A dança na Educação infantil: construções pedagógicas a partir do Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório

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Transcrição:

A dança na Educação infantil: construções pedagógicas a partir do Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório Lílian Brandão Bandeira Profª Drª da ESEFFEGO/UEG Silvia Renata Cabral do Nascimento Aluna da Licenciatura em Educação Física da ESEFFEGO/UEG INTRODUÇÃO Este trabalho se constitui como síntese de reflexões teóricas e elaborações pedagógicas construídas a partir do Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório I do curso de licenciatura em Educação Física da Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Estadual de Goiás (ESEFFEGO/UEG). As reflexões e problematizações suscitadas neste trabalho partem de um percurso que compreende estudos teóricos, elementos da investigação científica, construção de planejamento e intervenções pedagógicas em turmas de Educação Infantil. Nesse sentido, entende-se que o Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório possui papel imprescindível na formação de professores, pois possibilita um contato formativo repleto de contradições inerentes à relação entre teoria e prática e ao mundo do trabalho. A partir dessa concepção formativa, este trabalho busca a construção de reflexões teóricas acerca da inserção da dança na Educação Infantil no tempo e no espaço pedagógico do estágio supervisionado a partir da elaboração de uma intervenção pedagógica sustentada pela proposta crítico-emancipatória. Essa proposta teóricometodológica da educação física escolar se baseia, essencialmente, na contribuição para o desenvolvimento de determinadas competências que não se resumem na competência objetiva do saber fazer, mas incluem a competência social, linguística e criativa, sempre de forma crítica (KUNZ, 2001, p. 16). A partir da proposição da formação humana pautada na criticidade e na capacidade de questionar, Kunz (2001) apresenta elementos que contribuem para intervenções pedagógicas do conteúdo de dança e que também se relacionam ao estímulo do processo criativo por parte dos alunos na escola. Sob essa concepção, as reflexões presentes neste trabalho busca expor uma síntese do percurso dos estudos, do planejamento e das intervenções pedagógicas

que têm sido realizadas num Centro de Educação Infantil da periferia da cidade de Goiânia. O PERCURSO FORMATIVO A PARTIR DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA COM A DANÇA A trajetória construída no estágio supervisionado a partir das sistematizações pedagógicas com o conteúdo da dança tem sintetizado alguns elementos importantes da formação de professores de Educação Física na universidade, tais como: investigação científica no âmbito escolar, construção de planejamento e intervenções pedagógicas em turmas de Educação Infantil. A partir disso, este trabalho expõe como a dança, conteúdo da cultura do movimento, pode se constituir em possibilidades formativas para crianças na Educação Infantil. Em geral pode-se dizer, que o movimento humano na dança se apresenta muito mais numa perspectiva de expressão e vivência do que pela predeterminação dos gestos. A dança, assim como o esporte, é uma das manifestações da cultura do movimento mais importantes e relevantes em todo o mundo (KUNZ, 2000, p. 90). Desse modo, a dança, nesta proposta de intervenção, tem sido tratada a partir de sua valorização enquanto atividade expressiva capaz de resgatar elementos críticos, emancipatórios e criativos da humanidade, refutando a concepção hegemônica da dança como expressão da indústria cultural, da padronização de movimentos, da esportivização e da competitividade. A proposta crítico-emancipatória propõe o aumento do grau de liberdade do raciocínio crítico e autônomo dos alunos, libertando-os assim de falsas ilusões e interesses. O ensino escolar necessita, desta forma, se basear numa concepção crítica, pois é pelo questionamento crítico que chega a compreender a estrutura autoritária dos processos institucionalizados da sociedade que formam as convicções, interesses e desejos (DARIDO, 2001, p. 13).

A Educação Física, ao se utilizar dessa proposta, busca um dialogo crítico sobre informações ilusórias impostas pelo capitalismo e a indústria cultural. Sendo assim, a Educação Física pode ajudar os alunos a pensarem criticamente sobre essas informações, ajudando assim a formar cidadãos com sua própria opinião e saindo da visão alienada pela sociedade. De acordo com Kunz (2000) a dança assim como esporte, é também uma das manifestações mais importantes e presentes em todo o mundo e, através dela, conseguese buscar com diversas atividades o desenvolvimento corporal humano e o desenvolvimento da autonomia e da competência social. Dentre essas manifestações podemos citar as danças mais conhecidas, como danças populares, danças folclóricas, ballet dentre outras. Para essa intervenção pedagógica na Educação Infantil escolheu-se dois tipos de danças regionais (catira e frevo) como manifestações importantes da cultura do movimento humano e que, portanto devem ser tematizadas nas instituições educacionais. Através da escolha da proposta teórico-metodológica Crítico Emancipatória, as aulas do Estágio I na Educação Infantil com o conteúdo de dança, mais especificamente danças regionais, buscam a reflexão dos alunos para uma aprendizagem crítica, onde mesmos possam compreender de forma autônoma o conteúdo que será ministrado durante as intervenções e que também possam vivenciar e se manifestarem através dos movimentos corporais. A importância deste conteúdo para a Educação Infantil na concepção crítico emancipatória é também de permitir que a criança descubra novos espaços e formas, supere as limitações, crie condições para enfrentar desafios e obstáculos e compreenda as suas possibilidades de movimentação. Segundo Kunz (2000), a linguagem do semovimentar se constitui como uma das formas de diálogo com o mundo. Ao ressaltar as três competências inerentes à sua proposta, ou seja, competência objetiva, social e comunicativa, Kunz (2000) afirma a importância do trabalho, da interação e da linguagem. Segundo ele,

Para a competência comunicativa vale lembrar, inicialmente, que a linguagem verbal é apenas uma das formas de comunicação do ser humano. As crianças, especialmente, comunicam-se muito pelo seu se-movimentar, pela linguagem do movimento (KUNZ, 2000, p. 41). É nesse sentido que essa proposta se apropria dos elementos da pedagogia crítico-emancipatória para tratar pedagogicamente o conteúdo da dança na Educação Infantil. Os conteúdos trabalhados são: jogos corporais; movimentos individuais e em grupos; movimentos de preparação corporal; exercícios específicos das danças frevo e catira e sequências coreográficas criativas. O principal objetivo dessa intervenção é proporcionar às crianças o contato com danças regionais a partir do desenvolvimento da capacidade de expressão, criação, autonomia, criatividade e da ampliação do repertório dos movimentos corporais. Os principais procedimentos metodológicos usados nas aulas têm sido os jogos corporais, a experimentação de movimentos expressivos e criativos da catira e do frevo e construções coreográficas que explorem a linguagem do se-movimentar a partir de um processo de criação das crianças. O conjunto de aulas totaliza-se a partir de doze intervenções em uma turma de crianças na faixa etária entre três e quatro anos. Todo esse percurso tem sido conduzido a partir de estudos teóricos realizados na universidade, no âmbito das aulas de estágio supervisionado curricular obrigatório e também a partir de momentos de investigação da realidade educacional através da análise de conjuntura. A análise da conjuntura educacional, na especificidade da Educação Infantil, foi realizada a partir de observações das rotinas e dos rituais da instituição, de entrevistas semiestruturadas com a direção, coordenação pedagógica e professoras regentes e de leitura de documentos referentes à Educação Infantil da instituição e da Rede Municipal de Educação de Goiânia, tais como o Projeto Político Pedagógico, planos de ensino das professoras, projetos desenvolvidos na instituição, diretrizes da proposta educacional para a Educação Infantil na rede municipal de educação de Goiânia. Segundo Pinto (2002, p. 37), A intervenção pedagógica só acontece após este processo de integração dos estagiários na escola e da compreensão de seus pressupostos político-pedagógicos.

É partir desse caminho teórico-metodológico que essa proposta tem se orientado, ou seja, a partir de estudos da literatura sobre a inserção da Educação Física na Educação Infantil e dos possíveis diálogos com a dança através de suas manifestações regionais e culturais. O estudo da literatura que tematiza o ensino da dança na Educação Infantil e as propostas teórico-metodológicas da educação física escolar em suas relações com as concepções de educação e infância têm se constituído em momentos importantes da formação de professores no curso de licenciatura em Educação Física da ESEFFEGO/UEG. CONSIDERAÇÕES FINAIS As intervenções pedagógicas realizadas numa turma de educação infantil de uma instituição conveniada com a prefeitura de Goiânia têm oportunizado o aprendizado dos modos como se estruturam o trato pedagógico dos conhecimentos da Educação Física. Esse contato formativo com a realidade educacional também tem propiciado o enfrentamento dos desafios e das contradições presentes no mundo do trabalho, sobretudo das questões que envolvem o desprestígio da Educação Física na Educação Infantil, o que contribui para a sua consolidação como recreação e/ou momento de reprodução de concepções desarticuladas da emancipação e da autonomia, sobretudo nas instituições responsáveis pela educação das crianças. Na Educação Infantil, os/as professores/as e as instituições pedagógicas devem se preocupar com a forma com que as crianças aprendem e se desenvolvem, garantindo oportunidades de que elas possam estabelecer relações com outras crianças e adultos ao seu redor, ampliando o repertório de modos de se relacionarem no meio social em que vivem sempre respeitando a si mesmas e aos outros. Assim, é fundamental o conhecimento da realidade da instituição e dos envolvidos nela, para que assim,através da Educação Física, haja uma intervenção pedagógica que possa atender as necessidades das crianças, proporcionando oportunidades de se aprender e vivenciar os conteúdos da Educação Física. REFERÊNCIAS

DARIDO, Suraya Cristina. Os conteúdos da educação física escolar: influências, tendências, dificuldades e possibilidades. Perspectivas em Educação Física Escolar, Niterói, v.2, nº1, 2001, p. 5-25. GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Infâncias e Crianças em Cena: por uma Política de Educação Infantil para a Rede Municipal de Educação de Goiânia / Secretaria Municipal de Educação. Goiânia: SME, DEPE, DEI, 2014. 232p. : Il. KUNZ, Elenor. Transformação didático pedagógica do esporte. 3.ed. Ijuí: UNIJUÍ, 2000. KUNZ, Elenor. Práticas didáticas para um conhecimento de si de crianças e jovens na Educação Física. In: KUNZ, Elenor. (org). Didática da Educação Física 2. Ijuí: UNIJUÍ, 2001. p. 15-52. PINTO, Fabio Machado. A prática de Ensino nos cursos de formação de professores de Educaçao Física. IN: Vaz, Alexandre; SAYÃO, Deborah Thomé; PINTO, Fabio Machado (Orgs). Educação do corpo e formação de professores: reflexões sobre a Prática de Ensino de Educação Física. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002.