DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Políticos Direitos Políticos Parte 1 Profª. Liz Rodrigues
- Direitos políticos: direitos de primeira dimensão, são inerentes à ideia de democracia. - São direitos públicos subjetivos fundamentais conferidos a determinados indivíduos para a participação nos negócios políticos do Estado" (Novelino).
- Direitos de participação no processo político como um todo, direito ao sufrágio universal e ao voto periódico, livre, direto, secreto e igual, à autonomia de organização do sistema partidário, à igualdade de oportunidade dos partidos (Mendes). - Direito ao sufrágio: inclui o direito de votar, participar da organização da vontade estatal e ser votado.
- Sufrágio universal: o direito ao sufrágio é reconhecido a todos os brasileiros (natos e naturalizados), sem limitações de ordem econômica, social sexo ou capacidade intelectual. - Voto: ato que permite o exercício do direito ao sufrágio. O voto é um ato político que materializa, na prática, o direito público subjetivo de sufrágio (Fayt).
- Características do voto: a. direto: a escolha dos membros do legislativo e do executivo é feita diretamente pelo povo, sem intermediários. - Exceção: há uma possibilidade de eleição indireta, feita pelo Congresso Nacional, em caso de vacância dos cargos de Presidente da República e Vice, nos dos últimos anos do mandato presidencial (art. 81, 1º, CF/88).
b. secreto: garante a liberdade do eleitor na sua manifestação de vontade; o voto deve ser livre de coações e não deve ser revelado nem por seu autor nem por terceiros. c. universal: todos podem votar, ainda que possam ser estabelecidas condições de fundo (o eleitor precisa atendera aos requisitos de nacionalidade, idade e capacidade) e de forma, pois precisa alistar para se tornar titular do direito ao sufrágio (Silva).
d. periódico: a alternância no poder é uma das características da República. e. personalíssimo: o eleitor deve comparecer pessoalmente, não se admitindo o voto por correspondência ou por procuração. f. livre: além de poder escolher entre os candidatos disponíveis, o eleitor pode se recusar a escolher um ou votar em um candidato fictício.
Obs.: note que a obrigatoriedade do voto é meramente formal, não atingindo seu conteúdo. g. igual: não admite qualquer tratamento discriminatório, seja quanto aos eleitores, seja quanto à eficácia da participação. Igualdade de valor numérico e quanto ao resultado, pois todos os votos (válidos) são contemplados na atribuição dos mandatos (Mendes).
- Obrigatoriedade do voto: nos termos do art. 14, 1º, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os brasileiros (natos ou naturalizados) maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, maiores de 70 anos e maiores de 16 e menores de 18 anos. - A recusa em votar implica no pagamento de multa e na privação de outros direitos que dependem do exercício dos direitos políticos.
- Portadores de deficiência: a incapacidade civil absoluta leva à suspensão dos direitos políticos (art. 4º do DL n. 389/38) mas, como regra geral, a pessoa com deficiência exerce normalmente seus direitos políticos. - Res. 23.381/12 (TSE): não está sujeita à sanção a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais relativas ao alistamento e ao exercício do voto.
- Classificação da democracia, quanto à forma de exercício: - Democracia direta: o povo exerce os poderes governamentais por si, sem outorga de mandado a parlamentares. - Democracia representativa: são escolhidos representantes. - Democracia semidireta/participativa/mista: democracia representativa com alguns institutos de democracia direta.
Art. 1º, p. único, CF/88: todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Art. 14, CF/88: a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular.
- Art. 60, 4º, CF/88: não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: II - o voto direto, secreto, universal e periódico. - Institutos de democracia direta: - Plebiscito: forma de consulta popular que antecede o ato administrativo ou legislativo; o povo decide a questão antes da formulação do ato propriamente dito.
- Referendo: o processo é inverso o povo é consultado após o ato legislativo ou administrativo, ratificando-o ou rejeitando-o. - Ambos são convocados por decreto legislativo, proposto por um terço, no mínimo, dos membros de qualquer Casa do Congresso Nacional, para discutir questões de relevância nacional de competência do Poder Legislativo ou Poder Executivo (art. 3º, Lei n. 9.709/98).
- Iniciativa popular: forma de iniciativa legislativa. O povo pode apresentar projetos de lei à Câmara dos Deputados, desde que atendidos os requisitos previstos no art. 61, 2º da CF/88 e no art. 13 da Lei n. 9.709/98: a. o projeto deve circunscrever-se a um só assunto; b. deve ser subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estado, com não menos que 0,3% do eleitorado de cada um dele.