A IMPLANTAÇÃO DO PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES - PARFOR EM UMA UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA



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Transcrição:

1 A IMPLANTAÇÃO DO PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES - PARFOR EM UMA UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA Ms. Rafael Ângelo Bunhi Pinto UNISO - Universidade de Sorocaba/São Paulo Programa de Pós-Graduação em Educação Eixo temático: 3- Pesquisa em Pós-Graduação em Educação e Políticas Públicas Categoria: Pôster RESUMO Este trabalho apresenta o resultado parcial de um dos Projetos de Extensão desenvolvidos por uma instituição comunitária, a Universidade de Sorocaba Uniso, em parceria com o Ministério da Educação, denominado Plano Nacional de Formação de Professores para a Educação Básica PARFOR, o qual faz parte das políticas públicas governamentais voltadas para o oferecimento de cursos superiores gratuitos e de qualidade a professores em exercício das escolas públicas, sem formação adequada à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN. PALAVRAS-CHAVE: Universidade Comunitária. Extensão. PARFOR. INTRODUÇÃO Até a metade da década de 1960, a educação superior brasileira era formada, basicamente, por instituições públicas e instituições confessionais (sem finalidades lucrativas). A expansão da educação superior nas décadas seguintes teve como uma das grandes questões o financiamento das universidades não públicas, especialmente as confessionais que, até a década de 1970, recebiam verbas governamentais para o desenvolvimento de suas atividades. No início da década de 1980, segmentos da sociedade civil iniciaram um movimento de apoio às instituições comunitárias. Em 1985, foi aprovado um manifesto a favor dessas instituições, em reunião realizada pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras CRUB, para que elas recebessem verbas do governo para desenvolvimento de suas atividades educacionais. No mesmo ano, o grupo que estudava a reformulação da educação superior no país frisou, em seu Relatório Final, que era papel do Estado garantir a liberdade de ensino em todos os seus aspectos e apoiar, financeiramente, as iniciativas educacionais de origem privada ou comunitária, de inegável interesse público e relevância social (BRASIL, 1985, p. 4). Esse grupo alertou para o fato de que as verbas

2 deveriam ser destinadas somente às instituições com comprovada qualidade e que as atividades desenvolvidas por elas tivessem retorno para a comunidade. Já em 1988, reitores de vinte universidades se reuniram para debater sobre seus ideais comuns e influenciar o Congresso Nacional a incluir o termo escolas comunitárias no texto que daria origem à nova Constituição do Brasil. Essa articulação foi de fundamental importância para essas instituições, tendo em vista que, desse período, até meados da década de 1990, o setor privado vivia momento de forte expansão na educação superior e objetivava ter acesso às verbas governamentais destinadas à educação. Após a aprovação do texto constitucional, com a inserção do termo escolas comunitárias, aconteceu, em 1991, o 1º Fórum de Reitores das Universidades Comunitárias do Brasil. Quatro anos mais tarde, em janeiro de 1995, surge, então, a Associação Brasileira das Universidades Comunitárias ABRUC, associação sem fins lucrativos, que objetiva promover, consolidar e defender o conceito de Universidade Comunitária. Em 1996, o termo comunitário é incluído também no texto da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN (Lei nº 9.394/96). Ao tratar da categorização das instituições privadas, em seu art. 20, a referida Lei estabelece uma conceituação para as instituições comunitárias e as confessionais, afirmando que as primeiras são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de pais, professores e alunos, que incluam em sua entidade mantenedora representantes da comunidade, e as segundas, além do que é peculiar às primeiras, são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas (BRASIL, 1996). Um dos primeiros grandes desafios enfrentados pela ABRUC ocorreu em 1997, quando ela mobilizou-se para debater o texto do Decreto nº 2.207/97. As críticas eram feitas, principalmente, porque se percebia uma espécie de intervenção nas organizações por parte do Estado, tendo em vista que o texto legal levava mais a uma discussão sobre práticas e números de balanços patrimoniais, dando mais ênfase a esse procedimento do que ao debate da qualidade da educação no país. As reflexões e críticas que daí surgiram levaram à revogação do Decreto e à sua substituição pelo Decreto nº 2.306/97 (FRANTZ, 2006, p. 134), decreto revogado, posteriormente, pelo Decreto nº 3.860/2001, hoje também revogado, pelo Decreto nº 5.773/2006. Pelo exposto, percebe-se que, desde as lutas do período constitucional da década de 1980, já existia uma identidade e uma aliança entre as iniciativas confessionais e não confessionais, o que permitiu a criação da ABRUC. Assim, pode-se dizer que todos os movimentos realizados se relacionavam como um grande esforço para a construção de um instrumento comum de representatividade nos órgãos públicos da área de educação superior, mais até do que uma parceria comum a respeito de uma universidade comunitária. Trabalhou-se, então, na construção e organização de uma Associação com semelhanças e interesses comuns, independentemente de serem confessionais ou laicas (FRANTZ, 2002, p. 24).

3 No caso das universidades confessionais, verifica-se que elas estão muito mais ligadas aos interesses de seus criadores, congregados numa mesma ideologia e lutando pela mesma fé e valores morais e religiosos, com o intuito de imbuir esses princípios na educação que oferecem à sociedade. Essas instituições são mantidas, em sua maioria, por igrejas ou congregações, cujos integrantes fazem parte do corpo dirigente da Instituição que mantém ou de seu Conselho Universitário. Muitas delas também possuem grande experiência na área educacional voltada para a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Já as universidades laicas, expressam mais o sentido de instituições criadas pela própria comunidade em que estão inseridas ou pela sociedade civil de uma cidade ou região. Sem alinhamento político ou ideológico de qualquer natureza, têm o intuito de desenvolver um projeto de educação que atenda aos apelos e às necessidades do local onde estão inseridas. Os representantes da sociedade civil que contribuíram para sua criação e organização geralmente possuem participação nos órgãos colegiados/conselhos superiores da instituição, contribuindo para a tomada de decisões e colaborando na gestão institucional. Também há, na maioria delas, participação do poder público local ou regional nos conselhos superiores. A UNIVERSIDADE DE SOROCABA E O PARFOR Conforme definido em documentos oficias, como seu Estatuto e seu Plano de Desenvolvimento Institucional PDI, a Uniso é uma instituição que apresenta quatro características básicas e primordiais: comunitária, regional, não confessional e de qualidade. Para sua organização e gestão comunitária, a Uniso se consolida com fundamento em um Planejamento Estratégico e Financeiro aprovado por seu Conselho Universitário (integrado por dirigentes, professores, alunos, funcionários e representantes da comunidade externa) e sua Entidade Mantenedora, cuja execução segue uma dinâmica própria de gerência, participação, responsabilização e transparência por parte da comunidade acadêmica da Universidade, principalmente por meio dos Órgãos Deliberativos (Conselho Universitário e Colegiados de Cursos) e Executivos (Reitoria e Coordenadorias de Curso) previstos em seus documentos. Essa filosofia de trabalho institucional da Uniso coaduna, portanto, com o pensamento de Vannucchi, que frisa a importância da gestão comunitária refletida nos projetos institucionais de grande relevância para a Universidade. A universidade comunitária, enfim, se identifica pela sua gestão participativa e democrática. Ano a ano, em reuniões periódicas, elabora-se e discute-se, em todas as suas instâncias internas, a previsão orçamentária e a sua fiel execução, com a contribuição da reitoria, dos diretores de faculdade, dos chefes de departamento, dos coordenadores de curso, dos alunos, dos professores, dos funcionários e dos representantes da comunidade externa. (VANNUCCHI, 2004, p. 29-30)

4 Hoje, a Uniso tem 54 cursos de graduação, oferece mais de 20 cursos de pós-graduação lato sensu, 3 cursos de mestrado e 1 curso de doutorado recomendados pela CAPES. Ainda, possui um significativo número de cursos, projetos, programas e outras atividades de extensão, voltados ao atendimento da comunidade de Sorocaba e Região. Dentre esses Projetos de Extensão, existe o Plano Nacional de Formação de Professores para a Educação Básica PARFOR. O PARFOR, parte integrante da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, instituída pelo Decreto nº 6.755/2009, é resultado de ações do Ministério da Educação, em colaboração com as secretarias de educação dos estados e municípios e as instituições públicas e comunitárias de educação superior neles sediadas, para ministrar cursos superiores gratuitos e de qualidade a professores em exercício das escolas públicas sem formação adequada à LDBEN. Conforme informações obtidas no site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, prevê-se no PARFOR uma oferta superior a 400 mil vagas novas, envolvendo cerca de 150 instituições de educação superior públicas e comunitárias, nos 25 estados que aderiram à formação inicial, que receberão recursos do MEC para o oferecimento desses cursos. No Estado de São Paulo, particularmente, percebe-se que muitos professores atuantes na educação básica ainda não possuem formação superior. Em reunião ocorrida em março de 2010, na Prefeitura Municipal de Mairinque/SP, com os Secretários Municipais de Educação da Região de Sorocaba, com a representante do MEC no Estado de São Paulo, com o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME e com a Universidade de Sorocaba - Uniso, constatou-se que cerca de 570 docentes necessitam da Licenciatura em Pedagogia e, aproximadamente, 140 docentes necessitam da licenciatura em Música. A Uniso ofereceu, no 2º semestre de 2010, 60 vagas para o curso de Pedagogia (30 vespertino e 30 noturno) e 60 vagas para o curso de Música (30 vespertino e 30 noturno). No entanto, tendo em vista a procura na Plataforma Freire (local onde os interessados efetuam sua pré-inscrição), a Uniso, com o aval da CAPES, projetou as seguintes vagas: 30 para Música, no turno noturno, e 120 para Pedagogia, sendo 60 para o turno vespertino (2 turmas de 30 alunos) e 60 para o turno noturno (2 turmas de 30 alunos). Com isso, as Secretarias Municipais de Educação validaram os professores préinscritos nessa plataforma, de acordo com sua área de atuação. Em seguida, a Uniso realizou o seu Processo Seletivo, tendo em vista que o número de professores validados pelas Secretarias foi maior que o número de vagas ofertadas. Da oferta inicial de vagas, efetivou-se a abertura de 2 turmas de Pedagogia no turno noturno, com 74 alunos matriculados (37 alunos em cada turma, aproximadamente). No 1º Semestre de 2011, após novo oferecimento de vagas, efetivou-se a formação de mais uma turma do curso de Pedagogia, com 30 alunos matriculados. O curso de licenciatura em Pedagogia oferecido pela Uniso, possibilitará um perfil profissiográfico que contemple formação teórica, diversidade de conhecimentos e de práticas que se

5 articulam ao longo do curso, permitindo que o Pedagogo atue na: I) docência nas modalidades: Educação Infantil, Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos; II) docência em espaços não escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo; III) gestão das instituições escolares e não escolares, contribuindo para a elaboração, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico; IV) assessoria e consultoria, contribuindo na observação, análise, planejamento, implementação e avaliação de processos educativos e de experiências educacionais, em equipes multidisciplinares, em instituições não escolares e em órgãos sub-regionais, regionais e centrais da administração do sistema de ensino público; e V) produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional, por meio da Pesquisa e Iniciação Científica. CONSIDERAÇÕES É sabido que as Universidades, em especial as Comunitárias, devem, como princípio primordial, levar em conta as comunidades que as cercam, a interna e a externa, ambas participando de suas decisões e usufruindo plenamente do conhecimento nelas produzido. Essa preocupação fica mais bem evidenciada ao analisarmos essas instituições quanto à sua missão e aos seus objetivos, quando, então, se constata a sua ligação com as comunidades local e regional, o compromisso com a educação e os resultados de suas práticas e de seus serviços vinculados ao ensino, à pesquisa e à extensão, voltados para essas comunidades. São, pois, essas instituições de ensino superior fortemente comprometidas com a responsabilidade social e com a formação de cidadãos críticos e reflexivos, e não só com a formação para o mercado de trabalho. Por meio da oferta do curso de Pedagogia no âmbito do PARFOR, a Uniso afirma-se como Universidade Comunitária, contribuindo para o desenvolvimento da educação no Estado de São Paulo, principalmente nas cidades que integram a 4ª Região Administrativa, cuja sede é Sorocaba. Esse curso é voltado para uma formação que se comprometa não só com a prática pedagógica, mas também com a responsabilidade social e a construção da cidadania de seus alunos, auxiliando na formação de agentes multiplicadores de conhecimento e transformações sociais. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. BRASIL. Comissão Nacional para a Reformulação da Educação Superior. Uma nova política para a educação superior. Brasília, 1985. Relatório final.

6 FRANTZ, Walter; SILVA, Enio Waldir da. As funções sociais da universidade: o papel da extensão e a questão das comunitárias. Ijuí: Unijuí, 2002. FRANTZ, Walter. O processo de construção de um novo modelo de universidade: a universidade comunitária. In: RISTOFF, Dilvo; SEVEGNANI, Palmira (Orgs.). Modelos institucionais de educação superior. Brasília: INEP, 2006. UNIVERSIDADE DE SOROCABA. Plano de Desenvolvimento Institucional. Sorocaba, SP: Uniso, 2009. UNIVERSIDADE DE SOROCABA. Estatuto da Universidade de Sorocaba. Sorocaba, SP: Uniso, 2010. VANNUCCHI, Aldo. A universidade comunitária. São Paulo: Loyola, 2004.