JULIANA AGUIAR DE CARVALHO PAIVA Relatório de Gestão Fiscal: estudo comparado de procedimentos de análise dos dados Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de pós-graduação do como parte das exigências do curso de Especialização em Auditoria Interna e Controle Governamental. Brasília 2009
1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título: Relatório de Gestão Fiscal: estudo comparado de procedimento de análise dos dados. Autor: Juliana Aguiar de Carvalho Paiva Finalidade/Natureza do projeto: Projeto de pesquisa apresentado como parte das exigências do curso de Especialização em Auditoria Interna e Controle Governamental. Instituição: Câmara dos Deputados Data: 29 de junho de 2009. Orientador: Francisco Glauber Lima Mota 2 APRESENTAÇÃO O trabalho de pesquisa se insere no campo de análise dos gastos de pessoal de órgãos públicos, mais especificamente na análise dos procedimentos adotados pelas Secretarias de Controle Interno do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União e da Corregedoria-Geral da União quando da verificação dos dados constantes do Relatório de Gestão Fiscal (RGF), Anexo I (Demonstrativo da Despesa com Pessoal), Anexo V (Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa) e Anexo VI (Demonstrativos dos Restos a Pagar). A elaboração do RGF está prevista no artigo 48 da Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000 (LRF) e as exigências previstas nos artigos 54 e 55. Os limites estão definidos no artigo 18. O interesse por essa matéria surgiu a partir dos trabalhos executados na Coordenação de Auditoria Contábil e Operacional (CACOP) para verificar a veracidade das informações constantes do RGF elaborado no âmbito do Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade da Câmara dos Deputados. A CACOP, no intuito de elaborar um trabalho mais completo, para subsidiar a assinatura do RGF pela Secretária de Controle interno, faz o levantamento dos processos que acarretaram aumento de despesa de pessoal e verifica o cumprimento das exigências dispostas nos artigos 16 e 17 da LRF. 3 PROBLEMA
Quais os procedimentos de análise das informações constantes do Relatório de Gestão Fiscal adotados pelas Secretarias de Controle Interno dos órgãos analisados? Em que momento são analisadas as exigências constantes dos artigos 15 a 17? 4 OBJETIVOS 4.1 Objetivo Geral Esta pesquisa tem por objetivo geral aprimorar os procedimentos adotados pela Câmara dos Deputados, de forma a tornar a análise mais eficiente. Busca-se elaborar um manual de procedimentos para a Secretaria de Controle Interno da Câmara dos Deputados. 4.2 Objetivos Específicos Comparar os procedimentos adotados pelas Secretarias de Controle Interno do Tribunal de Contas da União, do Senado Federal e da Corregedoria-Geral da União na análise dos valores constantes dos Relatórios de Gestão Fiscal; Verificar como ocorre o processo de análise do cumprimento do disposto nos artigos 15 a 17 da LRF na Câmara dos Deputados e nos órgãos selecionados; Fazer sugestões à sistemática de análise do RGF, bem como dos procedimentos de análise do cumprimento do disposto nos artigos 15 a 17 da LRF no tocante à despesa de pessoal. 5 JUSTIFICATIVA A Coordenação de Auditoria Contábil e Operacional da SECIN confere os valores que são informados no Relatório de Gestão Fiscal pelo Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade da Câmara dos Deputados, a fim de subsidiar a Secretária de Controle Interno quando da assinatura do referido Relatório. No entanto, os procedimentos de conferência que subsidiam tal análise não estão definidos no Manual de Elaboração do Anexo de Riscos Fiscais e Relatório de Gestão Fiscal, aprovado por meio de Portaria do Ministério da Fazenda, nem na Lei de
Responsabilidade Fiscal. Nesse sentido, o trabalho visa avaliar as melhores práticas empregadas na Administração Pública e sugerir a adoção delas, no que cabível, no âmbito da Câmara dos Deputados. 6 REVISÃO DA LITERATURA Em seu livro Gestão de Finanças Públicas, ALBUQUERQUE et al (2006) destaca que a economia brasileira viveu fase de intensa instabilidade entre o início da década de 1980 e a metade da década de 1990. O período foi marcado por elevados índices inflacionários cujo controle era perseguido reiteradamente com a introdução de planos econômico inconsistentes, os quais não alcançaram os resultados pretendidos. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, ampliou-se os direitos e o ambiente político permitiu que se apresentassem demandas sociais relevantes, anteriormente represadas pela ausência de mecanismos de manifestação da sociedade. Com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal, consolidou-se no País o entendimento de que a transferência de determinadas situações de dificuldades fiscais, para administrações e gerações futuras, práticas até então usuais no setor público, devem ser repelidas mediantes aplicação de sanções aos responsáveis. Dentre suas obrigatoriedades, consta a observância dos limites de gastos com pessoal, cujo mecanismo de controle é a divulgação quadrimestral do Relatório de Gestão Fiscal. Para GUERRA (2007) a LRF objetivou regulamentar os arts. 163, I a III, 165, 9º, II e 169 da Carta Política de 1988, dispostos no Capítulo II do Título VI, estando inserido em um contexto de amplas reformas do Estado brasileiro, integrante do chamado Programa de Estabilidade Fiscal (PEF), que visou à drástica e veloz redução do déficit público, além da estabilização da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Segundo SANTA HELENA (2009), a LRF declara seu objetivo de estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade fiscal, estabelecendo [...] c) garantia de equilíbrio nas contas, pelo cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e a geração de despesas
com pessoal, seguridade, dívida, operações de crédito, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar. SANTA HELENA afirma, ainda, que o processo orçamentário mostra-se incapaz de por si impedir o surgimento de obrigações e riscos fiscais, controle só atingível por meio de mecanismos paralelos e permanentes, como limites externos às despesas com pessoal, por exemplo... 7 METODOLOGIA A metodologia a ser adotada será o estudo comparado dos procedimentos adotados pelos órgão, na qual inclui-se: Estudar as normas internas que regem os procedimentos relevantes; Levantar dados relativos à análise das informações constantes do RGF, tanto na CD, quanto nos demais órgãos a serem estudados; Identificar os procedimentos adotados em cada órgão analisado, tanto na análise dos dados do RGF, quanto da análise do cumprimento do disposto nos artigos 15 a 17 da LRF; Realizar entrevistas padronizadas com perguntas abertas e fechadas a serem feitas com pessoas que de alguma forma se relacionam com o tema, tais como gestores e/ou servidores dos órgãos; Consolidar as informações obtidas; Analisar e interpretar os dados coletados com utilização de tratamento estatístico apropriado. 8 CRONOGRAMA Etapa/mês Jul Ago Set Out Nov Revisão da literatura Coleta de dados Entrevistas Análise e interpretação dos dados Redação do trabalho final
9 BIBLIOGRAFIA ALBUQUERQUE, Claudiano, MEDEIROS, Márcio, FEIJÓ, Paulo Henrique. Gestão de Finanças Públicas: Fundamentos e Práticas de Planejamento, Orçamento e Administração Financeira com Responsabilidade Fiscal. Brasília: 2006. BOOTH, Wayne C., COLOMB, Gregory G., WILLIAMS, Joseph M. Trad. Henrique A. Rego Monteiro. A arte da pesquisa. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005. GUERRA, Evandro Martins. Os Controles Externo e Internos da Administração Pública. 2. ed. revista e ampliada, 2. tiragem. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2007. LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. NEGRA, Carlos Alberto Serra, NEGRA, Elizabete Marinho Serra. Manual de Trabalhos Monográficos de Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. SANTA HELENA, Eber Zoehler. Competência parlamentar para geração e controle de despesas obrigatórios de caráter continuado e de gastos tributários. Brasília: Edições Câmara, 2009. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.