas presente nas avaliações atuais de modo geral: métodos frágeis, pouco democráticos, superficiais e pouco confiáveis. - Outra dificuldade relacionada a processos avaliatórios, de maneira geral, é a econômica, especialmente relacionada com a priorização de destinação de recursos para a "atividade fim" do projeto e, ainda, a dificuldade de planejar os custos de uma avaliação. - Finalmente, há dificuldades das organizações disponibilizarem pessoal e tempo para atividades de avaliação, dada a própria dinâmica desse tipo de organização. Dicas estratégicas Algumas "dimensões estratégicas", descritas em Brandão e cols (2004) sobre a construção da capacidade avaliatória de maneira mais ampla, são: 1) A consciência a respeito e a capacidade de lidar com relações de poder presentes nas ações avaliatórias; 2) A busca de razões e motivação para avaliar as práticas; 3) A construção de um certo grau de identidade organizacional em torno da avaliação; 4) O desenvolvimento de competências no campo da facilitação e gestão de processos e da investigação da realidade; 5) A captação e alocação de recursos para criar as condições de trabalho necessárias aos processos de avaliação. Algumas competências em avaliação são apontadas como estratégicas (Brandão, 2004): - competência para facilitação de processos, - competência para gestão de processos, - competência para investigação da realidade Avaliação dos resultados pelos responsáveis A Avaliação do processo vai sendo realizada ao longo do processo. Dessa forma, as atividades vão sendo adaptadas na medida em que são identificadas como necessárias ou desejáveis pelo grupo que participa do processo. Além disso, trata-se em si de um projeto de avaliação. Dessa forma, a avaliação esperada seria 3
4 uma "meta-avaliação". A própria discussão entre os atores e a elaboração de um texto (Brandão e cols. 2004) são frutos de um processo de reflexão a partir da experiência. Aspectos de Tecnologia Social - A avaliação enquanto construção de capacidade avaliatória envolve um processo de aprendizagem e de aperfeiçoamento do projeto que têm múltiplas características relacionadas com tecnologias sociais: - Criação de estratégias de envolvimento da participação dos atores envolvidos. - Delineamento de diagnósticos, procedimentos de coleta de informações e discussão dos resultados junto aos envolvidos. - Além disso, ver discussões durante o seminário. Discussões no Seminário A fala do expositor dessa experiência se diferenciou das demais na própria maneira de conduzir apresentação: ele foi expondo dificuldades, ouvindo as dúvidas e questões, reelaborando as reflexões conforme a demanda do público e dialogando com este. Esta dinâmica propôs uma importante e central questão para a construção do conceito de Tecnologia Social como Rogério se recusou a ocupar o papel de quem ensina, e se colocou frente ao grupo no papel de quem compartilha uma experiência para dialogar sobre ela, no início de sua exposição era possível notar algum incômodo no corpo dos participantes. Todos os educadores presentes, que acreditam sem dúvida na necessidade de uma educação para a autonomia e exercício democrático, de repente se viram supresos pela ausência de uma figura de poder. Só com o passar do tempo, quando ficou evidente que a possibilidade de aprender não estava posta na relação de poder entre quem fala e quem escuta, é que as pessoas foram se sentindo mais à vontade, reconhecendo os conteúdos importantes que estavam circulando na conversa. Alguns temas podem ser levantados a partir da exposição de Rogério. Um deles, importante para a discussão proposta pela TS, é o reconhecimento de que as ONGs não têm, ainda, práticas avaliativas correntes. Um dos aspectos que acreditamos que constitua a especificidade do conhecimento produzido pelas ONGs se refere ao exercício de refletir sobre sua prática, de pôr em diálogo os conhecimentos tradicionais ou populares com outros saberes, resultando disso novos conhecimentos que estão enraizados na prática e na vida das pessoas que são atendidas pelas ONGs. Ora, se é verdade que as ONGs não possuem práticas avaliativas correntes, por diversas razões, isso significa que estão perdendo a oportunidade de aprender com a própria prática. E isso é um problema para o conceito de Tecnologia Social, pois reproduzindo a própria experiência, corre-se o risco de reificá-la como qualquer outro saber e, desse modo, perde-se um dos importantes componentes de TS, qual seja, o caráter dinâmico do conhecimento enraizado. E aqui já entramos num outro importante tema: a importância da avaliação como instrumento de sustentabilidade e o fortalecimento institucional. No espaço participativo da avaliação, os pactos de refazem e o processo de trabalho ganha transparência. Outro ponto muito importante levantado pelo expositor se refere à idéia de que não existe um processo avaliativo participativo definido a priori; por esta razão, é necessário investir tempo na construção da identidade do processo avaliativo, com a construção de um senso comum para cada grupo de trabalho. Assim, o trabalho da assessoria à avaliação participativa é o da facilitação do desencadeamento do processo avaliativo, construindo a capacidade avaliativa dentro da própria instituição. Trata-se de um princípio importante para definição de uma avaliação como participativa: o processo de avaliação é endógeno, não no sentido de que se encerra sobre si mesmo, mas no sentido de que as questões com as quais o grupo vai lidar são definidas no interior dele mesmo. Definidas as questões, pode-se "sair" para procurar 4
5 instrumentos ou para contratar assessoria sem medo de que eles enviesem o olhar, mas recolhendo de tais instrumentos "importados" elementos para enriquecer o próprio olhar sobre a prática. Fontes de informação: Página Eletrônica do Instituto Fonte: Página Eletrônica Fundação Vitae: Brandão, D. B., Silva, R. R. e Palos, C. M. C (2004) Da Construção de Capacidade Avaliatória em Iniciativas Sociais: Algumas Reflexões. Publicado na página eletrônica do Instituto Fonte, acesso em 28/09/
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