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Transcrição:

ASAMBLEA PARLAMENTARIA EURO-LATINOAMERICANA EURO-LATIN AMERICAN PARLIAMENTARY ASSEMBLY ASSEMBLEIA PARLAMENTAR EURO-LATINO-AMERICANA ASSEMBLÉE PARLEMENTAIRE EURO-LATINO- AMÉRICAINE PARLAMENTARISCHE VERSAMMLUNG EUROPA-LATEINAMERIKA Comissão dos Assuntos Sociais, da Juventude e da Infância, dos Intercâmbios Humanos, da Educação e da Cultura 5.7.206 DOCUMENTO DE TRABALHO sobre trabalho informal e não declarado na UE e na ALC Comissão dos Assuntos Sociais, da Juventude e da Infância, dos Intercâmbios Humanos, da Educação e da Cultura Relator PE: Thomas Mann (PPE, Alemanha) DT\0206.doc AP0.936v02-00

Trabalho informal e não declarado na UE e nos países da ALC Segundo a Organização Internacional do Trabalho, a expressão «economia informal» refere-se a «todas as atividades económicas dos trabalhadores e unidades económicas que - na lei ou na prática - não estão abrangidos ou estão insuficientemente abrangidos pelas disposições formais. As suas atividades não estão incluídas na lei, o que significa que operam à margem formal da lei; ou não são abrangidos na prática, o que significa que - embora operando dentro do alcance formal da lei, a lei não é aplicada ou não é exigida; ou a lei desencoraja a conformidade por ser inadaptada, onerosa ou impõe custos excessivos». A OIT salienta ainda que a economia informal constitui um importante obstáculo para os direitos dos trabalhadores, a proteção social, as condições de trabalho dignas, o desenvolvimento sustentável, as receitas públicas, a solidez institucional e a concorrência equitativa dos mercados nacionais e internacionais. Atualmente, mais de metade dos trabalhadores a nível mundial exerce a sua atividade em situação de informalidade 2. Não obstante, por vezes as pessoas começam a trabalhar no quadro da economia informal devido à falta de oportunidades na economia formal e à inexistência de outros meios de subsistência, e não por escolha própria. Consciente de que as políticas públicas podem fomentar a transição para a economia formal, a OIT adotou, em junho de 205, um novo instrumento internacional destinado a ajudar milhões de trabalhadores que operam na economia informal a formalizar a sua atividade profissional. A «Recomendação relativa à transição da economia informal para a economia formal» 3 contém estratégias e recomendações práticas para facilitar a transição da economia informal para a economia formal. O documento é considerado um instrumento-chave para os governos, ajudando-os, através de doze princípios orientadores, a promover a criação de postos de trabalho e de empresas sustentáveis num contexto formal. A recomendação fornece igualmente orientações para garantir os direitos dos trabalhadores e prevenir que o mercado de trabalho se torne informal no futuro. De acordo com os princípios orientadores da OIT, ao formularem as suas políticas públicas em matéria de transição para a economia formal, os governos devem ter em conta, de modo particular: a diversidade das circunstâncias, características e necessidades dos trabalhadores e das unidades económicas; as circunstâncias particulares de cada país (legislação, políticas, estratégias, práticas, etc.); a necessidade de adotar uma abordagem coerente e coordenada; a necessidade de garantir e respeitar os direitos humanos e os direitos fundamentais, assim como as normas internacionais em matéria de trabalho, e de promover a igualdade de oportunidades, incluindo a igualdade de género; a necessidade de prestar especial atenção aos grupos vulneráveis (mulheres, jovens, migrantes, idosos, povos indígenas, etc.); a necessidade de fomentar a capacidade empresarial, as competências profissionais e a inovação, e de adotar uma abordagem equilibrada, que combine incentivos e sanções. Trabalho não declarado na UE A transição da economia informal para a economia formal, OIT, 03.ª sessão, 204 2 R204, OIT, 2 de junho de 205 3 R204, OIT, 2 de junho de 205 AP0.936v02-00 2/9 DT\0206.doc

Na UE, define-se trabalho não declarado como qualquer atividade remunerada de caráter lícito, mas não declarada às autoridades públicas, tendo em conta as diferenças de natureza legislativa existentes entre os Estados-Membros. Na UE, estão identificadas três grandes categorias de trabalho não declarado: trabalho não declarado numa empresa formal ou informal, ou o chamado trabalho assalariado não declarado. Este pode ser não declarado parcial ou integralmente; trabalho por conta própria para uma empresa ou para outro cliente, tal como uma família; trabalho por conta própria não declarado, proporcionando bens ou serviços diretamente aos consumidores, particularmente vizinhos, amigos ou conhecidos. Desde o início da crise financeira e económica, em 2008, os dados disponíveis 2 revelam que, após um pequeno aumento da economia informal entre 2008 e 2009, se registou na maioria dos países da UE uma diminuição gradual do trabalho não declarado, passando do equivalente a 22,3 % do PIB em 2003 para 8,4 % em 202. Apesar desta tendência comum, as diferenças entre os vários países continuam a ser significativas, oscilando entre 7,6 % do PIB na Áustria e 3,9 % na Bulgária 3. Desde então, foram introduzidas na UE múltiplas estratégias e medidas para combater o trabalho não declarado. Embora a maioria dos países continue a dar prioridade a medidas dissuasoras, punindo as irregularidades detetadas, os governos estão a introduzir cada vez mais estratégias destinadas a estimular e incentivar os trabalhadores e as empresas a formalizarem as suas atividades profissionais. O trabalho não declarado constitui um problema grave em todos os Estados-Membros da UE. Nomeadamente, é muito difícil detetar e controlar com precisão o trabalho não declarado. Por conseguinte, as consequências negativas para a economia (concorrência distorcida entre as empresas e falta de eficiência devido ao facto de os serviços formais não serem utilizados), para os orçamentos nacionais (redução das re ceitas fiscais e das contribuições para a segurança social) e para os trabalhadores (consequências negativas nas condições de trabalho dos assalariados, na saúde e segurança no trabalho e nos direitos relativos a licenças, horários de trabalho, formação, segurança no trabalho, subsídios de desemprego, pensões e cuidados de saúde) poderão ser ainda maiores do que o atualmente estimado 4. Em 200, 90% dos Estados-Membros tinham introduzido medidas destinadas a evitar que os «Tackling undeclared work in 27 European Union Member States and Norway: Approaches and measures since 2008», Eurofound 203 («Combater o trabalho não declarado nos 27 Estados-Membros da União Europeia e na Noruega: abordagens e medidas desde 2008», Eurofound 203) 2 Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho: «Undeclared work in 27 European Union Member States and Norway, 203» («Trabalho não declarado nos 27 Estados-Membros da União Europeia e na Noruega, 203») 3 Trabalho não declarado na UE: Special Eurobarometer 402, março de 204 4 Relatório «Employment and Social Developments in Europe 203» DT\0206.doc 3/9 AP0.936v02-00

trabalhadores e as empresas incorressem pela primeira vez em situações de economia informal; 64% dos países aplicaram estratégias destinadas a facilitar a transição do trabalho não declarado para a economia formal e 69% dos países adotaram medidas tendentes a promover o conceito de «moralidade fiscal». Entre as medidas políticas preventivas adotadas pelos diferentes governos, destacam-se a simplificação legislativa, medidas de caráter fiscal (redução de impostos sobre rendimentos, desagravamentos fiscais e subsídios) e campanhas de sensibilização. 2 Considerando que o trabalho não declarado está a prejudicar a economia da UE, dando lugar a uma concorrência desleal, pondo em risco a sustentabilidade financeira dos modelos sociais da União e originando uma crescente falta de proteção social e laboral dos trabalhadores, em 4 de janeiro de 204 o Parlamento Europeu aprovou uma resolução instando os Estados- Membros a «melhorarem a cooperação administrativa entre as diferentes entidades (inspeções do trabalho, repartições das finanças, autoridades municipais e serviços de segurança social) ao nível nacional e da UE, como forma de facilitar a aplicação das disposições da União relativas ao Direito do trabalho, reduzir o trabalho não declarado e resolver mais eficazmente os problemas causados pelas disparidades entre as disposições regulamentares do mercado de trabalho existentes nos diferentes Estados-Membros». 3 Na sequência do apelo do PE e tendo em conta que o trabalho não declarado afeta gravemente as condições de trabalho, a concorrência leal e as receitas públicas, a Comissão Europeia propôs, em abril de 204, a criação de uma nova plataforma europeia de luta contra o trabalho não declarado para reforçar a cooperação a nível da UE, com o objetivo de prevenir e dissuadir mais eficazmente o trabalho não declarado em todas as suas vertentes, incluindo o trabalho falsamente declarado e o falso trabalho por conta própria. Em fevereiro de 206, os membros da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais do Parlamento Europeu aprovaram a criação da referida plataforma europeia para reforçar a cooperação e o intercâmbio de boas práticas em matéria de prevenção e dissuasão do trabalho não declarado. 4 A plataforma reúne os organismos nacionais responsáveis pelo combate ao trabalho não declarado mediante ações específicas como as levadas a cabo pelas inspeções do trabalho, pelas autoridades da segurança social e pelas autoridades fiscais e de migração, bem como por outras partes interessadas, como os representantes das empresas e dos trabalhadores. No pleno respeito pelas competências e pelos procedimentos nacionais, a plataforma visa estimular a cooperação entre os Estados-Membros e criar sinergias entre instrumentos e estruturas existentes na UE, através do intercâmbio de boas práticas, do desenvolvimento de análises, da promoção de abordagens inovadoras de cooperação e de aplicação a nível transfronteiras, assim como contribuir para uma compreensão transversal em matéria de trabalho não declarado. 5 Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho: «Undeclared work in 27 European Union Member States and Norway, 203» («Trabalho não declarado nos 27 Estados-Membros da União Europeia e na Noruega, 203») 2 http://www.eurofound.europa.eu/pt/observatories/emcc/case-studies/tackling-undeclared-work-in-europe 3 Resolução do Parlamento Europeu, de 4 de janeiro de 204, sobre a proteção social para todos, incluindo os trabalhadores independentes (203/2(INI)) 4 Decisão (UE) 206/344 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de março de 206, que cria uma Plataforma europeia para reforçar a cooperação no combate ao trabalho não declarado 5 Proposta de decisão do Parlamento Europeu e do Conselho que estabelece uma Plataforma Europeia para reforçar a cooperação na prevenção e dissuasão do trabalho não declarado (COM(204)022-C7-044/204-204/024(COD)) AP0.936v02-00 4/9 DT\0206.doc

Trabalho informal e não declarado na ALC Na América Latina, o trabalho informal é um problema que persiste, apesar de, na última década, se terem registado claros avanços na diminuição do desemprego e na formalização do trabalho. De acordo com os dados da CEPAL, em 203 o trabalho informal representava 46,8% do emprego no setor não agrícola na ALC. O trabalho informal na economia informal representava quase dois terços do emprego informal. O setor informal é constituído, em grande medida, por microempresas e trabalhadores independentes, que se veem frequentemente confrontados com escassez de capital e que operam a uma escala muito reduzida. Os lucros gerados pelas suas atividades económicas não lhes permitem, muitas vezes, cobrir os custos da formalização. Por seu turno, o emprego informal na economia formal representava,7 % dos trabalhadores no setor não agrícola. Uma das causas do emprego informal na economia formal é o desconhecimento da legislação em vigor ou a incapacidade de cobrir os custos da formalização dos postos de trabalho. O emprego informal no serviço doméstico representava 5 % do emprego total em 203. Os setores que registavam maiores percentagens de trabalhadores informais eram o setor da construção, o comércio, a restauração e a hotelaria, que no seu conjunto representavam 50 % do emprego informal na região. Por seu turno, os trabalhadores de pequenas empresas, os trabalhadores domésticos e os trabalhadores por conta própria são responsáveis por 80 % do trabalho informal na ALC 2. Cumpre salientar também que as mulheres, os trabalhadores com mais baixos níveis de instrução e os jovens são os grupos mais representados na economia informal. O desemprego médio entre os jovens na ALC ascendia, em 203, a 3 %, e 55,7 % dos jovens que exerciam uma atividade profissional faziam-no em condições de informalidade 3. Em contexto informal trabalham igualmente 75 % das pessoas que não têm instrução, e 63 % dos trabalhadores com estudos de nível básico. Entre as mulheres, o nível médio de informalidade ascende a 50 % 4. Paralelamente ao rápido crescimento económico verificado na última década na maioria dos países da ALC, muitos dos governos aprovaram medidas destinadas a formalizar o emprego, criando condições para as empresas que lhes permitem crescer de forma sustentável e reforçando a sua capacidade para cumprir a legislação e as normas em vigor. Ao mesmo tempo, os países procuraram reforçar as suas instituições, dotando-as dos meios necessários para poderem fazer cumprir a legislação laboral. Desse modo, no período de 2009-203, o dinamismo económico conduziu a uma criação líquida de emprego (7,9 %), centrada na criação de oportunidades de trabalho formais. Enquanto o emprego líquido cresceu uma média de 2,7 %, o emprego informal cresceu 2,6 %. O crescimento do emprego assalariado foi o maior dinamizador do processo de formalização do emprego na ALC nesse mesmo período. Em contrapartida, na economia informal, o maior crescimento registou-se entre os trabalhadores independentes. Nas suas conclusões, a OIT recomenda a adoção de uma abordagem integrada, dando prioridade a aspetos como: o crescimento económico com qualidade; a melhoria do quadro regulamentar; a promoção do diálogo social; o reforço da igualdade e a luta contra a discriminação; o apoio à iniciativa empresarial e o reforço das competências profissionais; a Coyuntura laboral en América Latina y el Caribe: Formalización del empleo y distribución de los ingresos laborales, CEPAL/OIT 204 2 Experiencias recientes de formalización en países de América Latina y el Caribe, OIT 24 3 Formalizando la informalidad juvenil: Experiencias innovadoras en América Latina y el Caribe, OIT 205 4 Experiencias recientes de formalización en países de América Latina y el Caribe, OIT 24 DT\0206.doc 5/9 AP0.936v02-00

promoção da proteção social e o desenvolvimento económico local ; assim, para facilitar a transição da informalidade para a formalidade, a maioria dos países da ALC adotou políticas e medidas em quatro domínios: i. produtividade; ii. normas; iii. incentivos; iv. fiscalização. A capacidade económica das empresas, medida através da produtividade, é um fator determinante para a formalidade. Embora a produtividade tenha aumentado na ALC na última década, esse aumento não acompanhou o ritmo de outras regiões do mundo. Este facto explica-se por diversas razões como a falta de investimento, tecnologias desatualizadas, lacunas nas infraestruturas, défices de educação, etc.. Para aumentar a produtividade na região, os países da ALC têm vindo a realizar investimentos a nível macroeconómico, adotando políticas económicas prudentes e políticas monetárias proativas dotadas de mecanismos contracíclicos. Investiram igualmente em medidas a nível meso e microeconómico, mediante o reforço tecnológico e do capital humano, e a organização da produção. No que respeita a normas, as medidas adotadas abrangem três domínios. A nível da comunicação, foram tomadas medidas destinadas a melhorar a informação e o conhecimento sobre os direitos e deveres dos empregadores e dos trabalhadores. Em segundo lugar, muitos países da ALC levaram a cabo reformas para simplificar a regulamentação e os procedimentos com vista à formalização de empresas e/ou de trabalhadores 2, assim como os procedimentos relacionados com a inscrição nos serviços de segurança social, a assistência médica e os regimes de pensões. A nível de incentivos para formalizar a atividade laboral, foi aprovado um vasto leque de medidas, que incluem reformas no domínio laboral e tributário, em particular reformas fiscais destinadas a promover o investimento e a estimular a contratação de mão-de-obra formal e o investimento na formação profissional. Finalmente, em matéria de fiscalização, muitos dos governos tomaram medidas para reforçar as estruturas e a capacidade do Estado para fazer cumprir as normas, fortalecendo as instituições responsáveis pela inspeção do trabalho e pela segurança social. Para além da execução das políticas destinadas a estimular a transição para a economia formal, os países da ALC procuraram desenvolver fórmulas para implementar iniciativas específicas concebidas para promover o emprego formal entre os jovens, tradicionalmente sobrerrepresentados na economia informal. Em particular, foram adotadas medidas orientadas para o reforço da oferta e da procura de trabalho na economia formal mediante instrumentos como os subsídios à contratação ou os contratos a termo com componentes de formação profissional 3, entre outros. As políticas de proteção social destacam-se igualmente entre os instrumentos destinados a promover o trabalho formal entre os jovens. Conclusão De acordo com as estimativas, o trabalho não declarado constitui uma parte significativa da economia da UE, assim como dos países da América Latina e das Caraíbas. Os trabalhadores A transição da economia informal para a economia formal, OIT, 03.ª sessão, 204 2 Por exemplo, a Ley sobre Agilización de Trámites e o programa "Tu empresa en un día", no Chile, e o projeto "Panamá emprende", no Panamá, entre outros. 3 Formalizando la informalidad juvenil: Experiencias innovadoras en América Latina y el Caribe, OIT 205 AP0.936v02-00 6/9 DT\0206.doc

informais veem-se frequentemente obrigados a aceitar condições de trabalho precárias, ou mesmo perigosas, salários mais baixos e uma proteção muito reduzida ou nula em matéria de segurança social e profissional, o que os priva do acesso às prestações sociais, dos direitos de pensão e da assistência médica adequada, bem como de oportunidades para desenvolver as competências e a aprendizagem ao longo da vida. Em consequência, é-lhes negado o acesso a prestações sociais, ao direito a uma pensão e a cuidados médicos adequados. Por outro lado, o trabalho não declarado tem também fortes repercussões nos orçamentos nacionais, o que mina a sustentabilidade financeira dos sistemas de segurança social, e também no emprego, na produtividade e na concorrência. Tendo em conta que as circunstâncias, as necessidades e a situação em matéria de trabalho variam consideravelmente de país para país, considera-se importante elaborar definições e conceitos comuns no que respeita ao trabalho não declarado, e assegurar que tais definições e conceitos reflitam a evolução do mercado de trabalho. As experiências do passado mostraram que uma abordagem integrada, coerente e coordenada é imprescindível para uma bem sucedida transição para a economia formal. Tal abordagem deve combinar medidas destinadas a aumentar a produtividade das empresas, medidas dissuasoras e incentivos, como condição sine qua non para garantir a sustentabilidade da transição para a formalidade. Os incentivos fiscais, os subsídios à contratação, a promoção do investimento nas empresas e na formação dos trabalhadores, ou os contratos a termo, são alguns dos instrumentos que tiveram um impacto positivo na criação de postos de trabalho formais e na diminuição da economia informal. A simplificação legislativa e dos vários procedimentos administrativos teve também um impacto positivo na formalização do emprego. A nível da cooperação entre países e regiões, os governos devem estudar as diversas opções existentes com vista a promover um maior intercâmbio de conhecimentos, experiências e práticas, tomando igualmente medidas para informar e sensibilizar os cidadãos acerca dos benefícios resultantes do trabalho formal para os trabalhadores e para as empresas. Apêndice: Quadro : Dimensão da economia paralela, trabalho não declarado e trabalhadores informais nos Estados-Membros da UE País Dimensão da economia paralela (em % do PIB) Trabalho não declarado (% do PIB ou do emprego, 995- Trabalhadores informais (em % da população ativa em termos Ajustamentos da economia não observada (em % do PIB, ano de Verificar as fontes originais das informações contidas no relatório da Comissão Europeia (203) para importantes observações e esclarecimentos complementares sobre os dados. DT\0206.doc 7/9 AP0.936v02-00

2006) amplos, 2008-09) referência) BE 6,4 6-0 0,5 4,6 (2009) DE 3 7,9 NA EE 27,6 7-8 9,8 9,6 (2002) IE 2,2 NA 33 4 (998) EL 23,6 25 46,7 NA ES 8,6 2 8,8,2 (2000) FR 9,9 4-6,5 0,3 6,7 (2008) IT 2, 2 22,4 7,5 (2008) CY 25,2 4,2 53 NA LU 8 NA NA NA MT 24,3 25 NA NA NL 9, 2 2,6 2,3 (2007) AT 7,5 2 9,7 7,5 (2008) 9 5 22,4 NA SL 23, 7 4, 0,2 (2007) SK 5 3-5 2,2 5,6 (2009) FI 3 4,2,2 NA BG 3,2 22-30 3,2 3,4 (20) CZ 5,5 9-0 2,5 8, (2009) DK 3 3,5 NA HR 28,4 NA NA 0, (2002) LV 25,5 8 8 3,6 (2000) LT 28 5-8 5,4 8,9 (2002) HU 22, 5-20 9,4 0,9 (2009) AP0.936v02-00 8/9 DT\0206.doc

PL 23,8 2-5 2,6 5,4 (2009) RO 28,4 6-2,8 2,5 (200) SE 3,9 5 8,2 3 (2009) UK 9,7 2 2,7 2,3 (2005) UE-27 4,3 7,2 6,4 Fonte: Comissão Europeia, «Tax reforms in EU Member States 203 Report», Quadro 4.7, p.78. DT\0206.doc 9/9 AP0.936v02-00