EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA, FALÊNCIAS E CONCORDATAS DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA/PR Autos nº 1559/2008 FRANCISCO ASSIS LAZZARETTI - ME, firma individual já qualificada nos autos em epígrafe de Ação de Recuperação Judicial Plano Especial, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus advogados e procuradores infra-assinados, postulando atendimento com prioridade, tempestivamente apresentar seu PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL o que faz nos termos a seguir aduzidos:
1. DIAGNÓSTICO DA CRISE ECONÔMICA DA EMPRESA RECUPERANDA: Conforme antecipadamente exposto na petição inicial são causas da situação de insolvabilidade da devedora: a) ausência de capital de giro; b) desvio de pontualidade ou mesmo a inadimplência no pagamento por parte de alguns clientes, à vista das dificuldades conjunturais que prejudicam a economia nacional como um todo; c) risco de exclusão dos cadastros de fornecedores das grandes clientes, por terem sido negociados títulos para desconto em bancos, relativos a fornecimentos que a empresa não conseguiu cumprir, o que induziu os financiadores a tirada de protesto em Cartório; d) sustentação do fluxo de caixa com base no endividamento bancário, arrostando os elevadíssimos juros cobrados pelo sistema financeiro; e) altas taxas de juros, decorrentes da renovação sucessiva de empréstimos bancários; f) elevados encargos cobrados pelas empresas de fomento mercantil (factorings) para o desconto de títulos e cheques; g) acúmulo de dívidas passivas que corroeram a totalidade do patrimônio líquido da empresa; h) falta de pagamento de diversos cheques recebidos por vendas realizadas e apresentados contra o banco sacado, que foram posteriormente devolvidos por falta de previsão de fundos, por sustação pela contra ordem do emitente, ou ainda por terem sido clonados. 2. SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA RECUPERANDA: A empresa encontra-se em compasso de espera para acertamento de detalhes da parceria com novo investidor, possibilitando assim o aumento do faturamento mensal, com a conseqüente amortização do débito. O faturamento no período posterior à recuperação é de aproximadamente R$ 70.000,00 (setenta mil reais), conforme laudo econômico-financeiro a ser juntado dentro do prazo de cinco dias. A projeção do fluxo de caixa poderá ser feita a partir da definição dos detalhes da parceria.
3. PLANO DE REESTRUTURAÇÃO DO NEGÓCIO COM VISTAS À RECUPERAÇÃO DA EMPRESA MEDIDAS A SEREM IMPLEMENTADAS (AR. 53, I, LRF): A execução destas medidas depende da APROVAÇÃO do plano de recuperação ou de sua NÃO-OBJEÇÃO por parte dos credores. São elas: a) Direcionamento do foco do negócio a parceria a ser realizada com grande empresa de porte nacional, reduzindo o risco da inadimplência comum nos pequenos clientes nesse momento de crise conjuntural: A empresa Recuperanda encontra-se em vias de negociação para firmar parceria com empresa de renome no ramo de tubos plásticos. O negócio, que está em fase final de fechamento, objetiva a assinatura de um contrato de parceria com a Recuperanda, através do qual ela terá total exclusividade de vendas e representação dos produtos produzidos em todo o Estado do Paraná. A ultimação do negócio, possibilitará à empresa Recuperanda o aumento significativo de seu fluxo de caixa, possibilitando assim, honrar com os pagamentos dos credores já relacionados na inicial. b) Renegociação dos títulos dos clientes negociados em banco, e tomada das medidas judiciais para evitar o protesto contra os sacados, evitando assim a exclusão da devedora das relações de fornecedores das empresas: Através do efeito extraprocessual do deferimento do processo de recuperação, as ameaças de protesto foram devidamente resolvidas, retirados os títulos de clientes que haviam sido enviados a Cartório pelos bancos. Contudo, ainda após o deferimento do processamento da recuperação, alguns títulos foram encaminhados a protesto, no entender desta empresa, de forma indevida, fato este que já foi relatado por ocasião da última petição protocolada pela Recuperanda nestes autos. Assim, espera-se que as devidas providências sejam tomadas por este juízo, com a sustação dos efeitos dos protestos realizados, de forma imediata e urgente, evitando assim mais prejuízos à empresa Recuperanda.
c) Manutenção de capital de giro próprio e constituição de fundo para amortização dos débitos inscritos na recuperação judicial; através de obtenção de prazo de carência para início de pagamento das dívidas: É irrealista imaginar que uma empresa possa seguir trabalhando em determinada atividade apenas para pagar dívidas de seus credores, sem considerar que a atividade desempenhada gera custos e que o devedor, empresário pessoa física, depende de algum dinheiro para sua sobrevivência. Daí porque faz-se necessária a concessão de CARÊNCIA (moratória inciso I do artigo 50 da LRF) para o início dos pagamentos aos credores, o que se propõe e requer seja de pelo menos SEIS MESES, para formação de um fundo mínimo que cubra as despesas mínimas da atividade e assegure a amortização das parcelas mensais, após o fim do prazo de carência, com alguma margem de segurança, sendo de lembrar que nenhum negócio está infenso ao fator risco. d) Desoneração da conta de juros, mediante equalização dos mesmos, na forma prevista no art. 50, XII, da LRF: Embora o endividamento total da empresa Recuperanda assome à casa dos R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), grande parte desse montante representa juros devidos nas renovações de financiamentos para capital de giro. Esse fator coloca em cheque o princípio da pars conditio creditorum, pois é certo que os credores bancários valeram-se de diferentes taxas de juros para cálculo de seus interesses, praticando, em muitos casos, o anatocismo inadmitido em Lei. Ora, para efeito da aplicação do disposto no art. 50, XII da LRF, deverá ser apurado pericialmente o REAL MONTANTE DESTAS DÍVIDAS FINANCEIRAS, equalizando-as adequadamente segundo a menor taxa vigente, na data do deferimento do pedido de recuperação judicial. Requer, pois, seja intimado o douto administrador judicial, perito que é, para efetivar esse exame pericial, arbitrando os respectivos honorários.
e) Amortização dos débitos admitidos à recuperação, em parcelas mensais, iguais e sucessivas, compatíveis com a evolução do fluxo de caixa da empresa em recuperação: Trata-se aqui da cláusula dilatória, que permitirá à empresa Recuperanda pagar seus débitos totais, mas, parceladamente, de molde a viabilizar a permanência da empresa e o atendimento de sua função social, gerando empregos, rendas e tributos. Destarte, a empresa Recuperanda propõe o pagamento de 100% (cem por cento) do seu passivo total, nas condições especiais a seguir discriminadas. 4. PROPOSTA DE PAGAMENTO: O pagamento do passivo quirografário poderá ser realizados nas seguintes condições: a) 2/5 (duas quintas partes) do passivo quirografário, nos 40 (quarenta) primeiros meses, contados do fim do prazo de carência, a ser pago em 40 (quarenta) parcelas mensais, iguais e sucessivas; b) 3/5 (três quintas partes) do passivo quirografário, nos 40 (quarenta) meses seguintes ao vencimento da quadragésima prestação, em 40 (quarenta) prestações mensais, iguais e sucessivas; Sobre cada prestação vencerão juros à razão de 6% (seis por cento) ao ano, pro rata, e correção monetária pelo IGP-M da FGV. 5. DEMONSTRAÇÃO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DO PLANO APRESENTADO: Realizadas as condições de retomada da produção e estabilização de um fluxo de caixa estimável em R$ 70 mil por mês, com o firmamento de parceria com empresa de renome nacional, todas estas medidas permitirão o integral atendimento da cláusula dilatória do pagamento acima exposta, sendo de ressalvar que este é o limite da viabilidade econômica, que somente é alcançada pela possibilidade constituição de um fundo de reserva a ser formado durante o período de carência.
Vale destacar, por fim, que a proporcionalidade de 2/5 no pagamento dos quirografários, nos primeiros 40 meses, atende à necessidade de pagamento das despesas processuais, haja vista não possuir divida de origem tributária e dívidas trabalhistas, compensando-se pelo aumento da proporção nos últimos 40 meses de pagamento, para cobrir os 3/5 restantes, totalizando 100% do passivo. 6. DOS REQUERIMENTOS FINAIS: Ante o exposto, requer: a) Seja publicado o aviso aos credores a que alude o Art. 53 da LRF, bem como, ao final, em inexistindo objeções, seja homologado judicialmente o presente plano de recuperação; b) Em caso de interposição de tempestiva objeção pelos credores, seja convocada Assembléia de Credores para aprovação ou modificação do plano de recuperação; c) Requer-se seja concedido o prazo de cinco dias para juntada do laudo econômico- financeiro e de avaliação dos bens da empresa, subscrito por profissional habilitado, na forma do Art. 53, inciso II da LRF; d) Requer assim, a intimação do douto administrador judicial, para que tenha ciência dos termos do plano apresentado, e para atendimento ao requerimento contido no item de número 3, alínea d, destas razões. e) Requer, por fim, a intimação do Ministério Público. Termos em que, Pede deferimento. Curitiba/PR, 22 de agosto de 2008. Fredy Yurk OAB/PR 17.659