ENFERMAGEM DEPENDÊNCIA. ALCOOLISMO Aula 4. Profª. Tatiane da Silva Campos

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Transcrição:

ENFERMAGEM DEPENDÊNCIA ALCOOLISMO Aula 4 Profª. Tatiane da Silva Campos

Síndrome da Abstinência do Álcool/Delirium Tremens ALCOOLISMO é um estado tóxico agudo que acontece em consequência da cessação súbita da ingestão de álcool depois de um surto de ingestão pesada ou, mais comumente, depois da ingestão prolongada de álcool. A gravidade dos sintomas depende de quanto de álcool foi ingerido e por quanto tempo. O delirium tremens pode ser precipitado por lesão aguda ou infecção (pneumonia, pancreatite, hepatite) e é a forma mais grave da síndrome da abstinência de álcool.

Sinais: ansiedade, medo incontrolável, tremores, irritabilidade, agitação, insônia e incontinência. Eles são loquazes e preocupados e experimentam alucinações visuais, táteis, olfatórias e auditivas que, com frequência, são aterrorizantes. A hiperatividade autônoma ocorre e é evidenciada por taquicardia, pupilas dilatadas e sudorese profusa. TODOS OS SINAIS VITAIS SE MOSTRAM ELEVADOS é uma condição com risco de vida e comporta uma taxa de mortalidade elevada.

Metas do tratamento: fornecer a sedação adequada e o suporte para possibilitar que o paciente descanse e se recupere sem perigo de lesão ou de colapso vascular periférico. Realiza-se um exame físico para identificar as doenças ou lesões preexistentes ou contribuintes (p. ex., traumatismo craniano, pneumonia). Uma história medicamentosa é obtida para gerar informações que possam facilitar o ajuste de quaisquer requisitos sedativos. A pressão arterial basal é determinada, porque o tratamento subsequente do paciente pode depender das alterações da pressão arterial.

é sedado com uma dosagem suficiente de benzodiazepínicos, visando estabelecer e manter a sedação, o que reduz a agitação, impede a exaustão, evita convulsões e promove o sono. O paciente deve ficar calmo, ser capaz de responder e ser capaz de manter uma via respiratória com segurança por si mesmo. Utilizam-se diversos medicamentos e combinações de medicamentos (p. ex., clordiazepóxido [Librium], lorazepam [Ativan] e clonidina [Catapres]).

O haloperidol (Haldol) ou o droperidol (Inapsine) podem ser administrados para a síndrome de abstinência aguda e grave ao álcool. As dosagens são ajustadas de acordo com os sintomas (agitação, ansiedade) e resposta à pressão arterial. O paciente é colocado em um ambiente tranquilo e não estressante (em geral, um quarto particular) e observado com rigor. O quarto permanece iluminado para minimizar o potencial para ilusões (representações visuais errôneas) e alucinações. As respostas homicidas ou suicidas podem resultar de alucinações. As portas de armários e banheiros são fechadas para eliminar as sombras.

Contenções são empregadas conforme prescrição, quando necessário, caso agressivo ou violento, apenas quando demais alternativas não obtiveram sucesso. Emprega-se o dispositivo menos restritivo que impedirá que o paciente sofra lesão ou lesione os outros. Garantir contenções aplicadas da maneira apropriada e que não estão comprometendo a circulação para qualquer região do corpo nem interferindo respiração. Contenções podem ser usadas em série com a intervenção verbal para acalmar e promover a complacência. A observação física (p. ex., integridade da pele, estado circulatório, estado respiratório) é contínua, sendo registrada a resposta do paciente.

As perdas de líquido podem resultar de perdas gastrintestinais (vômitos), sudorese profusa e hiperventilação. Pode estar desidratado em consequência do efeito do álcool de diminuição do hormônio antidiurético. A VO ou IV é empregada para restaurar o equilíbrio hidreletrolítico. Temperatura, pulso, respiração e pressão arterial são registrados com frequência (a cada 30 min nas formas graves de delírio) para monitorar para o colapso circulatório periférico ou hipertermia (as duas complicações mais graves).

A fenitoína (Dilantin) ou outros medicamentos anticonvulsivantes podem ser prescritos para evitar as convulsões repetidas por abstinência. Complicações frequentemente observadas incluem as infecções (p. ex., pneumonia), trauma, insuficiência hepática, hipoglicemia e problemas cardiovasculares. A hipoglicemia pode acompanhar a abstinência de álcool = depleta as reservas hepáticas de glicogênio e compromete a gliconeogênese;

Muitos pacientes com alcoolismo também estão desnutridos. A glicose parenteral pode ser prescrita quando o nível de glicogênio hepático se mostra diminuído. Suco de laranja ou outras fontes de carboidratos são administrados para estabilizar o nível da glicose sanguínea e se contrapor ao tremor. A terapia com vitamina suplementar e uma dieta hiperproteica são fornecidas de acordo com a prescrição para se contrapor aos déficits nutricionais. O paciente deve ser referido para um centro de tratamento de alcoolistas para cuidados de acompanhamento e reabilitação.