PROJETO DE RELATÓRIO

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1 Asamblea Parlamentaria Euro-Latinoamericana Euro-Latin American Parliamentary Assembly Assemblée Parlementaire Euro-Latino Américaine Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana Parlamentarische Versammlung Europa-Lateinamerika ASSEMBLEIA PARLAMENTAR EURO-LATINO-AMERICANA Comissão dos Assuntos Políticos, da Segurança e dos Direitos Humanos PROJETO DE RELATÓRIO sobre transparência e corrupção na União Europeia e na América Latina Correlatora PE: Renate Weber (ALDE) Correlator LAC: Patricio Zambrano (Parlandino) DR\ doc AP v02-00

2 ÍNDICE Página PROJETO DE PROPOSTA DE RESOLUÇÃO...3 AP v /7 DR\ doc

3 PROJETO DE PROPOSTA DE RESOLUÇÃO sobre transparência e corrupção na União Europeia e na América Latina A Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana, Tendo em conta a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, que entrou em vigor em 14 de dezembro de 2005, Tendo em conta a Convenção da OCDE sobre a Luta contra a Corrupção de Agentes Públicos Estrangeiros nas Transações Comerciais Internacionais, adotada na conferência de negociação de 21 de novembro de 1997, Tendo em conta a Convenção Penal sobre a Corrupção do Conselho da Europa, que entrou em vigor em 1 de julho de 2002, Tendo em conta o documento intitulado «Programa de Estocolmo Uma Europa aberta e segura que sirva e proteja os cidadãos» e, nomeadamente, a sua secção intitulada «Crime económico e corrupção», Tendo em conta as resoluções do Parlamento Europeu de 18 de maio de 2010 e de 15 de setembro de 2011 sobre os esforços da União Europeia na luta contra a corrupção, Tendo em conta que na Decisão 587 dos países membros da Comunidade Andina se definiram as «Orientações para a Política de Segurança Externa Comum Andina» e foi acordado incluir instrumentos de tipo operacional para contrariar as eventuais ameaças à segurança sub-regional (Título VI - Instrumentos operacionais) e «os restantes planos e programas que possam estabelecer-se seguidamente, em particular, com vista a combater, entre outros, a corrupção». Nesta decisão supranacional incluiu-se a corrupção como uma eventual ameaça à segurança sub-regional e por essa razão como uma eventual causa para colocar em risco a cooperação dos países membros da Comunidade Andina, Tendo em conta a Decisão 668, de 2007, do Conselho Andino de Ministros das Relações Externas da Comunidade Andina, através da qual foi aprovado o Plano Andino de Luta contra a corrupção, Tendo em conta os instrumentos do Parlamento Andino sobre Corrupção: (1) Declaração em favor da transparência e da luta contra a corrupção aprovada no quadro do XV período extraordinário de sessões, a 25 de fevereiro de 2011, na cidade de La Paz, Bolívia, (2) a Decisão 1298, de 2012, do Parlamento Andino: criação do Observatório Andino de Transparência e de Luta contra a Corrupção, Tendo em conta a declaração da Comissão de 6 de junho de 2011 intitulada «A Comissão combate a corrupção: um empenhamento mais firme para obter melhores resultados», Tendo em conta a Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité Económico e Social Europeu sobre a luta contra a corrupção na UE, de 6 de junho de 2011, (COM(2011) 0308 final), DR\ doc 3/7 AP v02-00

4 Tendo em conta as Declarações publicadas após as seis Cimeiras de chefes de Estado e de governo da América Latina e Caraíbas e da União Europeia (UE-ALC), que tiveram lugar, respetivamente, no Rio de Janeiro (28 e 29 de junho de 1999), em Madrid (17 e 18 de maio de 2002), em Guadalajara (28 e 29 de maio de 2004), em Viena (11 a 13 de maio de 2006), em Lima (15 e 17 de maio de 2008), em Madrid (17 e 18 de maio de 2010), e em Santiago do Chile (26 e 27 de janeiro de 2013), Tendo em conta as declarações aprovadas no âmbito das 17 conferências interparlamentares realizadas entre a União Europeia, por um lado, e a América Latina e Caraíbas, por outro, entre 1974 e 2005, Tendo em conta a Declaração de Praga sobre governação e luta contra a corrupção adotada no primeiro Fórum Mundial sobre Governação, em março de 2012, Tendo em conta a declaração final e as recomendações adotadas no segundo Fórum Mundial de Luta Contra a Corrupção e Salvaguarda da Integridade, realizado em Haia, de 28 a 30 de maio de 2011, sobre o papel dos parlamentos e das instituições supremas de auditoria das finanças públicas na luta contra a corrupção, Tendo em conta os relatórios anuais publicados pela Transparency International, nomeadamente, o Índice de Perceção da Corrupção e o Relatório Mundial de Corrupção, de 2012, A. Considerando que a corrupção afigura-se um fenómeno complexo, mas que em termos genéricos consiste na utilização indevida, para fins privados, de poderes confiados; B. Considerando que o nível de transparência possibilita aferir a qualidade da democracia num país através da sua governação, das suas instituições, do seu sistema económico e dos seus sistemas de controlo político e social; C. Considerando que nenhum Estado é imune à corrupção, embora a sua prevalência possa variar entre os países que têm por base uma sólida estrutura institucional e uma cultura de transparência, por um lado, e aqueles que estão em processo de transição para a democracia, por outro; D. Considerando que a corrupção, em termos gerais, diminui o investimento, prejudica o bom funcionamento do mercado interno, empobrece o erário público e, por conseguinte, causa graves prejuízos financeiros; E. Considerando que é necessário lutar contra a corrupção melhorando a transparência nos Estados, a fim de garantir que a sociedade continue a confiar nos que desempenham funções de governo e representação; F. Considerando que as consequências económicas da corrupção são extremamente negativas, sobretudo no que respeita a taxas de crescimento, redução das exportações e fuga de investimentos, que resultam em estagnação económica, no aumento das desigualdades sociais e em maior empobrecimento; AP v /7 DR\ doc

5 G. Considerando que os níveis elevados de corrupção fomentam uma cultura de ilegalidade e desigualdade na distribuição da riqueza; H. Considerando que não é fácil medir o nível de corrupção uma vez que, habitualmente, esta envolve práticas ilegais que são camufladas de forma deliberada, apesar de terem sido criados e aplicados alguns mecanismos para identificar, controlar, medir e combater a corrupção; I. Considerando que, no momento de estabelecer índices de transparência e de corrupção, é necessário utilizar metodologias e índices regionais e sub-regionais que reconheçam especificamente as práticas culturais e sociais que influenciam os níveis de transparência, confiança e corrupção, bem como as particularidades dos quadros normativos nacionais; J. Considerando que a falta de independência do sistema judicial, a ausência ou a fragilidade de concorrência política, a débil abertura ou liberdade económica, o baixo desenvolvimento humano e económico e a falta de liberdade de imprensa, bem como os salários baixos dos funcionários, criam as condições ideais para o florescimento de práticas opacas; K. Considerando que na União Europeia à semelhança do que sucede em outras regiões do mundo a corrupção afeta os Estados-Membros a diversos níveis, e que existe um desequilíbrio entre os países nórdicos e o Reino Unido, por um lado, e os países europeus do sul e do leste, por outro; L. Considerando que a crise económica e financeira que afeta a União Europeia desde há vários anos acentua o problema da corrupção e da falta de transparência, dando origem a casos até no quadro das próprias instituições da UE; M. Considerando que existe um círculo vicioso nos altos índices de corrupção nos países com baixas taxas de desenvolvimento humano e económico, baixos níveis de escolaridade, direitos políticos limitados e pouca ou nenhuma concorrência a nível político; N. Considerando que, embora a América Latina seja vista como a região menos igualitária do mundo, alguns países da zona fizeram progressos significativos nos últimos anos em relação à transparência e ao controlo social; 1. Considera que a prevenção e a luta contra a corrupção devem ser abordadas no quadro da cooperação internacional, dada a sua dimensão transfronteiriça, e que é necessário incentivar a cooperação entre países e entre regiões; 2. Apoia a iniciativa do Parlamento Andino de criar o Observatório Andino de Transparência e de Luta contra a Corrupção enquanto pilar e projeto-piloto para iniciar o funcionamento do Observatório Euro-latino-americano; 3. Apela aos países da Associação Estratégica Birregional União Europeia, América Latina e Caraíbas para que se reúnam ativamente em fóruns internacionais competentes em matéria de luta contra a corrupção, tais como o Fórum Mundial sobre Governação e o Fórum Mundial de Luta Contra a Corrupção e Salvaguarda da Integridade, e neles DR\ doc 5/7 AP v02-00

6 participem ativamente, para debater as boas práticas e as políticas adaptadas ao contexto específico de cada região, a fim de combater este fenómeno; 4. Exorta os Estados a ratificarem os instrumentos internacionais em vigor em matéria de luta contra a corrupção tais como a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, a Convenção Penal sobre a Corrupção do Conselho da Europa e a Convenção da OCDE sobre a Luta contra a Corrupção de Agentes Públicos Estrangeiros nas Transações Comerciais Internacionais e a aplicá-los plenamente; 5. Incentiva a comunidade internacional de doadores a dedicar montantes substanciais ao desenvolvimento de metodologias concebidas para identificar o fenómeno da corrupção, estabelecer os instrumentos adequados a nível mundial, bem como criar e colocar em funcionamento o Observatório de Transparência e de Luta contra a Corrupção euro-latino-americano e os observatórios sub-regionais; 6. Salienta a necessidade de intensificar as campanhas de comunicação e sensibilização, a nível nacional e internacional, a fim de realçar o empobrecimento que a corrupção provoca; 7. Relembra a importância da educação, enquanto instrumento central para promover a integridade, a prestação de contas e a transparência, bem como do respeito pelo Estado de direito, com vista a fomentar o desenvolvimento; incentiva, por conseguinte, a promoção de programas regionais, elaborados e executados através de ações conjuntas dos meios de comunicação social e da sociedade civil, com o objetivo de debater publicamente temas como a corrupção, a prestação de contas e a transparência; 8. Salienta a existência de instituições vincadamente burocráticas em ambas as regiões e recomenda, por isso, a promoção de instituições menos rígidas com melhores sistemas de comunicação e menos restrições hierárquicas e burocráticas; 9. Recomenda a promoção da transparência a todos os níveis políticos e governamentais, sobretudo quando estiver em causa a despesa pública; 10. Incentiva o desenvolvimento e o reforço de capacidades institucionais próprias, sobretudo a nível judicial e administrativo, proporcionando formação adequada e, se necessário, criando um organismo regional que investigue os casos de corrupção; 11. Manifesta-se em favor da criação, a nível da UE, de um gabinete de procuradoria europeia; salienta que esse gabinete deve ser competente para investigar, perseguir e levar à justiça os autores de crimes contra os interesses financeiros da União; 12. Recomenda a elaboração de legislação rígida e abrangente que defina claramente a incompatibilidade e o conflito de interesses para os cargos públicos e governamentais, estabeleça as normas aplicáveis aos concursos públicos e promova a transparência em matéria de rendimento e interesses, exigindo que ambos sejam publicamente declarados; 13. Propõe a criação de um programa eficaz de proteção dos autores de denúncias ao nível regional, tendo em conta a natureza transfronteiriça da corrupção; AP v /7 DR\ doc

7 14. Frisa a grande importância dos meios de comunicação social na luta contra a corrupção e recomenda vivamente, por conseguinte, que se assegure a transparência da propriedade e do patrocínio dos meios de comunicação social através de procedimentos jurídicos e que essa informação seja acessível ao público; 15. Encarrega os seus Copresidentes de transmitir a presente resolução ao Conselho da União Europeia, à Comissão Europeia, aos parlamentos dos Estados-Membros da União Europeia e de todos os países da América Latina e das Caraíbas, ao Parlamento Latino-Americano, ao Parlamento Centro-Americano, ao Parlamento Andino, ao Parlamento do Mercosul, ao Secretário-Geral da Comunidade Andina, à Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, ao Secretariado Permanente do Sistema Económico Latino-Americano e aos Secretários-Gerais da Organização dos Estados Americanos, da União das Nações Sul-Americanas e das Nações Unidas. DR\ doc 7/7 AP v02-00